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terça-feira, 5 de março de 2019

"Fleabag": uma comédia ácida hilária, e ao mesmo tempo, surpreendentemente trágica (Bilíngue)


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E aí, galerinha de cinéfilos! Aqui quem fala é o João Pedro, e vim aqui falar de uma das melhores séries de comédia da atualidade. Não é Friends, nem How I Met Your Mother, nem Brooklyn Nine-Nine. É uma série britânica autoral, sendo criada, escrita e estrelada pela mesma pessoa, e ela possui um senso de humor afiado e ácido e, ainda assim, um tom surpreendentemente dramático ao decorrer de sua primeira temporada, de apenas 6 episódios. Então, sem mais delongas, vamos falar de uma pérola escondida no catálogo da Amazon Prime Video. Vamos falar de “Fleabag”. Vamos lá!
(What's up, film buffs! I'm back, and I'm here to talk about one of the best comedy TV shows in recent times. It's not Friends, it's not How I Met Your Mother, and it's not Brooklyn Nine-Nine. It's a British TV show created, written and starred by the same person, and it has a sharp, acid sense of humor, and yet, a surprisingly dramatic tone throughout its 6-episode first season. So, without further ado, let's talk about a hidden pearl in the Amazon Prime Video catalog. Let's talk about “Fleabag”. Let's go!)



Baseada em um monólogo escrito por Phoebe Waller-Bridge, “Fleabag” acompanha uma jovem moça moderna (Waller-Bridge) vivendo em Londres, onde ela lida com problemas quase universais, como brigas de relacionamento, frustração, luto e conflitos familiares, enquanto tenta manter seu perfil intimidante o mais intacto possível.
(Based on a monologue written by Phoebe Waller-Bridge, “Fleabag” follows a young modern woman (Waller-Bridge) who lives in London, where she deals with almost universal problems, like relationship struggles, frustration, grief and family conflicts, while trying to maintain her intimidating profile as intact as possible.)



Já vou começar dizendo que “Fleabag” não é pra todo mundo em dois sentidos: é uma série extremamente adulta, e o senso de humor pode não agradar a todos. Mas, para os maiores de 18 anos que gostam de humor britânico, essa série será um verdadeiro deleite pra se ver. Ao assistir “Fleabag” pela primeira vez, fiquei extremamente impressionado com a habilidade que Phoebe Waller-Bridge, a criadora, roteirista e protagonista do programa, tem para escrever cenas engraçadas e dramáticas em um episódio de 25 minutos de duração. Vários artifícios criativos do cinema são usados de forma perfeita aqui: a personagem de Waller-Bridge quebra a quarta parede constantemente, para ao mesmo tempo, nos contar detalhes de sua vida pessoal e sua família, adivinhar clichês previsíveis, e entregar piadas bem engraçadas; há flashbacks que acompanham a protagonista com sua melhor amiga, que ficam cada vez mais dramáticos e sombrios no decorrer da primeira temporada; o formato da tela torna tudo mais cinematográfico, e por aí vai. A série se identifica como uma comédia ácida explícita em seus primeiros minutos, mas a partir de uma informação crucial nos momentos finais de seu primeiro episódio, o tom fica um pouco mais sombrio, virando uma série tragicômica, e o equilíbrio entre essas duas vertentes (a comédia e o drama) é sensacional, pois mesmo com flashbacks sombrios e cenas dramáticas, “Fleabag” não perde seu marcante senso de humor ácido. Resumindo, “Fleabag” equilibra perfeitamente suas duas essências, entregando uma primeira temporada extremamente engraçada, e ao mesmo tempo, surpreendentemente trágica.
(I'll start off by saying that “Fleabag” isn't for everyone in two ways: it's an extremely adult show, and the sense of humor may not please the majority of the audience. But, for those who are 18 and over, and enjoy British humor, this series will be a real delight to behold. When I watched “Fleabag” for the first time, I was extremely impressed with the ability that Phoebe Waller-Bridge, creator, writer, and star of the show, has to write funny and dramatic scenes in a 25-minute long episode. Several creative devices used in movies are utilized perfectly here: Waller-Bridge's character constantly breaks the fourth wall, to, at the same time, inform us with details on her personal life and family, guess predictable clichés, and deliver really funny lines; there are flashbacks that follow the protagonist with her best friend, which get darker and more dramatic throughout the first season; the screen format makes everything look cinematic, and it goes further. The show identifies itself as an explicit, acid comedy in its first minutes, but after some crucial information is dropped in the final moments of the first episode, the tone gets a little bit darker, turning into a tragicomedy, and the balance between these two sides (comedy and drama) is sensational, because even with dark flashbacks and dramatic scenes, “Fleabag” doesn't lose its biting, acid sense of humor. In a nutshell, “Fleabag” perfectly balances its two essences, delivering an extremely funny, yet surprisingly tragic first season.)



Mas o roteiro não é a única coisa digna de elogios em “Fleabag”. O elenco é simplesmente maravilhoso. Phoebe Waller-Bridge mostra que o roteiro não é sua única habilidade na série, e entrega uma atuação digna de prêmios. Pois, assim como o roteiro, a protagonista é, ao mesmo tempo, satiricamente hilária e deprimente, e é simplesmente incrível a maneira que Waller-Bridge consegue equilibrar essas duas faces na protagonista. Nós rimos bastante quando ela, de repente, olha pra câmera, e nós temos empatia por ela quando ela emocionalmente desmorona em frente aos olhos de outros personagens, mas principalmente, aos nossos olhos. Ter empatia por um(a) protagonista de séries é algo bem difícil de se fazer hoje em dia, mas “Fleabag”, graças à atuação e ao roteiro de Waller-Bridge, consegue fazer isso de forma magistral. No elenco coadjuvante, temos Sian Clifford como a irmã trabalhadora da protagonista, que é uma das únicas pessoas que realmente entende a personagem de Waller-Bridge; Hugh Skinner como o ex-namorado ingênuo, que é bem engraçado; Bill Paterson como o pai, responsável por algumas das cenas mais tocantes do programa; a recente vencedora do Oscar Olivia Colman como a madrinha estranha e até irritante, mas muito engraçada; Hugh Dennis como um gerente de banco, que possui um desenvolvimento impressionante ao longo da temporada; Brett Gelman como o esposo da irmã, que possui uma química agradável com a protagonista; e Ben Aldridge e Jamie Demetriou como alívios cômicos que rendem cenas realmente hilárias.
Resumindo, o elenco de “Fleabag” é perfeitamente escalado, sendo uma das razões do sucesso estrondoso da série no Reino Unido.
(But the script isn't the only thing worth praising in “Fleabag”. The cast is simply marvelous. Phoebe Waller-Bridge shows that the script isn't her only ability in the series, and delivers an award-worthy performance. Because, just like the script, the protagonist is, at the same time, satirically hilarious and depressed, and the way that Waller-Bridge manages to balance these two faces in the main character is simply amazing. We laugh a lot when she, suddenly, turns to the camera, and we have empathy for her when she emotionally crumbles in front of other characters, but mainly, in front of us. Having empathy for a TV show protagonist is something really hard to do these days, but “Fleabag”, thanks to Waller-Bridge's performance and scripts, does that masterfully. In the supporting cast, we have Sian Clifford as the protagonist's workaholic sister, who's one of the only people who actually understand Waller-Bridge's character; Hugh Skinner as the naive ex-boyfriend, who is really funny; Bill Paterson as the father, responsible for some of the show's most touching scenes; the recent Oscar winner Olivia Colman as the annoying, weird, but really funny godmother; Hugh Dennis as a bank manager, who has an impressive character development throughout the season; Brett Gelman as the sister's husband, who has a pleasant chemistry with the protagonist; and Ben Aldridge and Jamie Demetriou as comic reliefs who deliver really hilarious scenes.
In a nutshell, “Fleabag” is perfectly cast, with its talented cast being one of the reasons of its astounding success in the UK.)



Os aspectos técnicos da série também valem a pena serem destacados. A direção de Tim Kirkby e Harry Bradbeer, já conhecidos no meio televisivo britânico, tendo trabalhado em “My Mad Fat Diary” e “Killing Eve”, respectivamente, é muito boa, com os diretores sabendo o que mostrar, e quando mostrar. A fotografia é maravilhosa: o formato da tela em widescreen consegue fazer uma temporada de 6 episódios parecer um filme de 2h30, e não se enganem, isso é muito bom; dá pra notar uma diferença entre quando estão mostrando um fato atual e um flashback, com a iluminação nos flashbacks sendo um pouco mais clara no início, mas que vai se escurecendo quando os mesmos vão se aproximando da realidade, o que dá um tom mais sombrio para o teor dramático da série, o que é bem legal. A direção de arte também é muito boa, trabalhando muito bem nas decorações excêntricas de certos ambientes da série e figurinos que refletem a personalidade dos personagens.
Resumindo, “Fleabag” possui aspectos técnicos realmente cinematográficos que, combinados com o roteiro e o elenco, fazem da série uma experiência recompensadora.
(The technical aspects of the show are also worth being highlighted. The direction by Tim Kirkby and Harry Bradbeer, already known in British television, having worked in “My Mad Fat Diary” and “Killing Eve”, respectively, is really good, with the directors knowing what to show, and when to show it. The cinematography is marvelous: the widescreen screen format manages to make a 6-episode season look like a 2-hour-and-30-minute long movie, and don't be mistaken, that's a good thing; we can notice a difference when they're showing an actual fact and a flashback, with the lighting in the flashbacks being slightly brighter in the beginning, and that lighting dims as they're coming closer to reality, which gives a darker tone to the series's dramatic content, which is pretty cool. The production design is also very good, reflecting the eccentricity of certain environments through its decorations, and the personality of the characters through their costumes.
In a nutshell, “Fleabag” has actual cinematic technical aspects that, combined with the script and the cast, make the show a rewarding experience.)



Resumindo, “Fleabag” é uma série, ao mesmo tempo, hilária e trágica, impulsionada pela esperteza do roteiro, pelo elenco super-talentoso, e pelo tom cinematográfico de seus aspectos técnicos.

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Fleabag” is a hilarious yet tragic TV show, bolstered by the cleverness of the scripts, by the super-talented cast, and by the cinematic tone of its technical aspects.

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)




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