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sexta-feira, 13 de abril de 2018

Resenha-crítica "O Iluminado", de Stanley Kubrick (Bilíngue)


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Português:
“O Iluminado” (The Shining) é um filme estadunidense de 1980 do gênero suspense-terror dirigido por Stanley Kubrick e estrelado por Jack Nicholson, Shelley Duvall, Danny Lloyd, Scatman Crothers, Joe Turkel, Barry Nelson, Philip Stone, Lisa Burns e Louise Burns. O filme é baseado no romance de mesmo nome escrito por Stephen King.

O filme gira em torno de Jack Torrance (Nicholson), que arruma um trabalho como zelador em um hotel nas montanhas do Colorado, onde, uma vez, um ex-zelador (Stone) assassinou sua família inteira, na esperança de curar seu bloqueio de escritor. Ele se muda para lá com sua esposa Wendy (Duvall), e o filho Danny (Lloyd), que é atormentado por premonições. Depois de se mudarem pra lá, Danny começa a ter visões cada vez mais perturbadoras, e Jack, além de não conseguir escrever, aprende os segredos sombrios do hotel, e começa a demonstrar os primeiros sintomas da “febre de cabana”, o que foi o mesmo que aconteceu com o ex-zelador.

Sinceramente, antes desse filme, eu nunca tinha visto um filme de Stanley Kubrick. E eu nunca me senti realmente interessado à vê-lo inteiro. Sabe aqueles filmes de terror bem antigos que causavam medo antes, mas são considerados toscos agora? Esse foi meu primeiro pensamento sobre “O Iluminado”. Mas, graças a Steven Spielberg, e sua mais recente (e nostálgica) obra-prima, “Jogador Número 1”, eu finalmente tive a vontade de sentar e ver o filme. E, meus amigos, que filme! Pode não ser uma adaptação fiel ao livro de Stephen King, como o próprio odiou o filme, mas “O Iluminado” tem razão para ter se tornado um clássico do gênero. Vamos começar com as atuações: Jack Nicholson é um dos melhores atores vivos, na minha opinião; nunca vi uma atuação ruim dele e Jack Torrance não é uma exceção, ele encarna toda a psicopatia do personagem com maestria, e eu tenho uma leve impressão que esse papel o inspirou a aceitar o papel de Coringa, no “Batman”, de 1989. Shelley Duvall parece entregar mais do que uma atuação, considerando que a relação entre ela e Stanley Kubrick foi bem turbulenta no set, parece mais que ela entregou uma experiência ao vivo, como se as falas e ações dela não estivessem no roteiro, e eu falo isso como um baita elogio. Danny Lloyd faz muito bem como um menino meio problemático, como o Samuel de “The Babadook”, e Scatman Crothers também está muito bom como um chef que, sinceramente, parece ser importante em apenas uma cena, mas é uma cena bem explicativa sobre o que acontece com Danny. Agora, vamos para o visual. O jogo de câmera é maravilhoso, é muito bem feito e perfeitamente simétrico, como se o Kubrick soubesse como causar intriga e medo com a câmera. Tem momentos em que a câmera é aérea, que é sob o ponto de vista de um personagem, que ela acompanha o personagem em uma determinada cena, e funciona em cada uma dessas situações. Digo o mesmo pelos sets, com cores atrativas, e frames dignos de serem wallpapers. O hotel Overlook é uma maravilha a parte, pois, além de ser um lugar bem chique, é um lugar bem fechado, bem claustrofóbico, o que inicia a loucura do protagonista. E o fato do filme ser ambientado em um lugar mais fechado dá um tom bem atmosférico para o filme, como “Rua Cloverfield, 10”.
Também há várias interpretações metafóricas do filme, mas deixarei isso para a resenha do brilhante documentário “Room 237”... (Risos)
Brilhante, atmosférico e assustador, “O Iluminado” é um dos vários clássicos de Stanley Kubrick, e ainda continua causando calafrios, mesmo com 38 anos de idade.
Amei esse filme!!! Recomendo fortemente para todos os fãs do gênero e do diretor!!

Nota: 9,5 de 10!!

Elenco: Jack Nicholson, Shelley Duvall, Danny Lloyd, Scatman Crothers, Joe Turkel, Barry Nelson, Philip Stone, Lisa Burns e Louise Burns.
Direção: Stanley Kubrick.
Duração: 146 min (versão americana), 119 min (versão europeia).
Distribuição: Warner Bros. Pictures.


English:
“The Shining” is a 1980 American horror-thriller film directed by Stanley Kubrick. It stars Jack Nicholson, Shelley Duvall, Danny Lloyd, Scatman Crothers, Joe Turkel, Barry Nelson, Philip Stone, Lisa Burns and Louise Burns. It is based on the novel of the same name written by Stephen King.

The film tells the story of Jack Torrance (Nicholson), who gets a job as a caretaker at a hotel in the Colorado mountains, where, once, a former caretaker (Stone) murdered his entire family, hoping to recover from writer's block. He moves from his home to the hotel with his wife, Wendy (Duvall), and his son, Danny (Lloyd), who is tormented by premonitions. After moving, Danny starts to have darker and darker premonitions, and Jack, besides not writing a thing, learns about the hotel's dark secrets, and starts to demonstrate symptoms of cabin fever, just like the former caretaker.

Sincerely, before this film, I had never seen a Stanley Kubrick film. And I never felt interested in watching it as a whole. You guys know those really old horror movies that frightened people at the time of release, but now are considered cheesy? That was my first thought about “The Shining”. But, thanks to Steven Spielberg and his most recent (and nostalgic) masterpiece, “Ready Player One”, I finally wanted to see the whole film. And, my friends, what a movie! It might not be a faithful adaptation of Stephen King's novel, as King himself hated the film, but “The Shining” has reasons to have become a classic in its genre. Let's start with the acting: Jack Nicholson is one of the greatest living actors, in my opinion; I've never seen one bad performance he's done, and Jack Torrance is no exception, he incarnates all the psychopathy of the character like a master, and I have a slight impression that this role gave him the role of the Joker in 1989's “Batman”. Shelley Duvall seems like she gave more than a performance, as her relationship with Kubrick on set was turbulent, it looks like she gave a live experience, as if her actions and lines weren't scripted, and I mean that as one hell of a compliment. Danny Lloyd did really nice as a problematic kid, like Samuel from “The Babadook”, and Scatman Crothers is also really good as a chef who, sincerely, seems like he's important in just one scene, but it's a very explaining scene about what's happening to Danny. Now, let's talk about the visuals. The camera work is marvelous, really well done and perfectly symmetrical, as if Kubrick knew how to cause intrigue and fear with it. It has moments with air shots, point of view shots, character-accompanying shots, and it works in every one of these situations. I say the same about the sets, with attractive colors and in frames worthy of becoming wallpapers. The Overlook hotel is a masterpiece in its own, because, besides being a really fancy place, it's also a restricted, claustrophobic space, which boosts the protagonist's madness. And the fact that the film's set in a restricted place builds an atmosphere in it, like in “10 Cloverfield Lane”.
There's also several metaphorical interpretations of “The Shining”, but I'll leave that for the review of the brilliant documentary “Room 237”... (LOL)
Brilliant, atmospheric, and terrifying, “The Shining” is one of Stanley Kubrick's many classics, and it still gives chills, even at age 38.
I loved it!! I strongly recommend it to the genre's fans and Kubrick fans!!

I give it a 9,5 out of 10!!

Cast: Jack Nicholson, Shelley Duvall, Danny Lloyd, Scatman Crothers, Joe Turkel, Barry Nelson, Philip Stone, Lisa Burns and Louise Burns.
Directed by: Stanley Kubrick.
Running time: 146 minutes (American cut), 119 minutes (European cut).
Distribution: Warner Bros. Pictures.












domingo, 1 de abril de 2018

"Cry Baby": Melanie Martinez e sua fábula sonoramente (e cinematograficamente) explícita (Bilíngue)


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E aí, galerinha de cinéfilos! Aqui quem fala é o João Pedro. Acredito que à medida que o tempo passa, muitos musicistas e bandas usam o cinema como maneira de promoção de seus trabalhos. Beyoncé fez um curta de Lemonade, Arcade Fire e Imagine Dragons irão fazer curtas extensos sobre suas novas músicas, e alguns fazem uma história cinematográfica que é baseada nas canções do álbum. Melanie Martinez, ex-competidora do The Voice, usa o cinema como, além de promover seus trabalhos, um método de contar histórias. É isso o que ela faz em relação ao seu álbum de estreia, “Cry Baby”, lançado em 2015. Fui apresentado ao trabalho dessa jovem e promissora musicista por meio da escola, e fiquei impressionado com tanto as letras quanto os clipes super bem feitos (os quais ela mesma roteirizou e dirigiu). Então, peço que me acompanhem em uma viagem pelo mundo explicitamente sombrio e desventurado de “Cry Baby”, faixa por faixa. Vamos lá!
(What's up, film buffs! João Pedro here. I believe that as time goes by, many bands and singers use filmmaking as a way to promote their work. Beyoncé made a Lemonade short film, Arcade Fire and Imagine Dragons will make long short films on their new songs, and some make a cinematic story based on songs from their albums. Melanie Martinez, a former The Voice contestant, uses filmmaking as, besides to promote her work, a method to tell stories. That is what she does with her debut album, “Cry Baby”, released in 2015. I was introduced to this young and promising song artist's work through school, and I was impressed with her songwriting and her well produced music videos (which she wrote and directed herself). So, I ask for you to be my guest on a journey through the unfortunate, explicitely dark world of “Cry Baby”, track by track. Let's go!)




“Cry Baby” (Bebê Chorona, em tradução livre) tem 13 faixas, e talvez algumas faixas se conectem umas às outras. Todas possuem nomes tradicionalmente infantis (em tradução livre, “Casa de Boneca”, “Mamadeira”, “Leite e Biscoitos”, “Peguei, Tá com Você”, entre outros), mas mantenha em sua mente que o trabalho de Martinez não só lida com temas sérios, como abuso, loucura, sequestro, traição, vícios em drogas e até estupro, mas também possui canções com palavrões bem pesados. Farei aqui uma análise da história do álbum como uma história contínua, como se as 13 faixas fossem completamente conectadas, o que elas são. Vamos começar!
(“Cry Baby” has 13 tracks, and maybe some of them connect to each other in a way. All of them have traditionally childish titles (“Dollhouse”, “Sippy Cup”, “Milk and Cookies”, “Tag, You're It”, among others), but keep it in your mind that Martinez's work deals with serious themes like abuse, madness, kidnapping, betrayal, drug addictions and even rape, and also has songs with really heavy profanities. I will make here an analysis of the album's story as a continuous story, as if the 13 tracks were completely connected, which they are. Let's begin!)



Nas primeiras 3 faixas, “Cry Baby”, “Dollhouse” e “Sippy Cup” (“Bebê Chorona”,”Casa de Boneca” e “Mamadeira”, em tradução livre), somos apresentados à protagonista da história, Cry Baby (interpretada nos videoclipes pela própria Martinez) e à sua família. Já sabemos de cara na primeira estrofe de “Cry Baby”, cujo instrumental inicial é uma mistura de choros e risos de bebê, que a protagonista é uma pessoa bem emocional, já que ela “substitui o cérebro com o coração” e “leva as coisas pelo lado pessoal”, o que faz ela desmoronar. A família dela, apresentada em “Dollhouse”, é bem desestruturada e disfuncional: a mãe possui um vício enorme em álcool e cigarros, o filho fuma maconha e o pai trai a esposa constantemente, mas assim, eles tentam levar as pessoas a acreditar que é uma família perfeita, manipulando-a como se fosse uma casa de boneca. Assim como diz no refrão:
“Foto, foto, sorria para a foto
Pose com o seu irmão, você não vai ser uma boa irmã?
Todo mundo pensa que nós somos perfeitos
Por favor, não deixe eles verem o que há atrás da cortina
C-A-S-A-D-E-B-O-N-E-C-A, eu vejo coisas que mais ninguém vê”
E se “Dollhouse” é sobre esconder o que há atras da cortina, “Sippy Cup” é sobre as confusões que acontecem nesse lugar, mas ainda assim a família tenta mascará-los. O verso que explicita isso é “Syrup is still syrup in a sippy cup” (Xarope ainda é xarope em uma mamadeira). O xarope em questão seria o álcool, no qual a mãe de Cry Baby é viciada, ou seja, mesmo que ela tente amenizar e pensar que aquilo não é tão problemático, colocando o líquido em um copinho de crianças, ainda é álcool. No clipe, vemos a mãe desmaiada no chão da cozinha (que é inclusive mencionada na faixa anterior), enquanto o pai chega com uma amante, e então a raiva dela, fundida ao vício do álcool, a leva a assassinar os dois à facadas, enquanto Cry Baby assiste a tudo. A mãe então, envenena Cry Baby, tirando sua inocência e fazendo-a esquecer de tudo o que houve.
(On the first 3 tracks, “Cry Baby”, “Dollhouse” and “Sippy Cup”, we are introduced to the protagonist of Martinez's story, Cry Baby (played in the music videos by Martinez herself) and her family. We already learn in the first lines of “Cry Baby”, whose instrumentals are a mix of babies laughing and crying, that the protagonist is a very emotional person, as she “replaces her brain with her heart” and “takes things so hard”, which makes her fall apart. Her family, introduced in “Dollhouse”, is highly unstable and dysfunctional: the mother has a huge addiction to smoking and drinking, the son smokes marijuana, and the father cheats on his wife constantly, but even so,
they try to lead people to believe that they are a perfect family, manipulating it like it's a dollhouse.
Like the chorus says:
“Picture, picture, smile for the picture
Pose with your brother, won't you be a good sister?
Everyone thinks that we're perfect
Please, don't let them look through the curtains
D-O-L-L-H-O-U-S-E, I see things nobody else sees”
And if “Dollhouse” is about hiding what's through the curtains, “Sippy Cup” is about all the trouble that happens in that place, but still the family tries to put a “perfect” mask over it. The verse that explicits that is “Syrup is still syrup in a sippy cup”. The syrup in question would be alcohol, one of Cry Baby's mother's addictions, that means, even she tries to ease it up and think that wouldn't cause any trouble, pouring the liquid in a sippy cup, it's still alcohol. In the music video, we see Cry Baby's mom passed out on the kitchen (which is mentioned in Dollhouse) floor, while the dad arrives with a lover, and so, her anger, joined by the alcohol addiction, leads her to murder both of them with a knife, while Cry Baby watches everything. The mother poisons Cry Baby, taking away her innocence and making her forget everything that happened.)











Nas próximas duas faixas, “Carousel” e “Alphabet Boy” (Carrossel e Garoto Alfabeto), temos uma Cry Baby perdidamente apaixonada por um garoto. Em Carousel, vemos que, mesmo que ela corra e corra atrás dele, ela nunca consegue alcançá-lo, como se ele estivesse no cavalinho do carrossel que está na frente do dela, o que torna o relacionamento dela com esse garoto algo cíclico, como o próprio carrossel. A próxima faixa, Alphabet Boy, relata o “término” de Cry Baby com esse garoto, com ela cansada de andar em um carrossel que roda infinitamente. Alphabet Boy é uma das faixas mais brilhantes do álbum, por conter estrofes que acompanham as letras do alfabeto, no caso as letras A, B, C e D. Veja o exemplo abaixo:
Always aiming paper airplanes at me when you're around
You build me up like building blocks just so you can bring me down
You can crush my candy cane but you'll never catch me cry
If you dangle that diploma and I dead you, don't be surprised”
O próprio título da canção faz isso (Alphabet Boy), e, pelo ritmo legal, letras viciantes e genialidade da composição, essa é definitivamente, uma das minhas músicas favoritas de Melanie Martinez.
(In the next two tracks, “Carousel” and “Alphabet Boy”, we see Cry Baby falling deeply and hopelessly in love with a boy. In Carousel, we see that, even if she runs and runs after him, she never manages to reach him, as if he's on the carousel horse in front of hers, which makes her relationship with this boy something cyclical, as a carousel itself. The next track, Alphabet Boy, shows the “break-up” of Cry Baby and the boy, with the girl tired of riding in an infinite carousel. Alphabet Boy is one of the most brilliant tracks on the album, containing continuous parts with the letters of the alphabet one after the other, in this case, the letters A, B, C, and D. See the example below:
Always aiming paper airplanes at me when you're around
You build me up like building blocks just so you can bring me down
You can crush my candy cane but you'll never catch me cry
If you dangle that diploma and I dead you, don't be surprised”
The title of the song does that (Alphabet Boy), and because of its cool beat, addictive lyrics, and genius songwriting, this is definitely one of my favorite Melanie Martinez songs.)







Nas próximas duas faixas, “Soap” e “Training Wheels” (Sabão e Rodinhas de Treino), Cry Baby se apaixona de novo, dessa vez, por um garoto chamado Johnny. Em Soap, vemos Cry Baby tentando conhecer Johnny, mas ela foi descuidada e conta tudo o que aconteceu com ela até aquele momento, da família disfuncional até o carrossel que roda infinitamente. Isso choca Johnny, como se a Cry Baby “jogasse uma torradeira em uma banheira”, mas ele entende, e o sentimento de amor de Cry Baby vira mútuo na próxima faixa, Training Wheels, que tem como instrumental de fundo rodinhas de bicicleta, onde os dois vivem o típico de um casal estável: se desentendem, brigam, mas no final, se entendem de novo, e por um instante, pensamos que finalmente algo bom aconteceu com a nossa protagonista emocionalmente instável. Que pena que a partir da próxima faixa, só vai ficar pior.
(In the next two tracks, “Soap” and “Training Wheels”, Cry Baby falls in love again, this time, for a boy named Johnny. In Soap, we see Cry Baby trying to get to know Johnny, but she did not take care and tells him everything that happened to her until that moment, from her dysfunctional family to the carousel which spun in an infinite loop. That shocks Johnny, as if Cry Baby “threw a toaster in a bathtub”, but he understands, and Cry Baby's feeling of love becomes mutual in the next track, Training Wheels, whose background instrumentals are bicycle wheels, where the two live the typical of a stable couple: they have a misunderstanding, fight, but in the end, they say sorry for each other, and for a moment, we think something good has finally happened to our emotionally unstable protagonist. Too bad that from the next track and beyond, it'll just get worse.)





As próximas 3 faixas, “Pity Party”, “Tag, You're It”, e “Milk and Cookies” (“Festa de Dar Pena”, “Peguei, Tá com Você”, e “Leite e Biscoitos”) são as mais tristes para Cry Baby. Em Pity Party, é o aniversário de Cry Baby, e ela planeja uma grande festa com tema seiscentista, com música em vinil e cores em tons pastéis. Ela convida todos os seus amigos, inclusive Johnny, e escreve nos convites à mão, esperando ansiosamente por seu aniversário. O dia finalmente chega. Ela espera por seus convidados. E espera, e espera. E nada. Ninguém chega, nem seu amado. Ela então se pergunta “Será que eu deveria ter dito alguma coisa pra fazer com que eles viessem à minha festa?” e fica bem triste. BEM triste. Cansada de ser decepcionada pelos outros, ela solta um grito e simplesmente destrói a festa: estoura os balões, retira o recheio dos bichos de pelúcia, derruba o bolo de propósito, e por aí vai. Aqui temos os primeiros brilhos de loucura na vida de Cry Baby. Depois de sua bagunça, ela leva os restos de enfeites de sua festa para o lixo, e parte para o supermercado, o que leva à experiência mais traumatizante de sua vida até agora.
A próxima faixa, “Tag, You're It”, é bem perturbadora de se escutar, mas mesmo assim é necessária. Ela relata, através de mudanças de voz feitas por Martinez para encarnar outro personagem, o sequestro de Cry Baby por um lobo sorveteiro no estacionamento de um supermercado. Assim como diz no refrão:
“Correndo pelo estacionamento
Ele me perseguia e não parava
Peguei, tá com você, peguei, peguei, tá com você
Agarrou meu cabelo, me empurrou
Tirou as palavras da minha boca
Peguei, tá com você, peguei, peguei, tá com você”
O ritmo da música chega a beirar o assustador, as mudanças de vozes são bem sinistras (você começa ouvindo a voz doce de Martinez, aí de repente muda pra uma voz super grossa, que ainda é da Melanie, mas que agora está com o papel do lobo), e o final da música me assombra até agora. Mas vamos lembrar que dois podem jogar esse jogo, e na próxima faixa, “Milk and Cookies”, chegou a vez de Cry Baby revidar.
Em “Milk and Cookies”, vemos Cry Baby no esconderijo do lobo sorveteiro, e ele dá uma missão obrigatória para nossa protagonista: fazer leite e biscoitos para o mesmo. Aí Cry Baby lembra que a atendente do supermercado onde ela fora sequestrada deu um pequeno frasco com um líquido estranho dentro. Ela, supondo que o líquido seja veneno, despeja o frasco inteiro em sua mistura de biscoitos. O tempo necessário acaba, e Cry Baby serve os biscoitos para seu sequestrador. Sua suposição estava certa: o lobo começa a engasgar com os biscoitos envenenados, e, finalizando o trabalho, Cry Baby despeja uma garrafa de leite sobre o lobo e sai do esconderijo, com sua loucura aumentando ainda mais.
(The next 3 tracks, “Pity Party”, “Tag, You're It” and “Milk and Cookies”, are the saddest ones in Cry Baby's point of view. In Pity Party, it's Cry Baby's birthday and she plans a big party with a 60s theme, with vinyl music and pastel colours. She invites all her friends, including Johnny, and makes handmade invitations, waiting anxiously for her birthday. The day finally comes. She waits for her guests. And waits some more, and then some more time. And nothing. Nobody comes, not even her loved one. She then asks herself “Should I have told them something so they would've come to my party?” and she gets really sad. REALLY sad. Tired of being disappointed by others, she screams really loud and simply destroys the party: pops the balloons, pulls out the filling of the stuffed animals, drops the cake on purpose, and it goes further. Here we have the first glimmers of madness in Cry Baby. After her mess, she goes to put the rest of the things she used in her party in the garbage, and heads to the supermarket, which leads to the most traumatizing experience in her life so far.
The next track, “Tag, You're It”, is really disturbing to hear, but it's necessary whatsoever. It tells the story, through voice changes Martinez made to play another character, of how Cry Baby got kidnapped by a Big Bad Wolf ice cream man, in the parking lot of a supermarket. Just like it says on the chorus:
“Running through the parking lot
He chased me and he wouldn't stop
Tag, you're it, tag, tag, you're it
Grabbed my hair, pushed me down
Took the words right out of my mouth
Tag, you're it, tag, tag, you're it”
The song's beat becomes a little creepy, the voice changes are quite terrifying (you start to hear Martinez's sweet voice, and then, all of a sudden, you start to hear a super thick voice, which is also Martinez's, but now playing the role of the wolf), and the ending haunts me even now. But let's remember two can play this game, and in the next track, “Milk and Cookies”, it's Cry Baby's turn to play.
In “Milk and Cookies”, we see Cry Baby in the wolf's lair, where he gives her a mandatory mission: to bake cookies for him to eat with some milk. And then Cry Baby remembers that the cashier from the supermarket gave her a flask with a mysterious blue liquid inside. She, guessing it's poison, pours the entire bottle in her cookie mix. The time comes to an end, and she gives her kidnapper his milk and cookies. Her guess was right: the wolf starts to choke with the poisoned cookies, and, to finish the job, she pours an entire bottle of milk on his head and heads out of the lair, with her madness growing and growing.)







Agora, chegamos à reta final do álbum: “Pacify Her”, “Mrs. Potato Head”, e “Mad Hatter” (Acalme-a, Sra. Cabeça de Batata e Chapeleiro Maluco). Em “Pacify Her”, vemos uma Cry Baby insana tentando roubar um garoto comprometido. Ela manda bilhetes, atrai sua atenção, faz ele sorrir, tenta brincar com ele, mas a namorada do garoto mostra os seios para ele, o que o deixa em um transe. Hipnotizado, o garoto e sua namorada saem do recinto onde eles estão, deixando Cry Baby sozinha mais uma vez, o que leva ela a pensar sobre questões de estética.
Ela vai para sua casa, e para se descontrair, liga a TV, onde há comerciais de pílulas para emagrecimento e perucas loiras. Cry Baby, destruída pelos acontecimentos de sua vida e o recente acontecimento em Pacify Her, estufa seu peito com lenços para parecer mais volumoso, e toma pílulas de dieta e coloca uma peruca loira. Se sentindo “satisfeita”, ela volta à sala e se senta para assistir ao programa da Sra. Cabeça de Batata. Aí entramos em “Mrs. Potato Head”, uma crítica social brilhante aos padrões atuais de estética e uma das minhas músicas favoritas do álbum. Nela, acompanhamos uma mulher que um dia, recebe presentes de seu namorado, e um deles é um tipo de cirurgia plástica, que modifica o seu rosto inteiro. Depois da cirurgia, o namorado retira as gazes que tampam o rosto da “Sra. Cabeça de Batata”, revelando que o rosto dela ficou bem diferente do que antes da cirurgia. Ela tenta “melhorar” o visual, colocando batom e uma peruca loira, mas aí ela avista uma coisa que a faz se arrepender de tudo que ela fez com ela mesma: o namorado dela dando em cima de outra mulher. Devastada, ela chora.
Impressionada com o programa, Cry Baby retira a peruca e os enchimentos de seu peito, culminando em “Mad Hatter”, onde ela aceita quem ela é, com a insanidade e tudo. O videoclipe mostra Cry Baby em uma viagem no melhor estilo de Alice no País das Maravilhas, onde ela arruma “amigos” tão loucos como ela, e aceita sua loucura, como diz no refrão:
“Sou louca, querido, sou insana
A amiga mais maluca que você já teve
Você pensa que sou uma psicopata, você pensa que eu perdi a noção
Conte pro psiquiatra que algo está errado
Com um parafuso a menos, totalmente maluca
Você gosta mais de mim quando estou fora da minha zona de conforto
Vou te contar um segredo, não estou alarmada
E daí se eu sou louca?
Todas as melhores pessoas são”
A música fecha o álbum com um tom creepy e divertido ao mesmo tempo, com o videoclipe deixando frestas abertas para o segundo álbum de Melanie Martinez, o qual terá como acompanhamento um filme (sim, você ouviu direito) em vez de 13 videoclipes.
Esse álbum é um dos meus favoritos, e eu mal posso esperar pelo segundo CD da Melanie. ADORO TANTO ESSE ÁLBUM!!!

Nota: 10 de 10!!

(Now we get to the final lap of the album: “Pacify Her”, “Mrs. Potato Head” and “Mad Hatter”. In Pacify Her, we see a completely insane Cry Baby trying to steal a boy that's already committed. She sends notes, attracts his attention, makes him laugh, tries to play with him, but then, his girlfriend shows him her breasts, getting him into some sort of trance. Hypnotized, the boy and his girlfriend leave Cry Baby, alone once again, which leads her to think about esthetics.
She goes to her home, and turns on the TV, where she watches commercials for diet pills and blonde wigs. Cry Baby, a wreck because of all the stuff happening in her life, and because of the recent Pacify Her happening, fills up her chest with paper towels to “augment” its volume, takes some diet pills and puts on a blonde wig. Feeling “satisfied” with herself, she goes back to the TV room and sits to watch the Mrs Potato Head TV show. Then, we go into “Mrs. Potato Head”, a brilliant social review about the actual esthetics pattern and one of my favorite songs on the album. In it, we follow a young woman that, one day, receives presents from her boyfriend, one of them being a facelift plastic surgery. After the surgery, her boyfriend cuts off her bandages, revealing that her face has been severely disfigured. She tries to make it “better”, putting on makeup and a blonde wig, but then she sees something that makes her regret everything she has done about herself: her boyfriend hitting on another woman. Devastated, she cries.
Shocked with the program, Cry Baby removes the paper towels from her chest and the blonde wig, leading on to “Mad Hatter”, where she accepts who she really is, crazy and all. The music video shows Cry Baby on an “Alice in Wonderland” trip, where she encounters “friends” who are just as crazy as she is, and she accepts her craziness, as she says on the chorus:
“I'm nuts, baby, I'm mad
The craziest friend that you've ever had
You think I'm psycho, you think I'm gone
Tell the psychiatrist something is wrong
Over the bend, entirely bonkers
You like me best when I'm off my rocker
Tell you a secret, I'm not alarmed
So what if I'm crazy?
The best people are”
The song closes the album in a creepy, fun way, with the music video leaving doors open for Melanie Martinez's second album and its accompanying movie (yeah, you heard that right) instead of 13 music videos.
This album is one of my favorites, and I can't wait for Martinez's sophomore album. I LOVE IT SO MUCH!!!!

I give it a 10 out of 10!!!)










Bom, então é isso pessoal! Espero que tenham gostado!! Até a próxima!!
João Pedro
(Well, so, that's all, folks! I hope you liked it! See you next time!!
João Pedro)