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E aí, meus queridos cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre uma das séries mais aguardadas de 2023, se não for a mais aguardada! Introduzindo uma história já conhecida de maneira compreensível para aqueles que não a conhecem, e expandindo em partes que foram somente implicadas no material fonte, a série em questão não somente é, de longe, a melhor adaptação de videogames já feita, mas também é uma das melhores séries dos últimos tempos. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre a adaptação da HBO de “The Last of Us”, disponível para streaming na HBO Max! Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about one of 2023's most anticipated TV shows, if not the most anticipated TV show of the year! Introducing an already-known story in a comprehensible way for those who aren't familiar with it, and expanding in parts that were only left implied in the source material, the show I'm about to analyze is not only, by far, the greatest videogame adaptation ever made, but also one of the best TV shows in recent memory. So, without further ado, let's talk about HBO's adaptation of “The Last of Us”, which is available to stream on HBO Max! Let's go!)
Ambientada 20 anos após o surto de uma infecção causada por fungos geneticamente modificados que transforma seres humanos em mortos-vivos, a série acompanha Joel (interpretado por Pedro Pascal), um contrabandista cínico constantemente assombrado por traumas do passado, que é encarregado de levar Ellie (interpretada por Bella Ramsey), uma garota de 14 anos que é imune à infecção, a um hospital do outro lado do país, onde uma milícia não-governamental supostamente está trabalhando em uma cura. Ao longo da viagem, os dois se encontram com outros sobreviventes, que acabam por aproximar Joel e Ellie um do outro, ao mesmo tempo que os forçam a tomar decisões extremamente difíceis.
(Set 20 years after the outbreak of an infection caused by genetically modified fungi which turns human beings into the undead, the series follows Joel (played by Pedro Pascal), a cynical smuggler constantly haunted by past traumas, who is tasked of taking Ellie (played by Bella Ramsey), a 14-year-old girl who's immune to the infection, to a hospital on the other side of the country, where a non-governmental militia is supposedly working on a cure. Throughout the journey, the two meet other survivors, who end up bringing Joel and Ellie closer to each other, at the same time they force the pair into making extremely difficult decisions.)
Eu acho que nem preciso dizer o quão animado eu estava para ver a adaptação da HBO de “The Last of Us”. Creio que já falei isso nas minhas resenhas individuais dos dois videogames da série, mas falo de novo para quem ainda não sabe: eu adquiri um PS4 somente para jogar a versão remasterizada do primeiro “The Last of Us”. Como esperado, me apaixonei profundamente pelo jogo, pela história e seus personagens. Essa paixão só iria se tornar mais intensa em 2020, quando veio a criticamente aclamada, premiada, e polêmica segunda parte, que foi recebida de forma extremamente polarizada por uma parcela de fãs pela sua narrativa. Se vocês quiserem saber mais do que eu achei dos dois videogames da franquia, aqui estão os links para a resenha da Parte I (https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2018/12/the-last-of-us-uma-das-melhores.html) e da Parte II (https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2020/07/the-last-of-us-parte-ii-uma-sequencia.html).
Normalmente, fãs de videogames ficam com um pé atrás quando uma adaptação destes jogos é anunciada, mas “The Last of Us”, pelo menos para mim, foi uma rara exceção onde eu não tinha o mínimo resquício de dúvida de que o resultado final seria excelente. Primeiro: porque seria uma série e não um filme, permitindo que a história respire mais, ao invés de condensá-la em um tempo de duração que poderia deixar de fora aspectos-chave da narrativa. Segundo: porque seria uma série da HBO, uma das produtoras de TV mais aclamadas e bem-sucedidas da indústria, responsável por sucessos estrondosos como “Família Soprano” e “Game of Thrones”. Terceiro: a série seria desenvolvida por Craig Mazin, criador da excepcional minissérie “Chernobyl”, também da HBO. E quarto (e mais importante): a adaptação contaria com a colaboração próxima da Naughty Dog, estúdio responsável pelos videogames, e com a supervisão criativa de Neil Druckmann, roteirista e diretor dos dois jogos.
Desde o seu anúncio, Mazin e companhia asseguraram os fãs que eles não tinham nada a temer com a adaptação. E os 9 episódios de sua sensacional e impecável primeira temporada são plenamente capazes de fazer qualquer gamer receoso respirar aliviado. Todos os roteiros da primeira temporada foram escritos por Mazin e Druckmann, e os dois showrunners conseguem, com maestria, introduzir essa história para aqueles que ainda não a conhecem; expandir naquilo que foi somente trabalhado de forma superficial nos jogos; fazer o espectador se importar com os personagens e, em especial, com suas decisões, por mais problemáticas que sejam; e reter o peso emocional que fez a narrativa dos videogames ser tão marcante.
O primeiro destaque que gostaria de fazer sobre o roteiro de “The Last of Us” é sua fidelidade ao material fonte; porém, também é preciso ressaltar a sua liberdade criativa com aquilo que já foi construído. O esqueleto da história foi perfeitamente traduzido para outro meio, e isso em si já é uma tarefa extremamente difícil, levando em conta outras adaptações de videogames. Mas Mazin e Druckmann não param por aí: além de abordarem os pontos-chave do enredo de maneira incrivelmente fidedigna, eles aprofundam e modificam (para o melhor) aspectos que estavam presentes na narrativa original, mas que não tiveram tanto foco. A mitologia construída nos jogos não é somente respeitada, mas também enriquecida na adaptação, e de uma maneira assustadoramente realista.
Em segundo lugar, “The Last of Us”, como videogame, funciona pelo seu maior foco na história. A adaptação, de maneira similar, funciona por concentrar suas forças narrativas nos personagens e nas relações que eles têm uns com os outros, deixando a ação (ou, no caso do game, a jogabilidade) em segundo plano. E aqui vai um aviso: se você for assistir “The Last of Us” com expectativas de que seja um novo “The Walking Dead”, com muita violência, sangue e tripas por todo lado, sinto muito, mas você vai se decepcionar. Há algumas sequências memoráveis e incrivelmente tensas de ação ao longo dos 9 episódios, mas o foco maior de Mazin e Druckmann está firmemente concentrado na dinâmica entre Joel, Ellie e os diversos personagens que dão as caras durante a temporada, e nem preciso dizer que foi a escolha criativa certeira para esse projeto, que acaba sendo bem mais parecido com obras como “Filhos da Esperança” e “A Estrada” do que com “The Walking Dead”.
Em terceiro lugar, é preciso destacar o realismo da trama de “The Last of Us”, que vai muito além da ambientação pandêmica do enredo. A cena de abertura da temporada como um todo é simplesmente aterrorizante, não só porque o que é dito nela poderia muito bem se concretizar no futuro, mas também pela calma e frieza no tom dos diálogos, o que faz tudo ficar ainda mais sinistro. O mesmo pode ser dito pela sequência de abertura do segundo episódio, que é tão impactante quanto, pela reação dos personagens mediante a uma situação de crise. É uma história centrada na realidade, sem nenhuma viagem para alguma dimensão paralela onde tudo fica bem. O mundo retratado aqui parece de verdade, e isso enche o espectador de apreensão e tensão, de forma similar à obra anterior de Mazin, “Chernobyl”, e tão eficiente quanto.
Em quarto lugar, a humanidade e a falibilidade dos personagens faz “The Last of Us” ser ainda mais realista, e isso fica visível no retrato que os roteiristas fazem do protagonista, Joel. No jogo, graças à magia da jogabilidade, o personagem é praticamente invencível, precisando de somente um rolo de gaze para recuperar metade de sua energia. Aqui, Mazin e Druckmann fazem a brilhante escolha de tornar Joel vulnerável, não só fisicamente, mas também emocionalmente, e isso ajuda o espectador a se importar cada vez mais com ele. Outra tarefa difícil que os roteiristas tiraram de letra é fazer quem está assistindo apoiar as decisões moralmente duvidosas que os personagens fazem ao longo da trama, deixando sensações mistas de horror e compreensão pairando em nossas mentes, em especial através dos personagens coadjuvantes Henry e Kathleen, sendo esta última uma personagem criada especificamente para a adaptação.
Em quinto lugar, “The Last of Us” encontra sua maior força na dinâmica em constante construção entre Joel e Ellie, e é particularmente incrível ver como os personagens vão gradualmente mudando de personalidade ao longo da temporada, se tornando o completo oposto do que eram no início. O Joel começa como alguém cínico e que não quer ter conexão emocional com ninguém, por causa dos traumas do passado. Porém, a partir dos seus encontros com outros personagens, ele é munido de uma sensibilidade admiravelmente emocionante. A Ellie, como uma pessoa que nasceu quando o mundo já estava em ruínas, começa como uma pessoa extremamente curiosa e que procura a leveza mesmo nos tempos mais difíceis. Mas, por causa das decisões que a personagem é forçada a tomar, ela tem seu coração gradualmente endurecido pelo horror enfrentado ao longo da viagem. A dinâmica entre os dois nunca para de ser envolvente, e isso acontece graças ao roteiro de Mazin e Druckmann.
E em sexto e último lugar, mesmo com um orçamento gigantesco e uma gama incrível de possibilidades proveniente do mesmo, a adaptação de “The Last of Us” não se esquece do cerne da narrativa original, o qual pode ser resumido na seguinte frase: “mesmo nos cenários mais improváveis, é possível encontrar o amor”. E não só no sentido romântico, como os episódios 3 e 7 perfeitamente demonstram, mas principalmente o amor como uma razão para continuar lutando, para encontrar algum sentido de pertencimento na vida. É incrivelmente emocionante ver esse cerne se tornando um ciclo completo aos minutos finais da primeira temporada, e vai ser uma experiência interessante ver como este amor será transformado em um ódio puro e extremamente agressivo na vindoura segunda temporada. SÓ VEM, THE LAST OF US PARTE II!!
(I think I don’t even have to say how excited I was to watch HBO’s adaptation of “The Last of Us”. I believe I already said this in my individual reviews of both video games in the series, but I’ll say it again for those who don’t know: I bought a PS4 solely to play the remastered version of the first “The Last of Us” game. As I expected, I fell in love with it deeply, alongside its story, setting and characters. That passion would only become stronger in 2020, with the release of the critically acclaimed, awarded and controversial second part, which received extremely polarizing reviews from a percentage of fans over its narrative. If you want to know more about what I thought of either of them, here’s my review for Part I (https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2018/12/the-last-of-us-uma-das-melhores.html) and Part II (https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2020/07/the-last-of-us-parte-ii-uma-sequencia.html).
Usually, video game fans are extremely doubtful when an adaptation of such games is announced, but “The Last of Us”, at least for me, was a rare exception where I didn’t have a single doubt that the final outcome would be nothing short of excellent. Firstly: because it would be a show and not a film, allowing the story to breathe, rather than condensing it into a runtime that could leave key plot points out of it. Secondly: because it would be a series from HBO, one of the most acclaimed and successful TV producers in the industry, responsible for giving us enormous hits like “The Sopranos” and “Game of Thrones”. Thirdly: the show would be developed by Craig Mazin, the creator of the exceptional miniseries “Chernobyl”, also an HBO production. And most importantly: the adaptation would rely on a close collaboration with Naughty Dog, the studio that made the video games, and the creative supervision of Neil Druckmann, who wrote and directed both games.
Ever since its announcement, Mazin and co. assured fans they had nothing to fear with the adaptation. And the nine episodes in its sensational and flawless first season are plainly capable of making any fearful gamer sigh with relief. Every screenplay in season one has been written by Mazin and Druckmann, and both showrunners manage to masterfully introduce this story to those who aren’t familiar with it; expand on what was only left implied in the games; make the viewer care for the characters and, especially, their decisions, as problematic as they may seem; and retain the emotional weight that made the video games’ narrative so iconic.
The first highlight I’d like to make on the screenplay for “The Last of Us” is its faithfulness to the source material; however, it also contains a creative freedom regarding what has already been built in this universe. The bones of the story were perfectly translated from one medium to another, and that itself is a highly difficult task, when you consider previous video game adaptations. But Mazin and Druckmann don’t stop there: besides approaching the narrative’s key plot points in an extremely faithful way, they deepen and change (for the better) aspects that were there in the original plot, but didn’t have that much focus. The mythology built in the video games is not only respected, but enriched in the adaptation, and in a harrowingly realistic way.
Secondly, “The Last of Us”, as a videogame, works because of its focus on storytelling. The adaptation, similarly, works because it focuses its narrative forces on its characters and the relationships they have with each other, leaving the action (or, in the game’s case, gameplay) in the background. And here goes a warning: if you’re going to watch “The Last of Us” expecting it to feel like “The Walking Dead”, with lots of violence, blood and guts everywhere, I’m sorry, but you will be disappointed. There are some memorable and incredibly tense action sequences throughout the nine episodes, but Mazin and Druckmann’s larger focus is firmly placed on the dynamics between Joel, Ellie and several other characters who appear throughout the season, and I don’t even have to say that that was the right creative choice for this project, which has much more similarities to works like “Children of Men” and “The Road” than “The Walking Dead”.
Thirdly, it’s essential to highlight the realism in the plot of “The Last of Us”, which goes way beyond the story’s pandemic setting. The opening scene of the season as a whole is absolutely terrifying, not only because what is said in it could actually happen in the future, but also because of the cold and calm tone injected into the dialogue, which makes the whole thing all the more ominous. The same can be said for the second episode’s opening sequence, which is just as impactful, due to the characters’ reactions towards a situation of crisis. It’s a story that’s grounded on reality, without any trip to an alternate dimension where everything is okay. The world portrayed here feels real, and that fills the viewer with apprehension and tension, in a similar yet just as effective manner to Mazin’s previous work, “Chernobyl”.
In fourth place, the characters’ humanity and fallibility makes “The Last of Us” even more realistic, and that’s visible in the screenwriters’ portrayal of the protagonist, Joel. In the game, thanks to the magic of gameplay, the character is practically invincible, needing only a roll of gauze to recover half his energy. Here, Mazin and Druckmann make the brilliant choice of making Joel vulnerable, not only physically, but also emotionally, and that helps the viewer care for him more and more. Another difficult task that the writers knocked out of the park is making the viewers support the morally gray decisions the characters make throughout the plot, leaving mixed feelings of horror and understanding hovering on our minds, especially through supporting characters Henry and Kathleen, the latter being an original character written for the show.
In fifth place, “The Last of Us” finds its greatest strength in the ever-building dynamic between Joel and Ellie, and it’s particularly amazing to see how the characters gradually change their personalities throughout the season, becoming the complete opposite of who they were in the beginning. Joel starts off as someone cynical who doesn’t want to have an emotional connection with anybody, because of past traumas. However, starting from his encounters with other characters, he is armed with an admirably emotional sensibility. Ellie, as a person who was born when the world had already fallen, starts off as an extremely curious person who seeks for levity in things, even in the darkest times. However, due to the decisions the character is forced to make, her heart is gradually hardened by the horror faced throughout the journey. The dynamic between the two of them never ceases to be captivating, and that is, partly, due to Mazin and Druckmann’s script.
And in sixth and last place, even with a gigantic budget and a whole plethora of possibilities that come with it, the adaptation of “The Last of Us” doesn’t forget the core of the original narrative, which can be resumed in the following sentence: “even in the most unlikely scenarios, it’s possible to find love”. And not only in a romantic way, as episodes 3 and 7 perfectly demonstrate, but mainly love as a reason to keep on fighting, to find some sense of belonging in life. It’s incredibly emotional to see this core go full circle in the season’s final moments, and it will be an interesting experience to see how that love will transform into pure and extremely aggressive hate in its upcoming second season. I’M READY FOR THE LAST OF US PART II!)
Com toda a honestidade, eu acho que todo o elenco de “The Last of Us”, tanto principal quanto coadjuvante, tem um desempenho tão bom, que cada ator e atriz merece, ao menos, uma indicação ao Emmy. A começar pela dupla principal de Pedro Pascal e Bella Ramsey, que conseguem lembrar (e MUITO) as performances originais de Troy Baker e Ashley Johnson como Joel e Ellie nos videogames. Pascal é simplesmente incrível como Joel. Na maioria das vezes, ele é bem fechado, o que faz o espectador pensar que ele é uma máquina fria de matar. Mas há certos momentos que destacam a fragilidade do personagem, e é particularmente memorável quando o ator consegue momentaneamente quebrar sua fachada séria e embrutecida, revelando alguém com uma sensibilidade admirável por baixo. E a responsável por essa quebra é, claro, a Ellie de Bella Ramsey, que merece todos os prêmios pelos quais ela certamente será indicada. Ela é uma completa antítese do Joel, em termos de personalidade: enquanto ele é cínico e mal-humorado; ela é uma personagem essencialmente curiosa e sarcástica, e é sensacional ver como tanto Pascal quanto Ramsey lidam com a mudança emocional gradual de seus papéis. Individualmente, os dois intérpretes são excelentes, mas é através da química explosiva entre eles que a trama consegue envolver e cativar o espectador ao máximo. É uma relação crível, tocante e maravilhosamente construída, tanto através do roteiro quanto pela performance dos atores.
Fora Pascal e Ramsey, todos os outros atores são relegados a aparições de um episódio só ou dois; mas mesmo assim, cada um consegue fazer o melhor com o que o roteiro oferece. A Anna Torv é a Tess perfeita, com a atriz conseguindo transmitir o cansaço e a repressão amorosa de sua personagem somente com as expressões faciais. O Nick Offerman e o Murray Bartlett protagonizam algumas das sequências mais emocionalmente potentes da temporada, e isso em somente um único episódio (o terceiro), o qual, na opinião de muitos, é o melhor dos nove. (Eu, particularmente, prefiro o quinto.) Há uma certa nostalgia em ver a Merle Dandridge interpretar a mesma personagem que ela fez no jogo, e ela consegue traduzir a sua performance original muito bem para outro meio. A Storm Reid tem uma química impecável com Ramsey no sétimo episódio, com sua personagem sendo de extrema importância para o amadurecimento de Ellie. Os personagens do Lamar Johnson e do Keivonn Woodard conseguem ser um reflexo perfeito do que os protagonistas enfrentam ao longo da viagem, e por isso, as cenas com os dois atores são algumas das mais emocionantes da trama. A dinâmica entre Ramsey e Woodard, em especial, é de cortar o coração. O Gabriel Luna e a Rutina Wesley tiveram muito pouco material como Tommy e Maria; porém, é uma decisão compreensível, sendo que eles têm maior atenção na Parte II. Mesmo assim, os dois atores estão ótimos.
No lado dos vilões, temos duas performances absolutamente formidáveis, convincentes e essencialmente humanas de Melanie Lynskey e Scott Shepherd. Ambos os personagens possuem motivações compreensíveis para justificarem suas respectivas ações, por mais desumanas e doentias que pareçam ser, à primeira vista. Lynskey e Shepherd conseguem transmitir um misto entre carisma e ameaça de maneira absolutamente magistral em suas performances, com seus personagens sendo a prova viva de que, mesmo em um mundo infestado por infectados cujas cabeças foram transformadas em cogumelos literais, não há nada mais assustador do que a má natureza do ser humano. Sem spoilers aqui, mas eu particularmente amei a performance de Shepherd no penúltimo episódio, a ponto de considerá-la uma das melhores da temporada. É incrível vê-lo em tela com Ramsey, e testemunhar como seu personagem acaba sendo a chave para que Ellie tenha uma notável seriedade no último capítulo.
(In all honesty, I think that the entire cast of “The Last of Us”, both main and supporting, does such a great job, that every performer deserves, at least, an Emmy nomination. Starting off with the main duo of Pedro Pascal and Bella Ramsey, who are able to remind gamers (A LOT) of Troy Baker and Ashley Johnson's original performances as Joel and Ellie in the videogames. Pascal is simply amazing as Joel. Most of the times, he's really reserved, which gives the viewer the impression that he's a cold killing machine. But there are certain moments that highlight the character's frailty, and it's particularly memorable when the actor manages to break through his serious, hardened façade and reveal someone with an admirable sensibility underneath. And the one responsible for that breakthrough is, of course, Bella Ramsey's Ellie, whose portrayal will certainly earn every award she is nominated for. She's a complete antithesis of Joel, when it comes to personality: while he's cynical and has no sense of humor; she's an essentially curious and sarcastic character, and it's sensational to see both Pascal and Ramsey dealing with their roles' gradual emotional changes. Individually, both performers are excellent, but it's through the explosive chemistry between them that the plot manages to involve and captivate the viewer to the max. It's a believable, touching, and exceptionally built relationship, because of the script and their performances.
Apart from Pascal and Ramsey, every other actor is relegated to a single episode or two; but even so, each one of them is able to get their best performance out of what the script gives them. Anna Torv is the perfect Tess, with the actress managing to convey her character's exhaustion and romantic repression only through her facial expressions. Nick Offerman and Murray Bartlett are responsible for some of the season's most emotionally powerful scenes, which are contained within a single episode (the third one), considered, by many, as the best of the bunch. (I, myself, prefer the fifth.) There's a certain nostalgia in watching Merle Dandridge reprise her original role from the videogames, and she manages to translate her performance as Marlene to another medium really well. Storm Reid has flawless chemistry with Ramsey in episode 7, with her character being of utmost importance for Ellie's growth. Lamar Johnson and Keivonn Woodard's characters manage to be a reflection of what the protagonists face throughout the journey, and so, the scenes featuring both performers are some of the most emotional ones in the plot. The dynamic between Ramsey and Woodard is particularly heart-wrenching. Gabriel Luna and Rutina Wesley had very little material as Tommy and Maria; however, that's understandable, as they get further attention in Part II. Nevertheless, both of them are great here.
On the villains side, we have two formidable, convincing and essentially human supporting performances by Melanie Lynskey and Scott Shepherd. Both their characters have understandable motivations to justify their respective actions, as inhumane and sick as they may seem, at first. Lynskey and Shepherd manage to masterfully convey a mix of charisma and threat through their performances, with their characters being living proof that, even in a world that's infested with infected people with literal mushrooms for heads, there's nothing more terrifying than a human being's evil nature. No spoilers here, but I particularly loved Shepherd's performance in the penultimate episode, to the point of considering it one of the season's best. It's amazing to see him onscreen with Ramsey, and witness how his character is the key for Ellie to gain a notable seriousness in the final chapter.)
Nos aspectos técnicos, a equipe de “The Last of Us” consegue refletir os visuais estonteantes do jogo com perfeição. A direção de fotografia e a montagem trabalham em conjunto para recriar, de uma maneira essencialmente fidedigna, algumas das cenas mais icônicas do primeiro jogo. O visual também consegue ser bem inventivo em certas sequências, usando os enquadramentos para refletir o caráter dos personagens de uma maneira bem eficiente. É através do excepcional jogo de câmera da série que os fãs do videogame vão assistir certas cenas e pensar: “Meu Deus, isso tá IGUALZINHO ao jogo!”. E isso, claramente, é uma reflexão do envolvimento próximo da Naughty Dog e do criador Neil Druckmann na adaptação, além de ser diretamente relacionado com a paixão de todos os envolvidos pelo que foi criado no jogo. (Todos os estúdios que estiverem planejando adaptações de videogame, comecem a estudar “The Last of Us” imediatamente.)
A direção de arte, assim como no jogo, consegue retratar a ruína e, ao mesmo tempo, a beleza das ambientações de uma maneira assustadoramente realista. A mistura entre a dominação da natureza nas cidades visitadas ao longo da trama e o caráter urbano das mesmas tem um contraste visível e é um verdadeiro deleite para os olhos, porque o visual faz todas aquelas cidades “mortas” parecerem mais vivas que nunca. O design dos infectados ficou simplesmente sensacional, misturando maquiagem prática e efeitos em computação gráfica de forma extremamente eficiente, e despertando com sucesso a mesma apreensão e medo no espectador que eles impõem em quem já havia jogado o videogame. (Curiosidade: a equipe responsável pela maquiagem dos Infectados em “The Last of Us” é a mesma que fez o design do vilão Vecna, de “Stranger Things”.)
A presença e a falta de som são de extrema importância para que certas sequências tenham o máximo de eficácia. Há duas cenas em particular que são incrivelmente eficazes pelo absoluto silêncio em que elas são mergulhadas: uma cena no segundo episódio ambientada em um museu, onde os protagonistas precisam se esforçar para não fazerem barulho e atrair a atenção de infectados; e outra cena no quinto episódio, onde vários personagens estão se escondendo da mira de um franco-atirador, com a explosão dos tiros quebrando o silêncio absoluto da cena de uma maneira desconcertante e imersiva, parecendo até um jumpscare. E, como no material fonte, a trilha sonora original de Gustavo Santaolalla, que mistura composições dos dois videogames, é essencial nas partes mais movidas a diálogos, ajudando a desenvolver os personagens com maestria.
(In the technical aspects, the crew of “The Last of Us” manages to perfectly reflect the game's astonishing visuals. The cinematography and editing work in tandem in order to recreate, in an essentially faithful way, some of the most iconic scenes in the first game in the series. The visuals also manage to be very inventive in certain sequences, using the framing in order to reflect the characters' personalities in an extremely effective way. It's through the series's exceptional camera work that the videogame's fans will watch it and think: “Oh my God, this looks EXACTLY like the game!”. And that, clearly, is a reflection of Naughty Dog and Neil Druckmann's close partnership with the adaptation, besides being directly related to the passion of all the people involved in making it towards the original work. (Every studio that's planning a videogame adaptation, start studying “The Last of Us” immediately.)
The production design, as it is in the game, manages to portray both the ruin and the beauty in the settings in a harrowingly realistic manner. The mixture between nature's domination over the cities visited throughout the plot and the more urban tone injected into them has a visible contrast and is a true delight to the eyes, as the visuals make all these “dead” cities feel more alive than ever. The design of the infected turned out to be simply sensational, mixing practical make-up and computer-generated effects in an extremely efficient way, and making the viewer feel as apprehensive and scared as those who played the game felt when first playing through it. (Fun fact: the crew responsible for the Infected's make-up in “The Last of Us” is the same that designed the villain Vecna, from “Stranger Things”.)
Both the presence and the absence of sound are of utmost importance for certain sequences to have maximum efficiency. There are two particular scenes that are incredibly effective due to the absolute silence they're drowned in: one scene in the second episode set inside a museum, where the protagonists need to make an effort and not make any noise in order to avoid attracting the attention of infected; and another scene in the fifth episode, where several characters are hiding from the aim of a sniper, with the explosive shots breaking the scene's absolute silence in a disconcerting and immersive way, that's almost jumpscare-like. And, just like in the source material, Gustavo Santaolalla original score, which mixes pieces from both videogames, is essential to the more dialogue-driven parts, masterfully helping the characters' development.)
Resumindo, a adaptação da HBO de “The Last of Us” é uma verdadeira aula de como adaptar um produto cultural de maneira fiel para outro meio. Com um roteiro que não só revisita, mas expande naquilo que foi construído no jogo original; um elenco repleto de performances dignas de prêmios; e aspectos técnicos que ressaltam a beleza, a tensão e o terror do material fonte, Craig Mazin e Neil Druckmann conseguem tanto introduzir a história de Joel e Ellie para quem não a conhecia quanto aprofundar a narrativa de maneira impressionante para aqueles que já eram familiarizados com ela. Para os fãs puristas de videogames: assistam a série. Para aqueles que se cansaram de “The Walking Dead” e querem algo diferente: assistam a série. Para aqueles que gostam de uma história maravilhosamente bem contada: assistam a série. O seu precioso tempo não será desperdiçado.
Nota: 10 de 10!!
É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, HBO's adaptation of “The Last of Us” is a true masterclass on how to faithfully adapt a cultural product from one medium to the other. With a script that not only revisits, but expands on what was built in the original game; a cast filled with award-worthy performances; and technical aspects that enhance the source material's beauty, tension and horror, Craig Mazin and Neil Druckmann manage to both introduce Joel and Ellie's story for those who didn't know it and deepen the narrative in an impressive way to those who were already familiar with it. To the purist videogame fans: watch the show. To those who got tired of “The Walking Dead” and want something different: watch the show. To those who enjoy a wonderfully well-told story: watch the show. Your precious time will not go to waste.
I give it a 10 out of 10!!
That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)