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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre o lançamento mais recente nos cinemas e no catálogo do Disney+ (por um preço adicional). Mesmo sofrendo com várias limitações que impedem a proposta de alcançar seu verdadeiro potencial, o filme em questão compensa suas falhas narrativas com um trabalho técnico irretocável, duas performances maravilhosas de suas protagonistas e uma trilha sonora que combina perfeitamente com a ambientação da obra. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Cruella”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about one of the most recent releases on theaters and on the Disney+ catalog (for an additional fee). Even though it suffers from multiple limitations that prevent its proposal from reaching its true potential, the film I'm about to review makes up for its narrative flaws with a showstopping technical prowess, two wonderful performances from its lead actresses and a killer soundtrack that perfectly fits the film's setting. So, without further ado, let's talk about “Cruella”. Let's go!)
Londres, anos 1970. Ambientado no auge da revolução punk rock, o filme acompanha Estella (Emma Stone), uma órfã aspirante a estilista que vive com dois ladrões de rua, depois de perder sua mãe em um acidente trágico. Após descobrir que uma baronesa (Emma Thompson) está em posse de um colar da sua falecida mãe, Estella assume a persona de Cruella de Vil, disposta a tirar toda a atenção da baronesa, com o objetivo de recuperar o que é seu.
(London, the 1970s. Set during the peak of the punk rock revolution, the film follows Estella (Emma Stone), an orphan and an aspiring fashion designer who lives with two pickpockets, after losing her mother in a tragic accident. After finding out that a baroness (Emma Thompson) is in possession of a necklace from her late mother, Estella takes on the persona of Cruella de Vil, willing to steal all the attention from the baroness, with the objective of retrieving what's hers.)
Para falar a verdade, eu não tinha nenhum antecedente para justificar minhas expectativas para assistir “Cruella”. Não lembro de ter visto “101 Dálmatas” (animação ou live-action) na minha infância, e também nunca vi “O Diabo Veste Prada”, que foi uma clara inspiração por trás da trama central do filme em questão. Todas as minhas expectativas estavam fundamentadas no material promocional divulgado pela Disney, que prometia um filme bem ousado, fora daquela caixinha que incluía outros remakes de animações clássicas do estúdio, como “Malévola”, “A Bela e a Fera” e “Mogli: O Menino Lobo”. Adicionando ao “instinto assassino” que os trailers prometiam, havia outro fator forte que poderia colaborar para algo mais adulto na direção do Craig Gillespie, responsável por filmes ousados e originais como “A Garota Ideal” e “Eu, Tonya”. Ciente deste conhecimento, e atraído pela vibe inegável da revolução do punk rock e glam rock em Londres, estava com expectativas consideravelmente altas ao assistir o filme ontem com meus pais. Minhas expectativas foram atendidas? Não completamente, mas felizmente, há mais o que elogiar do que criticar. O roteiro de “Cruella” foi escrito por Dana Fox, experiente em filmes direcionados ao público feminino, o que poderia dar um toque empoderador à trama; e Tony McNamara, responsável pelo roteiro original do hilário “A Favorita”, dirigido por Yorgos Lanthimos. Uma das melhores coisas que a dupla de roteiristas consegue fazer é criar personagens que atraem o espectador à história a partir de seus primeiros momentos em tela. O filme começa com um prólogo abordando a infância da personagem-título, e juntando com a narração em voice-over da Emma Stone, os primeiros 5 minutos de “Cruella” me lembraram muito da sequência inicial de “Aves de Rapina”, onde a Arlequina quebrava a quarta parede, explicando sua história para o público, desde seu nascimento até o ponto onde a trama central se encontrava. Fox e McNamara conseguem fazer o espectador criar simpatia com a Cruella desde o prólogo, através de momentos que nos fazem sentir pena dela, ou até por meios cômicos. É bem difícil um roteirista conseguir fazer o espectador criar simpatia com alguém que tem o mal embutido em seu DNA, e nesse aspecto, o roteiro me lembrou bastante do trabalho de Todd Phillips e Scott Silver no polêmico “Coringa”. Nesta obra, nós sentimos um equilíbrio de simpatia e justiça pelo personagem-título, por causa de tudo que ele sofre ao longo da trama; e choque, pelos atos grotescos e desumanos que ele comete em tela. Isso não funciona de forma tão eficiente aqui, mas falaremos disso mais tarde. Outro ponto positivo sobre o roteiro é a ambientação. Tendo o estilo como um dos pontos centrais do enredo, Fox e McNamara acertaram em cheio ao ambientar “Cruella” durante o auge do movimento punk rock e glam rock em Londres. Conhecido pelo caráter espalhafatoso dos figurinos, o que era revolucionário para a época, o movimento caiu como uma luva na caracterização da protagonista como uma aspirante a estilista. Uma das melhores coisas sobre o filme, em geral, é a dinâmica explosiva entre a protagonista e a personagem da Emma Thompson, que bebe muito da fonte estabelecida por “O Diabo Veste Prada”. As duas têm personalidades praticamente opostas: enquanto Estella é aberta, amigável e grata; a baronesa é fria, sarcástica e narcisista, e a dupla de roteiristas faz um trabalho maravilhoso de ir mudando a personalidade da personagem-título gradualmente, a partir de suas interações com a personagem de Thompson. Isso faz com que a “transformação” da protagonista em Cruella seja bastante crível, no ponto de vista do espectador. Se estes pontos positivos tivessem sido levados ao seu potencial máximo, com o diretor Craig Gillespie tendo completa liberdade criativa, “Cruella” poderia ter sido um divisor de águas no cânone dos remakes live-action da Disney. Mas como a Disney é, bem...a Disney, todo esse potencial foi drasticamente suavizado e até “cartunizado” para encaixar o filme na fórmula de sucesso do estúdio. Como um estudo de personagem de uma vilã, “Cruella” deu a impressão de parecer replicar a estrutura narrativa de “Coringa”, mencionada anteriormente, no material promocional. Mas há dois aspectos aqui que impedem o filme de ser uma versão feminina do elogiado longa de 2019: 1) ao invés de fazer a protagonista adotar seu visual icônico gradualmente ao longo da trama, os roteiristas fazem a escolha bizarra de fazer com que ela já o tenha desde a infância, o que acaba tirando o caráter empoderador que a personagem poderia ter tido ao assumir sua persona vilanesca no clímax do filme; 2) não há praticamente nada chocante aqui que nos faça sentir desgosto pela transformação de Estella em uma vilã, colaborando para que ela seja mais uma anti-heroína do que propriamente uma antagonista em construção. Outra coisa que poderia ter sido melhorada no resultado final diz respeito à ambientação. Os movimentos punk rock e glam rock ocorridos em Londres eram majoritariamente adultos, compostos de crenças ideológicas, gêneros musicais e visuais andróginos que fugiam do senso comum e do que era estabelecido como norma na época, e o roteiro de “Cruella” falhou em abraçar por completo a vibe revolucionária do movimento. E por último, temos a inconsistência do tom como uma das principais falhas narrativas de Fox e McNamara. Há certos momentos onde se percebe que a trama está caminhando por uma trilha mais sombria, e está funcionando para o espectador. Mas aí, pelo fato de ser da Disney, os roteiristas tomam uma rota alternativa que transforma algo potencialmente inovador em algo clichê, infantil e previsível. Basicamente, o roteiro de “Cruella” é cheio de ideias promissoras que acabam não sendo levadas ao seu potencial máximo, o que resulta em um filme repleto de promessas não cumpridas.
(To tell the truth, I didn't have any previous watches in order to justify my expectations to watch “Cruella”. I don't remember watching “101 Dalmatians” (either animated or live-action) in my childhood, and I also haven't watched “The Devil Wears Prada”, which was a clear inspiration for the central plot of the film reviewed in this text. All of my expectations were cemented in the promotional material released by Disney, which promised a really bold film, as if it was out of the same box that included previous live-action remakes of the studio's animated films, such as “Maleficent”, “Beauty and the Beast” and “The Jungle Book”. Adding up to the “killer factor” the trailers promised, there was another strong factor that could lead to a more mature story in Craig Gillespie's direction, who previously helmed daring, original films such as “Lars and the Real Girl” and “I, Tonya”. Aware of that knowledge, and attracted by its undeniable punk-glam rock revolution vibe in London, I had considerably high expectations when watching the film yesterday with my parents. Were my expectations met? Not completely, but fortunately, there's more to compliment than to criticize. The screenplay for “Cruella” was written by Dana Fox, who's written several films aimed at a female audience, which could add an empowering touch to the plot; and Tony McNamara, who wrote the hilarious original screenplay for “The Favourite”, directed by Yorgos Lanthimos. One of the best things that both writers manage to do is creating characters who attract the viewer's attention to the story from their first moments onscreen. The film starts off with a prologue exploring the title character's childhood, and adding in the voice-over narration by Emma Stone, the first 5 minutes of “Cruella” reminded me a lot of the opening sequence for “Birds of Prey”, where Harley Quinn broke the fourth wall, explaining her backstory to the audience, from her birth to the point where the main plot took place. Fox and McNamara manage to make the viewer create sympathy for Cruella from the prologue, through moments that make us feel sorry for her, or even through comical moments. It's quite hard for a screenwriter to manage to make the viewer create sympathy with someone that has evil embedded in their DNA, and in that aspect, the screenplay reminded me a lot of Todd Phillips and Scott Silver's work in the controversial “Joker”. In that film, we feel a balanced mix of sympathy and justice towards the title character, because of everything he goes through throughout the plot; and shock, because of all the grotesque and inhuman actions he makes onscreen. This doesn't work as efficiently here, but we'll discuss that later on. Another positive point about the screenplay is the setting. Having style as one of the story's main plot points, Fox and McNamara knocked it out of the park by setting “Cruella” during the peak of the punk-glam rock movement in London. Known by the flamboyant character of its costumes, which was revolutionary for that time, the movement fit like a glove in the main character's characterization as an aspiring fashion designer. One of the best things about the film, in general, is the explosive dynamics between the main character and Emma Thompson's character, which is heavily based on the one established in “The Devil Wears Prada”. The two of them have practically opposite personalities: while Estella is open, friendly and grateful; the baroness is cold, sarcastic and narcissist, and the writers do a wonderful job in gradually changing the title character's personality, from her interactions with Thompson's character. This makes the main character's “transformation” into Cruella seem very believable, from the viewer's point of view. If these positive points had been led towards their full potential, with director Craig Gillespie having total creative freedom over the project, “Cruella” could've been a turning point in Disney's canon of live-action remakes. But as Disney is, well... Disney, all that potential was drastically softened and even “cartoonized” in order to fit the film into the studio's successful formula. As a character study of a villain, “Cruella” gave the impression of replicating the narrative structure of “Joker”, previously mentioned, in its promotional material. But there are two aspects here that prevent the film from being a female-led twist on the acclaimed 2019 movie: 1) instead of making the main character adopt her iconic look in a gradual way throughout the plot, the screenwriters make the bizarre choice of making her own it since her childhood, which ends up taking away the empowering character that she could've had by assuming her villanous persona in the film's climax; 2) there's practically nothing shocking here that makes us feel some sort of aversion towards Estella's transformation into a villain, collaborating for her to be more of an antihero than a proper potential antagonist. Another thing that could've been improved on in the final result concerns the setting. The punk rock and glam rock movements in London were, in its majority, very adult and mature, being composed by ideological beliefs, musical genres and androgynous looks that escaped the common sense and what was established as a rule back then, and the screenplay for “Cruella” failed to fully embrace the movement's revolutionary vibe. And, finally, we have the tone's inconsistency as one of the main narrative flaws of Fox and McNamara's work here. There are certain moments when you notice that the plot is heading towards somewhere unexpected and dark, and it's working for the viewer. But then, because it is a Disney film, the screenwriters take an alternative route that transforms something potentially innovative into something clichéd, childish and predictable. Basically, the screenplay for “Cruella” is filled with promising ideas which don't end up reaching their full potential, resulting in a film full of unfulfilled promises.)
Felizmente, o elenco compensa pela grande maioria dos erros cometidos na parte narrativa. Começando com a personagem-título, interpretada de forma magistral pela Emma Stone. Como disse antes, não lembro de ter visto a versão live-action dos anos 1990 para comparar a versão de Stone com a performance memorável de Glenn Close como a antagonista de “101 Dálmatas”. Mas posso dizer que Stone consegue replicar o caráter marcante da presença de Close em sua performance aqui, resultando no seu melhor trabalho desde sua vitória no Oscar com “La La Land”. É muito interessante ver a atriz transitando entre as duas personas da protagonista: como Estella, ela é aberta a sugestões e meio tímida; já como Cruella, ela demonstra uma ferocidade implacável, tão impressionante que chega até a dar medo. É um dos melhores trabalhos de atuação que eu já vi em um remake live-action da Disney, se não for o melhor. Mas não falo que o show é só dela por uma razão, que tem o nome de Emma Thompson. Não tem como, em qualquer filme que essa mulher estiver, pode ser um roteiro horrível, que ela acaba arrumando um jeito de transformar o seu papel em uma verdadeira obra-prima. Ela consegue replicar de forma perfeita aqui o caráter arrogante, frio, sarcástico e honestamente rude da personagem da Meryl Streep em “O Diabo Veste Prada”. É simplesmente um deleite ver ela completamente destruindo a autoestima de uma pessoa, do quão convincente que a atuação dela é. Novamente reforço a eficácia da química contrastante entre as personalidades das personagens de Stone e Thompson, de modo que as melhores cenas do filme são aquelas em que elas estão juntas em tela. Como personagens mais coadjuvantes, temos a dupla composta por Paul Walter Hauser e Joel Fry, que servem como as âncoras emocionais da protagonista e como os principais alívios cômicos do filme, e Mark Strong, que tem um material bastante reduzido, mas é responsável por grande parte da exposição de elementos cruciais para o desenvolvimento da trama. Há algo bem interessante no elenco, onde temos duas performances que são opostos extremos na representação de personagens homossexuais em filmes da Disney: de um lado, temos o John McCrea, que, devido à sua experiência no teatro, faz um ótimo trabalho aqui, realmente adicionando algo ao enredo, fazendo os espectadores quererem ver mais de seu personagem; de outro lado, temos o Andrew Leung, que segue exatamente todo estereótipo possível de personagens homossexuais, fazendo um escândalo em literalmente toda cena em que ele aparece, nos fazendo pensar se o filme seria diferente se o personagem não estivesse no resultado final. E, como bônus, temos a Kirby Howell-Batiste e o Kayvan Novak, que não têm muito o que fazer aqui, mas guardam algumas surpresas que podem ser aproveitadas em uma possível sequência. Fiquem ligados na cena pós-créditos!
(Fortunately, the cast makes up for the great majority of mistakes made in the narrative department. Starting off with the title character, masterfully played by Emma Stone. As I said before, I don't recall watching the 1990s live-action version in order to compare Stone's version with Glenn Close's memorable performance as the antagonist of “101 Dalmatians”. But I can say that Stone manages to replicate the remarkable character of Close's presence in her performance here, resulting in her best work since her Oscar-winning turn in “La La Land”. It's very interesting to see the actress transitioning between her character's two personas: as Estella, she is open to suggestions and kind of shy; as Cruella, she displays a relentless ferocity, which is so impressive, it ends up intimidating you. It's one of the best performances I've ever seen in a Disney live-action remake, if not the best. But I won't say this show belongs only to her for one reason, with the name of Emma Thompson. There's no way, in every film this woman is in, it could have a terrible script, and she would still find a way to transform her role into a true masterpiece. She manages to perfectly replicate here the arrogant, cold, sarcastic and honestly rude character of Meryl Streep's role in “The Devil Wears Prada”. It's simply delightful to see her completely destroying someone's self-esteem, due to how convincing her performance is. I'd like to, once again, reinforce the efficiency of the contrasting chemistry between Stone and Thompson's characters, in a way that the film's best scenes are the ones where they are together onscreen. As more supporting characters, we have the duo composed by Paul Walter Hauser and Joel Fry, who serve as the main character's emotional anchors and the film's main source of comic relief, and Mark Strong, who has a pretty reduced role, but is mainly responsible for the exposition of crucial elements for the story's development. There's something quite interesting in the cast, where we have two performances that are extreme opposites of the representation of homosexual characters in Disney films: on one hand, we have John McCrea, who due to his experience in the stage, does a wonderful job here, actually adding something to the plot, making viewers want to see more of his character; on the other hand, we have Andrew Leung, who follows exactly every possible stereotype there can be on homosexual characters, making a huge scandal in every scene he's in, making us wonder if the film would be any different if his character stayed out of the final result. And, as a bonus, we have Kirby Howell-Batiste and Kayvan Novak, who don't have much to do here, but they keep some surprises that can be developed in a potential sequel. Stay tuned for the post-credit scene!)
Quando se fala de aspectos técnicos, “Cruella” é praticamente irretocável, salvo algumas exceções. O primeiro destaque vai para a direção de fotografia do Nicolas Karakatsanis, que é essencialmente dinâmica. Como um filme envolto na estética do punk rock, a câmera está em movimento em 95% das cenas, mantendo um passo bem uniforme e acelerado para combinar com a vibe da ambientação. Há várias tomadas contínuas que viajam pelos ambientes em que os personagens se encontram, o que é bem legal. O trabalho de Karakatsanis funciona em conjunto com a montagem da Tatiana S. Riegel, que é cirúrgica, mantendo o passo estabelecido pela direção de fotografia. Os dois trabalhos transformam “Cruella” em um filme bem animado, fazendo a duração de 2 horas e 15 minutos passar de uma forma bem rápida. Se tem uma coisa que é absolutamente irretocável no filme, é o design de figurinos. Desenhados pela figurinista vencedora do Oscar por “Mad Max: Estrada da Fúria”, Jenny Beavan, cada vestido e figurino usado pela protagonista e pela personagem da Emma Thompson é de tirar o fôlego, misturando o teor estiloso de eventos de gala com o caráter progressivo e revolucionário dos movimentos de punk rock e glam rock. Academia, já pode dar o Oscar de Melhor Design de Figurino pra Jenny Beavan, por favor, obrigado. A trilha sonora original do Nicholas Britell combina perfeitamente com a vibe animada e acelerada estabelecida pelo trabalho conjunto entre direção de fotografia e montagem. Mas o verdadeiro presente fica com a trilha sonora compilada, composta de vários sucessos da época: Bee Gees, Blondie, The Doors, Supertramp, Nina Simone, Tina Turner, Electric Light Orchestra, Queen, The Clash. Só faltou uma ou duas músicas do David Bowie pra ficar perfeita. A única falha técnica, no meu ponto de vista, fica com os efeitos visuais. Como a história de Cruella de Vil tem os cachorros embutidos em seu DNA, há cachorros (sim, alguns deles são dálmatas) em várias das cenas do filme. O problema é que, nas cenas de ação e movimentos mais elaborados que envolvem os cachorros, dá pra ver claramente que são feitos de CGI. Me pergunto qual foi a dificuldade de usar cachorros reais nessas cenas, o que iria tornar tudo um pouco mais realista. Mas tirando esse pequeno erro, que não estraga o filme de maneira alguma, “Cruella” é provavelmente o remake live-action da Disney mais tecnicamente impecável até o momento.
(When we're talking about technical aspects, “Cruella” is practically flawless, save for a few exceptions. The first highlight goes to Nicolas Karakatsanis's cinematography, which is essentially dynamic. As a film wrapped into the punk rock aesthetics, the camera is moving in 95% of the scenes, mantaining a very uniform, fast pace to match the vibe of the setting. There are several continuous shots that travel through the environments in which the characters find themselves, which is really cool. Karakatsanis's camera manages to work along with Tatiana S. Riegel's editing, which is surgical, mantaining the pace established by the cinematography. The two positions transform “Cruella” in a very upbeat film, making its running time of 2 hours and 15 minutes pass by in a very quick manner. If there's one thing that's absolutely flawless in the film, it's the costume design. Designed by the Oscar-winning costume designer of “Mad Max: Fury Road”, Jenny Beavan, every dress and costume worn by the protagonist and Emma Thompson's character is absolutely breathtaking, mixing the stylish flair of gala events with the progressive, revolutionary character of the punk rock and glam rock movements. Academy, go on and already give the Oscar for Best Costume Design to Jenny Beavan, please, thank you very much. Nicholas Britell's original score perfectly matches the upbeat, accelerated vibe established by the cinematography and editing. But the real gift stays with the soundtrack, which is composed by hits from the time in which the film is set: Bee Gees, Blondie, The Doors, Supertramp, Nina Simone, Tina Turner, Electric Light Orchestra, Queen, The Clash. They only needed one or two David Bowie songs to make it perfect. The only technical flaw, in my point of view, stays with the visual effects. As Cruella de Vil's story has dogs embedded in its DNA, there are dogs (yes, some of them are dalmatians) in several of the film's scenes. The trouble is that, during the action scenes with more elaborate movements by the dogs, you can clearly see they're made of CGI. I wonder what was the difficulty of using real dogs for these scenes, which would've made the whole thing a bit more realistic. But apart from that tiny mistake, which doesn't tarnish the film at all, “Cruella” is probably the most technically flawless Disney live-action remake to date.)
Resumindo, “Cruella” é tecnicamente impecável, tem ideias promissoras que inovam na fórmula de sucesso da Disney e possui um elenco muito talentoso, contendo duas das melhores performances de suas atrizes principais. Mas limitações narrativas e um uso mal calculado de efeitos visuais impedem o remake de alcançar seu potencial máximo e ser um verdadeiro divisor de águas no cânone da Disney.
Nota: 8,5 de 10!!
É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, “Cruella” is technically flawless, has promising ideas that bring something new to Disney's successful formula and has an enormously talented cast, containing two of the best performances by its main actresses. But narrative limitations and a badly-calculated use of visual effects prevent the remake from reaching its true potential and being a real turning point for Disney's canon.
I give it an 8,5 out of 10!!
That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)