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E aí, galerinha de
cinéfilos! Estou de volta, finalmente, para falar de um dos filmes
mais comentados do ano até agora. Impulsionado por uma performance
inesquecível de seu protagonista, esse filme nos convida a entrar na
realidade perturbada, fria e sombria de um dos vilões mais icônicos
de todos os tempos. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre
“Coringa”. Vamos lá!
(What's up, film buffs!
I'm back, at last, to talk about one of the year's most discussed
films. Propelled by an unforgettable performance by its protagonist,
this movie invites us into the disturbing, cold, dark reality of one
of the most iconic villains of all time. So, without further ado,
let's talk about “Joker”. Let's go!)
Desconectado de
qualquer material fonte direto, o filme é ambientado em 1981, e
segue Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), um homem desprezado e
mal-compreendido pela sociedade que vê sua saúde mental se
despedaçar, devido às reviravoltas que sua vida dá.
(Disconnected from any
kind of direct source material, the film is set in 1981, and follows
Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), a man who is despised and
misunderstood by society. Due to the twists and turns that his life
provides to him, he sees his mental health fall apart, piece by
piece.)
Ok, vamos começar com
duas coisas. Primeiro, esse é um filme para um público-alvo bem
restrito. É um filme pesado, com uma carga psicológica imensa, e
possui uma violência bem mais realista, se comparado ao que estamos
acostumados. Digo isso porque irão ter pessoas que não vão
entender a mensagem que o filme deseja passar, em especial as
crianças, que, de uma maneira ou outra, poderão ter acesso a esse
filme, por causa de sua classificação indicativa. Não é novidade
dizer que “Coringa” definitivamente não é para crianças, pela
carga pesada que ele carrega, e pela mensagem que ele quer passar,
algo que elas são muito jovens ainda pra entender. Segundo, esse é
um filme único em uma longa lista de adaptações de quadrinhos. É
um filme quase que original, porque ele não usa nenhuma trama em
específico como influência, apenas os nomes de certos personagens
da DC. Ele tem muita relevância, porque ele traz como temas a saúde
mental, uma discussão que é muito presente hoje em dia, e a
diferença entre classes, que recentemente, foi trabalhada no
vencedor da Palma de Ouro “Parasita”, de Bong Joon-Ho. E é um
filme diferente, porque ele não segue a fórmula que os filmes da
Marvel, e subsequentemente, da DC estabeleceram no gênero de
“super-heróis”. Com isso dito, vamos ao roteiro. O Todd Phillips
e o Scott Silver fazem um trabalho primoroso aqui de nos apresentar à
realidade do nosso protagonista. Já de cara na primeira cena, dá
pra ver a mudança no tom, se comparado à Gotham City do Universo
Estendido da DC. Em vez de se inspirarem nos quadrinhos do
personagem, os roteiristas fizeram a escolha certa de buscar
inspiração no cinema Hollywoodiano da década de 1970, em especial
os filmes urbanos de Martin Scorsese, mais especificamente “Taxi
Driver” e “O Rei da Comédia”, ambos estrelando Robert DeNiro,
que também está presente em “Coringa”. Somos apresentados à
uma cidade suja, imperfeita, enfrentando uma greve de lixo
interminável. Essa é uma Gotham City a qual nenhum de nós gostaria
de morar. E vemos essa Gotham City pelos olhos de Arthur, nosso
protagonista. O filme todo é visto pelo ponto de vista dele, e essa
é uma visão que vem perturbando muita gente. Mesmo com todos os
atos imperdoáveis que Arthur comete durante o filme, o espectador
possui empatia por ele, justamente pelo fato do roteiro nos dar todas
as motivações para apoiar tudo o que ele faz. Eu não chamaria o
Coringa de “herói” desse filme. Ele é uma mistura deturpada de
Travis Bickle, o protagonista de Taxi Driver, e Rupert Pupkin, o
protagonista de O Rei da Comédia, com um pouquinho de Charlie
Chaplin por cima. Tudo o que acontece durante o filme é consequência
da alienação e da ignorância da sociedade perante a saúde mental
do Arthur, e os únicos que realmente sabem pelo que ele está
passando somos nós, os espectadores. E isso é algo bem raro entre
os “filmes de super-herói” que temos por aí. O passo do filme é
perfeito, não há do que reclamar aqui. E o final será algo que
será discutido e teorizado por muitas pessoas até o diretor ter uma
posição oficial a respeito. E isso é tudo que eu irei falar sobre
o roteiro.
(Ok, let's start with
two things. One, this is a movie for a restricted audience. It's a
dark, heavy, disturbing movie, with a huge psychological baggage, and
very realistic violence, a lot more violent, actually, if compared to
what we're used to. I'm saying this because there will be people who
will not understand the message it is trying to convey, especially
children, who, in one way or another, can get access to this movie,
due to its rating. It's not a new thing to say that “Joker” is
definitely not for kids, because of the themes it carries, and
because of the message it is trying to convey, something kids are too
young to fully understand. Two, this is a unique movie in a long list
of comic book adaptations. It's an almost original plot, as it
doesn't search for influence in any direct source material for its
screenplay, reducing itself to only using the names of some DC
characters. It is extremely relevant, as it deals with important
themes, such as mental health, a discussion which is really present
in today's reality, and the difference between classes, which was
dealt with, recently, in the Palme d'Or winner “Parasite”,
directed by Bong Joon-Ho. And it is a different movie, as its plot
doesn't follow the formulas that Marvel and, consequently, DC movies
have established over the years in the “superhero” genre. With
that out of the way, let's talk about the script. Todd Phillips and
Scott Silver do a marvelous job here in presenting the reality of our
main character to us. On the very first scene, we can notice the
difference in tone, if compared to the DCEU's Gotham City. Instead of
searching for inspiration on comic books, the screenwriters made the
right choice, diving into '70s Hollywood for influences and
references, especially with Martin Scorsese's urban films, more
specifically “Taxi Driver” and “The King Of Comedy”, both
starring Robert DeNiro, who is also in “Joker”. We are introduced
to a dirty, imperfect city who is facing a neverending garbage
strike. This is a Gotham City we would not like to live in. And we
see this Gotham City through the eyes of Arthur, our protagonist. The
whole movie stands under his own point of view, a vision which has
been upsetting some people. Even with all the unforgivable acts that
Arthur does throughout the film, the viewer can't help but feel
empathy for him, mainly because the script gives us all the
motivations to support everything he does. I wouldn't call the Joker
the “hero” of this film. He's a twisted mix of Taxi Driver's
Travis Bickle and The King of Comedy's Rupert Pupkin, with a little
bit of Charlie Chaplin sprinkled on top. Everything that happens in
the film is a consequence of society's alienation and ignorance
towards Arthur's mental health, and we, the viewers, are the only
ones that actually know what he's going through. And that is
something really rare in “superhero movies” these days. The
pacing is perfect, nothing to complain about here. And the ending is
something that will be discussed and theorized about until the
director gives an official statement about it. And that's all I'm
gonna say about the script.)
É certo dizer que,
assim como o filme, o Coringa de Joaquin Phoenix é algo único na
linhagem de adaptações do personagem. Sendo um dos únicos Coringas
“em construção” do cinema, o filme não se preocupa em fazer
algo que poderá influenciar uma comparação à versões anteriores
do vilão. E se não fosse pela atuação e dedicação do Joaquin
Phoenix no papel do personagem, o filme definitivamente não teria o
mesmo impacto. A fisicalidade que ele alcançou para interpretar o
Coringa é algo impressionante, bem parecido com a transformação
inacreditável de Christian Bale em “O Operário”. Mas Phoenix
vai além do aspecto físico do personagem e entrega um protagonista
melancólico, desprezado, depressivo, e completamente insano. Ele
trabalha muito bem os trejeitos do personagem, sendo basicamente um
Charlie Chaplin às avessas. Se ele não ganhar o Oscar de Melhor
Ator, aí sim não há mesmo justiça no mundo. Como o filme gira em
torno do Coringa, o restante do elenco colabora para o
desenvolvimento magnífico do personagem, em especial Robert DeNiro,
que interpreta o ídolo de Arthur; Zazie Beetz, que interpreta a
vizinha do protagonista; e Frances Conroy, que interpreta a mãe, com
quem ele tem uma relação muito próxima.
(It's right to say
that, just like the movie, Joaquin Phoenix's Joker is something
unique in the lineage of the character's adaptations. As one of the
only Jokers who are “in construction” in the movies, the film
does not worry in doing something that may spark a comparison to
previous versions of the villain. And if it wasn't for Joaquin
Phoenix's performance and dedication to the character, the movie
certainly would not have the same impact. The physicality he reached
to portray the character is something impressive, really similar to
Christian Bale's unbelievable transformation in “The Machinist”.
But Phoenix goes beyond the physical aspects of the character and
delivers a melancholic, despised, depressed, and completely insane
protagonist. He works the character's manias really well, being,
basically, an upside-down Charlie Chaplin. If he doesn't win the
Oscar for Best Actor next year, there really is no justice in the
world. As the movie spins around the Joker, the rest of the cast
collaborates to the magnificent development of the character,
especially Robert DeNiro, who plays Arthur's idol; Zazie Beetz, who
plays his neighbor; and Frances Conroy, who plays his mother, with
whom he has a really close relationship.)
O retrato da realidade
em “Coringa” é algo único no cinema de quadrinhos, e os
aspectos técnicos refletem isso. A direção de arte faz um ótimo
trabalho em recriar Gotham na década de 1980. Pelas cores e pelas
cenas filmadas nas ruas, parece até que o filme foi filmado naquela
época. O trabalho de fotografia também é algo muito bom. A câmera
sabe onde concentrar, onde desviar, onde cortar e onde prolongar. A
montagem é bem eficiente, a trilha sonora é um complemento
enervante para a psicologia do personagem. O figurino é maravilhoso,
porque consegue resgatar aquela imagem clássica que temos do
Coringa, mas ele dá uma mudança aqui e outra lá, para entregar um
visual único e diferenciado para o vilão. A maquiagem foi muito bem
feita, fugindo do tom animalesco e primitivo da maquiagem do Heath
Ledger e do tom cartunesco da maquiagem do Jack Nicholson. É algo
bem desenhado, bem original, e surpreendentemente similar ao visual
de John Wayne Gacy, um serial killer estadunidense que se vestia de
palhaço para atrair suas vítimas, o que dá um diferencial mais
realista e até aterrorizante ao personagem.
(The portrait of
reality in “Joker” is something unique in comic book cinema, and
the technical aspects reflect that. The art direction does a great
job in recreating Gotham in the 1980s. Because of the colors and the
scenes filmed in the streets, it really looks like it was filmed back
then. The cinematography is really good. The camera knows where to
focus on, where to back off, where to cut, and where to extend. The
editing is really efficient, the score is an unnerving complement to
the character's psychology. The costume design is amazing, because it
manages to bring back that classic Joker look, but also they give it
some twists, in order to deliver a unique and different look for the
villain. The make-up was really well done, escaping both the
animalistic, primitive tone of Heath Ledger's make-up, and the
cartoony tone of Jack Nicholson's make-up. It's something well
designed, very original, and surprisingly similar to the look of John
Wayne Gacy, an American serial killer who dressed up as a clown to
lure his victims, which gives a more realistic and terrifying
differential to the character.)
Resumindo, “Coringa”
é uma tremenda obra-prima. É um filme frio, sombrio, relevante e
necessário nos dias de hoje. Impulsionado por uma performance
inesquecível de Joaquin Phoenix, o filme nos dá, ao mesmo tempo,
uma história de origem mais realista para o vilão e uma mensagem
importante, que pode não ser compreendida por todos. E caso eu não
tenha deixado claro pelos elogios, também é o melhor filme do ano
até agora.
Nota: 10 de 10!
Então, é isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, “Joker”
is one hell of a masterpiece. It's a cold, dark, relevant, and
necessary film, for today's reality. Propelled by an unforgettable
performance by Joaquin Phoenix, the film gives us two things at the
same time: a more realistic origin story for the villain, and an
important message, which may not be understood by all of its viewers.
And just in case I didn't make myself clear through all the
compliments, it's also the best film of the year so far.
I give it a 10 out of
10!
So, that's it, guys! I
hope you liked it! See you next time,
João Pedro)
Excelente resenha! Captou perfeitamente a essência do filme!!
ResponderExcluirJoão, ficou excelente a sua resenha.
ResponderExcluirHá muito tempo um filme não me incomodava desse jeito. Como vc bem disse, não é pra qualquer um.
O que eu achei mais interessante nessa narrativa é a demonstração de que somos, também, um produto do meio, mesmo não acreditando no determinismo tenho que admitir que o meio nos influencia.