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segunda-feira, 23 de maio de 2022

"Tico e Teco: Defensores da Lei": o melhor filme original do Disney+ até agora (Bilíngue)

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E aí, meus queridos cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, e vim aqui falar para vocês o que achei de um dos lançamentos mais recentes no catálogo original do Disney+! Um dos raros híbridos entre live-action e animação que são muito mais do que a simples soma de suas partes, o filme em questão faz uso de um roteiro insanamente autoconsciente, um elenco de voz pra lá de talentoso e múltiplos métodos de animação para contar uma história que, simultaneamente, satiriza o universo no qual ela se insere, homenageia a trajetória da animação ao longo do tempo e entrega uma brilhante sequência espiritual para um dos melhores filmes já feitos. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Tico e Teco: Defensores da Lei”. Vamos lá! 

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, and I'm here to tell you my personal thoughts on one of the most recent releases on Disney+'s original catalog! One of the rare hybrids between live-action and animation which are so much more than the simple sum of its parts, the film I'm about to review uses an insanely self-aware script, a ridiculously talented voice cast and multiple animation methods in order to tell a story that, simultaneously, satirizes the universe it's set in, pays homage to the trajectory of animation throughout time and delivers a brilliant spiritual sequel to one of the greatest films ever made. So, without further ado, let's talk about “Chip 'n Dale: Rescue Rangers”. Let's go!)



30 anos após o cancelamento da série animada “Tico e Teco: Defensores da Lei”, o filme acompanha os personagens-título (vozes originais de John Mulaney e Andy Samberg), que seguiram caminhos drasticamente diferentes em suas carreiras. Tico, após uma briga com Teco em relação à um episódio piloto que acaba não dando frutos, investe em uma carreira vendendo seguros. Já Teco, após uma cirurgia que troca a animação 2D por um visual em computação gráfica, tenta reavivar sua carreira participando de convenções de fãs. Quando um dos melhores amigos da dupla, Monterey Jack (voz original de Eric Bana), desaparece, Tico e Teco são forçados a se juntarem novamente e formar uma aliança com uma policial humana (KiKi Layne) para resgatar o amigo.

(30 years after the cancellation of the animated series “Chip 'n Dale: Rescue Rangers”, the film follows the title characters (respectively voiced by John Mulaney and Andy Samberg), who have followed drastically different paths in their careers. Chip, after a fight with Dale over a pilot episode that ends up not being greenlit, invests in a career selling insurance. Dale, after a surgery that trades his 2D animation for a computer-generated brand-new look, tries to ressuscitate his career participating in fan conventions. When one of the dynamic duo's best friends, Monterey Jack (voiced by Eric Bana), disappears, Chip and Dale are forced to band together again and form an alliance with a human police officer (KiKi Layne) in order to rescue their friend.)



Ok, para começar, eu confesso que, além de ter muitas razões para minhas expectativas estarem altas para ver “Tico e Teco: Defensores da Lei”, o filme tinha alguns aspectos em particular que me fizeram duvidar da qualidade do produto final. Começando pelo lado bom, o longa-metragem tinha os talentos de John Mulaney e Andy Samberg, dois dos melhores comediantes na ativa na atualidade, encabeçando o elenco de vozes. Além disso, o filme também contaria com o envolvimento do trio de comédia musical The Lonely Island atrás das câmeras, grupo que foi responsável pelos divertidíssimos “Hot Rod: Loucos sobre Rodas” e “Popstar: Sem Parar, Sem Limites”, que se tornaram clássicos modernos cult.

Por outro lado, o filme contaria com um roteiro de Dan Gregor e Doug Mand, que, junto com Stephen Gaghan, foram responsáveis por elaborar o roteiro do tenebroso “Dolittle”, vencedor do Framboesa de Ouro de Pior Prequela, Remake, Cópia ou Sequência, massacrado pela crítica e público, mesmo com o filme tendo o auxílio de um elenco sensacional. E como se isso não fosse o bastante, os trailers fizeram o filme parecer (e MUITO) com o decepcionante “Space Jam: Um Novo Legado”, que se preocupa menos em contar uma história e é mais uma propaganda da Warner Bros. que diz: “Ei, olha só o quanto de propriedades que nós temos!”.

Então, a meu ver, “Tico e Teco: Defensores da Lei” poderia seguir duas vertentes em extremos opostos: poderia ser uma sátira brilhante reminiscente à “Uma Cilada para Roger Rabbit”, que subverte os estereótipos do gênero de forma maravilhosa com referências e indiretas à própria indústria de animação; ou poderia ser um verdadeiro desastre feito somente para gerar lucro para a Disney, repleto de piadas imaturas, performances engessadas e forçadas, e uma overdose de referências que faz o estúdio pensar que isso irá compensar o fato do filme não ter uma história. Felizmente, o novo lançamento original do Disney+ me agradou MUITO mais do que eu esperava, misturando vários crossovers com uma história tematicamente relevante que tem muito a dizer sobre a indústria cinematográfica.

Ok, então, vamos falar sobre o roteiro. O primeiro destaque que gostaria de fazer em respeito à trama de Gregor e Mand é o fato dela ser uma sátira, e em especial, uma sátira que subverte os estereótipos de algo típico dos estúdios Disney, e nisso, este filme me fez lembrar de um dos meus filmes favoritos (e um dos melhores filmes de todos os tempos), “Uma Cilada para Roger Rabbit”, que, sendo distribuída por uma subsidiária mais adulta da Disney (a Touchstone), conseguiu retratar o universo das animações da empresa-mãe de uma maneira surpreendentemente acessível tanto para o público infantil quanto para o público adulto. E, felizmente, Gregor e Mand conseguem seguir os passos de Roger Rabbit para contar uma história que, simultaneamente, entretém o público infantil pela presença de personagens familiares e subverte as expectativas do público adulto com um senso de humor maravilhosamente autoconsciente.

Falando em senso de humor, temos aí outro destaque no roteiro de Gregor e Mand, e parte do porquê do funcionamento incrível desse aspecto cômico se dá pela direção de Akiva Schaffer e pelo envolvimento do trio The Lonely Island, veteranos do lendário programa de comédia americano “Saturday Night Live”. A presença dos roteiristas de um filme destinado ao público infantil como “Dolittle” e a inclusão de comediantes experientes em um senso de humor mais adulto na equipe por trás das câmeras permite que “Tico e Teco: Defensores da Lei” junte o melhor dos dois mundos, conseguindo agradar tanto crianças quanto adultos com suas piadas e indiretas simultaneamente cativantes e irreverentes, muitas delas com duplo sentido. Outro detalhe que vale a pena mencionar é que Gregor e Mand tratam o aspecto principal da trama, que seria o retorno dos personagens da série que dá nome ao filme, por um lado bem acessível, ou seja, mesmo as pessoas que nunca ouviram falar da série (como este que vos fala) poderão compreender a trama perfeitamente como primeiro contato com esses personagens.

Outro aspecto que é necessário destacar no roteiro de Gregor e Mand é o fato dele ser autoconsciente. Assim como em “Roger Rabbit”, os personagens animados do filme vivem em meio à seres humanos, com os personagens-título vivendo como celebridades ao invés de meras personas fictícias e imaginárias, permitindo que, assim como no filme de 1988, os roteiristas consigam inserir várias indiretas sobre o estado atual da indústria cinematográfica, e, em especial, a da animação, negócio em que a própria Disney é a mais suprema autoridade. Aspectos como a overdose de reboots; a analogia da “cirurgia de CGI” (Disney, favor dar um aumento ao gênio que inventou esse termo) com o fato da computação gráfica ser o modelo atual das animações, em detrimento de poucas animações tradicionais; falsificações e cópias óbvias de filmes mais famosos; a simultânea evolução do fotorrealismo e a perda do charme da animação; e a relação intrínseca entre o uso de clichês e o desprezo pela originalidade são satirizados de maneira absolutamente brilhante aqui.

Algo que eu realmente não esperava que o roteiro (e, principalmente, o visual) do filme abordasse é a verdadeira versatilidade da animação, e essa abordagem acaba por prestar uma homenagem à trajetória da animação na história do cinema, algo em que a Disney serviu de pioneira. Vários tipos de animação são utilizados e referenciados aqui: animação tradicional; animação em CGI; stop-motion, ou de “massinha”; animações orientais, como animes; animação em preto-e-branco e no estilo rubber hose, como no jogo “Cuphead”; animações fotorrealistas e feitas com captura de movimento, como “O Expresso Polar”; e até o uso de marionetes, como em “Vila Sésamo” e “Os Muppets”. Essa abordagem me deixou particularmente maravilhado com as múltiplas facetas da animação, e como praticamente todas elas ainda estão em ativa. Realmente espero que a Disney acorde para a vida e retome os trabalhos de animação tradicional para o cinema, algo que a empresa têm relegado somente à curtas-metragens e trabalhos para a televisão.

E, por último, gostaria de destacar outro aspecto no roteiro que simultaneamente agradará o público infantil e o público adulto: o núcleo emocional e o charme. Tais recursos funcionam para os pequenos por meio da relação fraternal entre os dois personagens-título, a qual é deliciosamente cativante; e, para os adultos (ou crianças em corpos de adulto), eles se fazem presentes no aspecto nostálgico da trama, através dos vários personagens presentes ou referenciados ao longo do tempo de duração enxuto de 1 hora e 40 minutos. Isso, mais uma vez, mostra o quão abrangente o roteiro de Gregor e Mand pode ser, em relação ao seu público-alvo, e pra mim, foi uma jogada realmente brilhante.

(Okay, for starters, I confess that, although there were many reasons for me to be excited to watch “Chip 'n Dale: Rescue Rangers”, it had some particular aspects that made me doubt the quality of its final product. Starting on the bright side, the film had the talents of John Mulaney and Andy Samberg, two of the best comedians working today, ahead of the cast as the title characters. Besides that, it would have the involvement of musical comedy trio The Lonely Island behind the camera, a group that was responsible for incredibly fun movies like “Hot Rod” and “Popstar: Never Stop Never Stopping”, which went on to become modern cult classics.

On the other hand, the film would have a screenplay by Dan Gregor and Doug Mand, who, alongside Stephen Gaghan, were responsible for elaborating the script for the dreadful “Dolittle”, Golden Raspberry winner of Worst Prequel, Remake, Rip-off or Sequel, massacred by both critics and audiences, even though it relied on a sensational cast. And as if that wasn't enough, the trailers made it look (A LOT) like the disappointing “Space Jam: A New Legacy”, which worries less in telling a story and ends up being more like a huge Warner Bros ad that says: “Hey, look at how many properties we have!”.

So, in the way I see it, “Chip 'n Dale: Rescue Rangers” could follow two paths in extremely opposite directions: it could either be a brilliant satire that's reminiscent of “Who Framed Roger Rabbit”, which wonderfully subverts genre stereotypes with references and irreverent criticism to the animation industry itself; or it could be a true disaster made only for Disney to collect that money, filling it up with immature jokes, manipulated and forced performances and an overdose of references that makes the studio think that it'll make up for the fact that it doesn't have a story. Fortunately, the latest release on the Disney+ original catalog pleased me A WHOLE LOT more than I expected, blending several crossovers with a thematically relevant story that has a lot to say about the film industry.

Okay, then, let's talk about the screenplay. The first highlight I'd like to make on Gregor and Mand's plot is that it is a satire, and especially, a satire that subverts the stereotypes of something typical Disney itself would make, and in that, this film reminded me a lot of one of my favorite films (and one of the greatest films of all time), “Who Framed Roger Rabbit”, which, being distributed by a more mature subsidiary of Disney (Touchstone), managed to portray the animated universe of its owner company in a surprisingly accessible way for both children and adults. And, fortunately, Gregor and Mand manage to tread the same path as Roger Rabbit in order to tell a story that, simultaneously, entertains children through the presence of familiar characters and subverts adults' expectations with a wonderfully self-aware sense of humor.

Speaking of sense of humor, in that aspect we find another highlight in Gregor and Mand's screenplay, and part of why this comical aspect works incredibly well here is due to Akiva Schaffer's direction and the involvement of the The Lonely Island trio, who are veterans to the legendary American sketch comedy show “Saturday Night Live”. The presence of screenwriters responsible for a film destined to a younger audience such as “Dolittle” and the inclusion of comedians that are extremely familiar to a more mature sense of humor in the backstage crew allows “Chip 'n Dale: Rescue Rangers” to get the best of both worlds, managing to please both children and adults with its captivating and irreverent jokes and hint drops, many of them with double entendres. Another detail worth mentioning is that Gregor and Mand treat the main aspect of the plot, which is the return of the characters in the series that originated the film, though a very accessible lens, meaning that even people who haven't even heard of the show that came before it (like myself) will manage to perfectly understand the plot as a first contact with these characters.

Another aspect that has to be highlighted in Gregor and Mand's script is the fact that it's self-aware. As in “Roger Rabbit”, the film's animated characters live among human beings, with the title characters living like celebrities instead of mere fictional personas, allowing, in a similar way to the 1988 film, the screenwriters to insert inside jokes and hint drops on the current state of the film industry, and especially, animation, something in which Disney is the most surpreme authority working today. Aspects such as the reboot overdose; the analogy of “CGI surgery” (Disney, please give the person who invented this term a raise) with the fact that CGI has become the current standard for animation, resulting in fewer traditionally-made animated films; bootlegging and obvious rip-offs or far better known films; the simultaneous evolution in photorealism and loss in the animation's charm; and the intricate relationship between the use of clichés and despise over originality are woven (and made fun of) into the plot brilliantly here.

Something I really didn't expect the film's screenplay (and, mainly, the visuals) to approach is the true versatility of animation, and that approach ends up paying an homage to the trajectory of animation throughout cinema history, something in which Disney served as a pioneer for. Several types of animation are used and referenced here: traditional hand-drawn animation; CGI animation; stop-motion; Eastern animation, such as anime; black-and-white, vintage rubber-hose animation, such as those in the video game “Cuphead”; photorealistic and motion-captured animation, such as in “The Polar Express”; and even the use of puppetry, such as in “Sesame Street” and in “The Muppets”. That approach left me particularly wonderstruck with the several faces of animation, and how practically all of them are still active methods in the industry. I really hope that Disney someday wakes up and starts making traditional animation for the big screen again, something the company has only been doing for short films and television work.

And, at last, I'd like to highlight yet another aspect in the screenplay that'll please both children and adults: its emotional core and heart. Those aspects work for the little ones through the brotherly relationship between the two title characters, which is deliciously captivating; and, for the adults (or children in adult bodies), they're present in the nostalgic factor of the story, through the many characters present or referenced throughout its well-calculated runtime of 1 hour and 40 minutes. That, once again, shows how accessible Gregor and Mand's script can be, when it comes to its audience, and for me, it was a totally brilliant move.)



Como dito anteriormente, John Mulaney e Andy Samberg são dois dos melhores comediantes trabalhando atualmente, e os dois fazem um trabalho extraordinário como os personagens-título. É incrível ver como a persona cômica de cada um combina perfeitamente com a personalidade dos dois esquilinhos. Mulaney (conhecido por fazer a voz do Porco-Aranha em “Homem-Aranha no Aranhaverso”) consegue misturar doses iguais de estilo cartunesco e uma seriedade mais madura para diferenciar o seu Tico de seu melhor amigo. Já Andy Samberg (conhecido por interpretar o protagonista de Brooklyn Nine-Nine, Jake Peralta) cativa o espectador com um retrato hilário, sem freios, cheio de energia e surpreendente emocionante de Teco. Colocando os dois em tela, é diversão na certa, seja você uma criança de 5 anos ou um marmanjão beirando os 50.

Além dos personagens-título, temos a KiKi Layne como a única personagem humana realmente relevante da trama. Eu gostei bastante de como a personagem dela funciona como a cola que lentamente vai reunindo os dois personagens, e super apoio uma série do Disney+ na mesma veia com o retorno da atriz. O J.K. Simmons (sim, o JJ Jameson de “Homem-Aranha”) interpreta um policial animado em stop-motion. Só por ter Simmons no elenco, já é um ganho; agora, ter ele interpretando um policial em stop-motion já é outro nível de prestígio. E, como se isso não fosse o bastante, temos os talentos inigualáveis de Keegan-Michael Key como um fantoche vendedor de queijos; Seth Rogen como um viking animado de forma fotorrealista; e Flula Borg como uma serpente que é fã dos dois personagens-título. Para manter a surpresa dos vários personagens que dão as caras ao longo do filme, já termino a parte do elenco por aqui.

(As previously stated, John Mulaney and Andy Samberg are two of the best comedians working today, and both of them do an extraordinary job as the title characters. It's amazing to see how their comical persona ends up perfectly fitting each chipmunk's personality. Mulaney (known for voicing Spider-Ham in “Spider-Man: Into the Spider-Verse”) manages to mix equal doses of cartoonish style and a more mature seriousness to make his Chip different from his best friend. Now, Andy Samberg (known for playing the protagonist of Brooklyn Nine-Nine, Jake Peralta) manages to captivate the viewer with a hilarious, no-holds-barred, energetic and surprisingly emotional portrayal of Dale. Put the two of them together onscreen, and you know you're in for a good time, whether you're a five-year-old or someone on the way to your 50s.

Besides the title characters, we have KiKi Layne as the only human character that's actually relevant to the story. I really liked how her character managed to work as the glue that slowly brings the two characters back together, and I'd be super into a Disney+ spin-off show like this with her return. J.K. Simmons (yes, Spider-Man's JJ Jameson) portrays a cop that's animated in stop-motion. Just by having Simmons in the cast, it's a win; now, having him portray a claymation cop is a whole 'nother level of prestige. And, as if that wasn't enough, we have the amazing talents of Keegan-Michael Key as a cheese-selling puppet; Seth Rogen as a berserker animated through motion capture; and Flula Borg as a DJ snake who's a big fan of the two title character. In order to keep the surprise of the many characters that show up throughout the film, I'll wrap up my opinions about the cast here.)



O aspecto técnico que mais vale a pena destacar em “Tico e Teco: Defensores da Lei” é, sem dúvidas, o visual e o trabalho em efeitos especiais, pela amálgama de estilos de animação que os roteiristas decidem misturar. (A propósito, fico muito surpreso deste filme não ter sido lançado nos cinemas, levando isso em consideração.) Há cenas onde personagens animados de formas diferentes contracenam juntos, e é muito legal notar as nuances na performance física de cada personagem. A montagem do Brian Olds, em especial, faz um trabalho magnífico na animação do stop-motion, culminando em uma das cenas de ação mais criativas que eu já vi na minha vida. A mistura entre as animações, e ainda por cima, entre essas animações e o live-action, é muito bem feita, me lembrando muito (novamente) de “Uma Cilada para Roger Rabbit”.

Uma das razões pelas quais o filme me interessou bastante é o número de crossovers presentes ao longo do tempo de duração, e não há palavras suficientes para expressar o quão extasiado eu fiquei ao perceber algumas dessas aparições. Uma vantagem que a Disney possuiu com esse filme é que, agora que ela é dona da 20th Century Studios (antiga Fox), há um leque ainda mais abrangente para os roteiristas usarem como sátira. Mas a melhor coisa é que, ao contrário de “Space Jam”, que só usou propriedades de sua própria empresa, “Tico e Teco” ousou ainda mais e não só satiriza, mas como também se refere às propriedades de outros estúdios, resultando em muitos momentos engraçados e outros onde você se encontra constantemente recriando o meme do DiCaprio apontando para a tela em “Era uma Vez em Hollywood”. Nesse aspecto, o filme é um verdadeiro presente para os fãs de animação, e é uma das várias razões do porquê ele me agradou tanto. E um último detalhe que vale a pena mencionar é que o filme não exagera nessas aparições a ponto de priorizá-las em detrimento da história, o que é ótimo.

(The technical aspect that's worth highlighting the most in “Chip 'n Dale: Rescue Rangers” is, without a doubt, its visuals and special effects work, because of the amalgamation of animation style the screenwriters decide to mix together. (By the way, I'm really surprised that this film wasn't released in theaters, taking that into consideration.) There are scenes where characters animated in different ways share the screen, and it's really fun to notice the nuances in each character's physical performance. Brian Olds's editing, in particular, does a magnificent job in animating the stop-motion parts, culminating in one of the most creative action scenes I've ever seen in my life. The mix between animations, and also the mix between animation and live-action are really good, reminding me a lot of (once again) “Who Framed Roger Rabbit”.

One of the reasons why the film caught my particular interest is the number of crossovers present throughout its runtime, and there aren't enough words to describe how wonderstruck I was when noticing some of these appearances. An advantage that Disney had with this film is that, now that it owns 20th Century Studios (or Fox), there's an even wider array of characters for the writers to use as satire. But the best thing about it is that, unlike “Space Jam”, which used only its studio's properties, “Chip 'n Dale” dared to boldly go even further and not only made fun of, but also referenced other studios' properties, resulting in many funny moments and others where you find yourself constantly recreating the DiCaprio “pointing at the screen” meme from “Once Upon a Time in Hollywood”. In this aspect, the film is a true gift for animation fans, and is one of the reasons why it pleased me so much. One last detail that's worth noticing is that the film doesn't overuse these appearances to the point of prioritizing them over the story, which is great.)



Resumindo, “Tico e Teco: Defensores da Lei” é o melhor filme original feito para o Disney+ até o momento. Com um roteiro que consegue agradar tanto crianças como adultos, um elenco de voz muito talentoso, e um visual que mistura vários tipos de animação, o novo filme de Akiva Schaffer consegue funcionar como 3 coisas ao mesmo tempo: 1) uma sátira ao estado atual da indústria cinematográfica, e especificamente, da animação; 2) uma homenagem à trajetória da animação ao longo da história do cinema; e 3) uma sequência espiritual à um dos melhores filmes de todos os tempos, “Uma Cilada para Roger Rabbit”.

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell (pun intended), “Chip 'n Dale: Rescue Rangers” is the best original Disney+ movie to date. With a script that manages to please both children and adults, a really talented voice cast, and visuals that mix several methods of animation, Akiva Schaffer's new film manages to work as three things at the same time: 1) a satire to the current state of the film industry, and specifically, animation; 2) a homage to the trajectory of animation throughout cinema history; and 3) a spiritual sequel to one of the best films of all time, “Who Framed Roger Rabbit”.

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)