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quarta-feira, 30 de outubro de 2019

"Parasita": um filme necessário, relevante, subversivo e universal (Bilíngue)


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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Então, estava planejando em voltar ao blog somente com a resenha de “Doutor Sono”, pela minha resenha anterior ter sido sobre “O Iluminado”, mas decidi voltar mais cedo, porque eu preciso falar sobre esse filme que irei resenhar agora. Vencedor da Palma de Ouro em Cannes, o filme em questão é subversivo, realista, universal e necessário, e é a prova viva de que não se deve julgar um filme pelo trailer. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Parasita”. Vamos lá!
(What's up, my fellow film buffs! How are you guys doing? So, I was planning on returning to the blog only with the review of “Doctor Sleep”, as my previous review was about “The Shining”, but I decided to return a little earlier, because I need to talk about the film I'm about to review. Winner of the Palme d'Or in Cannes, this movie is subversive, realistic, universal and necessary, and it is living proof that one must not judge a film by its trailer. So, without further ado, let's talk about “Parasite”. Let's go!)



O filme segue a família Kim, uma família de baixa renda composta por quatro pessoas: Ki-taek (Song Kang-ho), o pai; Chung-sook (Jang Hye-jin), a mãe; e os dois filhos, Ki-woo (Choi Woo-shik) e Ki-jeong (Park So-dam). Sendo uma família pobre, eles recorrem a vários bicos para ganharem dinheiro. Certo dia, Ki-woo ganha uma chance para trabalhar como tutor da filha de uma família muito rica, os Park. Aproveitando essa oportunidade, os Kim começam a se infiltrar na casa da família Park, um por um.
(The movie follows the Kim family, a lower-class family composed by 4 people: Ki-taek (Song Kang-ho), the father; Chung-sook (Jang Hye-jin), the mother; and two siblings, Ki-woo (Choi Woo-shik) and Ki-jeong (Park So-dam). As a poor family, they search for several little jobs to earn some money. One day, Ki-woo gets a chance to work as a tutor for the daughter of a really rich family, the Parks. Making use of the opportunity in front of them, the Kims begin to infiltrate themselves inside the Parks' house, one by one.)



Sempre tive receio ao assistir filmes que venceram a Palma de Ouro em Cannes, porque temia que esses filmes seriam excessivamente artísticos, narrativamente parados, e que não iriam possuir nenhuma fonte de entretenimento. Dos vencedores da Palma que eu assisti (Pulp Fiction, Taxi Driver e A Fita Branca), só um realmente me manteve engajado na história, combinando um caráter artístico com um teor de entretenimento. Outro aspecto que me deu receio foi o fato do trailer não mostrar simplesmente nada de relevância ao enredo, o que, por um lado, é bom, porque guarda todos os segredos e reviravoltas para o filme em si, mas também não ajuda a capturar a atenção do espectador. Bom, devo dizer que esse filme subverteu todas as minhas expectativas e tirou todos os meus preconceitos a respeito da Palma de Ouro. Como disse acima, é um filme que não deve ser julgado pelo trailer, então, se você tiver a oportunidade de assistir “Parasita”, se possível, nem veja o trailer, porque esse é um daqueles filmes onde a experiência é mais completa e gratificante sem ter nenhum conhecimento anterior sobre o filme. Eu já tinha visto dois trabalhos do diretor de “Parasita”, o sul-coreano Bong Joon-ho, (“Expresso do Amanhã” e “Okja”) e ele é muito bom. Uma coisa que Joon-ho faz como ninguém é misturar gêneros. Por exemplo, em “O Hospedeiro”, ele mistura terror com sátira política; em “Expresso do Amanhã”, ele mistura drama, ficção científica e ação. E essa mistura de gêneros colabora para uma subversão de expectativas por parte do espectador. Durante a primeira hora de “Parasita”, temos um clima mais de comédia de humor negro, com piadas inteligentes sobre Wi-Fi e tecnologias aqui e ali, e nós esperamos que o filme siga aquele tom pelo resto da projeção. Mas o diretor muda o curso do enredo e insere um momento específico na jornada dos protagonistas que transforma o filme num suspense muito tenso. O roteiro consegue trabalhar muito bem essas duas vertentes, e o momento dessa mudança de curso faz o espectador gritar em voz alta: “MAS O QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO?”. Outra coisa que o roteiro faz bem é em apresentar seus personagens. Todos os personagens têm dois lados aqui, ninguém é taxado como “herói” ou “vilão”, algo muito parecido com o que aconteceu com “Coringa”, que aborda temas semelhantes. A família Park apresenta mais camadas do que só ser “aquela família riquinha”, e o filme nos dá todas as motivações para acreditar que é impossível categorizar as duas famílias em colunas opostas. Por incrível que pareça, em nenhum momento eu me senti entediado durante o filme, ele consegue ser extremamente cativante, devido à relevância e à universalidade do tema. E o final é, ao mesmo tempo, inesperado e perfeito. E isso é tudo que tenho a falar sobre o roteiro, para não entrar em território de spoiler.
(I was always fearful of watching Palme d'Or winning films, because I feared they would be excessively artistic, narratively slow, and that they wouldn't have any entertainment factor in them. Out of all the Palme winners I'd seen (Pulp Fiction, Taxi Driver and The White Ribbon), only one of them managed to keep me invested in the story, combining an artistic vein with an entertainment factor. Another aspect that made me fearful was the fact that the trailer didn't show anything relevant to the plot, which, on one side, is good, because they can keep all the secrets and twists to the movie itself, but that also doesn't help in capturing the viewer's attention. Well, I must say that this film has subverted all of my expectations and excluded every kind of prejudice I had against the Palme d'Or. As I said above, it is a film that mustn't be judged by its trailer, so, if you ever have the opportunity to watch “Parasite”, don't even watch the trailer, if possible, as this is one of those films where the viewing experience is much more complete and gratifying without any prior knowledge. I had already seen two films from the director of “Parasite”, South-Korean Bong Joon-ho (“Snowpiercer” and “Okja”), and he is really good. One thing that Joon-ho does better than anybody is mixing genres. For example, in “The Host”, he mixes horror with political satire, in “Snowpiercer”, he mixes drama, sci-fi and action. And that mix of genres collaborates to a subversion of expectations from the viewer. During the first hour of “Parasite”, we have a dark comedy-ish mood, with jokes about Wi-Fi and technology here and there, and we expect that that tone is followed all the way through the very end. But then the director changes the course of the story and inserts a very specific moment in the protagonists's journey, which turns the movie into a really tense thriller. The script works out these two veins really well, and in the moment that mood changes, the viewer feels the need to shout out: “WHAT THE HELL IS GOING ON?”. Another thing that the script excels at is presenting its characters. Every character has two sides here, no one is categorized as the “good guys” or as the “bad guys”, which is really similar to what happened in “Joker”, a movie that follows similar themes. The Park family presents more layers than just settle on being “that little rich family”, and the film gives us all the motivations to believe that it's impossible to categorize these two families in opposite categories. As incredible as it may seem, I did not feel bored at any moment in the movie, it manages to be extremely engaging, due to the relevance and the universality of the theme in it. And the ending is, at the same time, unexpected and perfect. And that's all I'm going to say about the script, so that I don't enter into spoiler territory.)



O elenco desse filme é extremamente convincente. O Song Kang-ho, que interpreta o pai dos Kim, é o que trabalha melhor com o que lhe é dado. Ele é engraçado, sarcástico, e é dono de algumas das melhores cenas do filme, em especial um monólogo que seu personagem faz na segunda metade, que é simplesmente brilhante. A Jang Hye-jin, o Choi Woo-shik, e a Park So-dam também são muito bons, colaborando para reforçar a química entre a família Kim, que é um dos fios condutores do filme, e tudo isso graças ao talento que o elenco tem. O Lee Sun-kyun e a Cho Yeo-jong conseguem trabalhar as várias camadas dos Park muito bem. E por último, mas não menos importante, temos a Lee Jung-eun, em um papel crucial para a trama, onde ela transita entre estados de espírito completamente opostos de uma forma excepcional. Novamente, para não entrar em spoilers e especificidades, é tudo o que eu tenho a dizer sobre o elenco.
(The cast in this film is extremely convincing. Song Kang-ho, who plays the Kim's father, is the one who works the best with what he's given. He's funny, sarcastic, and owns some of the best scenes in the film, especially a monologue that his character gives in the second half of it, which is simply brilliant. Jang Hye-jin, Choi Woo-shik, and Park So-dam are also really good, collaborating to reinforce the chemistry between the Kim family, which is one of the film's guiding forces, and all that thanks to the talent of the cast. Lee Sun-kyun and Cho Yeo-jong manage to work with the several layers the Parks have beautifully. And at last, but not least, we have Lee Jung-eun, in a vital role to the plot, where she oscillates between completely opposite moods in an exceptional way. Again, in order to not enter into spoilers and specific territory, that's all I have to say about the cast.)



Agora, vamos aos aspectos técnicos, onde temos várias coisas incrivelmente bem feitas. A fotografia é bem movimentada, a câmera nunca fica estática em um ângulo só. Há algumas tomadas onde a câmera acompanha os personagens em um percurso que são simplesmente sensacionais. A montagem é muito bem feita, justificando a duração prolongada do filme, que é muito bem aproveitada. Algo que se destaca nos aspectos técnicos de “Parasita”, e que certamente, refletirá nos prêmios do ano que vem, é a direção de arte. O contraste entre o modo de vida das duas famílias é feito quase que inteiramente pela direção de arte, e é simplesmente perfeito. Quando estamos na casa dos Kim, vemos algo mais primitivo, sujo, podre, com tons mais acinzentados e mofados; já quando estamos na casa dos Park (que foi construída do zero especialmente para o filme), vemos algo mais moderno, limpo, cristalino, puro, com tons mais claros, e eu achei isso incrível.
(Now, let's get to the technical aspects, where we have several things that have been done beautifully. The cinematography moves really well, the camera never stands still in one single angle. There are some tracking shots that follow the characters as they walk which are simply sensational. The editing is really well done, justifying the film's long running time, which is never wasted, in any moment. Something that stands out in the technical aspects of “Parasite”, which will certainly reflect on next year's awards, is the art direction. The contrast between the way of life of the two families is established almost entirely through the art direction, and it is simply perfect. When we are at the Kim's house, we see something more primitive, dirty, rotten, with moldy, gray-ish tones; while at the Park's house (which was built from scratch specifically for the film), everything's more modern, clean, pristine, pure, with clearer tones, and I thought that was amazing.)



Agora, fora um pouco da análise do filme em si, venho discutir algo que é bem raro de acontecer, mas que possui uma enorme chance de se realizar no Oscar do ano que vem. Desde a vitória em Cannes, o filme está sendo criticamente aclamado, e categorizado como um dos principais indicados ao Oscar do ano que vem, o que é bem similar ao que aconteceu com “Roma”, de Alfonso Cuarón, que levou 3 Oscars, e foi indicado à categoria de Melhor Filme. Então, a pergunta é: “Parasita” será o novo “Roma”, no quesito de ser um filme estrangeiro com potencial de ser indicado nas principais categorias? Bom, ao meu ver, sim, e tem toda a capacidade de fazer o que o filme de Cuarón não fez e realmente ganhar o Oscar de Melhor Filme. O filme possui essa força pelo fato dos temas abordados por ele possuírem um teor universal, ao invés de serem contidos na realidade da Coréia do Sul. Minhas previsões para esse filme no Oscar 2020 seguem assim: para as categorias principais, as com maior chance do filme ser indicado são em Melhor Filme, Diretor e Roteiro Original, pela força narrativa que “Parasita” tem e pelo impulso que a distribuidora americana do filme está investindo; nas categorias de atuação, é algo mais difícil, porque é muito raro ver indicados que não são norte-americanos nessas categorias, salvo algumas exceções, mas se acontecer, não ficarei surpreso em ver o Song Kang-ho sendo indicado a Melhor Ator e talvez a Lee Jung-eun sendo indicada a Melhor Atriz Coadjuvante; nas categorias técnicas, apostaria que o filme conseguiria ser indicado à Melhor Fotografia, Direção de Arte e Melhor Trilha Sonora Original, que são alguns dos aspectos mais comentados do filme; e é claro, temos o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, onde “Parasita” é o favorito. Então, se minhas previsões estivessem corretas, teríamos 9 indicações para o filme, o que não é tão longe das 10 indicações que “Roma” recebeu no Oscar desse ano. Na minha opinião, o filme tem potencial para ser indicado à essas categorias, mas vamos ver o que a Academia tem a dizer a respeito de “Parasita” quando as indicações saírem.
(Now, a little bit outside of the review itself, I'm going to discuss something that's really rare, but has an enormous chance of happening in next year's Oscars. Ever since the film's victory in Cannes, it has been gathering great acclaim from critics, and people have been labeling it as an Oscar frontrunner, which is quite similar to what happened to Alfonso Cuarón's “Roma”, that ended up winning 3 Oscars, besides being nominated for the main category of Best Picture. So, the question is: Is “Parasite” the new Roma, in the aspect of being a foreign language film with potential of being nominated in the main categories? Well, in my point of view, yes, and it has all the capacity of doing what Cuarón's film didn't do and actually win Best Picture. It has this type of strength because it makes its themes universal, rather than containing them into the reality of South Korea. My predictions for this movie at next year's Oscars stand like this: in the main categories, it has a bigger chance on being nominated for Best Picture, Director and Original Screenplay, because of its narrative strength and the investments that its American distributor is boosting on it; in the acting categories, it's a bit harder, because it's so rare to see non-American people nominated for these categories, but if it happens, I won't be surprised in seeing Song Kang-ho nominated for Best Actor, and maybe Lee Jung-eun nominated for Best Supporting Actress; in the technical categories, I believe it could achieve nominations for Best Cinematography, Art Direction and Best Original Score, which are some of the most talked-about aspects of the film; and of course, we have the Oscar for Best International Feature Film, in which “Parasite” is the frontrunner to win the award. So, if my predictions turned out to be correct, we would have 9 nominations for the film, which is not that far from “Roma”'s 10 nominations at this year's Oscars. In my opinion, it really has potential to be nominated in these categories, but let's see what the Academy has in store for “Parasite” when the nominations are revealed.)



Resumindo, “Parasita” é um tremendo filme. Ele possui uma narrativa cativante que subverte as expectativas do espectador, misturando gêneros muito bem; o filme faz uso de um elenco talentoso que é crucial para a movimentação da trama; os aspectos técnicos são dignos de prêmios. E por último, mas não menos importante, ele aborda temas importantes, necessários, relevantes, e acima de tudo, universais.

Nota: 10 de 10!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Parasite” is one hell of a film. It has an engaging narrative that subverts the viewer's expectations, mixing genres really well; it makes use of a talented cast, which is vital for the film to move forward; its technical aspects are award-worthy. And at last, but not least, it deals with important, necessary, relevant, and, above all, universal themes.

I give it a 10 out of 10!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)


sábado, 26 de outubro de 2019

"O Iluminado": uma obra relevante, revolucionária e aterrorizante, até mesmo nos dias de hoje (Bilíngue) [SPOILERS]


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E aí, galerinha de cinéfilos! Estou de volta, e venho aqui falar sobre um dos maiores clássicos do gênero terror. Sendo, especificamente, uma adaptação de Stephen King, o filme em questão ganhou notoriedade por desviar do seu material fonte, para o desgosto do autor do livro, com o objetivo de criar uma obra única, atemporal, e aterrorizante, até mesmo nos dias de hoje. Em preparação para o aguardado “Doutor Sono”, vamos falar sobre “O Iluminado”. Vamos lá!
(What's up, film buffs! I'm back, and I come here to talk about one of the biggest classics in the horror genre. Being, specifically, a Stephen King adaptation, this movie was notorious for deviating of its source material, for King's disgust, with the objective of creating a unique, timeless, and terrifying film, even for today's times. In preparation for the awaited sequel, “Doctor Sleep”, let's talk about “The Shining”. Let's go!)



Com o objetivo de curar seu bloqueio criativo, um escritor alcóolatra, Jack Torrance (Jack Nicholson), aceita o trabalho de zelador em um hotel nas montanhas do Colorado durante o inverno. Ele se muda para lá com a esposa, Wendy (Shelley Duvall), e o filho, Danny (Danny Lloyd), que é atormentado por visões do passado sombrio do hotel. Devido ao isolamento causado pelas constantes nevascas, Jack descobre os segredos trágicos do local onde mora, e começa a perder sua sanidade.
(In order to cure his writer's block, an alcoholic writer, Jack Torrance (Jack Nicholson), accepts a janitor job in a hotel located in the Colorado Rockies during the winter. He moves there with his wife, Wendy (Shelley Duvall), and his son, Danny (Danny Lloyd), who is tormented by visions of the hotel's dark past. Due to the isolation caused by the constant blizzards, Jack discovers the tragic secrets of the place where he lives, and starts to lose his sanity.)



“O Iluminado” é uma daquelas raras adaptações que desviam do seu material fonte, com o objetivo de criar algo ainda mais rico. Dirigido por alguém que dispensa apresentações, Stanley Kubrick pega a essência básica do livro de Stephen King, e faz um filme de Kubrick a partir dessa essência, em vez de fazer apenas uma mera adaptação. E, para quem gosta de filmes do gênero, funciona perfeitamente. Infelizmente, não pode se dizer o mesmo para Stephen King, que até os dias de hoje, despreza o que Kubrick fez com seu livro, chegando ao ponto de gravar uma minissérie com um enredo mais fiel ao material fonte, mas que, tecnicamente, não possui as mesmas qualidades. Pode-se dizer que “O Iluminado” é o filme mais acessível de Stanley Kubrick, servindo como um ótimo ponto de partida para a filmografia de alguém que é considerado um dos melhores diretores de todos os tempos. Ok, vamos ao roteiro. Há duas versões diferentes desse filme: a internacional, que beira as 2 horas de duração; e a americana, que possui 20 minutos a mais. A versão que assisti foi a do Blu-ray, que é a internacional, então só irei considerar os aspectos próprios dela. “O Iluminado” tem um roteiro maravilhoso, com um passo meticulosamente calculado. Os personagens são apresentados de forma apropriada, e a ambientação do filme, no caso, o Hotel Overlook, é algo essencial para que a história se movimente. O caráter isolado do hotel dá um teor restrito e até claustrofóbico para o roteiro, o que faz dele algo ainda mais aterrorizante. Atualmente, temos vários filmes de terror que não fazem uso de jumpscares para causar arrepios na espinha da plateia, como “A Bruxa”, “Midsommar” e “Hereditário”. O clássico de Kubrick também não faz uso desse artifício, criando uma atmosfera mais perturbadora do que, especificamente, assustadora. E fico feliz em dizer que “O Iluminado” ainda tem gás mesmo nos dias de hoje, ou seja, quase 40 anos depois de seu lançamento. É um filme de terror? Sim, mas está longe de ser um terror convencional. Temos aqui um filme que é aberto a interpretações. Ao final do filme, nos fazemos várias perguntas, como: o Jack realmente via os fantasmas ou era tudo uma alucinação causada pela “febre da cabana”?; o que o Grady quis dizer quando falou que o Jack “sempre foi” o zelador do Hotel Overlook?; e por quê o Jack está em uma foto tirada há quase 60 anos antes dele se tornar o zelador do Hotel?. É um filme que foi, é, e ainda será discutido pelas gerações que virão, devido à sua atemporalidade.
Resumindo, o roteiro de “O Iluminado” desvia de seu material fonte, e entrega uma obra rica, claustrofóbica (no bom sentido) e aterrorizante, até mesmo para os dias de hoje.
(“The Shining” is one of those rare adaptations that deviate from its source material, in order to create something even richer. Directed by someone that needs no introduction, Stanley Kubrick takes the basic essence of Stephen King's book, and he makes a Kubrick movie out of that essence, rather than just a mere adaptation. And, for those who enjoy watching horror films, it works perfectly. Unfortunately, the same cannot be said about Stephen King, who despises what Kubrick did to his book to this day, to the point of filming a miniseries that has a more faithful plot, but doesn't reach the film's technical qualities. It can be said that “The Shining” is Stanley Kubrick's most acessible film, being a great starting point for the filmography of someone considered to be one of the best directors of all time. Okay, let's talk about the script. There are two different versions of this film: the international one, which has a 2-hour running time; and the American one, which is 20 minutes longer. The version I watched was the one in the Blu-ray, the international one, so that's the one I'll discuss here. “The Shining” has a wonderful script, with a meticulously calculated pace. The characters are presented in an appropriate way, and the setting of the film, in this case, the Overlook Hotel, is essential for the story to move forward. The isolated character of the hotel gives a restricted, and even claustrophobic tone to the script, which makes it even more terrifying. Recently, we've had a good number of horror films that didn't make use of jumpscares in order to give its audience the chills, like “The Witch”, “Midsommar” and “Hereditary”. Kubrick's classic also doesn't make use of this artifice, creating an atmosphere that's more disturbing than, necessarily, scary. And I'm glad to say that “The Shining” still scares even today, that is, almost 40 years since its release. Is it a horror film? Yes, but it's far from being your conventional horror. We have a movie that's open to different interpretations. When the credits start rolling, we ask ourselves several questions, like: did Jack actually see the ghosts or was it all just a hallucination caused by cabin fever?; what did Grady mean when he said Jack “has always been” the caretaker for the Overlook?; and why is Jack present in a photo taken 60 years prior to his job at the hotel?. It's a film that has, is, and will be discussed for generations to come, due to its timelessness.
In a nutshell, the script for “The Shining” deviates from its source material, delivering a rich, claustrophobic (in a good way) and terrifying piece of work, even for today's times.)



Além de um roteiro muito bem escrito, temos aqui um elenco muito bem escalado. O fato de que Jack Nicholson não foi indicado ao Oscar de Melhor Ator por esse filme ainda me assusta. O desenvolvimento dele aqui é inacreditável. As expressões faciais dele causam um desconforto enorme no espectador, especialmente quando se torna claro que ele está perdendo a sanidade. Falando nisso, há um modo bem interessante de perceber o declínio da sanidade do personagem. (P.S.: Prestem bastante atenção no cabelo do Jack ao longo do filme.) Ao enlouquecer, Jack possui uma habilidade fascinante em oscilar entre estados de humor, e isso é refletido pela atuação forte, assustadora, compromissada e icônica de Nicholson. Algo polêmico aqui é a performance de Shelley Duvall como Wendy. Foi reportado que a atriz ficou traumatizada durante as gravações do filme, onde Kubrick repetiu uma mesma cena 127 vezes, o que quase levou Duvall à loucura. Mas, para falar a verdade, através da atuação dela, temos o que seria a nossa reação aos eventos retratados no filme. Como o Jack vai ficando louco, e o Danny possui habilidades sobrenaturais, temos, em Wendy, a única personagem humana e sã da história, e isso é refletido de forma perfeita em sua atuação, que alguns podem taxar como exagerada, mas que tem um tom realista e até natural inserido nela. E, completando o trio principal, temos Danny Lloyd como Danny. Ele é um ótimo ator mirim, e as reações dele às visões que o personagem tem sobre o hotel são críveis e legítimas. Ele faz um ótimo trabalho de manipulação de voz, transitando entre o tom doce e inocente de Danny e o tom grotesco e inquietante de Tony, amigo imaginário do personagem, com perfeição. Além dos 3 principais, temos performances significativas de Scatman Crothers, que serve para dar um pouco de exposição para a história e as habilidades de Danny; Philip Stone, que manipula o personagem de Nicholson; e Joe Turkel, que interpreta um barman que é curiosamente próximo de Jack.
(Besides having a well-written script, we have here a cast that perfectly fits their characters. The fact that Jack Nicholson did not get nominated for the Oscar for Best Actor because of this still scares me. His development here is unbelievable. His facial expressions cause an enormous discomfort in the viewer, especially when it becomes clear that he's losing his sanity. Speaking of that, there's a very interesting way in perceiving his descent into insanity. (P.S.: Pay attention to the character's hair throughout the film.) By going mad, Jack possesses the fascinating ability of oscillating through different moods, and that's reflected through Nicholson's strong, terrifying, committed and iconic performance. One thing that causes a certain controversy here is Shelley Duvall's performance as Wendy. It has been reported that the actress was traumatized during the film's production, where Kubrick repeated the same scene 127 times, which nearly drove Duvall mad. But, truth be told, through her performance, we have what would be our reaction to the events of the film. As Jack gradually goes insane, and as Danny has special abilities, we have, in Wendy, the only human, sane character in the story, and that is perfectly reflected in her performance, which some may label as exaggerated, but that has a realistic and even natural tone inserted in it. And, to round up the main trio, we have Danny Lloyd as Danny. He is a great child actor, and his reactions to the visions his character has about the hotel are believable and legitimate. He does a great job in manipulating his voice, transitioning between the sweet and innocent tone in Danny's voice and the grotesque, unsettling tone in the voice of Tony, the character's imaginary friend, with perfection. Besides the main three, we have significant performances by Scatman Crothers, who gives a little exposition to the story and Danny's abilities; Philip Stone, who manipulates Nicholson's character; and Joe Turkel, as a bartender who is curiously close to Jack.)



Se tem uma coisa que não possui defeitos em “O Iluminado”, são os aspectos técnicos. Se brincar, esse filme é o mais tecnicamente perfeito que eu já vi. São justamente alguns de seus aspectos técnicos que tornam o filme tão influente para o gênero nos dias de hoje. Por exemplo, o filme é conhecido por ser um dos pioneiros do Steadicam, um método de filmagem que permite sequências contínuas mais fluidas, sem serem picotadas pela edição. A equipe de fotografia faz um ótimo uso desse método, especialmente na cena inicial, com aquele take aéreo da estrada; e na cena do Danny andando em seu triciclo no hotel, onde a câmera acompanha o personagem com uma enorme precisão. A equipe de fotografia também faz um ótimo trabalho em fazer enquadramentos quase que perfeitamente simétricos. Tão simétricos, que se você dividir a imagem ao meio, dá exatamente a mesma “quantidade” de imagem em cada lado. Algo que contribui para a atmosfera inquietante do filme é a montagem. Por exemplo, na cena do pesadelo de Danny, onde ele imagina uma cascata de sangue saindo do elevador do hotel, são inseridas várias cenas menores que causam um grande desconforto e até curiosidade no espectador, tudo isso graças à edição. O aspecto também colabora para a falta de jumpscares no filme, o que é algo bom, não se enganem quanto a isso. Algo que também marca seu território em “O Iluminado” é a trilha sonora, composta por Wendy Carlos e Rachel Elkind, que é tão inquietante quanto os eventos que vemos na tela. A direção de arte é um dos aspectos mais belos do filme. Os cenários são hipnotizantes, eles nos dão um senso de acomodação, mas ao mesmo tempo, eles nos enervam, e essa mistura de sentimentos feita através da direção de arte é simplesmente brilhante.
(If there's one thing that is 100% flawless in “The Shining”, it's the technical aspects. Actually, this may be the most technically perfect film I've ever seen. It's exactly some of its technical aspects that make this movie so influential for the genre. For example, it is known for being one of the pioneers for Steadicam, a filming method that allows more fluid tracking shots, without being roughly cut in the editing room. The cinematography team makes a great use of this method, especially in the initial scene, with that aerial take of the road; and in the scene where Danny rides his tricycle across the hotel, where the camera follows the character with an enormous precision. The cinematography team also does a great job in creating almost perfectly symmetrical frames. So symmetrical that, if you divide the image into two halves, you'll have the same “quantity” of picture in each half. One thing that contributes to the unsettling atmosphere of the film is the editing. For example, during Danny's nightmare scene, where he witnesses a cascade of blood coming out of the Overlook's elevator, several shorter scenes are inserted in it. That gives some curiosity and discomfort in the viewer, all thanks to the editing. It also collaborates to the lack of jumpscares in the film, which is a good thing, don't be mistaken about that. Another thing that also marks its territory is the score, composed by Wendy Carlos and Rachel Elkind, which is just as unsettling as the events we see on the screen. The art direction is one of the most beautiful aspects in the film. The scenarios are hypnotizing, they give us a sense of coziness, but they are also unnerving, and that mix of feelings caused through the art direction is simply brilliant.)



Algo que gostaria de ressaltar sobre o filme é como ele ainda tem relevância hoje em dia. Devido às várias referências colocadas em filmes, séries e até desenhos, personagens como Jack, Danny, as gêmeas Grady, e cenas como a do elevador, a da icônica frase “Here's Johnny!”, e a própria cena onde Danny encontra as gêmeas no corredor são extremamente conhecidas por cinéfilos de todas as idades. Confesso que nunca me surgiu uma vontade de realmente ver o filme até ele ser referenciado na melhor cena de “Jogador Número 1”, de Steven Spielberg, onde os personagens exploram o Hotel Overlook em busca de um objetivo em comum, a qual vocês podem ver abaixo. É simplesmente fascinante como um filme que foi inicialmente massacrado pela mídia e crítica se tornou algo extremamente relevante e influente para o cinema nos dias de hoje. “O Iluminado” é um filme icônico, e com razão. Ele faz uso de uma boa história, possui incríveis atuações de seu elenco, e é elevado à enormes alturas através de seus aspectos técnicos, que foram revolucionários para a época. É um filme que ainda fascina, e irá fascinar todos aqueles que assistirem ao filme no futuro, sem dúvidas.
(One thing I'd like to make clear about the film is how it is still relevant today. Due to the several references put in movies, TV shows and even cartoons, characters like Jack, Danny, the Grady sisters, and scenes like the elevator one, the one with the iconic phrase “Here's Johnny!”, and the scene where Danny encounters the Grady sisters in the hall are extremely well-known by film buffs of all ages. I confess that I never wanted to actually see the film until it got referenced in the best scene in Steven Spielberg's “Ready Player One”, where the characters explore the Overlook Hotel searching for a common objective, a scene you can check out below. It's simply fascinating how a movie that was initially massacred by the media and the critics became something extremely relevant and influential for cinema today. “The Shining” is an iconic film, and rightfully so. It makes use of a good story, has amazing performances by its cast, and is elevated to enormous heights through its technical aspects, which were revolutionary at the time. It's a movie that's still able to fascinate, and it will, without a doubt, fascinate every single person who watches it in the future.)



Resumindo, “O Iluminado” é uma obra-prima. É mais uma prova que Stanley Kubrick é um dos melhores diretores de todos os tempos. Claro, pode não ser uma adaptação fiel ao livro de Stephen King, mas é uma obra rica, relevante, revolucionária e aterrorizante, até mesmo para os dias de hoje. Que venha “Doutor Sono”!!

Nota: 10 de 10!!

Então, é isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “The Shining” is a masterpiece. It's one more proof that Stanley Kubrick is one of the greatest directors of all time. Sure, it may not be a faithful adaptation to Stephen King's book, but it is a rich, relevant, revolutionary, and terrifying piece of work, even for today. Can't wait for “Doctor Sleep”!!

I give it a 10 out of 10!!

So, that's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)



sábado, 19 de outubro de 2019

"Looking for Alaska": uma história emocionante, honesta e verdadeira sobre amadurecimento (Bilíngue)


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E aí, galerinha de cinéfilos! Estou de volta, e irei falar, nesse post, sobre uma minissérie que acabou de sair do forno, e que já merece a sua atenção. Até agora, tivemos duas ótimas adaptações dos livros de John Green, sendo elas “A Culpa é das Estrelas” e “Cidades de Papel”, mas essa minissérie, baseada em “Quem é Você, Alasca?”, provavelmente é a adaptação mais honesta, emocionante e realista das três até agora. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Looking for Alaska”. Vamos lá!
(What's up, film buffs! I'm back, and I'll say my thoughts, in this post, on a miniseries that just premiered, and that already deserves your attention. Until now, we've had two great adaptations of John Green's books, which are “The Fault in Our Stars” and “Paper Towns”, but this miniseries, based on “Looking for Alaska”, probably is the most honest, emotional and realistic adaptation out of the three. So, without further ado, let's talk about “Looking for Alaska”. Let's go!)



A minissérie é ambientada no início dos anos 2000, e conta a história de Miles Halter (Charlie Plummer), um adolescente fissurado por últimas palavras que vive uma vida sem graça na Flórida. Um dia, seus pais decidem matriculá-lo em um internato no Alabama, a Escola Culver Creek, onde Miles se envolve em pegadinhas com seu colega de quarto, Chip “Coronel” Martin (Denny Love), e onde ele se apaixona por Alaska Young (Kristine Froseth), uma garota misteriosa e emocionalmente instável.
(The miniseries is set in the early 2000s, and tells the story of Miles Halter (Charlie Plummer), a teenager who is fascinated by last words, and that lives a pretty boring life in Florida. One day, his parents decide to enroll him in a boarding school in Alabama, Culver Creek High School, where Miles gets involved in pranks with his roommate, Chip “The Colonel” Martin (Denny Love), and where he falls in love with Alaska Young (Kristine Froseth), a mysterious and emotionally unstable girl.)



Ok, pra começar, eu não li o livro antes de ver a série, mas confesso que, depois de ver 7 dos 8 episódios, dei uma breve folheada no livro, e percebi que é uma adaptação bem fiel ao material fonte. Até partes que parecem não significar nada em um livro, como uma fala qualquer, são adaptadas perfeitamente na série. Aliás, a jogada de transformar o livro em uma minissérie ao invés de um filme de 2 horas foi incrivelmente bem feita, porque temos aqui 8 horas para desenvolver e adaptar a trama de um livro de 230 páginas. Outra coisa que me convenceu a ver essa minissérie foi o fato de ser uma adaptação de um trabalho do John Green. Eu simplesmente amei tanto “A Culpa é das Estrelas” quanto “Cidades de Papel”, porque são retratos honestos, verdadeiros, e muito emocionantes sobre amadurecimento. E aqui, felizmente, não é diferente. Há tantas séries de drama adolescente atualmente, mas fico feliz que escolheram o criador de algumas das mais famosas séries do gênero para desenvolver “Looking for Alaska”: Josh Schwartz, que criou “The O.C.” e “Gossip Girl”. Ok, vamos ao roteiro. Em geral, é uma trama muito bem desenvolvida, com um equilíbrio perfeito entre comédia e drama. É uma história que consegue capturar um retrato muito bem calculado de uma adolescência conturbada. Se for para comparar com outra obra, eu faria uma comparação positiva com “As Vantagens de ser Invisível”, que é outro livro maravilhoso sobre amadurecimento. Nós somos apresentados ao nosso protagonista, que começa sendo um garoto tímido e introvertido. E ao longo da série, suas atitudes vão mudando gradualmente, de forma lenta, assim como o Charlie, de “As Vantagens...”. Algo que os fãs do livro irão notar é a expansão no número de pontos de vista na série se comparado à obra original, que é narrada sobre o ponto de vista de Miles. Temos aqui vários “narradores”, ou seja, muitas perspectivas, em especial as do “Coronel”, o colega de quarto do protagonista, e as da Alaska, e isso colabora para fazer com que nos importemos com todos os personagens. Nós rimos com eles, nós choramos com eles, nós sentimos por eles, e principalmente, nós crescemos com eles. E o mais interessante, “Looking for Alaska”, além de ser um ótimo entretenimento, nos ensina lições, algo que não acontece em “Riverdale”, por exemplo. Aqui, lidamos com temas como saúde mental, vícios, luto, crenças, e traumas, de uma forma bem mais elaborada e menos chocante do que “13 Reasons Why”, outra série do gênero drama adolescente. Não teve um minuto nessa minissérie onde eu me senti entediado, eu me senti investido na história desde a primeira cena. E assim como as adaptações anteriores de John Green, “Looking for Alaska” é extremamente emocionante, inesperada, e acima de tudo, verdadeira e honesta, então já é certo que irá atrair os fãs do autor.
Resumindo, o roteiro de “Looking for Alaska” faz uso de 8 horas para fazer uma adaptação que consegue ser fiel ao livro que a inspirou, mas que também expande o seu próprio universo.
(Ok, for starters, I did not read the book before watching the series, but I confess that, after watching 7 out of the 8 episodes, I flicked through some pages of it, and realized it's a pretty faithful adaptation of its source material. Even parts that seem not to mean anything on a book, like a random line, is adapted perfectly into the series. By the way, the idea of adapting the novel into a miniseries rather than a 2-hour movie was a genius one, because, here, we have 8 hours to develop and adapt the plot of a 230-page book. Another thing that convinced me into watching this series was the fact that it was a John Green adaptation. I simply loved both “The Fault in Our Stars” and “Paper Towns”, because they are honest, true and really emotional portraits of people coming of age. And here, fortunately, it's not different. There are so many teen drama TV shows recently, but I'm glad that they chose the creator of some of the most famous shows in the genre to develop this specific show: Josh Schwartz, who created “The O.C.” and “Gossip Girl”. Ok, let's talk about the script. Generally, it's a really well-developed plot, with a perfect balance between comedy and drama. It's a story that can capture a well-calculated portrait of a teenage life turned upside down. If I had to compare it to another novel, I would make a very positive comparison to “The Perks of Being a Wallflower”, which is a marvelous coming-of-age book. We are presented to our protagonist, who starts off as a shy, introverted boy. And throughout the series, his attitudes gradually change, much like Charlie, from “The Perks...”. Something that fans of the book will notice is the expansion of points of view in the show if compared to the source material, which is narrated by Miles. Here, we have several “narrators”, many perspectives, especially the ones of the “Colonel”, Miles's roommate, and Alaska herself, which collaborates in making us care about these characters. We laugh with them, we cry with them, we feel for them, and most importantly, we grow with them. And the most interesting thing about “Looking for Alaska” is that, besides being a great source of entertainment, it also teaches us lessons, something that doesn't happen in “Riverdale”, for example. Here, we deal with themes like mental health, addictions, grief, beliefs and traumas, in a much more elaborate and much less shocking way than “13 Reasons Why”, another series in the teen drama genre. There wasn't a minute in this miniseries where I felt bored, I got myself invested into it from the very first scene. And just like previous John Green adaptations, “Looking for Alaska” is extremely emotional, unexpected, and above all, true and honest, so that it will surely attract the fans of the author.
In a nutshell, the script for “Looking for Alaska” makes a great use of 8 hours to make an adaptation that is faithful to the book that inspired it, while it also expands its universe.)



Ao falar do elenco, todos os atores nessa minissérie têm uma coisa em comum: todos fazem um trabalho maravilhoso em expressar diversas emoções. O Charlie Plummer dá um show aqui como Miles. Ele começa sendo aquele garoto esquisito, tímido, mas ao longo da série, vemos um desenvolvimento claro no personagem, que é sentido na performance dele. Outro personagem de John Green que me faz lembrar bastante do Miles é o Quentin, de “Cidades de Papel”, que possui um desenvolvimento bem similar, mas não tão emocionante quanto o protagonista dessa minissérie. A Kristine Froseth ganhou meu coração como a Alaska. Ela é o que a Margo, de “Cidades de Papel”, deveria ser: misteriosa, instável, que oscila entre vários estados de espírito. E ela encaixa perfeitamente no papel. Eu prevejo um futuro brilhante para essa atriz, e talvez, até algumas indicações para prêmios por causa dessa atuação. Temos um dos melhores personagens da série no “Coronel” de Denny Love, que consegue ser um fantástico alívio cômico, mas que também expressa um número surpreendentemente maior de emoções. É aquele raro alívio cômico com camadas, e eu adorei esse personagem. Temos desenvolvimentos menores, mas significativos nos personagens de Jay Lee e Sofia Vassilieva. E no elenco adulto, temos os personagens vividos por Timothy Simons, Ron Cephas Jones e Deneen Tyler, que, ao mesmo tempo que os mesmos se desenvolvem, também servem para mover os protagonistas adolescentes para frente, junto com a trama.
(When talking about the cast, there's one thing that every actor in this miniseries has in common: they all do a marvelous job in expressing several emotions. Charlie Plummer gives the performance of his life as Miles. He starts off as that weird, shy kid, but throughout the series, we see a clear development in his character, which is felt through his performance. Another John Green character that reminds me a lot of Miles is Quentin, from “Paper Towns”, who has a very similar development, although it's not as emotional as Miles's in this miniseries. Kristine Froseth won my heart over as Alaska. She is what Margo, from “Paper Towns”, should've been: mysterious, unstable, moody. And she fits the part perfectly. I predict a bright future for this actress, and maybe, even some award nominations because of her performance. We have one of the best characters in the show in Denny Love's “Colonel”, who manages to be an amazing comic relief, but he also expresses a surprisingly bigger quantity of emotions. He's that rare comic relief that also has layers, and I loved his character. We have smaller, but significant developments in the characters portrayed by Jay Lee and Sofia Vassilieva. And in the adult cast, we have Timothy Simons, Ron Cephas Jones and Deneen Tyler as significant adult roles that, at the same time that they develop their own story, also are there to move the teenage protagonists forward, along with the plot.)



Nos aspectos técnicos, não há nada de novo. Em tempos onde quase não é possível distinguir um filme de uma série pela qualidade técnica, “Looking for Alaska” segue as regras que séries de streaming estabeleceram no passado. A fotografia é muito boa, a edição faz um bom trabalho em deixar certos eventos implícitos, e em estabelecer pontos diferentes de linhas temporais. Por exemplo, quando há um flashback, o formato de tela aumenta, enquanto na época da série, a tela assume um formato mais widescreen, algo bem parecido com o que aconteceu em “O Grande Hotel Budapeste”, de Wes Anderson. Uma coisa que me atraiu bastante ao assistir a série foi a trilha sonora. Como a obra é ambientada no início dos anos 2000, temos uma trilha sonora que equilibra perfeitamente os sucessos da época, como The Killers, Coldplay e Gorillaz, mas também temos clássicos de décadas anteriores. É incrível como uma série consegue nos estabelecer em uma linha temporal por meio da trilha sonora. A direção de arte também é muito bem feita, conseguindo replicar perfeitamente as particularidades da época que serve de ambientação para a minissérie. Há um uso bem feito de CGI em um aspecto específico na minissérie, o qual os fãs do livro irão saber de imediato, mas nada de spoilers aqui.
(In the technical aspects, there's nothing new. In times where it's almost not possible to tell the difference between a movie and a TV show by its technical quality, “Looking for Alaska” follows the rules that streaming service shows have established in the past. The cinematography is really good, the editing does a great job in maintaining some events as implicit, and in establishing different points in the timeline. For example, when there's a flashback, the screen's format expands, while in the series's timeline, it assumes more of a widescreen format, something really similar to what happened in Wes Anderson's “The Grand Budapest Hotel”. One thing that really pulled me in while watching it was the soundtrack. As it is set in the early 2000s, we have a soundtrack that perfectly balances the hits of that time, like The Killers, Coldplay and Gorillaz, but we also have classics from previous decades. It's simply amazing how a TV series can insert you in a timeline through the soundtrack. The art direction is also really well done, managing to replicate the particular things about that time perfectly. There's a really good use of CGI in a very specific aspect in the miniseries, which fans of the book will immediately recognize, but no spoilers here.)



Resumindo, “Looking for Alaska” é uma minissérie imperdível. É um retrato bem dirigido, escrito e atuado sobre amadurecimento, que faz ótimo uso de 8 horas para desenvolver uma adaptação fiel ao livro que o inspirou, enquanto também expande o universo da obra original. O desempenho do elenco é simplesmente espetacular, e a trilha sonora é uma representação perfeita da época em que a minissérie é ambientada. Altamente recomendo para os fãs do livro e do John Green!

Nota: 10 de 10!

Então, é isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Looking for Alaska” is a miniseries you can't miss. It's a well-directed, written and performed portrait on growing up, which makes good use of 8 hours to develop a faithful adaptation to the book that inspired it, while also expanding on the original novel's universe. The performances by the cast are simply spectacular, and the soundtrack is a perfect representation of the time where the miniseries is set. Highly recommend it to fans of the book and fans of John Green!

I give it a 10 out of 10!

So, that's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)



domingo, 6 de outubro de 2019

"Coringa": um filme frio e sombrio, assim como os dias de hoje (Bilíngue)


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E aí, galerinha de cinéfilos! Estou de volta, finalmente, para falar de um dos filmes mais comentados do ano até agora. Impulsionado por uma performance inesquecível de seu protagonista, esse filme nos convida a entrar na realidade perturbada, fria e sombria de um dos vilões mais icônicos de todos os tempos. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Coringa”. Vamos lá!
(What's up, film buffs! I'm back, at last, to talk about one of the year's most discussed films. Propelled by an unforgettable performance by its protagonist, this movie invites us into the disturbing, cold, dark reality of one of the most iconic villains of all time. So, without further ado, let's talk about “Joker”. Let's go!)


Desconectado de qualquer material fonte direto, o filme é ambientado em 1981, e segue Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), um homem desprezado e mal-compreendido pela sociedade que vê sua saúde mental se despedaçar, devido às reviravoltas que sua vida dá.
(Disconnected from any kind of direct source material, the film is set in 1981, and follows Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), a man who is despised and misunderstood by society. Due to the twists and turns that his life provides to him, he sees his mental health fall apart, piece by piece.)


Ok, vamos começar com duas coisas. Primeiro, esse é um filme para um público-alvo bem restrito. É um filme pesado, com uma carga psicológica imensa, e possui uma violência bem mais realista, se comparado ao que estamos acostumados. Digo isso porque irão ter pessoas que não vão entender a mensagem que o filme deseja passar, em especial as crianças, que, de uma maneira ou outra, poderão ter acesso a esse filme, por causa de sua classificação indicativa. Não é novidade dizer que “Coringa” definitivamente não é para crianças, pela carga pesada que ele carrega, e pela mensagem que ele quer passar, algo que elas são muito jovens ainda pra entender. Segundo, esse é um filme único em uma longa lista de adaptações de quadrinhos. É um filme quase que original, porque ele não usa nenhuma trama em específico como influência, apenas os nomes de certos personagens da DC. Ele tem muita relevância, porque ele traz como temas a saúde mental, uma discussão que é muito presente hoje em dia, e a diferença entre classes, que recentemente, foi trabalhada no vencedor da Palma de Ouro “Parasita”, de Bong Joon-Ho. E é um filme diferente, porque ele não segue a fórmula que os filmes da Marvel, e subsequentemente, da DC estabeleceram no gênero de “super-heróis”. Com isso dito, vamos ao roteiro. O Todd Phillips e o Scott Silver fazem um trabalho primoroso aqui de nos apresentar à realidade do nosso protagonista. Já de cara na primeira cena, dá pra ver a mudança no tom, se comparado à Gotham City do Universo Estendido da DC. Em vez de se inspirarem nos quadrinhos do personagem, os roteiristas fizeram a escolha certa de buscar inspiração no cinema Hollywoodiano da década de 1970, em especial os filmes urbanos de Martin Scorsese, mais especificamente “Taxi Driver” e “O Rei da Comédia”, ambos estrelando Robert DeNiro, que também está presente em “Coringa”. Somos apresentados à uma cidade suja, imperfeita, enfrentando uma greve de lixo interminável. Essa é uma Gotham City a qual nenhum de nós gostaria de morar. E vemos essa Gotham City pelos olhos de Arthur, nosso protagonista. O filme todo é visto pelo ponto de vista dele, e essa é uma visão que vem perturbando muita gente. Mesmo com todos os atos imperdoáveis que Arthur comete durante o filme, o espectador possui empatia por ele, justamente pelo fato do roteiro nos dar todas as motivações para apoiar tudo o que ele faz. Eu não chamaria o Coringa de “herói” desse filme. Ele é uma mistura deturpada de Travis Bickle, o protagonista de Taxi Driver, e Rupert Pupkin, o protagonista de O Rei da Comédia, com um pouquinho de Charlie Chaplin por cima. Tudo o que acontece durante o filme é consequência da alienação e da ignorância da sociedade perante a saúde mental do Arthur, e os únicos que realmente sabem pelo que ele está passando somos nós, os espectadores. E isso é algo bem raro entre os “filmes de super-herói” que temos por aí. O passo do filme é perfeito, não há do que reclamar aqui. E o final será algo que será discutido e teorizado por muitas pessoas até o diretor ter uma posição oficial a respeito. E isso é tudo que eu irei falar sobre o roteiro.
(Ok, let's start with two things. One, this is a movie for a restricted audience. It's a dark, heavy, disturbing movie, with a huge psychological baggage, and very realistic violence, a lot more violent, actually, if compared to what we're used to. I'm saying this because there will be people who will not understand the message it is trying to convey, especially children, who, in one way or another, can get access to this movie, due to its rating. It's not a new thing to say that “Joker” is definitely not for kids, because of the themes it carries, and because of the message it is trying to convey, something kids are too young to fully understand. Two, this is a unique movie in a long list of comic book adaptations. It's an almost original plot, as it doesn't search for influence in any direct source material for its screenplay, reducing itself to only using the names of some DC characters. It is extremely relevant, as it deals with important themes, such as mental health, a discussion which is really present in today's reality, and the difference between classes, which was dealt with, recently, in the Palme d'Or winner “Parasite”, directed by Bong Joon-Ho. And it is a different movie, as its plot doesn't follow the formulas that Marvel and, consequently, DC movies have established over the years in the “superhero” genre. With that out of the way, let's talk about the script. Todd Phillips and Scott Silver do a marvelous job here in presenting the reality of our main character to us. On the very first scene, we can notice the difference in tone, if compared to the DCEU's Gotham City. Instead of searching for inspiration on comic books, the screenwriters made the right choice, diving into '70s Hollywood for influences and references, especially with Martin Scorsese's urban films, more specifically “Taxi Driver” and “The King Of Comedy”, both starring Robert DeNiro, who is also in “Joker”. We are introduced to a dirty, imperfect city who is facing a neverending garbage strike. This is a Gotham City we would not like to live in. And we see this Gotham City through the eyes of Arthur, our protagonist. The whole movie stands under his own point of view, a vision which has been upsetting some people. Even with all the unforgivable acts that Arthur does throughout the film, the viewer can't help but feel empathy for him, mainly because the script gives us all the motivations to support everything he does. I wouldn't call the Joker the “hero” of this film. He's a twisted mix of Taxi Driver's Travis Bickle and The King of Comedy's Rupert Pupkin, with a little bit of Charlie Chaplin sprinkled on top. Everything that happens in the film is a consequence of society's alienation and ignorance towards Arthur's mental health, and we, the viewers, are the only ones that actually know what he's going through. And that is something really rare in “superhero movies” these days. The pacing is perfect, nothing to complain about here. And the ending is something that will be discussed and theorized about until the director gives an official statement about it. And that's all I'm gonna say about the script.)


É certo dizer que, assim como o filme, o Coringa de Joaquin Phoenix é algo único na linhagem de adaptações do personagem. Sendo um dos únicos Coringas “em construção” do cinema, o filme não se preocupa em fazer algo que poderá influenciar uma comparação à versões anteriores do vilão. E se não fosse pela atuação e dedicação do Joaquin Phoenix no papel do personagem, o filme definitivamente não teria o mesmo impacto. A fisicalidade que ele alcançou para interpretar o Coringa é algo impressionante, bem parecido com a transformação inacreditável de Christian Bale em “O Operário”. Mas Phoenix vai além do aspecto físico do personagem e entrega um protagonista melancólico, desprezado, depressivo, e completamente insano. Ele trabalha muito bem os trejeitos do personagem, sendo basicamente um Charlie Chaplin às avessas. Se ele não ganhar o Oscar de Melhor Ator, aí sim não há mesmo justiça no mundo. Como o filme gira em torno do Coringa, o restante do elenco colabora para o desenvolvimento magnífico do personagem, em especial Robert DeNiro, que interpreta o ídolo de Arthur; Zazie Beetz, que interpreta a vizinha do protagonista; e Frances Conroy, que interpreta a mãe, com quem ele tem uma relação muito próxima.
(It's right to say that, just like the movie, Joaquin Phoenix's Joker is something unique in the lineage of the character's adaptations. As one of the only Jokers who are “in construction” in the movies, the film does not worry in doing something that may spark a comparison to previous versions of the villain. And if it wasn't for Joaquin Phoenix's performance and dedication to the character, the movie certainly would not have the same impact. The physicality he reached to portray the character is something impressive, really similar to Christian Bale's unbelievable transformation in “The Machinist”. But Phoenix goes beyond the physical aspects of the character and delivers a melancholic, despised, depressed, and completely insane protagonist. He works the character's manias really well, being, basically, an upside-down Charlie Chaplin. If he doesn't win the Oscar for Best Actor next year, there really is no justice in the world. As the movie spins around the Joker, the rest of the cast collaborates to the magnificent development of the character, especially Robert DeNiro, who plays Arthur's idol; Zazie Beetz, who plays his neighbor; and Frances Conroy, who plays his mother, with whom he has a really close relationship.)


O retrato da realidade em “Coringa” é algo único no cinema de quadrinhos, e os aspectos técnicos refletem isso. A direção de arte faz um ótimo trabalho em recriar Gotham na década de 1980. Pelas cores e pelas cenas filmadas nas ruas, parece até que o filme foi filmado naquela época. O trabalho de fotografia também é algo muito bom. A câmera sabe onde concentrar, onde desviar, onde cortar e onde prolongar. A montagem é bem eficiente, a trilha sonora é um complemento enervante para a psicologia do personagem. O figurino é maravilhoso, porque consegue resgatar aquela imagem clássica que temos do Coringa, mas ele dá uma mudança aqui e outra lá, para entregar um visual único e diferenciado para o vilão. A maquiagem foi muito bem feita, fugindo do tom animalesco e primitivo da maquiagem do Heath Ledger e do tom cartunesco da maquiagem do Jack Nicholson. É algo bem desenhado, bem original, e surpreendentemente similar ao visual de John Wayne Gacy, um serial killer estadunidense que se vestia de palhaço para atrair suas vítimas, o que dá um diferencial mais realista e até aterrorizante ao personagem.
(The portrait of reality in “Joker” is something unique in comic book cinema, and the technical aspects reflect that. The art direction does a great job in recreating Gotham in the 1980s. Because of the colors and the scenes filmed in the streets, it really looks like it was filmed back then. The cinematography is really good. The camera knows where to focus on, where to back off, where to cut, and where to extend. The editing is really efficient, the score is an unnerving complement to the character's psychology. The costume design is amazing, because it manages to bring back that classic Joker look, but also they give it some twists, in order to deliver a unique and different look for the villain. The make-up was really well done, escaping both the animalistic, primitive tone of Heath Ledger's make-up, and the cartoony tone of Jack Nicholson's make-up. It's something well designed, very original, and surprisingly similar to the look of John Wayne Gacy, an American serial killer who dressed up as a clown to lure his victims, which gives a more realistic and terrifying differential to the character.)



Resumindo, “Coringa” é uma tremenda obra-prima. É um filme frio, sombrio, relevante e necessário nos dias de hoje. Impulsionado por uma performance inesquecível de Joaquin Phoenix, o filme nos dá, ao mesmo tempo, uma história de origem mais realista para o vilão e uma mensagem importante, que pode não ser compreendida por todos. E caso eu não tenha deixado claro pelos elogios, também é o melhor filme do ano até agora.

Nota: 10 de 10!

Então, é isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Joker” is one hell of a masterpiece. It's a cold, dark, relevant, and necessary film, for today's reality. Propelled by an unforgettable performance by Joaquin Phoenix, the film gives us two things at the same time: a more realistic origin story for the villain, and an important message, which may not be understood by all of its viewers. And just in case I didn't make myself clear through all the compliments, it's also the best film of the year so far.

I give it a 10 out of 10!

So, that's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)