E não se esqueçam de curtir e seguir o blog nas redes sociais:
(And don't forget to like and follow the blog in social medias:)
Facebook: https://www.facebook.com/NoCinemaComJoaoPedroBlog/
Twitter: @nocinemacomjp2
Instagram: @nocinemacomjpblog
YouTube: https://www.youtube.com/@nocinemacomjp
"Um pastor uma vez me disse: 'Quando as coisas forem muito perigosas para dizer, cante.'" - Austin Butler como Elvis Presley
("A reverend once told me: 'When things are too dangerous to say, sing.'" - Austin Butler as Elvis Presley)
E aí, meus queridos cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre um dos lançamentos mais recentes, já em exibição nos cinemas! Contando com uma direção extremamente autoral, um uso irretocável dos estilosos aspectos técnicos, e performances que já estabelecem padrões estupidamente altos a serem superados na vindoura temporada de premiações, o filme em questão não só se dispõe a contar a emocionante história de seu personagem-título, mas também explora as origens do movimento cultural que o lançou ao estrelato de uma maneira fiel, respeitosa e transformadora. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Elvis”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about one of the most recent film releases, which is already being shown in theaters! Relying on an extremely authoral direction, an impeccable use of its stylish technical aspects, and performances that already set stupidly high standards to be beat in the upcoming award season, the film I'm about to review not only resumes itself in telling its title character's thrilling story, but also explores the origins of the cultural movement that launched him into stardom in a way that's faithful, respectful and transformative. So, without further ado, let's talk about “Elvis”. Let's go!)
O filme conta a história de Elvis Aaron Presley (Austin Butler) através das décadas, em especial aprofundando em seu relacionamento conturbado com seu empresário controlador, Coronel Tom Parker (Tom Hanks). A história mergulha na dinâmica entre o cantor e o empresário por mais de 20 anos de parceria, usando a paisagem dos EUA em constante mudança e a perda da inocência de Elvis ao longo dos anos como cantor, e enfim, explorando a ascensão de Presley de um motorista de caminhão a um dos maiores artistas musicais de todos os tempos.
(The film tells the story of Elvis Aaron Presley (Austin Butler) throughout the decades, particularly focusing in his troubled relationship with his controlling manager, Colonel Tom Parker (Tom Hanks). The story dives into the dynamic between the singer and the manager for over 20 years in their partnership, using the landscape of an America that's constantly changing and Elvis's loss of innocence over the years as a singer, and, at last, exploring Presley's ascension from a truck driver to one of the greatest musical artists of all time.)
Eu estava bastante animado para ver “Elvis”. Na época de anúncio, uma das razões que mais atiçavam minha curiosidade para ver o filme foi o envolvimento de Tom Hanks, meu ator favorito, em um dos papéis principais. Outra razão que aumentou minhas expectativas foi a escalação do relativamente novato Austin Butler, que roubou a cena como um dos membros da Família Manson em “Era uma Vez em Hollywood”, no papel do Rei do Rock. Mas o que realmente me convenceu a ver o filme era a promessa de uma perspectiva diferente na história de Elvis Presley. Ao invés de assistirmos a trama pelos olhos do próprio personagem-título, como ocorreu em filmes como “Bohemian Rhapsody” e “Rocketman”, o roteiro de “Elvis” é inteiramente narrado pelo ponto de vista do “vilão”, o empresário de Presley, Coronel Tom Parker, interpretado por Hanks.
Mas devo admitir que tinha minhas ressalvas, e elas eram baseadas inteiramente na direção do Baz Luhrmann. O único filme que havia assistido do diretor antes de ver a obra em questão era o “espetacular espetacular” “Moulin Rouge!: Amor em Vermelho”, considerado um dos 100 melhores filmes do século XXI, de acordo com a BBC. Mas aí eu tentei assistir a adaptação de Luhrmann do clássico “O Grande Gatsby”, com Tobey Maguire e Leonardo DiCaprio, e acho que não consegui chegar à marca dos 30 minutos. Não sei se foi por causa da tentativa do diretor de juntar uma estética vintage com uma vibe mais contemporânea, ou pelo estilo visual demasiadamente espalhafatoso, ou por essas duas razões combinadas, que curiosamente caíram como uma luva em “Moulin Rouge!”. Só sei que minha experiência com “O Grande Gatsby” me fez considerar a possibilidade de “Elvis” ser um caso de “style over substance”, ou seja, o diretor prioriza o estilo visual do longa em detrimento da história. Ah, como é bom estar completamente enganado em relação à algo!
O novo filme de Baz Luhrmann não só é uma das biografias musicais mais expansivas dos últimos tempos, explorando praticamente toda a carreira de seu objeto de estudo, mas também é uma obra que, acima de tudo, analisa o momento sociopolítico particular em que o mundo se encontrava na ambientação da trama e o lugar do protagonista nesse cenário. Essa escolha criativa faz com que “Elvis” seja uma verdadeira aula de história sobre as origens e principais influências do rock 'n' roll, e principalmente, uma lição moral sobre o papel da música como instrumento de mudança.
Ok, então, vamos falar do roteiro. Escrito por Luhrmann, Sam Bromell, Craig Pearce e Jeremy Doner, o roteiro de “Elvis” faz um uso muito bem calculado de uma fórmula amplamente presente em biografias musicais para atrair um público mais abrangente, que é a fórmula “rags to riches” (“dos trapos às riquezas”, em tradução livre). Ou seja, o filme explora as origens humildes de seu protagonista, sua ascensão ao estrelato, e todos os altos e baixos que vem junto com ela. Isso não só permite que a história seja mais ressoante aos olhos do espectador, mas também o leva a se acomodar antes do estilo característico de Luhrmann dominar a tela e nos surpreender completamente, o que é muito bom.
Outro acerto do roteiro de “Elvis” é justamente a escolha da perspectiva do filme. O nosso guia pela história do Rei do Rock não é o “mocinho”, ou o personagem-título em si; mas sim o “vilão”, o empresário de Presley, um vigarista enganador da mais alta patente. E o que há de mais brilhante nessa escolha é a capacidade do roteiro de fazer com que o espectador completamente entenda os dois lados da moeda: enquanto há cenas que destacam a humildade de Presley em relação à sua família, e em especial, à comunidade negra dos EUA; há algumas sequências que focam na esperteza inigualável de Parker, que permitiu que o cantor alcançasse o patamar em que ele se encontra agora. A dupla perspectiva de “Elvis” faz com que o filme se destaque em meio a outras biografias musicais, pela tarefa quase hercúlea de não se render a um ponto de vista unidimensional, o que é ótimo.
Pode-se dizer que as melhores sequências do filme de Luhrmann não são aquelas referentes ao protagonista em si, mas sim aquelas que focam no cenário sociopolítico dos EUA na época, nas influências do cantor (as quais ele encontra na comunidade negra do Club Handy, em Memphis) e nos bastidores da indústria musical como um todo. A abordagem de temas como racismo e preconceito, a influência da cultura negra na cultura mundial e o controle criativo que as gravadoras e empresários têm em relação à propriedade intelectual de um artista permite que o filme tenha um apelo universal e atemporal, comunicando de forma perfeita com os tempos atuais, já que esses temas perduram até os dias de hoje.
Ou seja, acima de tudo, “Elvis” é mais do que uma biografia musical, é uma verdadeira aula de história que ensina ao espectador as origens do rock 'n' roll e exalta o poder da música como instrumento de mudança. O rock, como movimento, quebrou barreiras e expressou emoções que as pessoas estavam realmente sentindo na época, mas não eram abertamente discutidas. E Presley, com seu requebrado irresistível e estilo musical transgressivo, inspirado na música afro-americana, serviu como uma espécie de veículo para que a voz das comunidades segregadas fosse amplamente divulgada ao público. Há uma cena em particular que retrata perfeitamente esse objetivo, amalgamando toda a rebeldia, transgressão e espírito de mudança presente no rock e resultando em uma sequência de tirar o fôlego, tanto pela proeza técnica exibida, quanto pelo que ela representou para o protagonista.
Porém, é preciso lembrar que “Elvis” é um filme de Baz Luhrmann, tanto para o bem quanto para o mal. O estilo visual injetado no longa-metragem é altamente sensorial, dinâmico e acelerado, fazendo com que a duração robusta de 2 horas e 40 minutos passe voando pelos olhos do espectador. O uso extraordinário da direção de fotografia e da montagem (que serão abordadas mais a fundo posteriormente) evita que o filme perca seu ritmo, o que funciona tanto de forma técnica quanto narrativa, já que a trama começa com Parker em seu leito de morte, um período onde as pessoas alegam que a vida “passa como um flash” pelos olhos do falecido antes de morrer.
Mas, em contrapartida, o passo acelerado infelizmente também faz com que o roteiro trate certos momentos de uma maneira mais superficial, inserindo-os em uma montagem ao invés de esticar um pouco mais a duração e deixar a narrativa respirar um pouco, aprofundando nesses aspectos. Há rumores de que existe uma versão estendida de 4 horas de duração, a qual eu realmente espero que veja a luz do dia em breve, porque eu tenho quase certeza que as ressalvas que tive em relação ao corte de cinema se tornarão vantagens nessa versão.
Resumindo, mesmo que o passo acelerado trate alguns momentos cruciais de maneira superficial, o roteiro de “Elvis” faz uso de uma direção autoral altamente estilosa e fórmulas clássicas do gênero biográfico musical para fazer com que o filme funcione em três vertentes: 1) como uma biografia de seu personagem-título; 2) como uma aula de história sobre as origens e influências do rock 'n' roll; e 3) como um manifesto e lição de moral sobre o papel e o poder da música como um instrumento de mudança.
(I was really excited to watch “Elvis”. By the time it was announced, one of the reasons that made me the most curious to watch the film was the involvement of Tom Hanks, my all-time favorite actor, in one of the main roles. Another reason that enhanced my expectations was the casting of the relatively new actor Austin Butler, who stole the scene as one of the Manson family members in “Once Upon a Time in Hollywood”, in the role of the King of Rock and Roll. But what really convinced me to watch it was the promise of a new perspective in the Elvis Presley story. Instead of watching the plot through the eyes of the title-character himself, as in films like “Bohemian Rhapsody” and “Rocketman”, the screenplay of “Elvis” is entirely narrated from the point of view of the “villain”, Presley's manager, Colonel Tom Parker, portrayed by Hanks.
But I must admit I had reasons to doubt it would be any good, and they were based entirely on Baz Luhrmann's direction. The only film I had watched from him before the work analyzed here was the “spectacular spectacular” “Moulin Rouge!”, which was considered one of the greatest films of the 21st century, according to the BBC. But then I tried to watch Luhrmann's adaptation of the classic “The Great Gatsby”, with Tobey Maguire and Leonardo DiCaprio, and I think I couldn't make it past the 30-minute mark. I don't know if it was the director's attempt to mix a vintage aesthetic with a contemporary vibe, or its way too flashy visual style, or those two reasons combined, which curiously fit like a glove in “Moulin Rouge!”. I just know that my experience with “The Great Gatsby” made me consider the possibility of “Elvis” being an example of style over substance, meaning, the director would focus more on the visual style than the story. Well, turns out I'm glad to be completely wrong, after all!
Baz Luhrmann's new film not only is one of the most expansive musical biopics in recent times, as it practically explores its title-character's entire career, but it is also a film that, above everything, analyzes the particular sociopolitical moment the world finds itself in the plot's setting and the protagonist's place and role in this scenario. That creative choice allows “Elvis” to be a true history lesson on the origins and main influences of rock 'n' roll, and mainly, a moral lesson on the role of music as an instrument of change.
Okay, then, let's talk about the screenplay. Written by Luhrmann, Sam Bromell, Craig Pearce and Jeremy Doner, the script for “Elvis” makes a very well calculated use of a formula that's widely present in musical biopics in order to attract a bigger audience, which is the “rags to riches” formula. Meaning, the film explores its protagonist's humble origins, his rise to stardom, and all the ups and downs that come with it. That not only allows the story to resonate more in the viewer's eyes, but also leads them to settle down before Luhrmann's characteristic style takes over and surprises us completely, which is really good.
Another thing that the screenplay for “Elvis” got right was precisely the film's choice of perspective. Our guide through the story of the King of Rock and Roll isn't the “good guy”, or the title character himself; it's actually the “bad guy”, Presley's manager, a scheming, cheating con man of the highest order. And the most brilliant thing about that choice is the screenplay's capacity of making the viewer fully understand both sides of the coin: while there are scenes that highlight Presley's humbleness towards his family, and especially, towards the American Black community, there are some sequences that focus on Parker's one-of-a-kind cleverness, which allowed the singer to reach the spot where he finds himself in now. The double perspective in “Elvis” makes the film stand out among other musical biopics, for its almost Herculean task of not surrendering to a one-dimensional point of view, which is great.
It can be said that the best sequences in Luhrmann's film aren't those referencing the protagonist himself, but those that focus on the sociopolitical scenario of America at the time, on the singer's influences (which he finds in the Black community of Club Handy, in Memphis) and on the behind-the-scenes secrets of the musical industry as a whole. The approach of themes like racism and prejudice, the influence of Black culture in world culture and the creative control that record companies and managers have over the intellectual property of artists allow the film to have a universal and timeless appeal, perfectly communicating with today's times, as these themes live on to this day.
Meaning, above everything, “Elvis” is more than a musical biopic, it's a true history lesson that teaches the origins and influences of rock 'n' roll to the viewer and praises the power of music as an instrument of change. Rock, as a movement, broke several barriers and expressed many emotions that people were actually feeling at that time, but weren't openly dealt with or discussed. And Presley, with his irresistible groove and transgressive musical style, inspired by African-American music, served as some sort of vehicle for the voices of these segregated communities to be widely broadcast to the public. There's a particular scene that perfectly portrays that objective, putting together all the rebelliousness, transgression and spirit of change in rock and resulting in a breathtaking sequence, both for the technical prowess displayed and for what it represented to the protagonist.
However, it must be taken into consideration that “Elvis” is very much a Baz Luhrmann film, for better and for worse. The visual style that's injected into the story is highly sensorial, dynamic and kinetic, making its robust runtime of 2 hours and 40 minutes practically fly through the viewer's eyes. The extraordinary use of the cinematography and editing (which will be approached on a deeper level afterwards) prevents the film from losing its rhythm, which works both technically and narratively, as the film starts with Parker in his deathbed, a period when people say that life “flashes by” the deceased's eyes before passing away.
But, on the other hand, its lightning-fast pacing unfortunately also makes the screenplay's treatment of certain moments a little too shallow, by putting them into montages instead of stretching out the runtime a little bit more and letting the narrative breathe some air, by deepening onto those aspects. There are rumors that there's a 4-hour-long extended version of this film, and I really hope it sees the light of day soon, because I'm almost sure that the setbacks I found in the theatrical cut will surely turn into advantages in this version.
To sum it up, even though its kinetic pacing treats some rather crucial moments a little too on the surface, the screenplay of “Elvis” makes use of a highly stylish directorial style and classic musical biopic formulas in order to make the film work in three different ways: 1) as a biography of its title character; 2) as a history class on the origins and influences of rock 'n' roll; and 3) as a manifesto and moral lesson on the role and the power of music as an instrument of change.)
Uma das principais fontes de elogios dos críticos em relação ao filme é a performance de Austin Butler como Elvis Presley, e com razão. Posso dizer com toda a tranquilidade do mundo que Butler é o principal candidato ao Oscar 2023 de Melhor Ator, pela tamanha dedicação que o ator teve para o papel. Do sotaque sulista à capacidade vocal e os movimentos do cantor no palco, Butler se entrega de corpo e alma para replicar, aos mínimos detalhes, todos os trejeitos icônicos do Rei do Rock. É incrível ver o ator se soltar nas sequências musicais, vê-lo dançando como se ninguém estivesse olhando, e de uma forma tão natural, mas tão natural, que parece que o espírito de Presley estava possuindo Butler na época das filmagens. É uma performance realmente transformadora, e ouso dizer que é uma das melhores, se não for a melhor atuação em uma biografia musical. O sucesso de “Elvis” certamente colocará o ator sob os holofotes, algo que só irá aumentar com a sua escalação como o vilão da sequência de “Duna”, prevista para o ano que vem.
Por outro lado, como o principal candidato ao Oscar 2023 de Melhor Ator Coadjuvante, temos o sempre maravilhoso Tom Hanks, que está quase irreconhecível aqui como o Coronel Tom Parker. Ao contrário de suas performances em “Quero Ser Grande” e “Forrest Gump”, onde há uma certa ingenuidade e inocência nos seus personagens, Hanks assume uma persona raramente vilanesca em sua carreira com seu papel em “Elvis”, sendo tão ou ainda mais convincente que Butler no papel principal. Através das narrações de seu personagem ao longo da trama, descobrimos cada vez mais suas motivações e razões para fazer o que ele faz, e são raras as vezes em que nós não entendemos o lado dele na situação. Com o auxílio do roteiro, Hanks injeta uma quantidade necessária de humanidade e empatia em um personagem que, nas mãos de qualquer outro ator, provavelmente seria caricato e unidimensional.
Eu gostei bastante de como o roteiro trabalhou a Priscilla Presley, interpretada brilhantemente pela Olivia DeJonge. A performance da atriz me lembrou bastante do papel da Sharon Tate, interpretada por Margot Robbie, em “Era Uma Vez em Hollywood”, filme que, curiosamente, também conta com Butler no elenco. Há uma certa pureza e “santidade” em como o roteiro aborda a personagem, o que acaba servindo de contraste perfeito para a persona de roqueiro do protagonista, e DeJonge faz um ótimo trabalho em cena com Butler, onde é possível ver que Priscilla se importa genuinamente com o marido, mesmo com suas personalidades sendo praticamente opostas. Outras performances que valem a pena destacar incluem as de Helen Thomson e Richard Roxburgh como os pais (e alicerces) de Presley; Kelvin Harrison Jr. e Alton Mason como os ícones B.B. King e Little Richard, que roubam as poucas cenas em que estão em tela; e Dacre Montgomery, como uma das pessoas responsáveis pelo retorno triunfal de Elvis no final dos anos 1960.
(One of the main sources of praise by critics in regards to the film is Austin Butler's performance as Elvis Presley, and rightfully so. I can say with all the tranquility in the world that Butler is the main contender for the 2023 Oscar for Best Actor, because of the actor's tremendous dedication towards the role. From his Southern accent to the singer's vocal capacity and movements on stage, Butler gives his heart and soul to replicate, to the tiniest details, all of the King of Rock and Roll's iconic mannerisms. It's amazing to see the actor letting himself loose on the musical sequences, dancing like no one's watching, and in a way that's so natural, REALLY natural, that it seems like Presley's spirit had possessed him during filming. It's a truly transformative performance, and I dare to say that it's one of the best, if not the best acting in any musical biopic ever. The success of “Elvis” will certainly put the actor under the spotlights, something that'll only grow with his casting as the villain in the “Dune” sequel, set for next year.
On the other hand, as the main contender for the 2023 Oscar for Best Supporting Actor, we have the always wonderful Tom Hanks, who is almost unrecognizable here as Colonel Tom Parker. Unlike his performances in “Big” and “Forrest Gump”, where there's a certain naiveté and innocence to his characters, Hanks assumes a rarely villainous persona in his career with his role in “Elvis”, being just as or even more convincing than Butler in the main role. Through voice-over narrations his character makes throughout the plot, we figure out more and more about his motivations and reasons why he does what he does, and we very rarely fail to clearly see his side on the situation. With help from the screenplay, Hanks injects a necessary dosage of humanity and empathy to a character that, in the hands of any other actor, would come out as boring and one-dimensional.
I really enjoyed how the script managed to work with Priscilla Presley, brilliantly portrayed by Olivia DeJonge. The actress's performance really reminded me of Sharon Tate's role, portrayed by Margot Robbie, in “Once Upon a Time in Hollywood”, a film that, curiously, also has Butler in the cast. There's a certain purity and “saint”-like feel on how the script treats the character, which ends up serving as the perfect antithesis to the protagonist's rockstar persona, and DeJonge does a great job onscreen with Butler, where we're able to see that Priscilla genuinely cares for her husband, even with their personalities being completely opposite. Other performances that are worth mentioning include those of Helen Thomson and Richard Roxburgh as Presley's parents (and foundation stones); Kelvin Harrison Jr. and Alton Mason as icons B.B. King and Little Richard, who steal the few scenes they're onscreen; and Dacre Montgomery, as one of the people responsible for Elvis's triumphant comeback in the late 1960s.)
Quando Baz Luhrmann faz um filme, uma coisa é certa: o diretor irá extrair o máximo dos aspectos técnicos ao seu dispor, e “Elvis” não é uma exceção. Os toques da direção de Luhrmann estão 100% visíveis na estética visual e sonora do filme, da direção de fotografia e montagem à mixagem de som e a trilha sonora. A direção de fotografia da Mandy Walker e a montagem do Matt Villa e do Jonathan Redmond, como dito anteriormente, fazem um trabalho extraordinário no estabelecimento do ritmo acelerado da trama, diminuindo a velocidade em alguns momentos-chave para apreciarmos o trabalho dedicado e extremamente fiel dos departamentos de direção de arte, como a construção dos cenários, o design dos figurinos, e, principalmente, o penteado e a maquiagem, que realmente transforma os atores nas figuras da vida real que elas interpretam.
As sequências musicais são um espetáculo a parte, sendo as melhores, mais dinâmicas e mais frenéticas sequências de show que eu já vi em uma biografia musical. É incrível como a câmera de Walker foca nos movimentos e danças de Presley, e a montagem de Villa e Redmond instintivamente já corta para a reação e o delírio do público, mas não demora para voltar o foco em Elvis. Essa transição acelerada entre o público e a atração e o uso bem-calculado de câmera lenta ajudam a criar uma sensação inigualável de movimento nessas cenas, e isso, na minha opinião, é algo necessário para que tais sequências não pareçam mecânicas aos olhos do público.
E, como em toda biografia musical, temos a trilha sonora, que consegue replicar o caráter grandioso e icônico das gravações originais e, ao mesmo tempo, adicionar um toque contemporâneo a elas, algo que esteve presente nos filmes anteriores do diretor, como “Moulin Rouge!” e “O Grande Gatsby”. Além das canções de Presley cantadas por Butler, temos covers e canções originais feitas por artistas contemporâneos, como Doja Cat, Eminem, CeeLo Green, Swae Lee, Diplo, Kacey Musgraves, Tame Impala e Stevie Nicks, que conseguem homenagear a influência de Presley na indústria musical de uma maneira respeitosa, mas ao mesmo tempo, autêntica, de acordo com o estilo de cada artista, o que é muito bom. E com um toque final, temos a trilha sonora instrumental do Elliott Wheeler, que transforma as canções do Rei em belíssimas faixas instrumentais, executadas com o auxílio de vários instrumentos, fazendo tudo ser mais épico.
(When Baz Luhrmann makes a film, one thing's for sure: the director will make the most of the technical aspects at hand, and “Elvis” is no exception. The flourishes of Luhrmann's directorial style are 100% visible in the film's visual and sonic aesthetic, from the cinematography and editing to the sound mixing and the soundtrack. Mandy Walker's cinematography and Matt Villa and Jonathan Redmond's editing, as previously said, do an extraordinary job in establishing the plot's lightning-fast pacing, slowing down in a few key moments for us to appreciate the dedicated and extremely faithful work by the art direction departments, such as set building, costume design, and, mainly, hairstyling and make-up, which really transforms the actors into the real-life figures they play.
The musical sequences are a particular spectacle, being the best, most dynamic and most kinetic concert sequences I've ever seen in a musical biopic. It's amazing how Walker's camera focuses on Presley's movements and dancing, and Villa and Redmond's editing instinctively cuts to the audience's reaction and screaming, but doesn't take long to turn the focus back on Elvis. This fast-paced transition between the audience and the attraction and the well-calculated use of slow motion help creating a one-of-a-kind feeling of motion in these scenes, and that, in my opinion, is something that's necessary for these sequences not to feel mechanical in the eyes of the audience.
And, as in every musical biopic, there's the soundtrack, which manages to replicate the grand, iconic character of the original recordings and, at the same time, add a contemporary touch to them, something that was present in the director's previous films, such as “Moulin Rouge!” and “The Great Gatsby”. Besides Presley's songs, sung by Butler, we've got covers and original songs made by contemporary artists, such as Doja Cat, Eminem, CeeLo Green, Swae Lee, Diplo, Kacey Musgraves, Tame Impala and Stevie Nicks, who manage to pay homage to Presley's influence in the music industry in a respectful, yet authentic way, according to each artist's particular style, which is really good. And, as the cherry on top, we've got Elliott Wheeler's original score, which transforms the King's songs into gorgeous instrumental tracks, executed with several instruments, making it all sound way more epic.)
Resumindo, “Elvis”, assim como o seu personagem-título, é fenomenal. Contando com um estilo de direção autoral e frenético, um roteiro acelerado com uma perspectiva diferenciada, performances arrebatadoras de seu elenco e aspectos técnicos que injetam uma quantidade enorme de movimento nas incríveis sequências musicais, o novo filme de Baz Luhrmann funciona perfeitamente como uma biografia (mesmo sendo superficial às vezes), mas encontra seu ponto mais alto como um manifesto sobre o poder da música como instrumento de mudança.
Nota: 9,5 de 10!!
É isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, “Elvis”, like its title-character, is phenomenal. Relying on an authentic and kinetic directorial style, a fast-paced screenplay with a different perspective, knockout performances by its cast and technical aspects that inject an enormous amount of motion into its incredible musical sequences, Baz Luhrmann's new film works perfectly as a biopic (even if it's a bit shallow at times), but it finds its highest point as a manifesto on the power of music as an instrument of change.
I give it a 9,5 out of 10!!
That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)
Nenhum comentário:
Postar um comentário