“O Iluminado” (The
Shining) é um filme estadunidense de 1980 do gênero suspense-terror
dirigido por Stanley Kubrick e estrelado por Jack Nicholson, Shelley
Duvall, Danny Lloyd, Scatman Crothers, Joe Turkel, Barry Nelson,
Philip Stone, Lisa Burns e Louise Burns. O filme é baseado no
romance de mesmo nome escrito por Stephen King.
O filme gira em torno
de Jack Torrance (Nicholson), que arruma um trabalho como zelador em
um hotel nas montanhas do Colorado, onde, uma vez, um ex-zelador
(Stone) assassinou sua família inteira, na esperança de curar seu
bloqueio de escritor. Ele se muda para lá com sua esposa Wendy
(Duvall), e o filho Danny (Lloyd), que é atormentado por
premonições. Depois de se mudarem pra lá, Danny começa a ter
visões cada vez mais perturbadoras, e Jack, além de não conseguir
escrever, aprende os segredos sombrios do hotel, e começa a
demonstrar os primeiros sintomas da “febre de cabana”, o que foi
o mesmo que aconteceu com o ex-zelador.
Sinceramente, antes
desse filme, eu nunca tinha visto um filme de Stanley Kubrick. E eu
nunca me senti realmente interessado à vê-lo inteiro. Sabe aqueles
filmes de terror bem antigos que causavam medo antes, mas são
considerados toscos agora? Esse foi meu primeiro pensamento sobre “O
Iluminado”. Mas, graças a Steven Spielberg, e sua mais recente (e
nostálgica) obra-prima, “Jogador Número 1”, eu finalmente tive
a vontade de sentar e ver o filme. E, meus amigos, que filme! Pode
não ser uma adaptação fiel ao livro de Stephen King, como o
próprio odiou o filme, mas “O Iluminado” tem razão para ter se
tornado um clássico do gênero. Vamos começar com as atuações:
Jack Nicholson é um dos melhores atores vivos, na minha opinião;
nunca vi uma atuação ruim dele e Jack Torrance não é uma exceção,
ele encarna toda a psicopatia do personagem com maestria, e eu tenho
uma leve impressão que esse papel o inspirou a aceitar o papel de
Coringa, no “Batman”, de 1989. Shelley Duvall parece entregar
mais do que uma atuação, considerando que a relação entre ela e
Stanley Kubrick foi bem turbulenta no set, parece mais que ela
entregou uma experiência ao vivo, como se as falas e ações dela
não estivessem no roteiro, e eu falo isso como um baita elogio.
Danny Lloyd faz muito bem como um menino meio problemático, como o
Samuel de “The Babadook”, e Scatman Crothers também está muito
bom como um chef que, sinceramente, parece ser importante em apenas
uma cena, mas é uma cena bem explicativa sobre o que acontece com
Danny. Agora, vamos para o visual. O jogo de câmera é maravilhoso,
é muito bem feito e perfeitamente simétrico, como se o Kubrick
soubesse como causar intriga e medo com a câmera. Tem momentos em
que a câmera é aérea, que é sob o ponto de vista de um
personagem, que ela acompanha o personagem em uma determinada cena, e
funciona em cada uma dessas situações. Digo o mesmo pelos sets, com
cores atrativas, e frames dignos de serem wallpapers. O hotel
Overlook é uma maravilha a parte, pois, além de ser um lugar bem
chique, é um lugar bem fechado, bem claustrofóbico, o que inicia a
loucura do protagonista. E o fato do filme ser ambientado em um lugar
mais fechado dá um tom bem atmosférico para o filme, como “Rua
Cloverfield, 10”.
Também há várias
interpretações metafóricas do filme, mas deixarei isso para a
resenha do brilhante documentário “Room 237”... (Risos)
Brilhante, atmosférico
e assustador, “O Iluminado” é um dos vários clássicos de
Stanley Kubrick, e ainda continua causando calafrios, mesmo com 38
anos de idade.
Amei esse filme!!!
Recomendo fortemente para todos os fãs do gênero e do diretor!!
Nota: 9,5 de 10!!
Elenco: Jack Nicholson,
Shelley Duvall, Danny Lloyd, Scatman Crothers, Joe Turkel, Barry
Nelson, Philip Stone, Lisa Burns e Louise Burns.
Direção: Stanley
Kubrick.
Duração: 146 min
(versão americana), 119 min (versão europeia).
Distribuição: Warner
Bros. Pictures.
English:
“The Shining” is a
1980 American horror-thriller film directed by Stanley Kubrick. It
stars Jack Nicholson, Shelley Duvall, Danny Lloyd, Scatman Crothers,
Joe Turkel, Barry Nelson, Philip Stone, Lisa Burns and Louise Burns.
It is based on the novel of the same name written by Stephen King.
The film tells the
story of Jack Torrance (Nicholson), who gets a job as a caretaker at
a hotel in the Colorado mountains, where, once, a former caretaker
(Stone) murdered his entire family, hoping to recover from writer's
block. He moves from his home to the hotel with his wife, Wendy
(Duvall), and his son, Danny (Lloyd), who is tormented by
premonitions. After moving, Danny starts to have darker and darker
premonitions, and Jack, besides not writing a thing, learns about the
hotel's dark secrets, and starts to demonstrate symptoms of cabin
fever, just like the former caretaker.
Sincerely, before this
film, I had never seen a Stanley Kubrick film. And I never felt
interested in watching it as a whole. You guys know those really old
horror movies that frightened people at the time of release, but now
are considered cheesy? That was my first thought about “The
Shining”. But, thanks to Steven Spielberg and his most recent (and
nostalgic) masterpiece, “Ready Player One”, I finally wanted to
see the whole film. And, my friends, what a movie! It might not be a
faithful adaptation of Stephen King's novel, as King himself hated
the film, but “The Shining” has reasons to have become a classic
in its genre. Let's start with the acting: Jack Nicholson is one of
the greatest living actors, in my opinion; I've never seen one bad
performance he's done, and Jack Torrance is no exception, he
incarnates all the psychopathy of the character like a master, and I
have a slight impression that this role gave him the role of the
Joker in 1989's “Batman”. Shelley Duvall seems like she gave more
than a performance, as her relationship with Kubrick on set was
turbulent, it looks like she gave a live experience, as if her
actions and lines weren't scripted, and I mean that as one hell of a
compliment. Danny Lloyd did really nice as a problematic kid, like
Samuel from “The Babadook”, and Scatman Crothers is also really
good as a chef who, sincerely, seems like he's important in just one
scene, but it's a very explaining scene about what's happening to
Danny. Now, let's talk about the visuals. The camera work is
marvelous, really well done and perfectly symmetrical, as if Kubrick
knew how to cause intrigue and fear with it. It has moments with air
shots, point of view shots, character-accompanying shots, and it
works in every one of these situations. I say the same about the
sets, with attractive colors and in frames worthy of becoming
wallpapers. The Overlook hotel is a masterpiece in its own, because,
besides being a really fancy place, it's also a restricted,
claustrophobic space, which boosts the protagonist's madness. And the
fact that the film's set in a restricted place builds an atmosphere
in it, like in “10 Cloverfield Lane”.
There's also several
metaphorical interpretations of “The Shining”, but I'll leave
that for the review of the brilliant documentary “Room 237”...
(LOL)
Brilliant, atmospheric,
and terrifying, “The Shining” is one of Stanley Kubrick's many
classics, and it still gives chills, even at age 38.
I loved it!! I strongly
recommend it to the genre's fans and Kubrick fans!!
I give it a 9,5 out of
10!!
Cast: Jack Nicholson,
Shelley Duvall, Danny Lloyd, Scatman Crothers, Joe Turkel, Barry
Nelson, Philip Stone, Lisa Burns and Louise Burns.
E aí, galerinha de
cinéfilos! Aqui quem fala é o João Pedro. Acredito que à medida
que o tempo passa, muitos musicistas e bandas usam o cinema como
maneira de promoção de seus trabalhos. Beyoncé fez um curta de
Lemonade, Arcade Fire e Imagine Dragons irão fazer curtas extensos
sobre suas novas músicas, e alguns fazem uma história
cinematográfica que é baseada nas canções do álbum. Melanie
Martinez, ex-competidora do The Voice, usa o cinema como, além de
promover seus trabalhos, um método de contar histórias. É isso o
que ela faz em relação ao seu álbum de estreia, “Cry Baby”,
lançado em 2015. Fui apresentado ao trabalho dessa jovem e
promissora musicista por meio da escola, e fiquei impressionado com
tanto as letras quanto os clipes super bem feitos (os quais ela mesma
roteirizou e dirigiu). Então, peço que me acompanhem em uma viagem
pelo mundo explicitamente sombrio e desventurado de “Cry Baby”,
faixa por faixa. Vamos lá!
(What's up, film buffs!
João Pedro here. I believe that as time goes by, many bands and
singers use filmmaking as a way to promote their work. Beyoncé made
a Lemonade short film, Arcade Fire and Imagine Dragons will make long
short films on their new songs, and some make a cinematic story based
on songs from their albums. Melanie Martinez, a former The Voice
contestant, uses filmmaking as, besides to promote her work, a method
to tell stories. That is what she does with her debut album, “Cry
Baby”, released in 2015. I was introduced to this young and
promising song artist's work through school, and I was impressed with
her songwriting and her well produced music videos (which she wrote
and directed herself). So, I ask for you to be my guest on a journey
through the unfortunate, explicitely dark world of “Cry Baby”,
track by track. Let's go!)
“Cry Baby” (Bebê
Chorona, em tradução livre) tem 13 faixas, e talvez algumas faixas
se conectem umas às outras. Todas possuem nomes tradicionalmente
infantis (em tradução livre, “Casa de Boneca”, “Mamadeira”,
“Leite e Biscoitos”, “Peguei, Tá com Você”, entre outros),
mas mantenha em sua mente que o trabalho de Martinez não só lida
com temas sérios, como abuso, loucura, sequestro, traição, vícios
em drogas e até estupro, mas também possui canções com palavrões
bem pesados. Farei aqui uma análise da história do álbum como uma
história contínua, como se as 13 faixas fossem completamente
conectadas, o que elas são. Vamos começar!
(“Cry Baby” has 13
tracks, and maybe some of them connect to each other in a way. All of
them have traditionally childish titles (“Dollhouse”, “Sippy
Cup”, “Milk and Cookies”, “Tag, You're It”, among others),
but keep it in your mind that Martinez's work deals with serious
themes like abuse, madness, kidnapping, betrayal, drug addictions and
even rape, and also has songs with really heavy profanities. I will
make here an analysis of the album's story as a continuous story, as
if the 13 tracks were completely connected, which they are. Let's
begin!)
Nas primeiras 3 faixas,
“Cry Baby”, “Dollhouse” e “Sippy Cup” (“Bebê
Chorona”,”Casa de Boneca” e “Mamadeira”, em tradução
livre), somos apresentados à protagonista da história, Cry Baby
(interpretada nos videoclipes pela própria Martinez) e à sua
família. Já sabemos de cara na primeira estrofe de “Cry Baby”,
cujo instrumental inicial é uma mistura de choros e risos de bebê,
que a protagonista é uma pessoa bem emocional, já que ela
“substitui o cérebro com o coração” e “leva as coisas pelo
lado pessoal”, o que faz ela desmoronar. A família dela,
apresentada em “Dollhouse”, é bem desestruturada e disfuncional:
a mãe possui um vício enorme em álcool e cigarros, o filho fuma
maconha e o pai trai a esposa constantemente, mas assim, eles tentam
levar as pessoas a acreditar que é uma família perfeita,
manipulando-a como se fosse uma casa de boneca. Assim como diz no
refrão:
“Foto, foto, sorria
para a foto
Pose com o seu irmão,
você não vai ser uma boa irmã?
Todo mundo pensa que
nós somos perfeitos
Por favor, não deixe
eles verem o que há atrás da cortina
C-A-S-A-D-E-B-O-N-E-C-A,
eu vejo coisas que mais ninguém vê”
E se “Dollhouse” é
sobre esconder o que há atras da cortina, “Sippy Cup” é sobre
as confusões que acontecem nesse lugar, mas ainda assim a família
tenta mascará-los. O verso que explicita isso é “Syrup is still
syrup in a sippy cup” (Xarope ainda é xarope em uma mamadeira). O
xarope em questão seria o álcool, no qual a mãe de Cry Baby é
viciada, ou seja, mesmo que ela tente amenizar e pensar que aquilo
não é tão problemático, colocando o líquido em um copinho de
crianças, ainda é álcool. No clipe, vemos a mãe desmaiada no chão
da cozinha (que é inclusive mencionada na faixa anterior), enquanto
o pai chega com uma amante, e então a raiva dela, fundida ao vício
do álcool, a leva a assassinar os dois à facadas, enquanto Cry Baby
assiste a tudo. A mãe então, envenena Cry Baby, tirando sua
inocência e fazendo-a esquecer de tudo o que houve.
(On the first 3 tracks,
“Cry Baby”, “Dollhouse” and “Sippy Cup”, we are
introduced to the protagonist of Martinez's story, Cry Baby (played
in the music videos by Martinez herself) and her family. We already
learn in the first lines of “Cry Baby”, whose instrumentals are a
mix of babies laughing and crying, that the protagonist is a very
emotional person, as she “replaces her brain with her heart” and
“takes things so hard”, which makes her fall apart. Her family,
introduced in “Dollhouse”, is highly unstable and dysfunctional:
the mother has a huge addiction to smoking and drinking, the son
smokes marijuana, and the father cheats on his wife constantly, but
even so,
they try to lead
people to believe that they are a perfect family, manipulating it
like it's a dollhouse.
Like the chorus says:
“Picture, picture,
smile for the picture
Pose with your brother,
won't you be a good sister?
Everyone thinks that
we're perfect
Please, don't let them
look through the curtains
D-O-L-L-H-O-U-S-E, I
see things nobody else sees”
And if “Dollhouse”
is about hiding what's through the curtains, “Sippy Cup” is about
all the trouble that happens in that place, but still the family
tries to put a “perfect” mask over it. The verse that explicits
that is “Syrup is still syrup in a sippy cup”. The syrup in
question would be alcohol, one of Cry Baby's mother's addictions,
that means, even she tries to ease it up and think that wouldn't
cause any trouble, pouring the liquid in a sippy cup, it's still
alcohol. In the music video, we see Cry Baby's mom passed out on the
kitchen (which is mentioned in Dollhouse) floor, while the dad
arrives with a lover, and so, her anger, joined by the alcohol
addiction, leads her to murder both of them with a knife, while Cry
Baby watches everything. The mother poisons Cry Baby, taking away her
innocence and making her forget everything that happened.)
Nas próximas duas
faixas, “Carousel” e “Alphabet Boy” (Carrossel e Garoto
Alfabeto), temos uma Cry Baby perdidamente apaixonada por um garoto.
Em Carousel, vemos que, mesmo que ela corra e corra atrás dele, ela
nunca consegue alcançá-lo, como se ele estivesse no cavalinho do
carrossel que está na frente do dela, o que torna o relacionamento
dela com esse garoto algo cíclico, como o próprio carrossel. A
próxima faixa, Alphabet Boy, relata o “término” de Cry Baby com
esse garoto, com ela cansada de andar em um carrossel que roda
infinitamente. Alphabet Boy é uma das faixas mais brilhantes do
álbum, por conter estrofes que acompanham as letras do alfabeto, no
caso as letras A, B, C e D. Veja o exemplo abaixo:
“Always aiming
paper airplanes at me when you're around
You build me up
like building blocks just so you can bring me
down
You can crush
my candy cane but you'll never catch me cry
If you dangle
that diploma and I dead you, don't be surprised”
O próprio título da
canção faz isso (Alphabet Boy), e, pelo ritmo legal,
letras viciantes e genialidade da composição, essa é
definitivamente, uma das minhas músicas favoritas de Melanie
Martinez.
(In the next two
tracks, “Carousel” and “Alphabet Boy”, we see Cry Baby
falling deeply and hopelessly in love with a boy. In Carousel, we see
that, even if she runs and runs after him, she never manages to reach
him, as if he's on the carousel horse in front of hers, which makes
her relationship with this boy something cyclical, as a carousel
itself. The next track, Alphabet Boy, shows the “break-up” of Cry
Baby and the boy, with the girl tired of riding in an infinite
carousel. Alphabet Boy is one of the most brilliant tracks on the
album, containing continuous parts with the letters of the alphabet
one after the other, in this case, the letters A, B, C, and D. See
the example below:
“Always aiming
paper airplanes at me when you're around
You build me up
like building blocks just so you can bring me
down
You can crush
my candy cane but you'll never catch me cry
If you dangle
that diploma and I dead you, don't be surprised”
The title of the song
does that (Alphabet Boy),
and because of its cool beat, addictive lyrics, and genius
songwriting, this is definitely one of my favorite Melanie Martinez
songs.)
Nas
próximas duas faixas, “Soap” e “Training Wheels” (Sabão e
Rodinhas de Treino), Cry Baby se apaixona de novo, dessa vez, por um
garoto chamado Johnny. Em Soap, vemos Cry Baby tentando conhecer
Johnny, mas ela foi descuidada e conta tudo o que aconteceu com ela
até aquele momento, da família disfuncional até o carrossel que
roda infinitamente. Isso choca Johnny, como se a Cry Baby “jogasse
uma torradeira em uma banheira”, mas ele entende, e o sentimento de
amor de Cry Baby vira mútuo na próxima faixa, Training Wheels, que
tem como instrumental de fundo rodinhas de bicicleta, onde os dois
vivem o típico de um casal estável: se desentendem, brigam, mas no
final, se entendem de novo, e por um instante, pensamos que
finalmente algo bom aconteceu com a nossa protagonista emocionalmente
instável. Que pena que a partir da próxima faixa, só vai ficar
pior.
(In
the next two tracks, “Soap” and “Training Wheels”, Cry Baby
falls in love again, this time, for a boy named Johnny. In Soap, we
see Cry Baby trying to get to know Johnny, but she did not take care
and tells him everything that happened to her until that moment, from
her dysfunctional family to the carousel which spun in an infinite
loop. That shocks Johnny, as if Cry Baby “threw a toaster in a
bathtub”, but he understands, and Cry Baby's feeling of love
becomes mutual in the next track, Training Wheels, whose background
instrumentals are bicycle wheels, where the two live the typical of a
stable couple: they have a misunderstanding, fight, but in the end,
they say sorry for each other, and for a moment, we think something
good has finally happened to our emotionally unstable protagonist.
Too bad that from the next track and beyond, it'll just get worse.)
As
próximas 3 faixas, “Pity Party”, “Tag, You're It”, e “Milk
and Cookies” (“Festa de Dar Pena”, “Peguei, Tá com Você”,
e “Leite e Biscoitos”) são as mais tristes para Cry Baby. Em
Pity Party, é o aniversário de Cry Baby, e ela planeja uma grande
festa com tema seiscentista, com música em vinil e cores em tons
pastéis. Ela convida todos os seus amigos, inclusive Johnny, e
escreve nos convites à mão, esperando ansiosamente por seu
aniversário. O dia finalmente chega. Ela espera por seus convidados.
E espera, e espera. E nada. Ninguém chega, nem seu amado. Ela então
se pergunta “Será que eu deveria ter dito alguma coisa pra fazer
com que eles viessem à minha festa?” e fica bem triste. BEM
triste. Cansada de ser decepcionada pelos outros, ela solta um grito
e simplesmente destrói a festa: estoura os balões, retira o recheio
dos bichos de pelúcia, derruba o bolo de propósito, e por aí vai.
Aqui temos os primeiros brilhos de loucura na vida de Cry Baby.
Depois de sua bagunça, ela leva os restos de enfeites de sua festa
para o lixo, e parte para o supermercado, o que leva à experiência
mais traumatizante de sua vida até agora.
A
próxima faixa, “Tag, You're It”, é bem perturbadora de se
escutar, mas mesmo assim é necessária. Ela relata, através de
mudanças de voz feitas por Martinez para encarnar outro personagem,
o sequestro de Cry Baby por um lobo sorveteiro no estacionamento de
um supermercado. Assim como diz no refrão:
“Correndo
pelo estacionamento
Ele
me perseguia e não parava
Peguei,
tá com você, peguei, peguei, tá com você
Agarrou
meu cabelo, me empurrou
Tirou
as palavras da minha boca
Peguei,
tá com você, peguei, peguei, tá com você”
O
ritmo da música chega a beirar o assustador, as mudanças de vozes
são bem sinistras (você começa ouvindo a voz doce de Martinez, aí
de repente muda pra uma voz super grossa, que ainda é da Melanie,
mas que agora está com o papel do lobo), e o final da música me
assombra até agora. Mas vamos lembrar que dois podem jogar esse
jogo, e na próxima faixa, “Milk and Cookies”, chegou a vez de
Cry Baby revidar.
Em
“Milk and Cookies”, vemos Cry Baby no esconderijo do lobo
sorveteiro, e ele dá uma missão obrigatória para nossa
protagonista: fazer leite e biscoitos para o mesmo. Aí Cry Baby
lembra que a atendente do supermercado onde ela fora sequestrada deu
um pequeno frasco com um líquido estranho dentro. Ela, supondo que o
líquido seja veneno, despeja o frasco inteiro em sua mistura de
biscoitos. O tempo necessário acaba, e Cry Baby serve os biscoitos
para seu sequestrador. Sua suposição estava certa: o lobo começa a
engasgar com os biscoitos envenenados, e, finalizando o trabalho, Cry
Baby despeja uma garrafa de leite sobre o lobo e sai do esconderijo,
com sua loucura aumentando ainda mais.
(The
next 3 tracks, “Pity Party”, “Tag, You're It” and “Milk and
Cookies”, are the saddest ones in Cry Baby's point of view. In Pity
Party, it's Cry Baby's birthday and she plans a big party with a 60s
theme, with vinyl music and pastel colours. She invites all her
friends, including Johnny, and makes handmade invitations, waiting
anxiously for her birthday. The day finally comes. She waits for her
guests. And waits some more, and then some more time. And nothing.
Nobody comes, not even her loved one. She then asks herself “Should
I have told them something so they would've come to my party?” and
she gets really sad. REALLY sad. Tired of being disappointed by
others, she screams really loud and simply destroys the party: pops
the balloons, pulls out the filling of the stuffed animals, drops the
cake on purpose, and it goes further. Here we have the first glimmers
of madness in Cry Baby. After her mess, she goes to put the rest of
the things she used in her party in the garbage, and heads to the
supermarket, which leads to the most traumatizing experience in her
life so far.
The
next track, “Tag, You're It”, is really disturbing to hear, but
it's necessary whatsoever. It tells the story, through voice changes
Martinez made to play another character, of how Cry Baby got
kidnapped by a Big Bad Wolf ice cream man, in the parking lot of a
supermarket. Just like it says on the chorus:
“Running
through the parking lot
He
chased me and he wouldn't stop
Tag,
you're it, tag, tag, you're it
Grabbed
my hair, pushed me down
Took
the words right out of my mouth
Tag,
you're it, tag, tag, you're it”
The
song's beat becomes a little creepy, the voice changes are quite
terrifying (you start to hear Martinez's sweet voice, and then, all
of a sudden, you start to hear a super thick voice, which is also
Martinez's, but now playing the role of the wolf), and the ending
haunts me even now. But let's remember two can play this game, and in
the next track, “Milk and Cookies”, it's Cry Baby's turn to play.
In
“Milk and Cookies”, we see Cry Baby in the wolf's lair, where he
gives her a mandatory mission: to bake cookies for him to eat with
some milk. And then Cry Baby remembers that the cashier from the
supermarket gave her a flask with a mysterious blue liquid inside.
She, guessing it's poison, pours the entire bottle in her cookie mix.
The time comes to an end, and she gives her kidnapper his milk and
cookies. Her guess was right: the wolf starts to choke with the
poisoned cookies, and, to finish the job, she pours an entire bottle
of milk on his head and heads out of the lair, with her madness
growing and growing.)
Agora,
chegamos à reta final do álbum: “Pacify Her”, “Mrs. Potato
Head”, e “Mad Hatter” (Acalme-a, Sra. Cabeça de Batata e
Chapeleiro Maluco). Em “Pacify Her”, vemos uma Cry Baby insana
tentando roubar um garoto comprometido. Ela manda bilhetes, atrai sua
atenção, faz ele sorrir, tenta brincar com ele, mas a namorada do
garoto mostra os seios para ele, o que o deixa em um transe.
Hipnotizado, o garoto e sua namorada saem do recinto onde eles estão,
deixando Cry Baby sozinha mais uma vez, o que leva ela a pensar sobre
questões de estética.
Ela
vai para sua casa, e para se descontrair, liga a TV, onde há
comerciais de pílulas para emagrecimento e perucas loiras. Cry Baby,
destruída pelos acontecimentos de sua vida e o recente acontecimento
em Pacify Her, estufa seu peito com lenços para parecer mais
volumoso, e toma pílulas de dieta e coloca uma peruca loira. Se
sentindo “satisfeita”, ela volta à sala e se senta para assistir
ao programa da Sra. Cabeça de Batata. Aí entramos em “Mrs. Potato
Head”, uma crítica social brilhante aos padrões atuais de
estética e uma das minhas músicas favoritas do álbum. Nela,
acompanhamos uma mulher que um dia, recebe presentes de seu namorado,
e um deles é um tipo de cirurgia plástica, que modifica o seu rosto
inteiro. Depois da cirurgia, o namorado retira as gazes que tampam o
rosto da “Sra. Cabeça de Batata”, revelando que o rosto dela
ficou bem diferente do que antes da cirurgia. Ela tenta “melhorar”
o visual, colocando batom e uma peruca loira, mas aí ela avista uma
coisa que a faz se arrepender de tudo que ela fez com ela mesma: o
namorado dela dando em cima de outra mulher. Devastada, ela chora.
Impressionada
com o programa, Cry Baby retira a peruca e os enchimentos de seu
peito, culminando em “Mad Hatter”, onde ela aceita quem ela é,
com a insanidade e tudo. O videoclipe mostra Cry Baby em uma viagem
no melhor estilo de Alice no País das Maravilhas, onde ela arruma
“amigos” tão loucos como ela, e aceita sua loucura, como diz no
refrão:
“Sou
louca, querido, sou insana
A
amiga mais maluca que você já teve
Você
pensa que sou uma psicopata, você pensa que eu perdi a noção
Conte
pro psiquiatra que algo está errado
Com
um parafuso a menos, totalmente maluca
Você
gosta mais de mim quando estou fora da minha zona de conforto
Vou
te contar um segredo, não estou alarmada
E
daí se eu sou louca?
Todas
as melhores pessoas são”
A
música fecha o álbum com um tom creepy e divertido ao mesmo tempo,
com o videoclipe deixando frestas abertas para o segundo álbum de
Melanie Martinez, o qual terá como acompanhamento um filme (sim,
você ouviu direito) em vez de 13 videoclipes.
Esse
álbum é um dos meus favoritos, e eu mal posso esperar pelo segundo
CD da Melanie. ADORO TANTO ESSE ÁLBUM!!!
Nota:
10 de 10!!
(Now
we get to the final lap of the album: “Pacify Her”, “Mrs.
Potato Head” and “Mad Hatter”. In Pacify Her, we see a
completely insane Cry Baby trying to steal a boy that's already
committed. She sends notes, attracts his attention, makes him laugh,
tries to play with him, but then, his girlfriend shows him her
breasts, getting him into some sort of trance. Hypnotized, the boy
and his girlfriend leave Cry Baby, alone once again, which leads her
to think about esthetics.
She
goes to her home, and turns on the TV, where she watches commercials
for diet pills and blonde wigs. Cry Baby, a wreck because of all the
stuff happening in her life, and because of the recent Pacify Her
happening, fills up her chest with paper towels to “augment” its
volume, takes some diet pills and puts on a blonde wig. Feeling
“satisfied” with herself, she goes back to the TV room and sits
to watch the Mrs Potato Head TV show. Then, we go into “Mrs. Potato
Head”, a brilliant social review about the actual esthetics pattern
and one of my favorite songs on the album. In it, we follow a young
woman that, one day, receives presents from her boyfriend, one of
them being a facelift plastic surgery. After the surgery, her
boyfriend cuts off her bandages, revealing that her face has been
severely disfigured. She tries to make it “better”, putting on
makeup and a blonde wig, but then she sees something that makes her
regret everything she has done about herself: her boyfriend hitting
on another woman. Devastated, she cries.
Shocked
with the program, Cry Baby removes the paper towels from her chest
and the blonde wig, leading on to “Mad Hatter”, where she accepts
who she really is, crazy and all. The music video shows Cry Baby on
an “Alice in Wonderland” trip, where she encounters “friends”
who are just as crazy as she is, and she accepts her craziness, as
she says on the chorus:
“I'm
nuts, baby, I'm mad
The
craziest friend that you've ever had
You
think I'm psycho, you think I'm gone
Tell
the psychiatrist something is wrong
Over
the bend, entirely bonkers
You
like me best when I'm off my rocker
Tell
you a secret, I'm not alarmed
So
what if I'm crazy?
The
best people are”
The
song closes the album in a creepy, fun way, with the music video
leaving doors open for Melanie Martinez's second album and its
accompanying movie (yeah, you heard that right) instead of 13 music
videos.
This
album is one of my favorites, and I can't wait for Martinez's
sophomore album. I LOVE IT SO MUCH!!!!
I
give it a 10 out of 10!!!)
Bom,
então é isso pessoal! Espero que tenham gostado!! Até a próxima!!
João
Pedro
(Well,
so, that's all, folks! I hope you liked it! See you next time!!