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sábado, 22 de junho de 2019

"Toy Story 4": uma conclusão(?) digna para a saga Toy Story (Bilíngue)


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Para o meu pai, Silvano Ferreira
(To my father, Silvano Ferreira)

E aí, galerinha de cinéfilos! Estou de volta, com a resenha do filme de animação mais aguardado do ano. Foram 9 anos de distância entre o capítulo anterior e esse mais recente, e fico feliz em dizer que o novo filme é tão divertido quanto os anteriores, mas vamos aprofundar isso mais pra frente. Então, vamos falar sobre “Toy Story 4”. Vamos lá!
(What's up, film buffs! I'm back, with the review of the most awaited animated film of the year. There were 9 years between its predecessor and this most recent installment, and I'm glad to say that this new movie is just as fun as the previous ones, but we'll get to that later on. So, let's talk about “Toy Story 4”. Let's go!)



2 anos depois dos eventos de “Toy Story 3”, Woody (voz original de Tom Hanks) e seus amigos estão felizes em suas novas vidas com Bonnie (voz original de Madeleine McGraw). Certo dia, Bonnie faz um novo brinquedo: Garfinho (voz original de Tony Hale), feito a partir de um garfo de plástico. Ele não se agrada com sua nova função, mesmo sendo agora o brinquedo favorito de Bonnie, e acaba fugindo de sua nova família. Woody, então, parte para encontrá-lo, e acaba reencontrando Betty (voz original de Annie Potts), que agora vive em um parque de diversões.
(2 years after the events of “Toy Story 3”, Woody (voiced by Tom Hanks) and his friends are happy in their new lives with Bonnie (voiced by Madeleine McGraw). One day, Bonnie makes a new toy: Forky (voiced by Tony Hale), made from a plastic spork. He is not pleased with his new function, even though he is now Bonnie's favorite toy, and ends up running away from his new family. Woody sets off to find him, and on the way, he reunites with Bo Peep (voiced by Annie Potts), who now lives in an amusement park.)



Ok, deixem-me começar dizendo que eu adoro a franquia “Toy Story”. Os 3 primeiros filmes mantiveram uma qualidade incrível, e isso precisa ser reconhecido. Nesse quarto filme, o roteiro não traz nada de novo, mas ainda consegue divertir. Várias questões abordadas nos filmes anteriores são reutilizadas aqui, como “O que faz de um brinquedo um brinquedo?”, presente no primeiro Toy Story, e a questão dos brinquedos perdidos e abandonados, presentes em Toy Story 2 e 3. É um bom roteiro, mas sinceramente, não chega aos pés dos 3 anteriores. Isso pode ter sido um resultado da reescrita de três quartos do roteiro original, que teve uma história elaborada por 4 das maiores mentes criativas da Pixar: John Lasseter (que dirigiu os dois primeiros filmes), Pete Docter (que dirigiu Up e Divertida Mente), Lee Unkrich (que dirigiu Toy Story 3 e Viva – A Vida é uma Festa) e Andrew Stanton (que dirigiu WALL-E), que acabou ajudando no roteiro final. É um roteiro bem simples, ele não tem dificuldades pra se resolver, mas ainda assim, não é um roteiro ruim. Pelo contrário, ele é cheio de humor, e momentos razoavelmente memoráveis para seus personagens.
Um filme da Pixar sempre tem o que eu gosto de chamar de “pico de emoção”, que é aquela parte super sentimental que acaba fazendo o espectador chorar. Os três filmes anteriores tiveram picos de emoção igualmente impactantes, e outros filmes da Pixar tiveram cenas tão marcantes que até possuem sua própria página na Wikipedia. Os picos de emoção presentes em Toy Story 4 são impactantes, com certeza, mas não chega ao mesmo nível do final de “Toy Story 3” ou àquela parte de “Viva – A Vida é uma Festa”, onde o protagonista canta uma música sentimental para sua avó. É completamente significativo para o fechamento do arco de certos personagens, mas deixa um pouquinho a desejar, comparado ao que os 3 filmes anteriores nos fizeram passar. Resumindo, o roteiro de “Toy Story 4” é divertido e consegue agradar à vários nichos de seu público-alvo, porém, os roteiros dos 3 filmes anteriores possuíam uma profundidade e carga emocional bem maiores, o que poderá deixar os fãs de longa data um pouquinho frustrados.
(Okay, let me start off by saying I love the “Toy Story” franchise. The previous 3 films maintained an impressive level of quality, and that must be recognized. In this fourth film, the script doesn't bring anything properly new, but still manages to entertain. Several questions brought in the previous films are brought up again here, like “What makes a toy a toy?”, which was analyzed in the first Toy Story; and the question regarding lost and abandoned toys, analyzed in both Toy Story 2 and 3. It's a good script, but it doesn't reach the heights of the previous 3 films. This may have been a result of the rewriting of 75% of the original script, which had a story conceived by 4 of the biggest creative minds in Pixar: John Lasseter (who directed the first 2 films), Pete Docter (who directed Up and Inside Out), Lee Unkrich (who directed Toy Story 3 and Coco) and Andrew Stanton (who directed WALL-E), who ended up helping with the final version of the script. It's a pretty simple one, it doesn't have to face any difficulties for the plot to solve itself, but still, it's not a bad script. On the contrary, it is loaded with humor, and reasonably memorable moments for its characters.
A Pixar movie always has what I like to call an “emotion peak”, which is that overly sentimental part that leads the audience into tears. The 3 previous movies in the franchise had equally impactful emotion peaks, and other Pixar films had scenes so touching they ended up earning their own Wikipedia page. The emotion peaks in Toy Story 4 are impactful, for sure, but nowhere close to the ending of “Toy Story 3” or to that part in “Coco” where the main character sings a touching song to his grandmother. It's completely significant for the closure of some character's arcs, but I wished it was a little more impactful, because of what the previous films made me go through. In a nutshell, the script for “Toy Story 4” is fun and can entertain several groups in its target audience, although, the scripts for the 3 previous films had greater depths and emotional resonance, which may leave die-hard fans a little bit frustrated.)



Ao falar do elenco, acho injusto falar da performance dos atores originais, sendo que eu não vi o filme legendado, então, acho melhor falar do desenvolvimento de seus personagens. Da trindade principal (Woody, Buzz e Jessie), o centro das atenções continua sendo o Woody, que é o único que possui um desenvolvimento significativo, dentro do grupo de brinquedos do Andy. O roteiro é concentrado nos relacionamentos do Woody com a Betty e com o Garfinho, e essas duas interações são um deleite de se ver na telona. O resto dos brinquedos dos filmes anteriores, tanto os do Andy quanto os da Bonnie, são reduzidos à coadjuvantes. A Jessie possui apenas uma cena significativa, não temos aquele humor sarcástico do Sr. Cabeça-de-Batata, e personagens engraçados, como o Rex e o Slinky, não são muito utilizados aqui, o que tira um pouco da nostalgia. O Buzz possui algo mais importante, se comparado com o resto. Ele possui uma química incrível com dois personagens novos, interpretados pelo Keegan-Michael Key e pelo Jordan Peele, que são hilários, devido ao grau ácido de esperteza no senso de humor dos dois atores. Eu quero muito ver mais desses personagens, depois desse filme. O Garfinho possui uma piada recorrente nos primeiros minutos em cena, e em todas as vezes essa piada funciona. Aí depois, ele sofre uma mudança radical no seu comportamento, e para de ser unidimensional. A Betty, que era reduzida à coadjuvante nos 2 primeiros filmes e não apareceu no terceiro, voltou com tudo. Ela é forte, independente e resistente, completamente diferente da Betty de Toy Story 1, por exemplo, onde ela somente era usada durante as brincadeiras do Andy. O rei da Internet, Keanu Reeves, também está aqui, fazendo um personagem hilário, frustado por nunca concretizar o que ele era feito pra fazer, e ele funciona de todas as maneiras possíveis. Agora, uma personagem que me impressionou é a antagonista do filme, Gabby Gabby, interpretada pela Christina Hendricks. Ela é uma vilã com muitas camadas, muito igual ao Thanos, em “Vingadores: Guerra Infinita”, e só digo isso, para não dar nenhum spoiler, mas acho que ela pode ser a melhor personagem introduzida nesse novo filme.
(Speaking of the cast, I think it's unfair to talk about the performances of the voice actors, as I did not see the movie in its original language, so, I think it's better to say something about their characters' development. Out of the main trinity (Woody, Buzz and Jessie), who remains in the spotlight is Woody, who is the only one with a significant development, inside Andy's group of toys. The script is focused on Woody's relationships with Bo Peep and Forky, and those two interactions are a delight to see in the screen. The rest of the toys from previous films, Andy's and Bonnie's, is reduced to a very supporting cast. Jessie has only one significant scene, we don't get that sarcastic sense of humor from Mr. Potato Head, and funny characters, like Rex and Slinky, are not much used here, which makes the film lose a little bit of its nostalgia. Buzz has something more important to do, if compared to the rest. He has an amazing chemistry with two new characters, portrayed by Keegan Michael-Key and Jordan Peele, who are hilarious, due to the actors's acid wit in their sense of humor. I really want to see more of these characters, after this film. Forky has a recurring joke in his first minutes on screen, and every time, that joke works. Then later, he suffers a radical change in his behavior, and stops being one-sided. Bo Peep, who was reduced to a supporting character in the first two films, is back and better. She is strong, independent and resistent, very different from the Bo Peep from before, where she was only used for Andy's playtimes. The king of the Internet, Keanu Reeves, is also here, portraying an hilarious character, who is frustrated for not achieving what he was made to do, and he works in every way possible. Now, one character that really impressed me was the movie's antagonist, Gabby Gabby, portrayed by Christina Hendricks. She's a villain with so many layers, much alike Thanos in “Avengers: Infinity War”, and that's all I'm gonna say, in order to keep the spoilers away, but I think she might be the best character introduced in this new movie.)



Agora, se tem algo que não tem erros nesse filme, são os aspectos técnicos. O visual desse filme está de tirar o fôlego, sendo até mais realista do que “Os Incríveis 2”. É incrível a quantidade de detalhes nos aspectos faciais dos personagens, ver como eles brilham quando refletidos à luz do sol, é tudo muito maravilhoso. Duas coisas novas ocorreram aqui: finalmente vemos um jovem Andy em um CGI mais trabalhado, que fica bem diferente do Andy de 1995; e o design da Betty mudou completamente, e para o melhor. Como uma boneca de porcelana, os aspectos faciais dela foram melhorados, ela tem muito mais textura e convence mais como personagem recorrente da trama, graças ao roteiro. O filme não possui muitos efeitos especiais, então pode ser que o 3D não seja a melhor opção, mas é bem vistoso e trabalhado, e merece ser visto na maior tela possível. Eu gostei bastante das pequenas referências que a equipe colocou ao longo do filme, que vão dos primeiros curtas da Pixar à “Up: Altas Aventuras”. Alguns personagens dos 2 curtas de Toy Story lançados após “Toy Story 3” (“Toy Story de Terror” e “Toy Story: Esquecidos pelo Tempo”) são vistos aqui, e eu fiquei muito feliz em ver que eles não esqueceram desses curtas. O design dos personagens novos é muito bom, com alguns personagens remetendo ao nível de medo que vilões anteriores, como o Bebezão, causavam, e isso merece reconhecimento nos prêmios. Eu fiquei impressionado em como “Os Incríveis 2” não foi reconhecido pela inovação técnica na animação depois de tanto tempo, mas acredito que “Toy Story 4” não sofrerá da mesma falha.
(Now, if there's something that's completely flawless here, it's the technical aspects. The visuals of this film are breathtaking, being even more realistic than “Incredibles 2”. It's astounding to see the quantity of details in the characters's facial aspects, how they shine when reflected against the sunlight, it's so beautiful. Two new things happened here: we finally see a young Andy in a more evolved CGI, which ends up being very different from 1995 Andy; and Bo Peep's design was completely changed and for the best. As a porcelain doll, her facial aspects were further improved, she has so much more texture and she is way more convincing as a recurring character in the plot, thanks to the script. The film doesn't have a high quantity of special effects, so 3D might not be the best option, but it's very well done, visually, and deserves to be seen in the biggest screen possible. I really liked the little references the team put throughout the film, which go from old-school Pixar shorts to “Up”. Some characters from the 2 Toy Story shorts released after “Toy Story 3” (“Toy Story of Terror” and “Toy Story that Time Forgot”) are seen here, and I'm so glad they didn't forget about these characters. The design for the new characters is very good, with some of them reminding of the level of fear that previous villains, like Big Baby, caused, and that deserves award recognition. I was impressed when I heard that “Incredibles 2” wasn't recognized by its technical innovations in its animation after all this time, but I believe that “Toy Story 4” won't suffer from the same flaw.)



Resumindo, “Toy Story 4” não inova em termos de roteiro, mas um pouco de emoção, personagens novos bem desenvolvidos e um visual de tirar o fôlego são o suficiente para dar uma conclusão digna ao arco de alguns personagens e um empolgante início para o arco de outros.

Nota: 9 de 10!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Toy Story 4” is not groundbreaking in terms of script, but a little bit of emotion, well-developed new characters and breathtaking visuals are more than enough to deliver a worthy conclusion to some characters' story arcs and an exciting start for other characters' arcs.

I give it a 9 out of 10!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)




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