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sábado, 23 de julho de 2022

"O Telefone Preto": o retorno triunfal de Scott Derrickson ao terror (Bilíngue)

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E aí, meus queridos cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre um dos meus lançamentos mais aguardados do ano, o qual já está em exibição nos cinemas! Sendo a volta triunfal de seu diretor ao gênero que o trouxe aos holofotes, o filme em questão faz uma mistura perfeita entre o realismo e o sobrenatural, contando com o auxílio de cenas de violência chocantes e uma performance assustadoramente carismática de seu antagonista para trabalhar o amadurecimento gradual de seu protagonista de uma forma extremamente eficiente. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “O Telefone Preto”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about one of my most anticipated film releases of the year, which is available in theaters and/or VOD! As its director's triumphant return to the genre that brought him to the spotlight, the film I'm about to review makes a perfect mix between realism and the supernatural, relying on the aid of shocking violent scenes and a creepily charismatic performance from its antagonist to deal with its protagonist's gradual coming-of-age in an extremely effective way. So, without further ado, let's talk about “The Black Phone”. Let's go!)



Denver, Colorado, 1978. Finney Blake (Mason Thames) é um garoto tímido, frequentemente abusado pelos valentões da escola e pelo pai alcoólatra (Jeremy Davies). Certo dia, Finney é sequestrado por um serial killer (Ethan Hawke) e mantido como refém em um porão apodrecido de uma casa. Lá, ele encontra um telefone preto, pelo qual os espíritos das vítimas anteriores do sequestrador conversam com Finney, ajudando-o a elaborar um plano de fuga. Enquanto isso, a irmã mais nova de Finney, Gwen (Madeleine McGraw), começa a ter sonhos enigmáticos que podem ajudá-la a localizar o irmão desaparecido.

(Denver, Colorado, 1978. Finney Blake (Mason Thames) is a shy boy, who's frequently abused by school bullies and his alcoholic father (Jeremy Davies). One day, Finney is kidnapped by a serial killer (Ethan Hawke) and held hostage in a house's rotting-away basement. There, he finds a black phone, through which the spirits of the kidnapper's previous victims talk to Finney, helping him come up with an escape plan. Meanwhile, Finney's younger sister, Gwen (Madeleine McGraw), starts having enigmatic dreams that may help her locate her missing brother.)



Ok, nem preciso dizer que eu estava MUITO animado para ver “O Telefone Preto”, de modo que eu tenho toda uma história para justificar essas expectativas altas. Primeiro, temos o material fonte que serviu de inspiração para o filme, um conto homônimo escrito por Joe Hill, filho do Mestre do Terror, Stephen King. Hill é conhecido especialmente por co-criar a série em quadrinhos “Locke & Key” com Gabriel Rodriguez, dando origem à ótima adaptação da Netflix, que terá sua terceira e última temporada lançada esse ano. A coletânea de contos em que “O Telefone Preto” se encontra, “Fantasmas do Séc. XX” (agora, publicada novamente pelo nome “O telefone preto e outras histórias”), foi o trabalho de estreia de Hill na literatura, e foi bastante aclamado pela crítica.

Depois, temos a principal razão das minhas expectativas altas em relação ao filme, que é a direção do Scott Derrickson. Fãs da Marvel o conhecem como o diretor do primeiro “Doutor Estranho”, mas fãs do gênero terror o reverenciam como o diretor do aterrorizante “A Entidade”, cientificamente comprovado como um dos filmes mais assustadores de todos os tempos, juntamente com filmes como “Host”, de 2020; “Sobrenatural”, de 2010; e “Invocação do Mal”, de 2013. Derrickson, em “A Entidade”, cria uma atmosfera gradualmente sufocante de horror no enredo, incomodando e perturbando o espectador mais do que propriamente assustando-o, fazendo com que o filme seja diferenciado dos inúmeros filmes de terror que lidam com as mesmas temáticas sobrenaturais.

E, em terceiro lugar, temos a escolha certeira de Derrickson de sair da direção de “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” e retornar à um gênero no qual ele tem um maior controle criativo. Devo admitir que, inicialmente, eu estava receoso pelo diretor não retornar para a sequência da Marvel, mas o filme acabou dando meio certo pelas mãos de Sam Raimi, que conseguiu trazer suas próprias influências de terror de um jeito eficiente e irresistivelmente nostálgico, mesmo que um pouco infantilizado e suavizado pela fórmula Marvel. E também, eu ainda não havia assistido “A Entidade” antes de ouvir falar de “O Telefone Preto”, me fazendo pensar o filme como um retorno às raízes, depois de um breve desvio na via dos blockbusters.

Então, sim, eu estava MUITO animado para ver “O Telefone Preto”, chegando ao nível de colocar o filme entre os meus 10 lançamentos mais aguardados de 2022 (você pode ver essa lista, infelizmente desatualizada devido a recentes adiamentos, aqui: https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2022/02/10-filmes-que-nao-sao-de-super-herois.html). As minhas expectativas só foram aumentando devido às reações extremamente positivas da estreia do filme no festival Fantastic Fest, em 2021, e devido aos trailers, que promoviam uma mistura entre o sobrenatural de “A Entidade” e a abordagem do terror e do simbolismo em “It: A Coisa”. Acabou que foi EXATAMENTE isso que eu recebi, e eu fico extremamente feliz e satisfeito pela escolha criativa de Derrickson de investir nesse filme ao invés de “Multiverso da Loucura”.

Ok, então, vamos falar do roteiro. Escrito pelo diretor em parceria com C. Robert Cargill (conhecido por co-roteirizar a grande maioria dos filmes de Derrickson), o primeiro acerto do roteiro de “O Telefone Preto” é a atmosfera. De modo similar à “A Entidade”, o novo filme de Scott Derrickson vai se construindo de uma maneira lenta e progressiva, inicialmente dando somente pistas visuais de algo que conecta os vários desaparecimentos que dão cada vez mais peso à trama. Isso acaba atiçando a curiosidade e a tensão dentro do espectador, que vai lentamente montando as peças do quebra-cabeça junto com a edição do Frédéric Thoraval, para depois formar uma imagem bem nítida (e aterrorizante).

O segundo acerto é o foco narrativo do roteiro, colocado no desenvolvimento e amadurecimento de Finney Blake, interpretado pelo Mason Thames. Os roteiristas dedicam bastante tempo para introduzirem o personagem, estabelecerem suas características e personalidade, explorar sua relação com aqueles a seu redor, para somente depois trazer o personagem de Ethan Hawke e fazer a trama realmente engrenar. Estes primeiros 20, 30 minutos não me pareceram desgastantes em nenhum segundo; pelo contrário, eles apresentaram o teor mais realista do enredo, caracterizado por uma violência gráfica e pelo abuso que o protagonista sofre, e isso ajuda (e muito) o espectador a se importar com a jornada de amadurecimento e tomada de decisões que ele percorrerá ao longo da duração bem calculada de 1 hora e 50 minutos.

O terceiro acerto é o uso do sobrenatural de uma maneira mais simbólica do que explícita, e isso é expresso tanto através dos fantasmas com os quais Finney se comunica quanto através do arco narrativo da irmã do protagonista. Há uma subtrama explicada perfeitamente pelo personagem do Jeremy Davies que justifica de uma forma eficiente a conexão de Finney e sua irmã com os vários aspectos fora do normal no enredo. E essa justificativa permite que o espectador enxergue esses recursos não só de uma maneira literal (dentro de uma narrativa predominantemente sobrenatural), mas também de uma maneira simbólica (dentro de uma narrativa mais realista), o que eu achei surpreendente.

O quarto acerto é justamente o realismo na trama, que não serve de contraponto para o sobrenatural. Pelo contrário, assim como em filmes como “Deixe-Me Entrar” e “It: A Coisa”, o sobrenatural é utilizado como uma espécie de complemento ao terror real predominante na história. E nisso, “O Telefone Preto” segue à risca o que eu considero ser a máxima do trabalho de Stephen King: a de que uma história pode até ter aspectos sobrenaturais assustadores, mas eles nunca serão mais assustadores do que a realidade. Isso é perfeitamente retratado nas cenas de bullying, que me surpreenderam pelo nível de violência usado; e especialmente pelo personagem do Ethan Hawke, que acaba sendo visto como mais do que um mero serial killer, e sim como a personificação de todo o medo e todos os obstáculos que o protagonista precisa superar para sobreviver. Este aspecto, para mim, foi o que teve de mais genial no roteiro de “O Telefone Preto”.

O quinto e último acerto que gostaria de destacar é o uso bem calculado do terror, ao ponto de não ultrapassar o foco principal da narrativa, que é o amadurecimento de Finney. Derrickson e Cargill criam uma atmosfera que não é propriamente assustadora, com vários jumpscares, e sim mais perturbadora e enervante, pela conexão que esses aspectos sobrenaturais têm com o teor mais realista da trama. Há um uso genial de maquiagem e efeitos visuais aqui (que serão abordados posteriormente) para trabalhar o terror de uma maneira extremamente eficiente, satisfazendo, assim, os fãs do gênero que forem assistir ao filme, esperando uma história de fantasmas.

Ou seja, o roteiro de “O Telefone Preto” utiliza os seus aspectos mais sobrenaturais como complemento à uma história bem realista, tendo como principal foco narrativo o amadurecimento gradual de seu protagonista. A atmosfera enervante que Derrickson e Cargill conseguem criar anda de mãos dadas com o desenvolvimento do personagem principal, fazendo com que “O Telefone Preto” seja uma história de amadurecimento com alguns toques de terror sobrenatural. E acreditem em mim, o filme funciona bem melhor desse jeito do que funcionaria se fosse o contrário.

(Okay, I don't even have to say that I was REALLY excited to watch “The Black Phone”, so excited that I got a whole story to justify these high expectations. Firstly, we have the source material the film was based upon, a short story of the same name written by Joe Hill, son of the Master of Horror, Stephen King. Hill is best known for co-creating the comic book series “Locke & Key” with Gabriel Rodriguez, inspiring its great Netflix adaptation, which will have its third and final season released later this year. The short story collection in which “The Black Phone” is in, “20th Century Ghosts”, was Hill's debut work in book-length literature, and was critically acclaimed.

Secondly, we have the main reason for my high expectations towards the film, which is Scott Derrickson's direction. Marvel fans know him for directing the first “Doctor Strange” movie, but horror genre fans revere him for directing the terrifying “Sinister”, which is scientifically considered one of the scariest movies of all time, alongside films like 2020's “Host”; 2010's “Insidious”; and 2013's “The Conjuring”. Derrickson, in “Sinister” creates a gradually suffocating atmosphere of horror in the plot, unnerving and disturbing the viewer more than literally scaring them, making the film stand out among the numerous horror films that deal with similar supernatural themes.

And, thirdly, we have Derrickson's sure choice of dropping out of the director's chair of “Doctor Strange in the Multiverse of Madness” and returning to a genre over which he has larger creative control. I must admit that, initially, I was fearsome for the Marvel sequel because of Derrickson stepping out, but the film ended up being average fun by the hands of Sam Raimi, who managed to bring his own horror influences in an effective and irresistibly nostalgic way, even though the Marvel formula made them look a bit childish and watered down. And also, I still hadn't watched “Sinister” before hearing of “The Black Phone”, which made me consider the movie as a return to roots of sorts, after a short detour through Blockbuster Lane.

So, yeah, I was REALLY excited to watch “The Black Phone”, to the point of placing it among my 10 most anticipated releases of the year (you can check out that list, unfortunately outdated by recent delays, here: https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2022/02/10-filmes-que-nao-sao-de-super-herois.html). My expectations just got bigger and bigger due to the extremely positive first reactions to its premiere at 2021's Fantastic Fest, and due to the trailers, which promoted a mix between the supernatural of “Sinister” and the approach of horror and symbolism in “It”. It turns out that was EXACTLY what I got from it, and I am extremely glad and satisfied by Derrickson's creative choice of investing in this film rather than “Multiverse of Madness”.

Okay, then, let's talk about the screenplay. Written by the director himself alongside C. Robert Cargill (who co-wrote the great majority of Derrickson's films), the first thing the screenplay for “The Black Phone” gets right is its atmosphere. In a similar way to “Sinister”, Scott Derrickson's new film builds itself in a slow and progressive way, initially giving out only visual clues of something that connects the several disappearances that give the plot a larger amount of weight. This ends up enticing the curiosity and tension inside the viewer, who slowly puts the puzzle pieces together alongside Frédéric Thoraval's editing, to finally form a clear (and terrifying) image throughout the film.

The second thing it gets right is the screenplay's narrative focus, which was placed upon the development and coming-of-age of Finney Blake, portrayed by Mason Thames. The screenwriters dedicate plenty of time to introduce the character, establish his characteristics and personality, explore his relationship to those around him, to only then bring out Ethan Hawke's character and make the plot really pick up its pace. These first 20 to 30 minutes didn't feel exhausting to me at any second; on the contrary, they introduced the plot's more realistic tone, characterized by a use of graphic violence and by the abuse the protagonist suffers from, and that helps the viewer (a lot) to care for the coming-of-age and decision-making journey he'll go through in the film's well calculated runtime of 1 hour and 50 minutes.

The third thing it gets right is its use of the supernatural in a more symbolic than explicit way, and that's expressed both through the ghosts that Finney communicates with, and through the narrative arc of the protagonist's sister. There's a subplot that's explained perfectly by Jeremy Davies's character that efficiently justifies Finney and his sister's connection to the plot's several out-of-the-ordinary aspects. And that justification allows the viewer to see these devices not only in a literal way (in a predominantly supernatural narrative), but also in a symbolic way (in a more realistic story), and that genuinely surprised me.

The fourth thing it gets right is precisely the plot's realism, which doesn't serve as a counterpoint to the supernatural. On the contrary, just like in films such as “Let Me In” and “It”, the supernatural is used as some sort of complement to the real horror that's predominant in the story. And on that, “The Black Phone” follows closely what I consider to be the founding stone of Stephen King's work: that a story can indeed have frightening supernatural aspects, but they will never be scarier than what's real. That's perfectly portrayed in the bullying scenes, which surprised me for its use of violence; and especially through Ethan Hawke's character, who ends up being seen as more than just a serial killer, and more like an embodiment of all the fear and all the obstacles that the protagonist will have to overcome in order to survive. That aspect, for me, was the most genius thing about the screenplay for “The Black Phone”.

The fifth and last thing it gets right that I'd like to highlight is its use of horror, to the point it doesn't overcome the narrative's primary focus, which is Finney's coming-of-age. Derrickson and Cargill manage to create an atmosphere that's not properly scary, with several jumpscares here and there, but more unsettling and unnerving, because of the connection these supernatural aspects have to the plot's more realistic tone. There's a genius use of make-up and special effects here (which will be approached more deeply later on) to work with horror in an extremely effective way, thus satisfying genre fans that will watch it, expecting to see a ghost story.

Meaning, the screenplay for “The Black Phone” uses its more supernatural aspects as a complement to a pretty realistic story, having its protagonist's coming-of-age as its main narrative focus. The unnerving atmosphere that Derrickson and Cargill manage to create walks hand-in-hand with the main character's development, making “The Black Phone” a coming-of-age story with some sprinkles of horror inbetween. And trust me, it works way better this way than it would work if it was the other way around.)



No quesito elenco, temos aqui duas performances extremamente promissoras nos desempenhos de Mason Thames, que interpreta Finney, e Madeleine McGraw (irmã mais velha da excelente atriz mirim Violet McGraw, de “A Maldição da Residência Hill” e “Doutor Sono”), que interpreta Gwen, a irmã do protagonista. Eu vi muito do Owen/Oskar de “Deixe-Me Entrar” na performance de Thames, de modo que o personagem começa sendo visto como alguém indefeso e que, lentamente, vai tomando coragem para se defender contra os abusos que sofreu ao longo da trama. Gostei bastante da atuação dele, mas McGraw roubou meu coração de tal maneira, que me fez acreditar que “O Telefone Preto” teria sido ainda melhor se sua personagem fosse a protagonista do filme. Ela rouba literalmente toda cena em que ela aparece, e tem uma sequência em particular que me fez pensar: “Caramba, essa menina consegue atuar!”. A personagem dela me lembrou (e muito) da Abra Stone, interpretada brilhantemente pela Kyliegh Curran em “Doutor Sono”, de modo que ela carrega o peso emocional da trama ainda mais que o protagonista, enquanto tem uma ligação intrínseca com o sobrenatural. Os dois atores foram uma baita descoberta, e eu mal posso esperar pelos próximos trabalhos de ambos.

E, no meio de tudo, temos a face de toda a campanha de marketing do filme, que é a performance arrebatadora do Ethan Hawke como o antagonista. Eu me impressionei com a maneira que o ator mistura um carisma doentio com o caráter calculista e frio de um verdadeiro psicopata, usando várias máscaras em tela (literalmente e figurativamente). É como se o personagem dele fosse uma mistura entre a Rose da Cartola de “Doutor Sono” e o Pennywise de “It: A Coisa”. É incrível como o ator consegue fazer com que o espectador não sinta nada pelo personagem dele além de medo. “Medo, medo, delicioso e lindo”, como diria o Palhaço Dançarino de Derry. É uma das performances mais eficientes de antagonistas em um filme de suspense/terror que eu já vi, sem sombra de dúvida.

Outras performances competentes incluem a de Jeremy Davies como o pai abusivo dos dois protagonistas, com o ator habilmente mudando entre abordagens agressivas e vulneráveis de seu personagem; as de E. Roger Mitchell e Troy Rudeseal como os detetives responsáveis pela investigação dos desaparecimentos da trama; e as de Miguel Cazarez Mora, Tristan Pravong, Jacob Moran, Brady Hepner e Banks Repeta como as vítimas anteriores do serial killer, com cada personagem ajudando muito no desenvolvimento de Thames ao longo da trama.

(When it comes to the cast, we have here two extremely promising performers in the acting performances of Mason Thames, who plays Finney, and Madeleine McGraw (who is the older sister of the excellent child actress Violet McGraw, from “The Haunting of Hill House” and “Doctor Sleep”), who plays Gwen, the protagonist's sister. I saw a lot of Owen/Oskar from “Let Me In” in Thames's performance, in a way where his character starts off being seen as someone who's helpless, and that slowly, builds up the courage to defend himself from the abuses he suffered throughout the plot. I really liked his performance, but McGraw stole my heart in such a way, that made me think that “The Black Phone” could've been even better if her character was the film's protagonist. She literally steals every scene she's in, and there's a particular sequence that made me think: “Damn, this kid can act!”. Her character reminded me (a lot) of Abra Stone, brilliantly portrayed by Kyliegh Curran in “Doctor Sleep”, in a way she carries the plot's emotional weight even more than the protagonist, while having an intricate connection with the supernatural. Both actors were one hell of a discovery, and I can't wait for their next work.

And, in the middle of it all, we have the face of the film's entire marketing campaign, which is Ethan Hawke's astounding performance as the antagonist. I was really impressed with the way that the actor managed to mix a sick charisma with the calculating, cold character of a true psychopath, using several masks onscreen (both literally and figuratively). It's like if his character was a mix between Rose the Hat from “Doctor Sleep” and Pennywise from “It”. It's incredible how he managed to make the viewer feel nothing towards his character but fear. “Tasty, tasty, beautiful fear”, as Derry's Dancing Clown would say. It's one of the most effective antagonist performances in a horror/thriller film I've ever seen, without the shadow of a doubt.

Other competent performances include those of Jeremy Davies as the two protagonists' abusive father, with the actor skillfully switching between aggressive and vulnerable approaches for his character; of E. Roger Mitchell and Troy Rudeseal as the detectives responsible for investigating the plot's disappearances; and of Miguel Cazarez Mora, Tristan Pravong, Jacob Moran, Brady Hepner and Banks Repeta as the serial killer's previous victims, with each character giving plenty of help to Thames's development throughout the plot.)



No quesito técnico, a equipe de “O Telefone Preto” consegue replicar a estética sépia e nostálgica de obras mais recentes ambientadas nos anos 80, como “It: A Coisa”. A direção de fotografia do Brett Jutkiewicz é propositalmente desprovida de cores vibrantes, dando a impressão para o espectador de estar assistindo à uma foto antiga em movimento, o que funciona, considerando que a ambientação do filme é no final dos anos 1970. Jutkiewicz consegue, com louvor, retratar tecnicamente a atmosfera tensa e enervante que Derrickson e Cargill querem construir no roteiro, o que é muito bom. Outro destaque fica com as cenas de sonho presentes na trama, onde a câmera assume um visual mais granulado e antiquado, como se o sonho fosse uma filmagem de uma câmera Super 8, o que eu achei genial. A montagem do Frédéric Thoraval não se rende aos cortes rápidos para causar arrepios e sustos no espectador, trabalhando de forma fluida com as tomadas contínuas de Jutkiewicz para fazer isso.

A direção de arte é um espetáculo à parte, especialmente nas cenas ambientadas no porão em que o protagonista é mantido refém. É um lugar sujo, insalubre e inerentemente assustador, como se qualquer coisa pudesse sair das paredes e partir pra cima do protagonista. É o último lugar que uma pessoa gostaria de estar, e por isso, o trabalho de direção de arte foi maravilhoso. As máscaras que o personagem do Ethan Hawke usa ao longo do filme são bem assustadoras, o que acaba servindo de contraste perfeito com o tom de voz do ator enquanto ele as está usando. Eu amei os detalhes do design de som nas cenas do telefone, onde a voz dos fantasmas sai meio granulada enquanto os atores estão em tela, dando a impressão de que, realmente, tem alguém do outro lado da linha. E, como dito anteriormente, temos o uso genial e prático de maquiagem e efeitos visuais, usados para acentuar o caráter sobrenatural da trama, me lembrando muito dos trabalhos do James Wan em filmes como “Invocação do Mal” e “Sobrenatural”.

E, por último, mas certamente, não menos importante, temos a trilha sonora original do Mark Korven, conhecido por seus trabalhos nos filmes de terror “A Bruxa” e “O Farol”. As faixas de Korven fazem um uso inventivo de sintetizadores e barulhos estáticos para acentuar a tensão e o caráter perturbador da trama, usando até sons de telefone para compor algumas dessas faixas, o que eu achei bem interessante.

(When it comes to technical aspects, the crew from “The Black Phone” manages to replicate the sepia, nostalgic aesthetic of more recent work that's set in the 80s, such as “It”. Brett Jutkiewicz's cinematography is purposefully devoid of vibrant colors, giving the viewer the impression of watching an antique photo in motion, which works, due to the film's setting being in the late 1970s. Jutkiewicz manages to, masterfully, technically portray the tense and unnerving atmosphere that Derrickson and Cargill want to build in the script, which is really good. Another highlight stays with the dream sequences in the plot, where the camera assumes a more grainy, antique-like look, as if the dream was a recording of a Super 8 camera, which I thought was a genius move. Frédéric Thoraval's editing doesn't surrender to quick cuts in order to give the viewer the creeps and the goosebumps, working fluidly with Jutkiewicz's tracking shots to do so.

The production design is a particular spectacle, especially in the scenes set in the basement in which the protagonist is held hostage. It's a dirty, insalubrious, and inherently scary place, as if anything could jump out of the walls and attack the protagonist, head-on. It's the last place a person would like to be, and because of that, the production design work was wonderful. The masks that Ethan Hawke's character uses throughout the film are quite scary, which ends up serving as the perfect contrast to the actor's tone of voice as he's wearing them. I loved the sound design details in the phone scenes, where the ghosts' voice comes out as sort of grainy while the actors are onscreen, giving the impression that, there's someone, actually, on the other end of the line. And, as previously said, we have the genius and practical use of make-up and visual effects, used to enhance the plot's supernatural vibe, reminding me a lot of James Wan's work in films like “The Conjuring” and “Insidious”.

And at last, but definitely, not least, we have the original score by Mark Korven, known by his work in the horror movies “The Witch” and “The Lighthouse”. Korven's tracks make an inventive use of synthesizers and static noises to enhance the tension and the plot's disturbing character, using even telephone sounds to compose some of those tracks, which I found to be quite interesting.)



Resumindo, “O Telefone Preto” é um dos melhores filmes do ano até agora, para mim. Contando com o retorno triunfal de Scott Derrickson ao terror, um roteiro que mistura perfeitamente terrores reais e sobrenaturais, performances extremamente competentes de seu elenco, e aspectos técnicos que acentuam o caráter tenso e perturbador da trama de uma maneira completamente eficiente, o filme consegue ser uma história de amadurecimento aterrorizante, fazendo desse “Telefone Preto” uma chamada impossível de recusar.

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, “The Black Phone” is one of the best films of the year, so far, in my opinion. Relying on Scott Derrickson's triumphant return to horror, a screenplay that perfectly mixes real and supernatural horrors, extremely competent performances by its cast, and technical aspects that enhance the tense and disturbing vibe of the plot in a completely effective way, the film manages to be a terrifying coming-of-age story, making this “Black Phone” a call that's impossible to decline.

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)


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