Translate

sexta-feira, 28 de junho de 2019

"Turma da Mônica - Laços": o plano infalível de Daniel Rezende que deu muito, muito "celto" (Bilíngue)


E não se esqueçam de curtir e seguir o blog nas redes sociais:
(And don't forget to like and follow the blog in social medias:)
Twitter: @nocinemacomjp2
Instagram: @nocinemacomjp


E aí, galerinha de cinéfilos! Estou de volta, dessa vez com a resenha do primeiro filme com atores de carne e osso de uma franquia primordialmente animada. Felizmente, não é cartunesco como é nos quadrinhos, no lugar, recebemos uma história realista, tocante, e muito, muito emocionante. Pois bem, vamos falar sobre “Turma da Mônica – Laços”. Vamos lá!
(What's up, film buffs! I'm back, this time, with the review of something less known if you're not from Brazil. You see, when the United States had DC and Marvel, we, in Brazil, had a group of characters known as Monica's Gang (Turma da Mônica in Portuguese), which is a group of children who recurringly go on adventures together. They fight, struggle, and split up, sometimes, but always end up making amends by the end of the comic book, and that just feels like a very warm hug, a hug that travels through several generations of Brazilian comic book readers. Now, a live-action movie based on those characters just premiered here in Brazil, and even though people from other countries may feel somewhat confused, it's something really important for me, so I thought I should translate this review as well. Without further ado, let's talk about “Turma da Mônica – Laços” (Monica's Gang – Bonds). Let's go!)



Baseado na graphic novel de mesmo nome escrita por Vitor e Lu Cafaggi, o filme segue Mônica (Giulia Benite), Cebolinha (Kevin Vechiatto), Magali (Laura Rauseo), e Cascão (Gabriel Moreira) em busca de Floquinho, o cachorro de Cebolinha.
(Based on the graphic novel of the same name written by Vitor and Lu Cafaggi, the film follows Monica (Giulia Benite), a bucktoothed, sweet girl who gets very angry when people criticize her weight, height or facial features; Jimmy Five (Cebolinha in Portuguese, played by Kevin Vechiatto), a boy who has speaking issues and has 5 characteristic tufts of hair; Maggy (Magali in Portuguese, played by Laura Rauseo), a girl who is always very hungry; and Smudge (Cascão in Portuguese, played by Gabriel Moreira), a boy who is terrified of water, in the search for Fluffy (Floquinho in Portuguese), Jimmy Five's dog.)



Assim como todos os brasileiros, eu mesmo fiquei me perguntando se um live-action da Turma da Mônica daria certo. Os quadrinhos eram muito cartunescos para agradar os fãs mais velhos. Mas quando soube que o filme seria baseado não nas historinhas normais da Turma, mas sim em uma graphic novel com um ponto de vista completamente diferente, aí coloquei mais fé e expectativa no projeto. Para preparação, li a HQ “Laços” 3 vezes, do anúncio do filme para a estreia, e revi todos os filmes da Turma que eu tinha, de todos os Cine Gibis até o fantástico “Uma Aventura no Tempo”. Me acomodei à estrutura e fui ao cinema, com as expectativas à mil. E fico muito, muito feliz em dizer que “Turma da Mônica – Laços” é o melhor filme brasileiro que eu já vi nos últimos tempos. Claro, ainda assim, é um filme da Turma da Mônica, tem uma estrutura mais de filme infantil mesmo, mas aqueles que cresceram com esses personagens, como eu, vão se emocionar (e muito) com esse filme. Quanto à história, não há nada de novo aos padrões da Turma da Mônica. Como é um filme feito para, além de causar nostalgia aos fãs veteranos, agradar um público mais novo, é uma história previsível. Mas, como eu já tinha me preparado antes, eu só aproveitei. E que jornada maravilhosa! Há momentos tocantes, momentos emocionantes, momentos fofos, e um momento em especial que me impressionou bastante, mas sem spoilers aqui. É um filme feito para as crianças? Sim. Mas há momentos e easter-eggs durante esse filme que só aqueles que possuem um olho de Capitão América vão perceber. Alguns são rápidos, outros são prolongados, então dá pra perceber mais. O roteiro mantém uma parcial fidelidade com a HQ que o inspirou; alguns momentos são literalmente transferidos do material fonte para a tela, e algumas partes são modificadas, mas são boas modificações, e elas colaboram bastante para o progresso da história.
Resumindo, o roteiro de “Turma da Mônica – Laços” não oferece nada de novo, mas é o suficiente para agradar vários nichos de seu público-alvo, incluindo os mais velhos.
(Just like every Brazilian, I kept asking myself if a live-action Monica's Gang movie would actually work. The comics were too cartoonish to please older fans. But, when I learned that the film would not be based on the original comics, but on a graphic novel with a completely different point of view, I put a lot more of faith and expectation on the project. Preparing myself for it, I read the graphic novel “Laços” 3 times, from the announcement of the film to the premiere, and rewatched every one of the Gang's movies I owned, from all the Cine Gibis (a collection of animated stories from the Gang) to the fantastic “Uma Aventura no Tempo” (An Adventure through Time, a movie where the Gang travels through time to recover crucial elements in order to fix time itself). I settled to the structure, and went to the movies, with my expectations up in the sky. And I am so, so glad to say that “Turma da Mônica – Laços” is the best Brazilian movie I've seen in recent times. Sure, still, it's a Monica's Gang movie, it has a more childish movie structure, but those who grew up with these characters, like myself, will get (very) emotional watching this movie. As to the story, there is nothing new, in the Gang's standards. As it's a movie that, along with triggering a sense of nostalgia in its older viewers, is directed towards a younger audience, it's a predictable story. But, as I was already prepared for it, I just enjoyed it. And what a wonderful journey! There are touching, emotional, sweet moments in it, along with one specific moment I was not expecting, and I got pretty impressed with it, but no spoilers here. Is it a movie made for children? Yes. But there are moments and easter-eggs inside this film that only those who have a true Captain America eye will notice and enjoy. Some of them are quick, some are longer, so they are pretty noticeable. The script maintains a partial fidelity to the graphic novel that inspired it, some moments are literally transfered from book to screen, and some parts are modified, but they are good modifications, and they help with the story's progression.
In a nutshell, the script for “Turma da Mônica – Laços” doesn't offer anything new, but it is enough to please several groups of its target audience, including the older ones.)




Agora, vamos à parte que quase todo mundo reclamou quando os primeiros visuais do filme saíram: o elenco. Surgiram reclamações como “Ah, o Cebolinha não tem só 5 fios de cabelo”, “o Cascão não é visivelmente sujo”, e “a Mônica, a Magali e o Cascão estão usando sapato”. Claramente, essas pessoas não sabiam a intenção do diretor, Daniel Rezende, que, além de ser montador dos clássicos modernos “Cidade de Deus” e os dois “Tropa de Elite”, também dirigiu o excelente “Bingo: O Rei das Manhãs”. Sua intenção era trazer um grupo de crianças que seria a Turma da Mônica, se ela realmente existisse no mundo real. E, atuando por completo improviso, de acordo com o diretor, que sempre questionava o que seus personagens fariam na situação encenada, as 4 crianças dão um show! A Giulia Benite está sensacional como a Mônica. Ela é raivosa, com seus momentos de violência ocorrendo fora da tela, e sentidos apenas por efeitos sonoros e reações das pessoas ao redor, mas ela também é surpreendentemente vulnerável em alguns momentos, algo que não é visto nem nas historinhas, nem em “Laços”, e eu adorei isso. O Kevin Vechiatto, o único dos 4 a ter um pouco de experiência com atuação, traduz muito bem os trejeitos do Cebolinha. Ele é travesso, engraçado, mas também machucado emocionalmente, pela falta de seu cachorro, e nós, como espectadores, sentimos isso. Os momentos que ele compartilha tanto com a Mônica quanto com o Floquinho são muito emocionantes. Eu queria ver muito mais da Laura Rauseo e do Gabriel Moreira como Magali e Cascão, que são muito engraçados, com piadas curtas, mas eficientes, até para os mais crescidos. Temos um impressionante elenco adulto aqui: Mônica Iozzi, Paulo Vilhena, Fafá Rennó, Adriano Bolshi, e muito mais, e mesmo com nenhum deles alcançando o mesmo nível de desenvolvimento das crianças, são atuações muito competentes. Uma ressalva especial fica com o Rodrigo Santoro, como o Louco. É um personagem completamente diferente do que estamos acostumados a ver do ator, mas ele é engraçado, divertido, com a aparição dele sendo, ao mesmo tempo, significativa para o desenvolvimento do Cebolinha no filme, e um reforço de uma teoria que vem intrigando os fãs da Turma.
(Now, let's go to the part most fans were concerned about when they first saw the film's visuals: the cast. Complaints like “Oh, Jimmy Five doesn't have only 5 tufts of hair”, “Smudge isn't visibly dirty” and “Monica, Maggy and Smudge are wearing shoes” came to the surface. Clearly, those people did not understand the intentions of the director, Daniel Rezende, who, besides working as an editor in the modern classics “City of God” and the two “Elite Squad” films, also directed the excellent “Bingo: O Rei das Manhãs” (Bingo: The King of the Mornings). His intention was to bring a group of children who would be Monica's Gang, if it existed in real life. And, acting based on complete improvisation, with the director always questioning what their characters would do in the situation set, the 4 children rock the stage! Giulia Benite is sensational as Monica. She's angry, with her moments of violence set offscreen, and only felt through sound effects and people's reactions, but also surprisingly vulnerable in some moments, something that is not seen in the original comics or in “Laços”, and I loved that. Kevin Vechiatto, the only one of the 4 who had an experience with acting, can replicate Jimmy Five's characteristics very well. He's wicked, funny, but also emotionally hurt, because of his dog missing, and we, as viewers, feel that with him. The moments he shares with Monica and with Fluffy are really, really emotional. I wish I could've seen more of Laura Rauseo and Gabriel Moreira as Maggy and Smudge, who are really funny, with short, but effective jokes, even for the ones that have already grown up. We have an impressive adult cast here: Monica Iozzi, Paulo Vilhena, Fafá Rennó, Adriano Bolshi, and so much more, and even if they don't reach the same level of development as the children, they are very competent actors. A special exception stays with Rodrigo Santoro, who plays Nutty Ned (Louco in Portuguese, a character who is crazy, as his Brazilian name states [Louco = crazy]). He's a completely different character from what we are used to see from him, but he's funny and fun to see, with his appearance being, at the same time, significant for Jimmy Five's development in the film, and a reinforcement of a theory that's been intriguing the Gang's fans.)



Tecnicamente, o filme é impecável. Ele possui uma direção competente do Daniel Rezende, que, se as sequências já planejadas virem a luz do dia, será o Kevin Feige do Universo Cinematográfico de Maurício de Sousa. Ele é muito, muito bom aqui, mesmo com o filme sendo totalmente diferente da sua obra anterior mencionada acima, “Bingo: O Rei das Manhãs”. Ele conhece o universo da Turma de perto e ele transfere esse universo para a tela da forma mais fiel e realista possível, com a ajuda de uma equipe maravilhosa. A fotografia é simplesmente magnífica, eu fiquei completamente encantado com o visual de “Laços”, é um filme colorido, vistoso e muito bem produzido. A direção de arte, em especial com o cabelo e o figurino dos personagens, é sensacional. Ao vermos os personagens na tela sendo tão similares aos dos quadrinhos, não sentimos nada além de alegria e prazer ao notarmos a fidelidade extrema que essa equipe deu a eles. A trilha sonora instrumental, com a presença ilustre do “Tema da Mônica”, é magistral, ditando o tom do filme. Teve uma música do Tiago Iorc perto da conclusão, e mesmo não sendo muito fã, adorei a cena em que ela é posta. Há um uso em CGI em algumas cenas, principalmente as com o Floquinho, que é um cachorro verde. Muitas pessoas viram como uma falha do filme, mas eu reconheço como uma evolução de como o cinema pipoca brasileiro esteja chegando aos pés do americano, mesmo que aos poucos, e isso é sempre bom.
(Technically, the movie is flawless. It has a competent direction by Daniel Rezende, who, if the already planned sequels see the light of day, will be the Kevin Feige of the Mauricio de Sousa Cinematic Universe. (Mauricio de Sousa is the creator of the Gang, he's basically our Stan Lee (LOL).) He's really, really good here, even with this film being completely different from his previous work in “Bingo: The King of the Mornings”. He knows the Gang's universe closely and he manages to transfer this universe to the screen in the most faithful, realistic way possible, with the help of a wonderful crew. The cinematography is just magnificent, I was fascinated by its visuals, with it being a very colorful, gorgeous and very well produced film. The art direction, specially concerning the hair and costumes of the characters, is sensational. As we see the characters on the screen being so similar to the ones in the comics, we don't feel anything but joy and pleasure as we notice the extreme faithfulness that this crew gave them. The instrumental score, with the rightful presence of “Monica's Theme” (Tema da Mônica), is masterful, dictating the tone of the film. There is a song by Tiago Iorc near the conclusion of it, and even though I'm not a fan, I loved the scene in which it is played. There is an use of CGI in some scenes, mainly those involving Fluffy, which is a green dog. Many people saw it as a flaw, but I recognize it as an evolution of how Brazilian blockbuster cinema is getting closer to the American one, even if it's one step at a time, and that's always a good thing.)



Resumindo, “Turma da Mônica – Laços” é um presente. É, ao mesmo tempo, um ponto de partida para novas gerações de fãs e uma jornada emocionante cheia de nostalgia para aqueles que cresceram lendo as historinhas da Turma. Além de ser o melhor filme brasileiro que eu assisti nos últimos tempos, também é o melhor filme do ano.

Obrigado, Mauricio de Sousa, Sidney Gusman, Vitor e Lu Cafaggi, Daniel Rezende, e a todos que fizeram esse filme acontecer!

Nota: 10 de 10!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Turma da Mônica – Laços” is a gift. It is, at the same time, a starting point to new generations of fans and a thrilling, nostalgia-filled journey to those who grew up reading the Gang's stories. Along with being the best Brazilian film I've seen in recent times, it is also the best movie of the year.

Thank you to Mauricio de Sousa, Sidney Gusman, Vitor and Lu Cafaggi, Daniel Rezende, and to everyone who made this movie happen!

I give it a 10 out of 10!

That's it, guys! I hope you guys liked to learn about an important part in Brazil's pop culture! See you next time,
João Pedro)



2 comentários: