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E aí, galerinha de
cinéfilos! Aqui quem fala é o João Pedro, e eu vou falar nesse
post sobre um filme que interpretou um papel enorme em relação à
minha formação como cinéfilo. Se não fosse por esse filme, eu não
teria a curiosidade de encontrar Moonrise Kingdom, meu filme
favorito. E provavelmente, se não fosse por esse filme, eu poderia
não ter começado esse blog. É um filme delicado que mergulha de
cabeça, de uma maneira intimista e deliciosa, na imaginação de uma
criança. Sem mais delongas, vamos falar da apaixonante história de
“Onde Vivem os Monstros” (Where the Wild Things Are), de 2009,
dirigido por Spike Jonze.
(What's up, film buffs!
João Pedro here, and I'm going to talk, in this post, about a movie
that played a huge part in my formation as a cinephile. If it wasn't
for this film, I wouldn't have been curious enough to discover
Moonrise Kingdom, my favorite movie. And, probably, if it wasn't for
this film, I might not have started this blog. It's a delicate film
that dives, in an intimate, delicious way, into the imagination of a
child. Without further ado, let's talk about the heartwarming story
of “Where the Wild Things Are”, a 2009 film directed by Spike
Jonze.)
Caso você nunca tenha
ouvido falar do filme, ele conta a história de Max (Max Records), um
menino teimoso e repleto de imaginação, que um dia, briga com sua
mãe (Catherine Keener), e ela o deixa de castigo sem jantar. Ele,
então, foge para uma terra cheia de monstros com cabeças enormes e
dentes afiados, que fazem de Max seu rei. Vejam o trailer abaixo:
(In case you've never
heard of it before, the film tells the story of Max (Max Records), a
stubborn boy filled with imagination who, one day, has an argument
with his mom (Catherine Keener), which results in she grounding him
and not letting him eat dinner. He, then, flees to a land full of
huge-headed, sharp-toothed monsters, and they make Max their king.
Check out the trailer below:)
O trailer tem uma
atmosfera mais infantil do que os filmes anteriores (ou posteriores)
de Spike Jonze, como Adaptação, Quero Ser John Malkovich, ou Ela,
contando até com uma versão acústica de “Wake Up”, do Arcade
Fire, uma música com conteúdo pesado, e isso pode ser bem enganoso
para quem pensar que esse filme é para crianças. Pois mesmo com uma
classificação indicativa baixa (10 anos), e um protagonista mirim,
“Onde Vivem os Monstros” é um filme para adultos.
Baseado no livro do
mesmo nome, o qual é possível ler em 5 minutos, Spike Jonze
consegue esticar o curto livro de Maurice Sendak em uma verdadeira
psicanálise da imaginação do protagonista, transformando o filme
em uma jornada metafórica de como é ser uma criança. Quando vi o
filme pela primeira vez, nunca tinha percebido isso, porque,
convenhamos, eu tinha 10 anos, tinham muitos outros filmes mais
atraentes pra mim do que esse, mas eu não me arrependo, já que esse
filme deu uma guinada total no modo que eu via o cinema: é de um
gênero que eu não curtia tanto na época (drama), foi um dos
primeiros filmes legendados que eu vi, e tem uma atmosfera
completamente diferente dos filmes que eu via na época, que agora,
parecem formulaicos. Agora, com a mente amadurecida, consegui
entender “Onde Vivem os Monstros” completamente. E é
simplesmente genial. Ele aprofunda em um aspecto do qual o livro só
explorou a superfície, tem um roteiro coerente, atuações (tanto
live-action quanto voz) apaixonantes, e uma fotografia de tirar o
fôlego.
(The trailer has a more
childish atmosphere than Spike Jonze's previous (or following) work,
like Adaptation, Being John Malkovich, or Her, with an acoustic
version of Arcade Fire's “Wake Up”, a song with heavy content, as
soundtrack, and that could be very tricky for those who think that
this movie is for kids. Cause even with a low rating (PG), and a kid
protagonist, “Where the Wild Things Are” is a movie for
grown-ups.
Based on the book of
the same name, which you can read in 5 minutes, Spike Jonze manages
to stretch Maurice Sendak's short book into a real psychoanalysis of
the main character's imagination, turning the film into a
metaphorical journey on what's it like being a kid. When I first saw
the film, I never realized that, because, let's face it, I was 10,
there were much more attractive films for me than this one, but I
don't regret it, because this film completely turned the way I looked
at cinema around: it's from a genre which I didn't like that much at
the time (drama), it was one of the first subtitled films I've ever
saw, and it had a completely different atmosphere than the films I
watched back then, which now, seem formulaic. Now, with a mature
mind, I managed to understand “Where the Wild Things Are”
completely. And it's just genius. It deepens in an aspect which the
book only scratched the surface, it has a coherent script,
heartwarming performances (live-action and voice), and breathtaking
camera work.)
No filme, parece que
Max realmente fugiu de casa, e velejou para aquela terra distante.
Mas não é isso o que realmente aconteceu. No próprio livro que deu
origem ao filme, o quarto de Max foi o pano de fundo para criar a
mítica terra dos monstros. No filme, Max pode ter fugido de casa,
mas ele não realmente velejou no barco. Tem três cenas bem
específicas do filme que provam que o que aconteceu na grande
maioria do tempo de duração foi apenas fruto da fértil imaginação
de Max:
- A cena do deserto, onde Max e Carol estão andando. Em um ponto, Carol fala que “toda essa terra um dia foram rochas, agora é areia, e em breve, virará pó”, ou seja, isso não é nada mais do que uma explicação que Max está em crescimento: quando ele era menor, sua imaginação, assim como a “terra”, era forte, dura, resistente, mas agora, lidando com o bullying, e assuntos mais sérios nos estudos, sua imaginação está lentamente diminuindo de tamanho. Se essa fala não esclareceu que era tudo na imaginação de Max, a cena se completa com um cachorro andando pelo deserto, que é o mesmo cão que Max persegue nos momentos iniciais do filme;
- A cena onde Carol arranca o braço de Douglas, e do buraco onde o braço estava, sai pó, o que quer dizer o mesmo que a fala de Carol na cena citada acima: antes os monstros eram fortes, pois a imaginação de Max era mais forte, mas agora, eles estão frágeis;
- A cena final, onde a mãe de Max o recebe com sopa quente e bolo de chocolate. Claramente, o tempo está nas mesmas condições que estava quando Max fugiu de casa, e a mãe dele está usando a mesma roupa, com um casaco por cima.
Então, provavelmente,
a duração do tempo que Max passou na “ilha dos monstros” é a
mesma do tempo real que passou da sua fuga à sua volta para casa, o
que torna a adaptação ainda mais mágica e genial!
(In the film, it looks
like Max really ran away from home, and sailed away to that far away
land. But that's not what really happened. In the book, Max's room
was the background for the monsters' mythical land to be created. In
the movie, Max may have left his home, but he didn't really sailed on
that boat. There are three very specific scenes in the film that
prove that what happened in the great majority of its running time
was only Max's fertile imagination:
- The desert scene, where Max and Carol are walking. At one point, Carol says that “this land once were rocks, now it's sand, and soon, it'll be dust”, so, it means that Max is growing up: when he was younger, his imagination, as with the “land”, was strong, tough, resistent, but now, dealing with bullying and more serious subjects at school, his imagination is slowly fading away. If that line didn't clarify that it was Max's imagination, the scene closes with a dog walking through the desert, which is the same dog Max chases in the initial minutes of the film;
- The scene where Carol rips Douglas's arm, and from the hole where the arm was, dust comes out of it, which has the same meaning as Carol's line in the scene cited above: before, the monsters were strong, because Max's imagination was stronger back then, but now, they are fragile;
- The final scene, where Max's mom welcomes him back with hot soup and chocolate cake. The weather is, clearly, in the same conditions as when Max ran away from home, and his mom is using the exact same outfit, with a sweater over her shirt.
So, probably, Max's
time on the “monster island” is the same amount of time that
passed from his fleeing to his arrival home, which makes this
adaptation even more magical and genius!)
Agora, não tem como
falar de “Onde Vivem os Monstros” sem falar da trilha sonora.
Embalada por canções originais de Karen O, que depois viria a ser
indicada ao Oscar pelo seu trabalho da belíssima “The Moon Song”,
do filme “Ela”, também de Spike Jonze, a trilha sonora é outro
aspecto que Jonze usa para definir o tom de cada cena. Tendo um tom
mais jovial do que as composições para a banda Yeah Yeah Yeahs, da
qual O é vocalista, a trilha conta com tanto os vocais de Karen como
vocais de crianças. Em cenas onde há muita animação e energia,
são usadas faixas como “Rumpus” e “Animal”; em cenas mais
melancólicas, “My Worried Shoes”; e as cenas mais emocionantes
são embaladas pelos maiores sucessos da trilha (que deveriam ter
sido indicados ao Oscar), “All is Love” e “Hideaway”. A
trilha sonora do filme tem um poder imenso, que quando você escutar
“Rumpus”, ou qualquer outra faixa animada com os olhos fechados,
dá pra visualizar a grande farra de Max e os monstros, e isso é
simplesmente mágico, o que me levou a colocar essa trilha como uma
das melhores do cinema, na minha opinião.
(Now, there's no way of
talking about this film without mentioning the soundtrack. Composed
by original songs by Karen O, who would later be nominated for an
Oscar for her work on the beautiful “The Moon Song”, from the
movie “Her”, also directed by Spike Jonze, the soundtrack is
another aspect Jonze uses to define the tone of each scene. With a
younger kick to it, different from the songs from the Yeah Yeah
Yeahs, a band where O is the lead vocalist, the soundtrack contains,
besides from Karen's vocals, a choir of children singing. In scenes
bursting with energy, tracks like “Rumpus” and “Animal” are
used; in more melancholic scenes, “My Worried Shoes”; and the
more emotional scenes are set to the soundtrack's biggest hits (which
should've been Oscar-nominated), “All is Love” and “Hideaway”.
The movie's soundtrack has a huge power, that when you listen to
“Rumpus” or any other pumped up track with your eyes closed, you
can picture Max's and the Wild Things' wild rumpus, and that is just
magical, which led me to put this particular soundtrack as one of the
best in the history of movies, in my opinion.)
Resumindo, “Onde
Vivem os Monstros” é um filmaço. É um retrato intimista da
imaginação decadente de um menino, o que, no final, pode parecer
deprimente, mas a trilha sonora jovial de Karen O e a fotografia
maravilhosa impedem o filme de ser um completo baixo-astral. Aí vai
uma dica para aqueles que tinham 9 ou 10 anos quando viram o filme
pela primeira vez e não gostaram: assistam de novo quando estiverem
mais velhos, deem uma nova chance, pois pode se tornar um dos seus
filmes favoritos, o que foi exatamente o que aconteceu comigo!!
(Risos)
Nota: 10 de 10!!!
Espero que tenham
gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, “Where
the Wild Things Are” is one hell of a movie. It's an intimate
portrait of a boy's decadent imagination, which, in the end, may
sound depressing, but Karen O's jovial soundtrack and the wonderful
cinematography prevent it from being a total downer. Here's a tip for
those who were 9 or 10 when you first watched the movie and didn't
like it: watch it again when you're older, give it a new chance,
because it might become one of your favorite movies, which was
exactly what happened to me!! (LOL)
I give it a 10 out of
10!!
I hope you liked it!
See you next time,
João Pedro)