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sexta-feira, 28 de junho de 2019

"Turma da Mônica - Laços": o plano infalível de Daniel Rezende que deu muito, muito "celto" (Bilíngue)


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E aí, galerinha de cinéfilos! Estou de volta, dessa vez com a resenha do primeiro filme com atores de carne e osso de uma franquia primordialmente animada. Felizmente, não é cartunesco como é nos quadrinhos, no lugar, recebemos uma história realista, tocante, e muito, muito emocionante. Pois bem, vamos falar sobre “Turma da Mônica – Laços”. Vamos lá!
(What's up, film buffs! I'm back, this time, with the review of something less known if you're not from Brazil. You see, when the United States had DC and Marvel, we, in Brazil, had a group of characters known as Monica's Gang (Turma da Mônica in Portuguese), which is a group of children who recurringly go on adventures together. They fight, struggle, and split up, sometimes, but always end up making amends by the end of the comic book, and that just feels like a very warm hug, a hug that travels through several generations of Brazilian comic book readers. Now, a live-action movie based on those characters just premiered here in Brazil, and even though people from other countries may feel somewhat confused, it's something really important for me, so I thought I should translate this review as well. Without further ado, let's talk about “Turma da Mônica – Laços” (Monica's Gang – Bonds). Let's go!)



Baseado na graphic novel de mesmo nome escrita por Vitor e Lu Cafaggi, o filme segue Mônica (Giulia Benite), Cebolinha (Kevin Vechiatto), Magali (Laura Rauseo), e Cascão (Gabriel Moreira) em busca de Floquinho, o cachorro de Cebolinha.
(Based on the graphic novel of the same name written by Vitor and Lu Cafaggi, the film follows Monica (Giulia Benite), a bucktoothed, sweet girl who gets very angry when people criticize her weight, height or facial features; Jimmy Five (Cebolinha in Portuguese, played by Kevin Vechiatto), a boy who has speaking issues and has 5 characteristic tufts of hair; Maggy (Magali in Portuguese, played by Laura Rauseo), a girl who is always very hungry; and Smudge (Cascão in Portuguese, played by Gabriel Moreira), a boy who is terrified of water, in the search for Fluffy (Floquinho in Portuguese), Jimmy Five's dog.)



Assim como todos os brasileiros, eu mesmo fiquei me perguntando se um live-action da Turma da Mônica daria certo. Os quadrinhos eram muito cartunescos para agradar os fãs mais velhos. Mas quando soube que o filme seria baseado não nas historinhas normais da Turma, mas sim em uma graphic novel com um ponto de vista completamente diferente, aí coloquei mais fé e expectativa no projeto. Para preparação, li a HQ “Laços” 3 vezes, do anúncio do filme para a estreia, e revi todos os filmes da Turma que eu tinha, de todos os Cine Gibis até o fantástico “Uma Aventura no Tempo”. Me acomodei à estrutura e fui ao cinema, com as expectativas à mil. E fico muito, muito feliz em dizer que “Turma da Mônica – Laços” é o melhor filme brasileiro que eu já vi nos últimos tempos. Claro, ainda assim, é um filme da Turma da Mônica, tem uma estrutura mais de filme infantil mesmo, mas aqueles que cresceram com esses personagens, como eu, vão se emocionar (e muito) com esse filme. Quanto à história, não há nada de novo aos padrões da Turma da Mônica. Como é um filme feito para, além de causar nostalgia aos fãs veteranos, agradar um público mais novo, é uma história previsível. Mas, como eu já tinha me preparado antes, eu só aproveitei. E que jornada maravilhosa! Há momentos tocantes, momentos emocionantes, momentos fofos, e um momento em especial que me impressionou bastante, mas sem spoilers aqui. É um filme feito para as crianças? Sim. Mas há momentos e easter-eggs durante esse filme que só aqueles que possuem um olho de Capitão América vão perceber. Alguns são rápidos, outros são prolongados, então dá pra perceber mais. O roteiro mantém uma parcial fidelidade com a HQ que o inspirou; alguns momentos são literalmente transferidos do material fonte para a tela, e algumas partes são modificadas, mas são boas modificações, e elas colaboram bastante para o progresso da história.
Resumindo, o roteiro de “Turma da Mônica – Laços” não oferece nada de novo, mas é o suficiente para agradar vários nichos de seu público-alvo, incluindo os mais velhos.
(Just like every Brazilian, I kept asking myself if a live-action Monica's Gang movie would actually work. The comics were too cartoonish to please older fans. But, when I learned that the film would not be based on the original comics, but on a graphic novel with a completely different point of view, I put a lot more of faith and expectation on the project. Preparing myself for it, I read the graphic novel “Laços” 3 times, from the announcement of the film to the premiere, and rewatched every one of the Gang's movies I owned, from all the Cine Gibis (a collection of animated stories from the Gang) to the fantastic “Uma Aventura no Tempo” (An Adventure through Time, a movie where the Gang travels through time to recover crucial elements in order to fix time itself). I settled to the structure, and went to the movies, with my expectations up in the sky. And I am so, so glad to say that “Turma da Mônica – Laços” is the best Brazilian movie I've seen in recent times. Sure, still, it's a Monica's Gang movie, it has a more childish movie structure, but those who grew up with these characters, like myself, will get (very) emotional watching this movie. As to the story, there is nothing new, in the Gang's standards. As it's a movie that, along with triggering a sense of nostalgia in its older viewers, is directed towards a younger audience, it's a predictable story. But, as I was already prepared for it, I just enjoyed it. And what a wonderful journey! There are touching, emotional, sweet moments in it, along with one specific moment I was not expecting, and I got pretty impressed with it, but no spoilers here. Is it a movie made for children? Yes. But there are moments and easter-eggs inside this film that only those who have a true Captain America eye will notice and enjoy. Some of them are quick, some are longer, so they are pretty noticeable. The script maintains a partial fidelity to the graphic novel that inspired it, some moments are literally transfered from book to screen, and some parts are modified, but they are good modifications, and they help with the story's progression.
In a nutshell, the script for “Turma da Mônica – Laços” doesn't offer anything new, but it is enough to please several groups of its target audience, including the older ones.)




Agora, vamos à parte que quase todo mundo reclamou quando os primeiros visuais do filme saíram: o elenco. Surgiram reclamações como “Ah, o Cebolinha não tem só 5 fios de cabelo”, “o Cascão não é visivelmente sujo”, e “a Mônica, a Magali e o Cascão estão usando sapato”. Claramente, essas pessoas não sabiam a intenção do diretor, Daniel Rezende, que, além de ser montador dos clássicos modernos “Cidade de Deus” e os dois “Tropa de Elite”, também dirigiu o excelente “Bingo: O Rei das Manhãs”. Sua intenção era trazer um grupo de crianças que seria a Turma da Mônica, se ela realmente existisse no mundo real. E, atuando por completo improviso, de acordo com o diretor, que sempre questionava o que seus personagens fariam na situação encenada, as 4 crianças dão um show! A Giulia Benite está sensacional como a Mônica. Ela é raivosa, com seus momentos de violência ocorrendo fora da tela, e sentidos apenas por efeitos sonoros e reações das pessoas ao redor, mas ela também é surpreendentemente vulnerável em alguns momentos, algo que não é visto nem nas historinhas, nem em “Laços”, e eu adorei isso. O Kevin Vechiatto, o único dos 4 a ter um pouco de experiência com atuação, traduz muito bem os trejeitos do Cebolinha. Ele é travesso, engraçado, mas também machucado emocionalmente, pela falta de seu cachorro, e nós, como espectadores, sentimos isso. Os momentos que ele compartilha tanto com a Mônica quanto com o Floquinho são muito emocionantes. Eu queria ver muito mais da Laura Rauseo e do Gabriel Moreira como Magali e Cascão, que são muito engraçados, com piadas curtas, mas eficientes, até para os mais crescidos. Temos um impressionante elenco adulto aqui: Mônica Iozzi, Paulo Vilhena, Fafá Rennó, Adriano Bolshi, e muito mais, e mesmo com nenhum deles alcançando o mesmo nível de desenvolvimento das crianças, são atuações muito competentes. Uma ressalva especial fica com o Rodrigo Santoro, como o Louco. É um personagem completamente diferente do que estamos acostumados a ver do ator, mas ele é engraçado, divertido, com a aparição dele sendo, ao mesmo tempo, significativa para o desenvolvimento do Cebolinha no filme, e um reforço de uma teoria que vem intrigando os fãs da Turma.
(Now, let's go to the part most fans were concerned about when they first saw the film's visuals: the cast. Complaints like “Oh, Jimmy Five doesn't have only 5 tufts of hair”, “Smudge isn't visibly dirty” and “Monica, Maggy and Smudge are wearing shoes” came to the surface. Clearly, those people did not understand the intentions of the director, Daniel Rezende, who, besides working as an editor in the modern classics “City of God” and the two “Elite Squad” films, also directed the excellent “Bingo: O Rei das Manhãs” (Bingo: The King of the Mornings). His intention was to bring a group of children who would be Monica's Gang, if it existed in real life. And, acting based on complete improvisation, with the director always questioning what their characters would do in the situation set, the 4 children rock the stage! Giulia Benite is sensational as Monica. She's angry, with her moments of violence set offscreen, and only felt through sound effects and people's reactions, but also surprisingly vulnerable in some moments, something that is not seen in the original comics or in “Laços”, and I loved that. Kevin Vechiatto, the only one of the 4 who had an experience with acting, can replicate Jimmy Five's characteristics very well. He's wicked, funny, but also emotionally hurt, because of his dog missing, and we, as viewers, feel that with him. The moments he shares with Monica and with Fluffy are really, really emotional. I wish I could've seen more of Laura Rauseo and Gabriel Moreira as Maggy and Smudge, who are really funny, with short, but effective jokes, even for the ones that have already grown up. We have an impressive adult cast here: Monica Iozzi, Paulo Vilhena, Fafá Rennó, Adriano Bolshi, and so much more, and even if they don't reach the same level of development as the children, they are very competent actors. A special exception stays with Rodrigo Santoro, who plays Nutty Ned (Louco in Portuguese, a character who is crazy, as his Brazilian name states [Louco = crazy]). He's a completely different character from what we are used to see from him, but he's funny and fun to see, with his appearance being, at the same time, significant for Jimmy Five's development in the film, and a reinforcement of a theory that's been intriguing the Gang's fans.)



Tecnicamente, o filme é impecável. Ele possui uma direção competente do Daniel Rezende, que, se as sequências já planejadas virem a luz do dia, será o Kevin Feige do Universo Cinematográfico de Maurício de Sousa. Ele é muito, muito bom aqui, mesmo com o filme sendo totalmente diferente da sua obra anterior mencionada acima, “Bingo: O Rei das Manhãs”. Ele conhece o universo da Turma de perto e ele transfere esse universo para a tela da forma mais fiel e realista possível, com a ajuda de uma equipe maravilhosa. A fotografia é simplesmente magnífica, eu fiquei completamente encantado com o visual de “Laços”, é um filme colorido, vistoso e muito bem produzido. A direção de arte, em especial com o cabelo e o figurino dos personagens, é sensacional. Ao vermos os personagens na tela sendo tão similares aos dos quadrinhos, não sentimos nada além de alegria e prazer ao notarmos a fidelidade extrema que essa equipe deu a eles. A trilha sonora instrumental, com a presença ilustre do “Tema da Mônica”, é magistral, ditando o tom do filme. Teve uma música do Tiago Iorc perto da conclusão, e mesmo não sendo muito fã, adorei a cena em que ela é posta. Há um uso em CGI em algumas cenas, principalmente as com o Floquinho, que é um cachorro verde. Muitas pessoas viram como uma falha do filme, mas eu reconheço como uma evolução de como o cinema pipoca brasileiro esteja chegando aos pés do americano, mesmo que aos poucos, e isso é sempre bom.
(Technically, the movie is flawless. It has a competent direction by Daniel Rezende, who, if the already planned sequels see the light of day, will be the Kevin Feige of the Mauricio de Sousa Cinematic Universe. (Mauricio de Sousa is the creator of the Gang, he's basically our Stan Lee (LOL).) He's really, really good here, even with this film being completely different from his previous work in “Bingo: The King of the Mornings”. He knows the Gang's universe closely and he manages to transfer this universe to the screen in the most faithful, realistic way possible, with the help of a wonderful crew. The cinematography is just magnificent, I was fascinated by its visuals, with it being a very colorful, gorgeous and very well produced film. The art direction, specially concerning the hair and costumes of the characters, is sensational. As we see the characters on the screen being so similar to the ones in the comics, we don't feel anything but joy and pleasure as we notice the extreme faithfulness that this crew gave them. The instrumental score, with the rightful presence of “Monica's Theme” (Tema da Mônica), is masterful, dictating the tone of the film. There is a song by Tiago Iorc near the conclusion of it, and even though I'm not a fan, I loved the scene in which it is played. There is an use of CGI in some scenes, mainly those involving Fluffy, which is a green dog. Many people saw it as a flaw, but I recognize it as an evolution of how Brazilian blockbuster cinema is getting closer to the American one, even if it's one step at a time, and that's always a good thing.)



Resumindo, “Turma da Mônica – Laços” é um presente. É, ao mesmo tempo, um ponto de partida para novas gerações de fãs e uma jornada emocionante cheia de nostalgia para aqueles que cresceram lendo as historinhas da Turma. Além de ser o melhor filme brasileiro que eu assisti nos últimos tempos, também é o melhor filme do ano.

Obrigado, Mauricio de Sousa, Sidney Gusman, Vitor e Lu Cafaggi, Daniel Rezende, e a todos que fizeram esse filme acontecer!

Nota: 10 de 10!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Turma da Mônica – Laços” is a gift. It is, at the same time, a starting point to new generations of fans and a thrilling, nostalgia-filled journey to those who grew up reading the Gang's stories. Along with being the best Brazilian film I've seen in recent times, it is also the best movie of the year.

Thank you to Mauricio de Sousa, Sidney Gusman, Vitor and Lu Cafaggi, Daniel Rezende, and to everyone who made this movie happen!

I give it a 10 out of 10!

That's it, guys! I hope you guys liked to learn about an important part in Brazil's pop culture! See you next time,
João Pedro)



sábado, 22 de junho de 2019

"Toy Story 4": uma conclusão(?) digna para a saga Toy Story (Bilíngue)


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Para o meu pai, Silvano Ferreira
(To my father, Silvano Ferreira)

E aí, galerinha de cinéfilos! Estou de volta, com a resenha do filme de animação mais aguardado do ano. Foram 9 anos de distância entre o capítulo anterior e esse mais recente, e fico feliz em dizer que o novo filme é tão divertido quanto os anteriores, mas vamos aprofundar isso mais pra frente. Então, vamos falar sobre “Toy Story 4”. Vamos lá!
(What's up, film buffs! I'm back, with the review of the most awaited animated film of the year. There were 9 years between its predecessor and this most recent installment, and I'm glad to say that this new movie is just as fun as the previous ones, but we'll get to that later on. So, let's talk about “Toy Story 4”. Let's go!)



2 anos depois dos eventos de “Toy Story 3”, Woody (voz original de Tom Hanks) e seus amigos estão felizes em suas novas vidas com Bonnie (voz original de Madeleine McGraw). Certo dia, Bonnie faz um novo brinquedo: Garfinho (voz original de Tony Hale), feito a partir de um garfo de plástico. Ele não se agrada com sua nova função, mesmo sendo agora o brinquedo favorito de Bonnie, e acaba fugindo de sua nova família. Woody, então, parte para encontrá-lo, e acaba reencontrando Betty (voz original de Annie Potts), que agora vive em um parque de diversões.
(2 years after the events of “Toy Story 3”, Woody (voiced by Tom Hanks) and his friends are happy in their new lives with Bonnie (voiced by Madeleine McGraw). One day, Bonnie makes a new toy: Forky (voiced by Tony Hale), made from a plastic spork. He is not pleased with his new function, even though he is now Bonnie's favorite toy, and ends up running away from his new family. Woody sets off to find him, and on the way, he reunites with Bo Peep (voiced by Annie Potts), who now lives in an amusement park.)



Ok, deixem-me começar dizendo que eu adoro a franquia “Toy Story”. Os 3 primeiros filmes mantiveram uma qualidade incrível, e isso precisa ser reconhecido. Nesse quarto filme, o roteiro não traz nada de novo, mas ainda consegue divertir. Várias questões abordadas nos filmes anteriores são reutilizadas aqui, como “O que faz de um brinquedo um brinquedo?”, presente no primeiro Toy Story, e a questão dos brinquedos perdidos e abandonados, presentes em Toy Story 2 e 3. É um bom roteiro, mas sinceramente, não chega aos pés dos 3 anteriores. Isso pode ter sido um resultado da reescrita de três quartos do roteiro original, que teve uma história elaborada por 4 das maiores mentes criativas da Pixar: John Lasseter (que dirigiu os dois primeiros filmes), Pete Docter (que dirigiu Up e Divertida Mente), Lee Unkrich (que dirigiu Toy Story 3 e Viva – A Vida é uma Festa) e Andrew Stanton (que dirigiu WALL-E), que acabou ajudando no roteiro final. É um roteiro bem simples, ele não tem dificuldades pra se resolver, mas ainda assim, não é um roteiro ruim. Pelo contrário, ele é cheio de humor, e momentos razoavelmente memoráveis para seus personagens.
Um filme da Pixar sempre tem o que eu gosto de chamar de “pico de emoção”, que é aquela parte super sentimental que acaba fazendo o espectador chorar. Os três filmes anteriores tiveram picos de emoção igualmente impactantes, e outros filmes da Pixar tiveram cenas tão marcantes que até possuem sua própria página na Wikipedia. Os picos de emoção presentes em Toy Story 4 são impactantes, com certeza, mas não chega ao mesmo nível do final de “Toy Story 3” ou àquela parte de “Viva – A Vida é uma Festa”, onde o protagonista canta uma música sentimental para sua avó. É completamente significativo para o fechamento do arco de certos personagens, mas deixa um pouquinho a desejar, comparado ao que os 3 filmes anteriores nos fizeram passar. Resumindo, o roteiro de “Toy Story 4” é divertido e consegue agradar à vários nichos de seu público-alvo, porém, os roteiros dos 3 filmes anteriores possuíam uma profundidade e carga emocional bem maiores, o que poderá deixar os fãs de longa data um pouquinho frustrados.
(Okay, let me start off by saying I love the “Toy Story” franchise. The previous 3 films maintained an impressive level of quality, and that must be recognized. In this fourth film, the script doesn't bring anything properly new, but still manages to entertain. Several questions brought in the previous films are brought up again here, like “What makes a toy a toy?”, which was analyzed in the first Toy Story; and the question regarding lost and abandoned toys, analyzed in both Toy Story 2 and 3. It's a good script, but it doesn't reach the heights of the previous 3 films. This may have been a result of the rewriting of 75% of the original script, which had a story conceived by 4 of the biggest creative minds in Pixar: John Lasseter (who directed the first 2 films), Pete Docter (who directed Up and Inside Out), Lee Unkrich (who directed Toy Story 3 and Coco) and Andrew Stanton (who directed WALL-E), who ended up helping with the final version of the script. It's a pretty simple one, it doesn't have to face any difficulties for the plot to solve itself, but still, it's not a bad script. On the contrary, it is loaded with humor, and reasonably memorable moments for its characters.
A Pixar movie always has what I like to call an “emotion peak”, which is that overly sentimental part that leads the audience into tears. The 3 previous movies in the franchise had equally impactful emotion peaks, and other Pixar films had scenes so touching they ended up earning their own Wikipedia page. The emotion peaks in Toy Story 4 are impactful, for sure, but nowhere close to the ending of “Toy Story 3” or to that part in “Coco” where the main character sings a touching song to his grandmother. It's completely significant for the closure of some character's arcs, but I wished it was a little more impactful, because of what the previous films made me go through. In a nutshell, the script for “Toy Story 4” is fun and can entertain several groups in its target audience, although, the scripts for the 3 previous films had greater depths and emotional resonance, which may leave die-hard fans a little bit frustrated.)



Ao falar do elenco, acho injusto falar da performance dos atores originais, sendo que eu não vi o filme legendado, então, acho melhor falar do desenvolvimento de seus personagens. Da trindade principal (Woody, Buzz e Jessie), o centro das atenções continua sendo o Woody, que é o único que possui um desenvolvimento significativo, dentro do grupo de brinquedos do Andy. O roteiro é concentrado nos relacionamentos do Woody com a Betty e com o Garfinho, e essas duas interações são um deleite de se ver na telona. O resto dos brinquedos dos filmes anteriores, tanto os do Andy quanto os da Bonnie, são reduzidos à coadjuvantes. A Jessie possui apenas uma cena significativa, não temos aquele humor sarcástico do Sr. Cabeça-de-Batata, e personagens engraçados, como o Rex e o Slinky, não são muito utilizados aqui, o que tira um pouco da nostalgia. O Buzz possui algo mais importante, se comparado com o resto. Ele possui uma química incrível com dois personagens novos, interpretados pelo Keegan-Michael Key e pelo Jordan Peele, que são hilários, devido ao grau ácido de esperteza no senso de humor dos dois atores. Eu quero muito ver mais desses personagens, depois desse filme. O Garfinho possui uma piada recorrente nos primeiros minutos em cena, e em todas as vezes essa piada funciona. Aí depois, ele sofre uma mudança radical no seu comportamento, e para de ser unidimensional. A Betty, que era reduzida à coadjuvante nos 2 primeiros filmes e não apareceu no terceiro, voltou com tudo. Ela é forte, independente e resistente, completamente diferente da Betty de Toy Story 1, por exemplo, onde ela somente era usada durante as brincadeiras do Andy. O rei da Internet, Keanu Reeves, também está aqui, fazendo um personagem hilário, frustado por nunca concretizar o que ele era feito pra fazer, e ele funciona de todas as maneiras possíveis. Agora, uma personagem que me impressionou é a antagonista do filme, Gabby Gabby, interpretada pela Christina Hendricks. Ela é uma vilã com muitas camadas, muito igual ao Thanos, em “Vingadores: Guerra Infinita”, e só digo isso, para não dar nenhum spoiler, mas acho que ela pode ser a melhor personagem introduzida nesse novo filme.
(Speaking of the cast, I think it's unfair to talk about the performances of the voice actors, as I did not see the movie in its original language, so, I think it's better to say something about their characters' development. Out of the main trinity (Woody, Buzz and Jessie), who remains in the spotlight is Woody, who is the only one with a significant development, inside Andy's group of toys. The script is focused on Woody's relationships with Bo Peep and Forky, and those two interactions are a delight to see in the screen. The rest of the toys from previous films, Andy's and Bonnie's, is reduced to a very supporting cast. Jessie has only one significant scene, we don't get that sarcastic sense of humor from Mr. Potato Head, and funny characters, like Rex and Slinky, are not much used here, which makes the film lose a little bit of its nostalgia. Buzz has something more important to do, if compared to the rest. He has an amazing chemistry with two new characters, portrayed by Keegan Michael-Key and Jordan Peele, who are hilarious, due to the actors's acid wit in their sense of humor. I really want to see more of these characters, after this film. Forky has a recurring joke in his first minutes on screen, and every time, that joke works. Then later, he suffers a radical change in his behavior, and stops being one-sided. Bo Peep, who was reduced to a supporting character in the first two films, is back and better. She is strong, independent and resistent, very different from the Bo Peep from before, where she was only used for Andy's playtimes. The king of the Internet, Keanu Reeves, is also here, portraying an hilarious character, who is frustrated for not achieving what he was made to do, and he works in every way possible. Now, one character that really impressed me was the movie's antagonist, Gabby Gabby, portrayed by Christina Hendricks. She's a villain with so many layers, much alike Thanos in “Avengers: Infinity War”, and that's all I'm gonna say, in order to keep the spoilers away, but I think she might be the best character introduced in this new movie.)



Agora, se tem algo que não tem erros nesse filme, são os aspectos técnicos. O visual desse filme está de tirar o fôlego, sendo até mais realista do que “Os Incríveis 2”. É incrível a quantidade de detalhes nos aspectos faciais dos personagens, ver como eles brilham quando refletidos à luz do sol, é tudo muito maravilhoso. Duas coisas novas ocorreram aqui: finalmente vemos um jovem Andy em um CGI mais trabalhado, que fica bem diferente do Andy de 1995; e o design da Betty mudou completamente, e para o melhor. Como uma boneca de porcelana, os aspectos faciais dela foram melhorados, ela tem muito mais textura e convence mais como personagem recorrente da trama, graças ao roteiro. O filme não possui muitos efeitos especiais, então pode ser que o 3D não seja a melhor opção, mas é bem vistoso e trabalhado, e merece ser visto na maior tela possível. Eu gostei bastante das pequenas referências que a equipe colocou ao longo do filme, que vão dos primeiros curtas da Pixar à “Up: Altas Aventuras”. Alguns personagens dos 2 curtas de Toy Story lançados após “Toy Story 3” (“Toy Story de Terror” e “Toy Story: Esquecidos pelo Tempo”) são vistos aqui, e eu fiquei muito feliz em ver que eles não esqueceram desses curtas. O design dos personagens novos é muito bom, com alguns personagens remetendo ao nível de medo que vilões anteriores, como o Bebezão, causavam, e isso merece reconhecimento nos prêmios. Eu fiquei impressionado em como “Os Incríveis 2” não foi reconhecido pela inovação técnica na animação depois de tanto tempo, mas acredito que “Toy Story 4” não sofrerá da mesma falha.
(Now, if there's something that's completely flawless here, it's the technical aspects. The visuals of this film are breathtaking, being even more realistic than “Incredibles 2”. It's astounding to see the quantity of details in the characters's facial aspects, how they shine when reflected against the sunlight, it's so beautiful. Two new things happened here: we finally see a young Andy in a more evolved CGI, which ends up being very different from 1995 Andy; and Bo Peep's design was completely changed and for the best. As a porcelain doll, her facial aspects were further improved, she has so much more texture and she is way more convincing as a recurring character in the plot, thanks to the script. The film doesn't have a high quantity of special effects, so 3D might not be the best option, but it's very well done, visually, and deserves to be seen in the biggest screen possible. I really liked the little references the team put throughout the film, which go from old-school Pixar shorts to “Up”. Some characters from the 2 Toy Story shorts released after “Toy Story 3” (“Toy Story of Terror” and “Toy Story that Time Forgot”) are seen here, and I'm so glad they didn't forget about these characters. The design for the new characters is very good, with some of them reminding of the level of fear that previous villains, like Big Baby, caused, and that deserves award recognition. I was impressed when I heard that “Incredibles 2” wasn't recognized by its technical innovations in its animation after all this time, but I believe that “Toy Story 4” won't suffer from the same flaw.)



Resumindo, “Toy Story 4” não inova em termos de roteiro, mas um pouco de emoção, personagens novos bem desenvolvidos e um visual de tirar o fôlego são o suficiente para dar uma conclusão digna ao arco de alguns personagens e um empolgante início para o arco de outros.

Nota: 9 de 10!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Toy Story 4” is not groundbreaking in terms of script, but a little bit of emotion, well-developed new characters and breathtaking visuals are more than enough to deliver a worthy conclusion to some characters' story arcs and an exciting start for other characters' arcs.

I give it a 9 out of 10!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)