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domingo, 22 de janeiro de 2023

"Babilônia": a viagem alucinante e caótica de Damien Chazelle pela história do cinema (Bilíngue)

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E aí, meus queridos cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre um dos lançamentos mais recentes, já em exibição exclusiva nos cinemas! Uma obra que já nasceu para dividir crítica e público, o filme em questão encontra seu diretor e roteirista no ápice de sua ambição, resultando em um retrato ousado, sem filtros e propositalmente caótico da velha Hollywood e em uma verdadeira viagem alucinante pela história do cinema, abordando os altos e baixos enfrentados pelos profissionais da indústria, os quais ainda se fazem muito presentes nos dias de hoje. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Babilônia”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about one of the most recent film releases, which is now playing exclusively in theaters! A work that was born to divide both critics and audience, the film I'm about to review finds its writer-director in the peak of his ambition, resulting in a bold, unfiltered and purposefully chaotic portrayal of Old Hollywood and in a truly hallucinating trip through the history of cinema, approaching the ups and downs faced by its professional workers, which are still very much present nowadays. So, without further ado, let's talk about “Babylon”. Let's go!)



Califórnia, 1926. Manny Torres (Diego Calva) é um imigrante mexicano que trabalha como faz-tudo para um grande produtor de cinema, sendo responsável por trazer suprimentos e entretenimento para as festas orgiásticas que ele oferece em sua residência. Durante uma destas festas, ele conhece Nellie LaRoy (Margot Robbie), uma aspirante a atriz com espírito livre e espontâneo, com quem cria uma conexão quase instantânea; e Jack Conrad (Brad Pitt), um ator veterano do cinema mudo, que o ajuda a entrar no mercado cinematográfico. A partir de então, Manny, Nellie e Jack enfrentam os altos e baixos da transição entre o cinema mudo e o cinema falado, forçando-os a se adaptarem para preservarem suas carreiras.

(California, 1926. Manny Torres (Diego Calva) is a Mexican immigrant who works as an everyman for a big movie producer, being responsible for transporting supplies and entertainment for the orgiastic parties he hosts in his residence. During one of these parties, he meets Nellie LaRoy (Margot Robbie), a free-spirited, spontaneous wannabe actress, with whom he creates an almost instant connection; and Jack Conrad (Brad Pitt), a veteran actor of silent films, who helps him enter the filmmaking industry. From that moment on, Manny, Nellie and Jack face the ups and downs that come with the transition between silent films and talkies, forcing them to adapt in order to preserve their careers.)



Desde que o primeiro trailer de “Babilônia” foi lançado, eu sabia que não seria um filme que iria agradar ao público em geral, como os outros filmes do diretor Damien Chazelle fizeram (“Whiplash”, “La La Land” e “O Primeiro Homem”). Acompanhado pela trilha sonora de jazz energética do sempre ótimo Justin Hurwitz, o trailer é composto de cenas com uso pesado de drogas, toneladas de linguagem chula, porções com sexo e nudez explícitos, e sequências montadas com o propósito de fazer com que assistir à prévia seja uma experiência essencialmente caótica e desorientadora. À primeira vista, parecia ser uma mistura entre o exagero de “O Lobo de Wall Street” (que, por coincidência, também estrela Margot Robbie), o glamour de “O Grande Gatsby”, e a ambição de “Whiplash” e “La La Land”.

O caráter divisivo do filme só foi reforçado com as primeiras exibições em Nova York e Los Angeles, consolidando “Babilônia” como o clássico filme “ame ou odeie”; ou seja, ou você gosta muito do filme, ou você odeia ele com todas as forças, sem nenhum meio-termo entre estes dois extremos. Outros exemplos desse tipo de filme incluem “Mãe!”, de Darren Aronofsky; “A Árvore da Vida”, de Terrence Malick; “Dogville”, de Lars von Trier; e “Spring Breakers”, de Harmony Korine. As primeiras reações à “Babilônia” destacavam o visual, as atuações e a trilha sonora de Justin Hurwitz, mas tinham pontos de vista opostos em relação ao roteiro, à direção de Chazelle e ao conteúdo explícito presente no filme. Sinceramente, eu não me deixei ser afetado pelo que foi exibido no trailer, porque de alguma maneira, levando toda a paixão e a dedicação de Chazelle em seus filmes anteriores em conta, eu sabia que teria algo a mais a dizer.

E, felizmente, meus instintos estavam corretos. O filme contém sequências impróprias? Sim, mas elas nunca, nem por um segundo, são o foco do roteiro de Chazelle. Pelo contrário: assim como “Os Fabelmans”, o foco de “Babilônia” é o retrato da indústria cinematográfica e do progresso dela ao longo das décadas. Porém, ao invés de ser um relato pessoal do diretor em relação à sétima arte, como foi o caso de Spielberg, o filme de Chazelle parece ser uma adaptação cinematográfica de um livro de história do cinema banido por ser polêmico demais. É uma obra que retrata, de uma maneira igualmente satírica e dramática, a transição do cinema mudo para o falado e todas as mudanças que ela trouxe, que poderiam significar o triunfo ou a decadência dos profissionais que trabalhavam na indústria na época. E, de uma maneira praticamente atemporal, Chazelle conscientiza o espectador de que todos os problemas presentes na cultura atual (cultura do cancelamento, o “politicamente correto”, escândalos que destruíram a carreira de artistas, o impacto do jornalismo sensacionalista, a toxicidade dos fãs de cinema) também eram muito presentes na época da ambientação do filme.

Então, sobre o roteiro de Chazelle, gostaria de destacar os seguintes aspectos: o caráter épico e grandioso da narrativa, e como ele se conecta tematicamente às obras anteriores do diretor; a abordagem caótica e propositalmente desorientadora da velha Hollywood; o retrato dos altos e baixos enfrentados pelos profissionais da indústria (alguns dos quais, infelizmente, perduram até os dias de hoje); a atemporalidade que o roteiro injeta nos aspectos mais problemáticos presentes na cultura, fazendo com que a trama retratada esteja o mais próximo possível da nossa realidade atual; e como tudo isso combinado resulta em um olhar honesto, apaixonado e singular sobre a indústria cinematográfica.

Primeiramente, queria dizer o quão revigorante é ver um filme essencialmente ambicioso como “Babilônia” nas telonas. Em desenvolvimento desde 2019, a nova obra de Damien Chazelle é composta de 3 horas e 10 minutos de ambição pura e não-adulterada. É como se Chazelle pegasse todo retrato cinematográfico de Hollywood e virasse todos ao avesso, resultando em uma verdadeira festa de arromba regada à drogas, sexo e reviravoltas chocantes. É uma proposta extremamente arriscada e ousada, que, nas mãos do diretor errado, resultaria em uma das maiores bagunças já filmadas. Mas, felizmente, Damien Chazelle (que, até o momento, é o cineasta mais jovem a ganhar o Oscar de Melhor Diretor, aos 32 anos, por “La La Land” em 2017) injeta este retrato com uma paixão e um fascínio tão inerentemente cativantes em relação ao cinema, que o espectador não encontra outra opção senão ir na onda do diretor.

Outro destaque contido nessa ambição é o fato da trama não ser “parada”, mesmo com um tempo de duração extenso. Há um equilíbrio muito bem calculado entre um senso de humor extremamente ácido e satírico, compondo cenas capazes de fazer o espectador gargalhar; e uma veia mais dramática que acrescenta uma dose necessária de tensão à trama, reminiscente às cenas de “Whiplash” envolvendo o rígido e incrível personagem interpretado por J.K. Simmons, no papel que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Há sempre algo acontecendo em todas as cenas de “Babilônia”, e por isso, o filme demanda a total atenção do espectador: em cada canto da tela, nos diálogos, nos jogos de câmera, nas nuances contidas nas performances dos atores. É uma rara experiência cinematográfica completa.

E, nessa ambição, o filme se conecta de forma intrínseca às obras anteriores do diretor. “Whiplash”, “La La Land” e “O Primeiro Homem” contam histórias sobre sonhos e ambições. Em “Whiplash”, prevalece o sonho de Andrew ser um baterista de jazz em uma banda acadêmica prestigiada; em “La La Land”, prevalecem os sonhos de Mia e Sebastian de entrar no mercado cinematográfico e inaugurar um clube de jazz, respectivamente; e em “O Primeiro Homem”, prevalece o sonho de Neil Armstrong (e dos EUA, em geral) de ser o primeiro homem a pisar na Lua. E “Babilônia” não é uma exceção no cânone de Chazelle; veiculando os temas de ambição e sonhos através de vários dos seus personagens, especialmente os interpretados por Diego Calva e Margot Robbie, cuja química em tela lembra versões exageradas dos personagens de Emma Stone e Ryan Gosling em “La La Land”. (Curiosidade: Emma Stone estava cotada para interpretar a personagem de Robbie, mas, por questões de cronograma, deixou o papel, levando à escalação da atriz australiana indicada ao Oscar por “Eu, Tonya”.)

Outro destaque é o retrato do quão caótico e desorientador o mercado cinematográfico pode parecer para alguém que está prestes a entrar nele. Isso fica bem claro na prolongada cena de abertura, que conta com um jogo de câmera brilhante do diretor de fotografia Linus Sandgren, acompanhando o personagem de Calva por uma festa onde várias coisas estão acontecendo ao mesmo tempo. Para não ficar desnecessariamente explícito, Chazelle e Sandgren fazem a escolha certeira de apenas mostrar vislumbres dessas partes mais impróprias, de forma bem similar à “O Lobo de Wall Street”. Outro exemplo desse caráter caótico proposital é a primeira visita dos personagens de Calva e Robbie à um set de filmagens, onde vários longas-metragens estão sendo rodados simultaneamente. É sufocante, aterrorizante, mas ao mesmo tempo, inebriante e contagiante. Teoricamente, “Babilônia” seria uma bagunça, mas graças à direção de Chazelle, é uma bagunça que tem sentido e que prende o espectador.

Um dos maiores focos do roteiro de Chazelle é a abordagem dos altos e baixos enfrentados pelos profissionais da indústria cinematográfica, e, de uma maneira surpreendente, vários dos problemas que os personagens de “Babilônia” enfrentam ainda se fazem presentes nos dias de hoje. Creio que um dos principais objetivos do novo filme de Chazelle é mostrar o quanto a indústria cinematográfica e as mudanças nela podem corromper os artistas que nela se inserem, levando-os a desenvolverem vícios, e forçando-os a terem certos padrões de comportamento e se adaptarem para não perderem suas carreiras. Ou seja, Chazelle aborda os artistas cinematográficos como pessoas essencialmente descartáveis, de modo que, se eles dessem um passo na direção errada, estariam no olho da rua. É algo verdadeiramente desesperançoso de se ver, em especial para pessoas que querem seguir uma carreira no cinema, mas também é uma maneira que Chazelle encontra de clamar por mudanças necessárias na estrutura da indústria, e isso é muito bom.

Outro fator narrativo que me surpreendeu foi como os aspectos considerados mais problemáticos na cultura atual eram bem presentes na época retratada no filme. A abordagem de conceitos como a cultura do cancelamento e o “politicamente correto”; o impacto que o jornalismo sensacionalista pode ter na carreira de um artista; a capacidade destrutiva de escândalos descobertos pela imprensa e a toxicidade e opressão sofrida por esses profissionais por parte de fãs religiosamente devotos faz com que “Babilônia” seja um filme extremamente relevante em seu retrato da indústria cinematográfica na contemporaneidade. É algo brutalmente honesto, realista e necessariamente sem limites, para que a mensagem aproveite o máximo de seu impacto.

Porém, acima de tudo, “Babilônia”, assim como “Os Fabelmans”, é um olhar essencialmente apaixonado em relação à sétima arte e a todo o progresso que ela teve ao longo das décadas, mesmo que esse progresso possa ter significado o declínio para alguns profissionais da indústria, como o filme bem retrata. Chazelle imprime essa paixão em cada cena de seu filme, e consolida seu projeto mais ambicioso e sua homenagem aos velhos tempos de Hollywood com um baita de um floreio na sequência final, que pode muito bem ser uma das cartas de amor mais brilhantes e emocionantes que o cinema recebeu em toda a sua história. Se o espectador for um amante fervoroso da sétima arte, será impossível não se deixar levar pela ambição e pela dedicação de Damien Chazelle em “Babilônia”, e só por isso, o filme merece ser um dos principais concorrentes ao Oscar 2023, mesmo com as reações sendo extremamente divididas.

(Ever since the first trailer for “Babylon” was released, I knew it wouldn't be an all-out crowdpleaser, as director Damien Chazelle's previous films were (“Whiplash”, “La La Land” and “First Man”). Accompanied by the energetic jazz score composed by the always great Justin Hurwitz, the trailer is composed of scenes containing heavy use of drugs, tons of coarse language, portions with explicit sex and nudity, and sequences edited with the purpose of turning the preview into an essentially chaotic and disorienting experience. At first glance, the film seemed to be a mix between the exaggeration of “The Wolf of Wall Street” (which, coincidentally, also stars Margot Robbie), the glamour in “The Great Gatsby”, and the ambition of “Whiplash” and “La La Land”.

The film's divisive approach was only reinforced with its first screenings in New York and Los Angeles, consolidating “Babylon” as a classic “love it or hate it” movie; meaning, either you like the film a lot, or hate it with everything you've got, without any sort of middle ground between these two extremes. Other examples of this type of film include Darren Aronofsky's “Mother!”, Terrence Malick's “The Tree of Life”, Lars von Trier's “Dogville”, and Harmony Korine's “Spring Breakers”. The first reactions to “Babylon” praised the visuals, performances and Hurwitz's score, but were divided on the screenplay, Chazelle's direction and the film's graphic content. Honestly, I have to say I wasn't affected by what the trailer showed, because somehow, taking all the passion and dedication Chazelle had in his previous films into account, I knew it would have something more to say.

And, fortunately, my instincts were correct. Does the film have inappropriate sequences? Yes, but they never, not even for a second, are the focus of Chazelle's screenplay. On the contrary: just like “The Fabelmans”, “Babylon” focuses on its portrayal of the film industry and its progress throughout the decades. However, instead of being an extremely personal story on the director's love for cinema, as it was with Spielberg, Chazelle's film looks like a film adaptation of a film history book that was banned for being too controversial. It's a work that portrays, in an equally satirical and dramatic way, the transition between silent films and talkies and all the changes it brought with it, which could represent the triumph or the doom of the professionals that worked in the industry at the time. And, in a practically timeless manner, Chazelle makes the viewer aware that every problem that tarnishes our current culture (cancel culture, PC culture, career-destroying scandals, the impact of sensationalist journalism, the toxicity of movie fans) was also very much present during the time in which the film is set.

So, on Chazelle's screenplay, I'd like to highlight the following aspects: the narrative's epic and grand tone, and how it thematically connects with the director's previous works; its chaotic and purposefully disorienting approach of Old Hollywood; its portrayal of the ups and downs faced by the industry's professionals (some of which, unfortunately, are still present nowadays); the timelessness the screenplay injects into culture's most problematic aspects, which bring the film's plot closer and closer to our actual reality; and how all of that combined results in a singular, honest and passionate look on the filmmaking industry.

First of all, I'd like to say how invigorating it is to watch an essentially ambitious film like “Babylon” on a big screen. In development since 2019, the new work from Damien Chazelle is composed by 3 hours and 10 minutes of pure, sheer ambition. It feels like Chazelle took every cinematic portrayal of Hollywood and turned them all upside down, resulting in one hell of a drug-fueled, sex-laced, twist-filled going-away party. It is an extremely risky and bold proposition, which, in the wrong director's hands, would result in one of the greatest cinematic messes of all time. But, fortunately, Damien Chazelle (who, to date, stands as the youngest filmmaker to win the Oscar for Best Director, at age 32, for “La La Land” in 2017) injects this portrayal with such an inherent passion and fascination towards filmmaking, that the viewer ends up having no choice, but to go along with the director's flow.

Another highlight contained within that ambition is the fact the plot isn't dragged, even with that extended runtime. There's a very well calculated balance between a satirical and acid sense of humor, being capable of making the viewer laugh out loud; and a more dramatic vein that adds necessary tension to the plot, reminiscent to the scenes in “Whiplash” which involved J.K. Simmons's strict and incredible character, in a role that won him an Oscar for Best Supporting Actor. There's always something happening in every scene of “Babylon”, and for that, the film demands the viewer's full attention: in every corner of the screen, in the dialogue, in the camera movements, in the nuances in the actors' performances. It's a rare cinematic experience that feels complete.

And, in that ambition, the film intricately connects with the director's previous work. “Whiplash”, “La La Land” and “First Man” all tell stories about dreams and ambitions. In “Whiplash”, Andrew dreams of being a jazz drummer in a prestiged college band; in “La La Land”, Mia and Sebastian dream of entering show business and having a jazz club, respectively; and in “First Man”, Neil Armstrong (and the US, in general) dreams of being the first man to step on the Moon. And “Babylon” is no exception in Chazelle's canon; conveying its themes of dreams and ambitions through several characters, particularly those played by Diego Calva and Margot Robbie, whose chemistry onscreen is reminiscent of exaggerated versions of Emma Stone and Ryan Gosling's characters in “La La Land”. (Fun fact: Emma Stone was tapped to play Robbie's character, but, due to scheduling conflicts, she left the role, leading to the casting of the Australian actress who was Oscar-nominated for “I, Tonya”.)

Another highlight is the portrayal of how chaotic and purposefully disorienting the film industry may seem to those who are about to enter it. This becomes crystal clear in the film's prolonged opening sequence, which relies on brilliant camerawork by cinematographer Linus Sandgren, following Calva's character through a party where lots of things are happening at the same time. To not make it unnecessarily explicit, Chazelle and Sandgren make the right choice in showing bare glimpses of these more inappropriate parts, which makes it very similar to “The Wolf of Wall Street”. Another example of this purposeful chaotic tone is the first set visit by Calva and Robbie's characters, where several films are being simultaneously shot. It's suffocating, terrifying, but at the same time, intoxicating and contagious. In theory, “Babylon” would be a mess, but thanks to Chazelle's direction, it's a mess that makes sense and keeps the viewer hooked on its premise.

One of the biggest focus points of Chazelle's screenplay is the approach of the highs and lows film professionals face, and, surprisingly, many of the problems that the characters of “Babylon” face are still present, to this day. I believe that one of the main goals of Chazelle's new film is to show how the film industry and the changes in it are capable of corrupting the artists in it, leading them into developing addictions, and forcing them to have certain behavior patterns and to adapt in order to keep their careers. Meaning, Chazelle portrays these cinematic artists as essentially disposable and expendable people, in a way that, if they took a step in the wrong direction, they would be instantly fired. It's something that's truly hopeless to see, especially to people who wish to follow a career in cinema, but it is also a way Chazelle finds of showing that the industry's structure needs to go through necessary changes, and that's really good.

Another narrative factor that surprised me was how the aspects that are considered problematic to today's culture were quite present in the film's time setting. The approach of concepts like cancel culture and PC culture; the impact that sensational journalism can have on an artist's career; the destructive capacity of press-discovered scandals and the toxicity and opression suffered by these professionals by the hands of religiously devout fans makes “Babylon” be an extremely relevant film in its portrayal of the contemporary film industry. It's something that's brutally honest, realistic and necessarily boundless, so that the message can make the absolute most of its impact.

However, above everything, “Babylon”, just like “The Fabelmans”, is an essentially passionate look towards the film industry and all the progress it had throughout the decades, even though that progress may have meant a downward spiral for some industry professionals, as the film portrays very well. Chazelle makes that passion visible in every scene in his film, and cements his most ambitious project and his homage to the old times of Hollywood with one hell of a flourish in its final sequence, which might as well be one of the most brilliant and emotional love letters that cinema has received throughout its entire history. If the viewer is an all-out movie lover, it will be impossible to not get swept away by Damien Chazelle's ambition and dedication in “Babylon”, and just for that, the film deserves to be one of the main contenders at this year's Oscars, even if the reactions are extremely divisive.)



Se um espectador comum não for ver “Babilônia” pelo que foi exposto no trailer, ele certamente verá pela quantidade extraordinária de talento presente no elenco, encabeçado por ninguém menos que Brad Pitt (“Clube da Luta”) e Margot Robbie (“O Lobo de Wall Street”). O filme é recheado de aparições de atores famosos, e cada um tem sua chance de brilhar, mas vamos por partes, começando pela dupla principal, composta por Diego Calva e Robbie. Esse é o primeiro papel Hollywoodiano de destaque de Calva, e ele já mostra um entusiasmo e dedicação admiráveis como o faz-tudo Manny. De acordo com Chazelle, ele é o guia do espectador por toda a trama do filme, com Calva recebendo a tarefa difícil de tornar os acontecimentos compreensíveis para o espectador, e ele cumpre essa missão com primor através da atuação. Porém, é Margot Robbie, em seu melhor papel até o momento, que consegue transmitir melhor todo o espírito caótico e dramático de “Babilônia”. É fascinante a maneira que a atriz, à primeira vista, mostra uma atitude “livre, leve e solta” impassível (similar à sua interpretação da Arlequina nos filmes da DC), mas com o passar do tempo, vai revelando as inseguranças de sua personagem de modo incrivelmente genuíno. Estou torcendo para que o trabalho dela seja reconhecido como um dos indicados ao Oscar de Melhor Atriz.

Em um papel mais coadjuvante, Brad Pitt dá um verdadeiro show, oferecendo a maior quantidade de insights e ideias sobre o fazer cinematográfico e a experiência de ver um filme através de seu personagem, que é a maior fonte de alívio cômico do roteiro de Chazelle. Em vários momentos, ele me lembrou das cenas onde Cliff Booth, papel de Pitt em “Era uma Vez em Hollywood” que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, estava dopado nas sequências finais do filme, resultando em pérolas incrivelmente engraçadas. Porém, há uma veia mais dramática visível no trabalho do ator em “Babilônia”, e Pitt tem um desempenho igualmente admirável durante estas cenas. O Tobey Maguire interpreta, de longe, o personagem mais aterrorizante do filme. Não há uma cena onde ele esteja em tela em que o espectador não se sinta tenso e desconfortável, com a performance de Maguire sendo a chave para que essas cenas funcionem, e acabam funcionando perfeitamente. A Li Jun Li exibe uma sensualidade exótica combinada com uma austeridade dura como pedra com sua personagem, me lembrando muito da personagem da Lucy Liu em “Kill Bill”. A Jean Smart interpreta uma jornalista inserida no mercado cinematográfico, e os pontos de vista que sua personagem oferece sobre o cinema são dolorosamente verdadeiros, e a atriz é sensacional. O Jovan Adepo domina toda cena em que ele aparece, com uma cena em particular sendo muito, mas muito difícil de ver sem se sentir desconfortável, e dá pra ver, somente através dos olhos do ator, o quanto o personagem dele se sente incomodado com a situação retratada.

Outros atores presentes no filme através de papéis curtos ou pontas incluem Lukas Haas, Max Minghella, P.J. Byrne, Olivia Hamilton, Rory Scovel, Katherine Waterston, Samara Weaving, Olivia Wilde, Jeff Garlin, Flea, Spike Jonze e Chloe Fineman, e todos eles têm seus momentos de brilhar, com algumas destas cenas sendo as melhores do filme.

(If the ordinary viewer goes to watch “Babylon” not taking the trailer into consideration, they will certainly watch it for the extraordinary amount of talent contained within the cast, led by none other than Brad Pitt (“Fight Club”) and Margot Robbie (“The Wolf of Wall Street”). The film is filled with appearances by famous performers, and each of them have their chance to shine, but let's do this by parts, starting off with the main duo, composed by Diego Calva and Robbie. This is Calva's first Hollywood main role, and he already displays admirable enthusiasm and dedication towards the craft as everyman Manny. According to Chazelle, he is the viewer's guide through all of the film's plot, with Calva bearing the difficult task of making the events feel understandable for the viewer, and he fulfills this mission brilliantly through acting. However, it's Margot Robbie, in a career-best role, who best conveys the chaotic and dramatic spirit of “Babylon”. It's fascinating the way the actress, at first, shows a relentless carefree attitude (similar to her portrayal of Harley Quinn in DC movies), but as time flows by, she reveals her character's insecurities in an incredibly genuine manner. I'm really hoping her work is recognized as one of the nominees to the Oscar for Best Actress.

In a more supporting role, Brad Pitt knocks it out of the park, offering the greatest amount of insights and ideas on filmmaking and the experience of watching a film through his character, who is the biggest source of comic relief in Chazelle's screenplay. In several moments, he reminded me of the scenes where Cliff Booth, Pitt's role in “Once Upon a Time in Hollywood” that won him an Oscar for Best Supporting Actor, was drugged in the film's final sequences, resulting in incredibly funny gems. However, there's a visible more dramatic vein to Pitt's work in “Babylon”, and his development is equally admirable during these scenes. Tobey Maguire plays the film's most terrifying character, by far. There isn't a single scene where he appears that the viewer doesn't feel tense and uncomfortable, with Maguire's performance being the key for those scenes to work, and they end up doing so perfectly. Li Jun Li displays an exotic sensuality with a tough-as-a-rock austere attitude with her character, reminding me a lot of Lucy Liu's character in “Kill Bill”. Jean Smart plays a journalist who's inserted in the filmmaking business, and the points of view her character offers on cinema are painfully true, and the actress does a stellar job. Jovan Adepo owns every scene he's in, with a particular scene being very, very tough to watch without feeling uncomfortable, and you can see, just from the actor's eyes, how his character is bothered by the situation portrayed in it.

Other performers present in the film through short roles or cameos include Lukas Haas, Max Minghella, P.J. Byrne, Olivia Hamilton, Rory Scovel, Katherine Waterston, Samara Weaving, Olivia Wilde, Jeff Garlin, Flea, Spike Jonze and Chloe Fineman, and they all have their moment to shine, with some of these scenes being the film's best ones.)



Nos aspectos técnicos, “Babilônia” consegue refletir a ambição e a ousadia propostas pelo roteiro de Damien Chazelle. Além dos planos-sequência dinâmicos já mencionados do diretor de fotografia Linus Sandgren, é particularmente impressionante a maneira que o visual do filme vai se adaptando e evoluindo com o passar do tempo de duração, assim como o visual do próprio cinema sofreu uma evolução ao longo da História. De um tom mais sépia, a tela vai adquirindo aquele granulado e aqueles “risquinhos” que tornam tudo mais vintage, e a partir de um certo momento, o visual acaba tendo um teor mais psicodélico e tri-dimensional, o que pode refletir o caráter mais imaginativo e apoiado nos efeitos visuais em certos filmes contemporâneos. É um trabalho brilhante de fotografia que, combinado com a montagem igualmente dinâmica do Tom Cross, faz a experiência de ver “Babilônia” ser algo extremamente imersivo para o espectador. Ambos merecidamente devem receber o devido reconhecimento com, pelo menos, uma indicação ao Oscar.

A direção de arte é uma obra-prima à parte, sendo o principal concorrente ao Oscar desse ano na categoria. Eu achei simplesmente admirável a maneira com que a direção de arte e o design dos figurinos fazem parecer que estamos vendo um filme ambientado na década de 1920 e, ao mesmo tempo, também nos dão a impressão de que “Babilônia” é ambientado nos dias atuais, reforçando a atemporalidade presente no roteiro de Chazelle através do visual. As cenas ambientadas nos sets de filmagem são algumas em que a direção de arte tem seus momentos de brilhar, e surpreendendo um total de zero pessoas, acabam entre as melhores sequências do filme. O som é outro aspecto que vale muito a pena ser mencionado, já que o filme trata da transição entre o cinema mudo e o cinema falado. Uma cena em particular destaca a opressão e a ameaça que o som representou para os artistas que trabalhavam no cinema mudo, e é uma cena tão tensa e sufocante que chega a ser levemente assustadora.

E, como a cereja desse bolo extravagante e caótico, temos a sensacional trilha sonora original composta pelo Justin Hurwitz, que venceu o Oscar por seu trabalho excepcional em “La La Land”. Novamente, o jazz é o gênero predominante no trabalho do compositor; porém, enquanto em “La La Land” é algo mais organizado e bem orquestrado, tendo uma certa classe, em “Babilônia” é o completo oposto. Parece algo improvisado, misturando vários estilos musicais e algumas partes com vocais para criar uma verdadeira obra-prima sonora que reflete o livre-espírito e o caos presentes ao longo da trama. As composições viciantes de Hurwitz casam perfeitamente em particular com as cenas das festas, que acabam por despertar uma vontade no espectador de dançar loucamente junto com os personagens, assim como aconteceu (pelo menos, no meu caso) com “La La Land”. Academia, já pode ir polindo o segundo Oscar do Justin Hurwitz, porque O HOMEM TÁ CHEGANDO! (Risos)

(In its technical aspects, “Babylon” manages to reflect the ambition and boldness proposed in Damien Chazelle's screenplay. Besides the aforementioned dynamic long shots by cinematographer Linus Sandgren, it's particularly impressive the way the film's visuals change and evolve throughout its runtime, just like cinema itself, in its History, visually went through changes. From a more sepia tone, the screen gets that grainy look with little marks on the screen, which makes everything more vintage; and from a certain moment, the visuals end up having a psychedelic, almost three-dimensional vein, which might reflect the more imaginative, visual-effects demanding look of contemporary films. It's a brilliant work in cinematography that, combined with Tom Cross's equally dynamic editing, makes the experience of watching “Babylon” all the more immersive to the viewer. They both deservingly should get their due recognition with at least an Oscar nomination.

The production design is a particular masterpiece, being the main Oscar contender in that category. I thought it was simply admirable the way the production design and the costume design make it seem like we're watching a film set in the 1920s, yet at the same time, give us the impression that “Babylon” is set during present day, reinforcing the timelessness of Chazelle's screenplay through its visuals. The scenes set in the movie sets are some in which production design has its chance to shine, and to the surprise of absolutely no one, they end up being among the film's best sequences. Sound is another aspect that's worth mentioning, as the film is about the transition between silent films and talkies. One scene in particular can highlight the overwhelm and the threat sound represented to the professionals working on silent films, and it's a scene so tense and suffocating, it comes out as slightly scary.

And, as the cherry on top of this extravagant and chaotic cake, we have the sensational original score by Justin Hurwitz, who won the Oscar for his exceptional work in “La La Land”. Once again, jazz is the predominant genre in the composer's work; however, while in “La La Land” it sounds organized and more well-orchestrated, having some sort of class to it, in “Babylon” it's the complete opposite. It sounds like something that was made on the spot, blending together several music genres and some vocal parts in order to create a true sonic masterpiece that reflects the free spirit and the chaos present throughout the plot. Hurwitz's addictive compositions are a perfect match in particular with the party scenes, making the viewer want to dance crazily alongside the characters, just like it happened (at least, for me) with “La La Land”. Academy, go ahead and polish Justin Hurwitz's second Oscar, because THE MAN IS COMING! (LOL))



Resumindo, “Babilônia” é uma viagem alucinante, caótica e propositalmente desorientadora pela história do cinema. Contando com um tempo de duração extenso de mais de 3 horas, o novo filme de Damien Chazelle tinha tudo para ser uma verdadeira bagunça, mas o roteiro tematicamente relevante, as performances de seu elenco estelar, os aspectos técnicos impecáveis e a direção extremamente apaixonada de Chazelle fazem com que a experiência de ver “Babilônia” seja algo essencialmente imersivo, resultando em um retrato sem filtros da velha Hollywood e em uma carta de amor surpreendente ao progresso do cinema ao longo dos anos, e à permanência de sua capacidade de encanto e fascínio para todo tipo de espectador. Vejam na maior tela possível.

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, “Babylon” is a hallucinating, chaotic and purposefully disorienting journey throughout the history of cinema. Relying on an extended runtime of over 3 hours, Damien Chazelle's new film had everything to be a royal mess, but its thematically relevant script, the performances by its stellar cast, its flawless technical aspects and Chazelle's extremely passionate direction make the experience of watching “Babylon” something that's essentially immersive, resulting in an unfiltered portrait of Old Hollywood and in a surprising love letter to the progress of cinema throughout the years, and to its remaining capacity of enchanting and fascinating every sort of viewer. Watch this in the biggest screen near you.

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)


segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

"Os Fabelmans": a carta de amor de Steven Spielberg à sua família e ao cinema (Bilíngue)

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E aí, meus queridos cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre um dos lançamentos mais recentes, já em exibição exclusiva nos cinemas! Um dos principais concorrentes na atual temporada de premiações, o filme em questão é, ao mesmo tempo, uma carta de amor à família de seu diretor e uma homenagem brilhante à arte de se fazer cinema, resultando em algo extremamente pessoal; épico em sua escala técnica, mas íntimo na abordagem narrativa; e em um verdadeiro chamado para aqueles que desejam seguir os passos do seu protagonista. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Os Fabelmans”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about one of the most recent film releases, which is now playing on theaters and on VOD! One of the main contenders in the current awards season, the film I'm about to review is, at the same time, a love letter to its director's family and a brilliant homage to the art of filmmaking, resulting in something that's extremely personal; epic in its technical scale, but intimate in its narrative approach; and in a true calling for those who wish to follow its protagonist's footsteps. So, without further ado, let's talk about “The Fabelmans”. Let's go!)



Ambientado ao longo de uma década, o filme acompanha Sammy Fabelman (interpretado por Gabriel LaBelle), o filho mais velho de uma família judia norte-americana que, desde criança, nutre um fascínio pela arte de fazer filmes. Com o apoio de seus pais (interpretados por Paul Dano e Michelle Williams), Sammy começa a contar suas próprias histórias atrás da câmera, inspirado nos filmes que assiste nas telonas. Porém, as constantes mudanças de sua família de cidade em cidade, um segredo controverso e dificuldades enfrentadas na escola colocam em risco a paixão de Sammy pelo cinema.

(Set throughout a decade, the film follows Sammy Fabelman (portrayed by Gabriel LaBelle), the eldest son in a Jewish-American family who, since his childhood, nurtures a fascination for the art of filmmaking. With the support of his parents (portrayed by Paul Dano and Michelle Williams), Sammy begins to tell his own stories behind the camera, inspired by the films he watches on the silver screen. However, his family's constant moving from town to town, a controversial secret and difficulties faced in school put Sammy's passion for cinema at risk.)



Acho que uma das minhas coisas favoritas sobre o cinema é quando os cineastas encontram uma maneira de contar suas próprias histórias na tela. Cameron Crowe em “Quase Famosos”, Charlotte Wells em “Aftersun”, Greta Gerwig em “Lady Bird”, Richard Linklater em “Apollo 10 e Meio”, todos são exemplos de como experiências vivenciadas pelos diretores inspiraram alguns de seus melhores (e mais honestos) filmes. Então, é claro que eu estava bastante animado para ver a cinebiografia do diretor mais icônico de todos os tempos, Steven Spielberg, responsável por verdadeiros clássicos como “Tubarão”, “E.T.: O Extraterrestre”, “Indiana Jones”, “O Resgate do Soldado Ryan” e entre muitos, muitos outros.

E, além de ser um filme extremamente pessoal para seu diretor, “Os Fabelmans” também funcionaria como uma carta de amor ao cinema, criando uma metalinguagem irresistível com o meio no qual aquela história está sendo veiculada. Outros exemplos dessas cartas de amor são “Ed Wood”, dirigido por Tim Burton; “Era uma Vez em Hollywood”, dirigido por Quentin Tarantino; “Cinema Paradiso”, dirigido por Giuseppe Tornatore; “Os Sonhadores”, dirigido por Bernardo Bertolucci; “Super 8”, de J.J. Abrams; e “A Invenção de Hugo Cabret”, dirigido por Martin Scorsese. Contando com um elenco incrível encabeçado por Paul Dano (“Batman”) e Michelle Williams (“Sete Dias com Marilyn”), e o retorno de vários colaboradores do diretor, em especial o diretor de fotografia Janusz Kaminski (responsável pela direção de fotografia de todos os filmes de Spielberg desde “A Lista de Schindler” e o compositor John Williams (responsável pelas trilhas sonoras instantaneamente identificáveis de “Tubarão”, “E.T.”, “Jurassic Park” e “Indiana Jones”), “Os Fabelmans” tinha tudo para ser um grande filme.

E fico extremamente feliz em dizer o novo filme de Steven Spielberg não só é uma belíssima homenagem às origens e à família (em especial aos pais, ambos falecidos) do diretor, como também funciona como um verdadeiro chamado para qualquer espectador que deseja seguir os mesmos passos e se tornar um grande cineasta, graças à abordagem íntima, honesta e extremamente prática que Spielberg injeta na arte de se fazer cinema em algumas das melhores e mais cativantes cenas de “Os Fabelmans”. Os principais aspectos que eu gostaria de destacar no roteiro, escrito pelo próprio diretor e por Tony Kushner (“Amor, Sublime Amor”), são justamente o caráter pessoal da trama, a jornada de amadurecimento do protagonista, a capacidade de fazer o espectador entender não só a perspectiva do personagem principal, mas também a de sua família; e, por fim, a abordagem da arte de se fazer cinema, a qual é plenamente capaz de despertar no espectador um desejo de querer contar suas próprias histórias atrás da câmera.

Começando pelo caráter pessoal do roteiro, fica perfeitamente claro, desde a primeira cena, o quanto a família de Spielberg teve um papel essencial na sua crescente paixão e fascínio pelo cinema. A primeira cena de “Os Fabelmans” retrata o ponto de partida de qualquer cineasta ou amante da sétima arte: a sua primeira ida ao cinema, acompanhado pelos pais. Eu estaria mentindo se dissesse que não me identifiquei de cara com o nosso pequeno protagonista nessa cena: os pais advertindo-o de que tudo ficaria escuro e que teria um som alto, mas assegurando-o que eles estariam ali, do lado dele. Me lembro de quando fui pela primeira vez ao cinema, e meus avós tiveram que comprar uma lanterninha para que eu não ficasse no escuro. Era assustador à primeira vista, mas ao mesmo tempo, incrivelmente eletrizante, e “Os Fabelmans” consegue capturar esse fascínio universal de uma primeira sessão de cinema extraordinariamente bem.

Outro aspecto abordado no roteiro que acrescenta muito à pessoalidade que o diretor injeta no filme é a religião dos protagonistas, e a maneira com que Spielberg aborda o judaísmo é tão realista que torna toda a experiência de “Os Fabelmans” mais autêntica, e de certo modo, universal, mesmo para os espectadores que não são judeus. Não só o roteiro aborda os feriados específicos do judaísmo, como o Hannukah ou Chanucá, e inclui falas em hebraico, como também lida com o antissemitismo presente nos EUA nas décadas posteriores à Segunda Guerra Mundial, veiculando temas como preconceito, xenofobia e bullying através de seus protagonistas.

Mas, além de uma carta de amor à família de Spielberg e seu amor pelo cinema, “Os Fabelmans” é, acima de tudo, uma história de amadurecimento. O filme, em suas bem calculadas 2 horas e 30 minutos de duração, consegue perpassar mais de uma década na vida de seus protagonistas, e em especial, na de Sammy, personagem inspirado no diretor. É fascinante vê-lo crescer, de uma criança à um universitário, passando por diversos dilemas no processo; assim como é muito interessante o modo que o fazer cinematográfico e a vocação dele também amadurecem ao longo de sua juventude. Aqui, a maioria das pessoas pode dizer que o roteiro se rende à uma fórmula amplamente usada, e, honestamente, teriam razão. Porém, a direção e o controle que Spielberg tem sobre essa fórmula fazem a abordagem ser bem original, e isso faz toda a diferença.

Em terceiro lugar, é incrível a maneira com que Spielberg e Kushner evitam fazer com que a história tenha um único ponto de vista; no caso, o de Sammy. Os roteiristas se esforçam para fazer com que cada membro da família Fabelman tenha uma perspectiva e um jeito de agir diferentes; mas, ao mesmo tempo, 100% compreensíveis para o espectador, de modo que não há pessoas certas ou erradas, somente verdadeiros seres humanos, com suas falhas e tudo. Particularmente, há um contraste visível entre o pragmatismo do pai e o livre espírito da mãe como uma das principais fontes de conflito do roteiro, e os pontos de vista de ambos são perfeitamente desenvolvidos e transmitidos para o espectador. Mas o mais interessante é como o diretor, sendo simplesmente Steven Spielberg, faz uma jogada de mestre ao fazer com que Sammy reflita o melhor dos dois mundos ao filmar seus filmes.

Em quarto e último lugar, temos a abordagem brilhante de Spielberg e Kushner sobre o fazer cinematográfico, injetando uma metalinguagem irresistível em “Os Fabelmans” e despertando uma vontade no espectador de fazer o que o Sammy está fazendo. É incrível ver a maneira que o protagonista montava os seus filmes manualmente, em uma época em que não haviam computadores, programas ou efeitos especiais em computação gráfica para facilitar o trabalho, de modo que o resultado final ficava 100% crível e realista. Mas, especialmente, é de cair o queixo ver a quantidade mínima de recursos dos quais Sammy se dispunha para fazer seus filmes, e ainda assim, testemunhá-lo extraindo o máximo daquelas filmagens, de um jeito extremamente prático e inventivo. Isso, para aqueles que desejam seguir uma carreira na indústria cinematográfica, serve como uma mensagem do próprio cineasta para essas pessoas.

Esta abordagem mais prática sobre fazer cinema foi uma escolha certeira do diretor e do roteiro, pois nos dias de hoje, é extraordinariamente mais fácil fazer um filme ou um curta-metragem por conta própria do que era na época em que “Os Fabelmans” é ambientado. Não é preciso ter uma câmera profissional com lentes da mais alta qualidade, sendo que smartphones vêm sendo equipados com câmeras cada vez mais potentes com o passar do tempo. (Inclusive, há vários filmes aclamados de diretores renomados que foram inteiramente rodados nas câmeras de iPhones, como “Tangerine”, de Sean Baker, e “Distúrbio”, de Steven Soderbergh.) Não é preciso ter um aparelho para cortar a película de filme e editá-la manualmente, pois há programas de computador bem intuitivos feitos especialmente para isso.

Ou seja, os instrumentos estão ao nosso alcance. Tudo que precisamos é de uma ideia para utilizarmos o máximo desses instrumentos e tirarmos algo bom, algo memorável disso. Por isso, digo que o novo filme de Spielberg, além de ser uma homenagem à sua família e à sétima arte, é também um verdadeiro chamado para que novas vozes surjam a partir da experiência de ver “Os Fabelmans” nas telonas, sendo uma maneira do diretor dizer ao espectador: “Eu fiz tudo isso aqui, passei por todos esses perrengues, e olha onde eu cheguei. VOCÊ pode chegar aqui também. É só tomar a iniciativa.” E eu, particularmente, mal posso esperar para ver o impacto que o filme terá em jovens amantes de cinema.

(I think that one of my favorite things about cinema is when filmmakers find a way to tell their own stories onscreen. Cameron Crowe in “Almost Famous”, Charlotte Wells in “Aftersun”, Greta Gerwig in “Lady Bird”, Richard Linklater in “Apollo 10 1/2”, all of those are examples of how the filmmakers' life experiences managed to inspire some of their best (and most honest) films. So, of course I was excited to watch the biopic of the most iconic filmmaker of all time, Steven Spielberg, who was responsible for several classics like “Jaws”, “E.T.: The Extra-Terrestrial”, “Indiana Jones”, “Saving Private Ryan”, as well as many, many others.

And, besides it being an extremely personal film for its director, “The Fabelmans” would also work as a love letter to cinema, creating an irresistible meta feel with the medium in which the story is being told. Other examples of these love letters include Tim Burton's “Ed Wood”; Quentin Tarantino's “Once Upon a Time in Hollywood”; Giuseppe Tornatore's “Cinema Paradiso”; Bernardo Bertolucci's “The Dreamers”; J.J. Abrams's “Super 8”; and Martin Scorsese's “Hugo”. With an incredible cast led by Paul Dano (“The Batman”) and Michelle Williams (“My Week with Marilyn”) in front of the camera, and the return of several of the director's frequent collaborators, particularly cinematographer Janusz Kaminski (who shot every single one of Spielberg's films from “Schindler's List” onward) and composer John Williams (who's responsible for the instantly recognizable scores from “Jaws”, “E.T.”, “Jurassic Park” and “Indiana Jones”), “The Fabelmans” had everything to be a great film.

And I'm extremely glad to say that Steven Spielberg's new film is not only a beautiful homage to the director's origins and family (especially, his late parents), as it also works as a true calling to any viewer who wishes to follow the same footsteps and become a great filmmaker, thanks to the intimate, honest and extremely practical approach Spielberg injects in the art of filmmaking in some of the best and most captivating sequences in “The Fabelmans”. The main aspects I'd like to highlight in the script penned by the director himself and Tony Kushner (“West Side Story”) are, in fact, the personal feel of the plot; the protagonist's coming-of-age journey; the capacity of making the viewer understand not only its main character's point of view, but his family's as well; and, lastly, its approach on the art of filmmaking, which is plainly capable of sparking a desire in the viewer of telling their own stories behind the camera.

Starting off with the screenplay's personal story, it's crystal clear, from its very first scene, how Spielberg's family played an essential role in his growing fascination and passion for cinema. The first scene of “The Fabelmans” portrays the starting point for any filmmaker or movie lover: their first theater screening, accompanied by their parents. I'd be lying if I said I didn't see myself on our young protagonist right on the spot in that scene: his parents warning him that the room would go dark and that will be loud sounds, but ensuring him that they would be right there, by his side. I remember when I first went to the movies, and my grandparents had to buy a little flashlight for me, so that the room isn't fully dark. It was scary at first, but also incredibly exhilarating, and “The Fabelmans” manages to capture this universal fascination of a first theater screening extraordinarily well.

Another aspect dealt with in the script that adds to the personal touch the director injects into his film is the protagonists' religion, and the way Spielberg approaches Judaism is so realistic, that it makes the experience of watching “The Fabelmans” all the more authentic; and in a certain way, it also makes it universal, even for those who aren't Jewish. Not only does the screenplay deals with specific Jewish holidays, such as Hannukah, and has dialogue in Hebrew, it also approaches the anti-semitism that was present in the decades after WWII in the US, portraying themes like prejudice, xenophobia and bullying through its protagonists.

But, besides being a love letter to his family and movies in general, “The Fabelmans” is, above all, a coming-of-age story. The film, in its well-calculated runtime of 2 hours and 30 minutes, manages to go through over a decade in the life of its protagonists, and especially in Sammy's, a character inspired by the director himself. It's fascinating to watch him grow up, from a little kid to a college student, going through several dilemmas in the process; as it is also very interesting to see the way his filmmaking and his calling mature as well throughout his youth. Here, most people can say that the screenplay surrenders to a widely used formula, and quite frankly, they'd have a point. However, the control and the direction Spielberg has towards that formula turn the approach into something original, and that makes all the difference.

Thirdly, it's particularly incredible the way that Spielberg and Kushner avoid making the story stay under a single point of view; in this case, Sammy's. The screenwriters make an effort to make every member of the Fabelman family have perspectives and manners that are completely different, yet 100% understandable in the viewer's eyes; in a way that there aren't those who are right or wrong, just fully-fledged human beings, with their flaws and all that. Particularly, there's a visible contrast between the father's pragmatism and the mother's free-spirited nature as one of the screenplay's main sources of conflict, and both of their points of view are perfectly developed and conveyed to the viewer. Yet the most interesting thing is how the director, being none other than Steven Spielberg, makes a masterful move by making Sammy reflect the best of both worlds when shooting his films.

And, lastly, in fourth place, we have Spielberg and Kushner's brilliant approach on filmmaking, injecting an irresistible meta feel in “The Fabelmans” and making the viewer want to make what Sammy does. It's incredible to see the way the protagonist put together his films manually, in a time where there were no computers, programs or computer-generated visual effects to make that job easier, and the final result came out as 100% believable and realistic. But, especially, it's jaw-dropping to see how Sammy had very few resources at hand to make his movies, and still, witness him making the most of that footage, in an extremely practical and inventive way. That, to those who wish to follow a career in the movie industry, serves as a message from the filmmaker himself to those people.

This practical approach on filmmaking was a brilliant move from the director and the screenplay, as nowadays, it's extraordinarily easier to make a feature-length or short film by yourself than it was at the time “The Fabelmans” is set in. You don't need to have a professional camera with high-quality lenses, as smartphones have been equipped with cameras that have become more and more potent as time went by. (By the way, there are many acclaimed films by renowned directors that were entirely shot on iPhone cameras, such as Sean Baker's “Tangerine” and Steven Soderbergh's “Unsane”.) You don't need to have a device to manually cut and splice film, as there are really intuitive computer programs designed to do just that.

To put it short, the instruments are within our reach. All we need is an idea to make the most out of these instruments and get something good, something memorable out of it. Because of that, I say that Spielberg's new film, besides being a homage to his family and film, is also a true calling for new voices to rise from the experience of watching “The Fabelmans” on the big screen, serving as a message from the director to the viewer: “I made all of this, went through all this trouble, and look at where I am now. YOU can also get here. You just need to make a move.” And I, particularly, cannot wait to see the impact this film will have on young movie lovers.)



O elenco foi outro grande acerto de “Os Fabelmans”. A começar pelo Gabriel LaBelle, que, em seu primeiro papel de destaque, dá um verdadeiro show como o Sammy adolescente. As cenas onde ele particularmente brilha são aquelas ambientadas nos sets de filmagem de seus filmes estudantis. Há uma sequência em particular que demonstra perfeitamente o porquê de Spielberg ser um diretor de cinema, e essa justificativa é transmitida de forma dedicada e, de certo modo, descontraída através da performance de LaBelle. Como o pai de Sammy, temos outra performance fantástica do Paul Dano, que já tinha começado 2022 com tudo, interpretando o Charada em “Batman”. É bem interessante a maneira que o ator consegue equilibrar a atitude autoritária e soberbamente inteligente de “homem da casa” com a doçura e o apoio que ele demonstra em relação à sua família. É uma abordagem bem diferente de um pai de família no cinema, porque normalmente os pais vão contra os sonhos e ambições dos filhos, então foi uma escolha criativa muito acertada e original.

Mas, se “Os Fabelmans” tem uma âncora emocional definida, essa âncora se encontra na personagem da Michelle Williams, que entrega aqui o seu melhor trabalho como atriz desde sua interpretação estupenda (e indicada ao Oscar) de Marilyn Monroe em “Sete Dias com Marilyn”. Fazendo o papel da mãe de Sammy, Williams equilibra, de maneira magistral, um espírito irresistivelmente lúdico com uma melancolia que gradualmente vai se tornando visível para o espectador, resultando em um desempenho simplesmente arrebatador. A personagem dela serve como a chave para que o protagonista amadureça, e a química entre Williams e LaBelle é muito cativante. Eu não sei se a Universal vai seguir com os planos originais e submeter a performance da atriz para uma vaga no Oscar de Melhor Atriz (que está incrivelmente acirrada), ou se eles irão mudar para a categoria de Atriz Coadjuvante, para ter uma garantia a mais, mas mesmo assim, é a melhor atuação do filme e merece atenção das premiações.

Eu gosto quando comediantes tentam fazer papéis mais dramáticos, como por exemplo, o Jim Carrey em “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” ou o Adam Sandler em “Embriagado de Amor”, e por isso, eu achei o desempenho do Seth Rogen admirável aqui. Só pelo fato dele interpretar alguém fora do estereótipo de seus personagens mais frequentes, já é um tremendo ganho, e eu espero que ele invista em mais papéis assim. Porém, há duas performances coadjuvantes que roubam completamente o filme com apenas uma cena à disposição de cada ator; no caso, o Judd Hirsch e o David Lynch (sim, o criador de “Twin Peaks”). O Judd Hirsch consegue destrinchar toda a trajetória que Sammy percorrerá em sua vida em um único monólogo; e o David Lynch interpreta uma figura da vida real (a qual permanecerá em sigilo por aqui) que serve como um tipo de mentor para o protagonista na conclusão da trama. Na minha opinião, ambos merecem indicações ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, e fortemente creio que pelo menos Hirsch estará entre os cinco indicados.

(The cast was yet another great win for “The Fabelmans”. Starting off with Gabriel LaBelle, who, in his first breakout role, knocks it out of the park as teenage Sammy. The scenes where he particularly shines are those set in the filming stages of his student films. There's a particular sequence that perfectly demonstrates why Spielberg chose to be a film director, and that reason is conveyed in a dedicated and, somewhat, funny way through LaBelle's performance. As Sammy's father, we have yet another fantastic performance by Paul Dano, who had already started off 2022 with a bang, playing the Riddler in “The Batman”. It's quite interesting the way the actor manages to balance the authoritarian and superbly clever “man of the house” attitude with the sweetness and support he shows towards his family. It's quite a different approach of a family man in a film, as fathers usually go against their children's dreams and ambitions, so it was a creative and fresh choice done right.

But, if “The Fabelmans” has a defined emotional anchor, it finds itself in the character portrayed by Michelle Williams, who delivers her best work as an actress here, since her stupendous (and Oscar-nominated) turn as Marilyn Monroe in “My Week with Marilyn”. Playing the role of Sammy's mother, Williams masterfully balances an irresistibly playful spirit with a melancholy that gradually shows itself to the viewer, resulting in a simply ravishing piece of acting. Her character serves as the key for the main character's constant growing, and the chemistry between Williams and LaBelle is quite captivating. I don't know if Universal is going to follow their original plans and submit her performance for a shot at the Oscar for Best Actress (which is highly competitive) or switch to the Supporting Actress category for a better chance at winning, but one way or the other, it's the film's greatest performance and it deserves award attention.

I like when comedians branch out toward more dramatic roles, like for example, Jim Carrey in “Eternal Sunshine of the Spotless Mind” and Adam Sandler in “Punch-Drunk Love”, and because of that, I thought that Seth Rogen's work here was quite admirable. Just for the fact he played someone that's outside the stereotype of his frequent characters, it's already a win, and I hope he searches for more roles like this one. However, there are two supporting performances that completely steal the whole movie with only one scene for each actor to perform; in this case, the actors are Judd Hirsch and David Lynch (yes, the creator of “Twin Peaks”). Judd Hirsch manages to play out the entire trajectory that Sammy will follow through in his life with only a single monologue; and David Lynch plays a real-life figure (whose identity will be kept private here) who serves as a mentor to the protagonist in the plot's conclusion. In my opinion, both of them deserve nominations for Best Supporting Actor at the Oscars, and I strongly believe that at least Hirsch will be among the five nominees.)



Nos aspectos técnicos, “Os Fabelmans” marca uma grande reunião entre o diretor e a grande maioria dos seus colaboradores mais frequentes. A direção de fotografia do Janusz Kaminski e a montagem do Michael Kahn e da Sarah Broshar trabalham em conjunto para que o visual do filme tenha uma veia mais vintage, como se estivéssemos assistindo à uma fotografia antiga em movimento, proposta que casa perfeitamente com o fato do filme ser baseado nas memórias de Spielberg. Inclusive, há alguns momentos onde as filmagens são em 8 e 16 milímetros, com o visual granulado adicionando ainda mais charme ao trabalho maravilhoso de Kaminski na câmera, que certamente será reconhecido no Oscar com, pelo menos, uma indicação. De fato, tudo no visual do filme, incluindo a direção de arte, os cenários, os figurinos, a maquiagem, é tudo muito bonito e vistoso. Dá para ver o cuidado que o diretor teve ao recriar suas casas de infância e adolescência, assim como a aparência dos pais, que ficaram muito parecidos com os pais de Spielberg na vida real.

É bem interessante como que, através dos aspectos técnicos dos filmes gravados pelo protagonista, podemos ver a dedicação da equipe técnica de “Os Fabelmans”, em especial nos efeitos visuais. Há uma cena em particular onde Sammy assiste um filme recém-gravado e acha falso demais, e aí um acontecimento, completamente repentino, faz com que ele tenha uma ideia genial para tornar a gravação mais autêntica. Outra sequência que também mostra essa dedicação é a que compõe os quadros finais do filme, que ficará marcada como uma das melhores (e mais metalinguísticas) conclusões na carreira de Spielberg. E, por fim, temos a belíssima trilha sonora original do icônico John Williams, composta quase que inteiramente no piano, escolha criativa que combina com o fato da mãe de Sammy ser uma pianista extremamente habilidosa. Como em qualquer filme de Steven Spielberg, a trilha de Williams marca uma tremenda presença, combinando composições originais que evocam a saudade da infância e a melancolia de crescer com peças clássicas reproduzidas e conduzidas pelo grande compositor. É um trabalho que certamente será indicado à Melhor Trilha Sonora Original no Oscar (como não ser?); porém, há uma possível ameaça nos trabalhos igualmente aclamados de Justin Hurwitz em “Babilônia” e Alexandre Desplat em “Pinóquio por Guillermo del Toro”.

(In its technical aspects, “The Fabelmans” marks a huge reunion between the director and some of his most frequent collaborators. Janusz Kaminski's cinematography and Michael Kahn and Sarah Broshar's editing work in tandem to make the visuals of the film evoke a more vintage feel, as if we're watching a moving antique photograph, a proposition that perfectly matches the fact the film is based on Spielberg's memories. By the way, there are some moments where the filming is in 8 and 16mm, with its grainy look adding even more charm to Kaminski's wonderful work behind the camera, which will certainly be acknowledged at the Oscars with, at least, a nomination. Indeed, everything about how the film looks, including production design, set decoration, costume design, makeup, it's all really beautiful and eye-catching. You can see the care the director had in recreating his childhood and teenage homes, as well as his parents' appearances, who look extremely similar to Spielberg's parents in real life.

It's quite interesting how, through the technical aspects of the films recorded by the protagonist, we can see the dedication of the crew in “The Fabelmans”, especially when it comes to visual effects. There's a particular sequence where Sammy watches a recently-shot film and finds the result to be too fake, but one event, almost suddenly, makes him have a genius idea to make the footage seem more authentic. Another sequence that displays this dedication is the one that composes the film's final frames, which will stay marked as one of the best (and most meta) conclusions in Spielberg's career. And, at last, we have the gorgeous original score by the iconic John Williams, composed almost entirely on the piano, a creative choice that goes with the fact Sammy's mother is an expertly skilled pianist. As in every Steven Spielberg film, Williams's score marks one hell of a tremendous presence, mixing original compositions that evoke the longing for childhood and the melancholy of growing up with classic pieces reproduced and conducted by the great composer. It's a work that'll certainly be nominated for Best Original Score at the Oscars (how could it not?); however, there's a likely threat in the equally acclaimed works of Justin Hurwitz in “Babylon” and Alexandre Desplat in “Guillermo del Toro's Pinocchio”.)



Resumindo, “Os Fabelmans” é mais do que uma simples cinebiografia de Steven Spielberg; é uma verdadeira carta de amor à influência de sua família e suas origens em seu trabalho e uma belíssima homenagem à arte de se fazer cinema, abordada de uma maneira extremamente convidativa e prática, fazendo do filme um verdadeiro chamado para que novas vozes surjam no cinema a partir dos espectadores. Além do roteiro pessoal e metalinguístico, o longa-metragem é trazido à vida por um elenco brilhantemente escalado e uma proeza técnica incrivelmente memorável, resultando na melhor obra feita pelo diretor nos últimos tempos. Um indicado certeiro ao Oscar de Melhor Filme e um dos que têm a maior probabilidade de vencer o prêmio. Simplesmente mágico.

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, “The Fabelmans” is more than just a simple Steven Spielberg biopic; it's a true love letter to the influence of his family and origins on his work and a beautiful homage to the art of filmmaking, approached in an extremely inviting and practical way, making the film be a true calling for new voices to emerge in the movie business from its viewers. Besides its personal and meta screenplay, the feature is brought to life by a brilliantly well cast ensemble and an incredibly memorable technical prowess, resulting in the director's greatest work in recent times. A sure nominee for the Oscar for Best Picture and one that has the best odds of winning the prize in its favor. An utterly magical film.

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)


sábado, 7 de janeiro de 2023

10 Filmes Imperdíveis para 2023 (Bilíngue)

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E aí, meus queridos cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para listar aqui 10 filmes (e uma série) que serão lançados em 2023, os quais eu considero simplesmente imperdíveis. Este ano contará com vários retornos de diretores conceituados, os filmes mais ambiciosos de seus respectivos cineastas, e algumas certezas de futuros sucessos na temporada de premiações de 2024. Com sorte, entre os 10 filmes listados aqui, haverá algo para todo mundo gostar. Então, sem mais delongas, vamos começar!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to list here 10 films (and a TV show) that will be released in 2023, and which I consider to be absolute must-watches. This year will count on several returns of renowned directors, the most ambitious films from their respective filmmakers, and some certainties of future hits in the 2024 award season. Luckily, amongst the ten films listed here, there will be something for everyone to enjoy. So, without further ado, let's begin!)



  • ASTEROID CITY”, dirigido por Wes Anderson – Nos cinemas – Sem data de estreia definida

    (“ASTEROID CITY”, directed by Wes Anderson – In movie theaters, June 16)

Todo ano em que há um filme de Wes Anderson (o meu diretor favorito, responsável pelas obras-primas contemporâneas “O Fantástico Sr. Raposo”, “Moonrise Kingdom” e “O Grande Hotel Budapeste”) previsto para estrear, esse filme é automaticamente o meu filme mais esperado do ano, e “Asteroid City” (Cidade dos Asteróides, em tradução livre) não é uma exceção. Ambientado em uma cidade desértica norte-americana na década de 1950, o filme acompanhará um encontro de jovens amantes de astronomia, onde as crianças e seus pais embarcam em uma jornada de competições, diversão, drama e romance. “Asteroid City” reunirá Anderson com seu co-roteirista de “Moonrise Kingdom”, Roman Coppola, e contará com o elenco mais invejável do ano, encabeçado por ninguém menos que Tom Hanks, Scarlett Johansson e Margot Robbie. Além desse trio, teremos o retorno de algumas faces familiares presentes em outras obras do diretor, como Tilda Swinton, Adrien Brody e Jason Schwartzman; assim como a presença ilustre de vários atores jovens promissores, como Sophia Lillis (“It: A Coisa”), Maya Hawke (“Stranger Things”) e Tony Revolori (“O Grande Hotel Budapeste”). Com sua data de estreia nos EUA prevista para junho, o filme está praticamente confirmado para marcar o retorno de Anderson ao Festival de Cannes, onde estreou seus filmes “Moonrise Kingdom”, de 2012, e “A Crônica Francesa”, de 2021. Ao que tudo indica, “Asteroid City” será o mais próximo que Anderson estará de FINALMENTE ganhar um Oscar desde “O Grande Hotel Budapeste”, e eu MAL POSSO ESPERAR.

(Every year there's a Wes Anderson (aka my favorite director, who made the contemporary masterpieces “Fantastic Mr. Fox”, “Moonrise Kingdom” and “The Grand Budapest Hotel”) film scheduled to release, that film is automatically my most anticipated one of the year, and “Asteroid City” is no exception. Set in an American desert town in the 1950s, the film will follow a gathering of young astronomy lovers, where the children and their parents embark on a journey of competitions, recreation, drama and romance. “Asteroid City” will reunite Anderson with his “Moonrise Kingdom” co-writer, Roman Coppola, and will rely on the most enviable cast of the year, led by none other than Tom Hanks, Scarlett Johansson and Margot Robbie. Besides that trio, we'll have the return of some familiar faces in the director's previous works, such as Tilda Swinton, Adrien Brody and Jason Schwartzman; as well as the illustrious presence of several promising young actors, such as Sophia Lillis (“It”), Maya Hawke (“Stranger Things”) and Tony Revolori (“The Grand Budapest Hotel”). With its release date scheduled for June, the film is practically confirmed to mark Anderson's return to the Cannes Film Festival, where he premiered his films “Moonrise Kingdom” in 2012, and “The French Dispatch” in 2021. As the stars align, “Asteroid City” will be the closest Anderson will be of FINALLY winning an Oscar since “The Grand Budapest Hotel”, and I CAN'T WAIT.)




  • THE WONDERFUL STORY OF HENRY SUGAR”, dirigido por Wes Anderson – Filme Original Netflix – Previsto para estreia em setembro-novembro de 2023

    (“THE WONDERFUL STORY OF HENRY SUGAR”, directed by Wes Anderson – Netflix Original Film – Scheduled for release on Fall 2023)

O que é melhor do que um filme de Wes Anderson estreando em 2023? Ora, DOIS FILMES dirigidos por Wes Anderson estreando em 2023! “The Wonderful Story of Henry Sugar” (A Maravilhosa História de Henry Sugar, em tradução livre) marcará a segunda adaptação do trabalho de Roald Dahl dirigida por Anderson (após “O Fantástico Sr. Raposo”) e sua primeira obra em parceria com a Netflix, possibilitando um alcance maior para que muitas pessoas sejam introduzidas ao trabalho do diretor. Não se sabe se o filme acompanhará somente a história que empresta o título da obra (a qual é sobre um trapaceiro de marca maior que bola um plano aparentemente infalível para ganhar todo jogo de cartas) ou se será uma antologia, abordando todas as sete histórias contidas no livro de Dahl, “The Wonderful Story of Henry Sugar and Six More”. Porém, uma coisa já é de conhecimento público: o filme, assim como “Asteroid City”, contará com um elenco incrível, encabeçado por Benedict Cumberbatch (“Doutor Estranho”), Dev Patel (“Quem Quer Ser Um Milionário?”), Ralph Fiennes (“O Grande Hotel Budapeste”), Ben Kingsley (“Gandhi”) e Richard Ayoade (“Paddington 2”). Wes Anderson entregará duas obras-primas em 2023? Vamos esperar para ver, mas espero que sim!

(What's better than one Wes Anderson film premiering in 2023? Well, TWO FILMS directed by Wes Anderson premiering in 2023! “The Wonderful Story of Henry Sugar” will mark the second adaptation of Roald Dahl's work directed by Anderson (after “Fantastic Mr. Fox”) as well as his first work in partnership with Netflix, making it so that its wider approach is able to introduce many people to the director's work. It's unknown whether the film will follow only the story it borrows its title from (which is about a first-rate con man who comes up with an apparently flawless plan to win every card game) or if it will be an anthology, going through all seven stories contained in Dahl's book, “The Wonderful Story of Henry Sugar and Six More”. However, one thing is already known to the public: the film, just like “Asteroid City”, will rely on an amazing cast, led by Benedict Cumberbatch (“Doctor Strange”), Dev Patel (“Slumdog Millionaire”), Ralph Fiennes (“The Grand Budapest Hotel”), Ben Kingsley (“Gandhi”) and Richard Ayoade (“Paddington 2”). Will Wes Anderson deliver two masterpieces in 2023? We'll have to wait and see, but I really hope so!)




  • HOW DO YOU LIVE?”, dirigido por Hayao Miyazaki – Nos cinemas – Sem data de estreia definida

    (“HOW DO YOU LIVE?”, directed by Hayao Miyazaki – In movie theaters, release date TBD)

Qualquer lista de filmes mais esperados de 2023 que não inclua a nova obra de Hayao Miyazaki (responsável pela única animação japonesa a vencer o Oscar de Melhor Filme de Animação, “A Viagem de Chihiro”) entre os dez primeiros deve ser automaticamente invalidada. (Risos) Simplesmente porque esse é o primeiro trabalho do mestre da animação japonesa em uma década, após o que era para ser o seu último filme, o incrível “Vidas ao Vento”, de 2013. Voltando à animação tradicional após o experimento falho de “Aya e a Bruxa” em computação gráfica, a nova obra do Studio Ghibli e de Miyazaki terá como inspiração o livro “How Do You Live?” (Como Você Vive?, em tradução livre), escrito por Genzaburo Yoshino, que conta a história de um jovem de 15 anos que aprende a crescer, tanto fisicamente quanto espiritualmente e intelectualmente, ao morar com o tio por um tempo, agregando conhecimento sobre o que significa viver como um ser humano no processo. Porém, o filme não será uma adaptação propriamente dita do livro de Yoshino, mas usará a obra como instrumento para desenvolver o seu protagonista. Se isso não for o suficiente para aumentar suas expectativas, “How Do You Live?” é proposto como um presente de despedida de Miyazaki, que já está em idade avançada, para seu neto. Academia, pode já dar o segundo Oscar de Melhor Filme de Animação pro Studio Ghibli. É o mínimo que vocês podem fazer após darem os Oscars de “Vidas ao Vento” e “O Conto da Princesa Kaguya” para “Frozen” e “Operação Big Hero”.

(Any list of 2023's most anticipated films that doesn't include the new work by Hayao Miyazaki (responsible for the only Japanese animated film to win the Oscar for Best Animated Feature, “Spirited Away”) among the first ten should be automatically invalidated. (LOL) Simply because this is the first work by the Japanese master of animation in a decade, after what was supposed to be his swan song, the amazing “The Wind Rises”, from 2013. Returning to traditional animation after the failed CGI experiment of “Earwig and the Witch”, the new work from Studio Ghibli and Miyazaki will be inspired by the book “How Do You Live?”, written by Genzaburo Yoshino, which tells the story of a 15-year-old who learns to grow, both physically as well as intellectually and spiritually, when living with his uncle for a while, aggregating knowledge on what it means to live as a human being in the process. However, the film won't be a by-the-book adaptation of Yoshino's novel, but it will use the work as an instrument to develop its protagonist. If that isn't enough to enhance your expectations, “How Do You Live?” is proposed as a parting gift from Miyazaki, who has already aged, to his grandson. Academy, go ahead and give Studio Ghibli their second Oscar for Best Animated Feature. It's the least you could do after giving the Oscars that should've gone to “The Wind Rises” and “The Tale of the Princess Kaguya” to “Frozen” and “Big Hero 6”.)




  • KILLERS OF THE FLOWER MOON”, dirigido por Martin Scorsese – Filme Original Apple TV+ - Sem data de estreia definida

    (“KILLERS OF THE FLOWER MOON”, directed by Martin Scorsese – Apple TV+ Original Film – Release date TBD)

O inimigo público número 1 dos fãs de filmes de super-heróis está de volta, com um novo filme super ambicioso, que marca sua segunda parceria com um serviço de streaming, após três projetos de enorme sucesso na Netflix. O novo trabalho do cineasta vencedor do Oscar responsável por “Taxi Driver”, “Os Bons Companheiros”, “A Invenção de Hugo Cabret” e “Os Infiltrados” terá como base o livro de não-ficção “Assassinos da Lua das Flores”, de David Grann, que aborda uma série de assassinatos em uma comunidade nativo-americana no estado de Oklahoma na década de 1920 após a descoberta de petróleo em terras indígenas, levando à uma das primeiras investigações em larga escala do FBI, liderada por J. Edgar Hoover. Se a história não for o suficiente para criar expectativas, o filme contará com um elenco encabeçado por Leonardo DiCaprio, Robert DeNiro, Jesse Plemons, Brendan Fraser, John Lithgow e Lily Gladstone. Infelizmente, “Killers of the Flower Moon” ainda não tem uma data de estreia definida, mas rumores apontam que o filme terá sua primeira exibição no prestigiado Festival de Cannes esse ano, onde certamente será uma das sessões mais requisitadas.

(The number one public enemy of superhero movie fans is back, with a new uber-ambitious film, which marks his second partnership with a streaming service, after three highly successful projects on Netflix. The new work by the Oscar-winning filmmaker responsible for “Taxi Driver”, “GoodFellas”, “Hugo” and “The Departed” will be based off the non-fiction book of the same name, written by David Grann, which deals with a series of murders in a Native American community in the state of Oklahoma in the 1920s after the discovery of oil in indigenous land, leading to one of the first grand-scale investigations from the FBI, led by J. Edgar Hoover. If the story isn't enough to raise expectations, the film will rely on a cast led by Leonardo DiCaprio, Robert DeNiro, Jesse Plemons, Brendan Fraser, John Lithgow and Lily Gladstone. Unfortunately, “Killers of the Flower Moon” still hasn't a confirmed release date, but rumors point to the film's first screening to be at the prestigious Cannes Film Festival this year, where it'll certainly be one of the most sought-after screenings.)




  • THE KILLER”, dirigido por David Fincher – Filme Original Netflix – Sem data de estreia definida

    (“THE KILLER”, directed by David Fincher – Netflix Original Film – Release date TBD)

David Fincher (“Clube da Luta”, “Se7en”) têm tido uma parceria extremamente prazerosa com a gigante Netflix, liderando projetos como “Mindhunter”, “Love, Death and Robots” e o aclamado “Mank”. E seu novo filme, “The Killer” (O Assassino, em tradução livre), promete ser mais uma obra-prima no catálogo da Netflix e do cineasta. Baseado em uma história em quadrinhos francesa escrita pelo quadrinista Matz, o filme seguirá Christian (interpretado por Michael Fassbender), um assassino de sangue-frio que não possui uma bússola moral, sendo conduzido por seus nervos de aço e pelo dedo no gatilho. De repente, os crimes que Christian cometeu começam a assombrá-lo, levando-o a um gradual desmoronamento emocional e psicológico. Co-estrelado por Tilda Swinton, o filme marca a reunião do diretor de “Garota Exemplar” com quatro de seus melhores colaboradores: o roteirista Andrew Kevin Walker, responsável pelo roteiro de “Se7en”; o diretor de fotografia Erik Messerschmidt, responsável pela fotografia impecável de “Mank”; e os compositores Trent Reznor e Atticus Ross, responsáveis pela trilha sonora vencedora do Oscar de “A Rede Social”. Simplesmente imperdível.

(David Fincher (“Fight Club”, “Se7en”) has had an extremely healthy partnership with Netflix, leading projects like “Mindhunter”, “Love, Death and Robots” and the acclaimed “Mank”. And his new film, “The Killer”, promises to be yet another masterpiece on Netflix's and the filmmaker's catalog. Based on a French graphic novel written by comic book artist Matz, the film will follow Christian (portrayed by Michael Fassbender), a cold-blooded assassin who doesn't have a moral compass, being moved by his nerves of steel and his trigger finger. Suddenly, the crimes Christian committed start catching up to him, leading him into a slow emotional and psychological descent. Co-starring Tilda Swinton, the film marks the reunion of the “Gone Girl” director with four of his best collaborators: screenwriter Andrew Kevin Walker, responsible for writing “Se7en”; cinematographer Erik Messerschmidt, responsible for the flawless visuals of “Mank”; and composers Trent Reznor and Atticus Ross, responsible for the Oscar-winning score of “The Social Network”. You just can't miss this.)




  • OPPENHEIMER”, dirigido por Christopher Nolan – Nos cinemas – Estreia dia 20 de Julho

    (“OPPENHEIMER”, directed by Christopher Nolan – In movie theatres – Releases on July 21)

Aqui está um fato que nem todos estão prontos para aceitar: Christopher Nolan, o cineasta responsável por filmes complexos como “Interestelar”, “A Origem” e “Tenet”, trabalha melhor quando aborda assuntos mais realistas em suas obras. Não estou tirando o crédito dos filmes citados acima, só afirmando que os filmes mais “pé no chão” de Nolan, como a trilogia do Cavaleiro das Trevas, “O Grande Truque” e “Dunkirk” são bem mais fáceis de serem digeridos pelo público. E ao que tudo indica, “Oppenheimer” seguirá a linha desses filmes mais realistas. Estrelando Cillian Murphy (“Peaky Blinders”) no papel principal, o filme será uma biografia do físico teórico J. Robert Oppenheimer, o diretor do Laboratório Los Alamos durante o Projeto Manhattan, que contribuiu para o desenvolvimento de armas nucleares, mais notavelmente, a bomba atômica. Além de Murphy, o filme contará com nomes como Emily Blunt (“Um Lugar Silencioso”), Matt Damon (“O Último Duelo”), Florence Pugh (“Midsommar”), Rami Malek (“Mr. Robot”) e Gary Oldman (“O Destino de Uma Nação”) em um grande elenco. “Oppenheimer” também reunirá Nolan com o diretor de fotografia Hoyte van Hoytema, responsável pelos visuais dos três últimos filmes do cineasta; e o compositor Ludwig Göransson, que compôs a trilha sonora original de “Tenet”. Mas, mais notavelmente, o filme irá recriar o teste nuclear Trinity (a primeira detonação de uma arma nuclear) com efeitos visuais 100% práticos, sem uso de computação gráfica. Essa vai ser uma experiência imperdível para ser vivenciada nas telonas.

(Here's a fact that not everyone is ready to accept: Christopher Nolan, the filmmaker responsible for complex movies such as “Interstellar”, “Inception” and “Tenet”, works better when he approaches more realistic subjects in his works. I'm not taking away any of the credit from the aforementioned films, only affirming that Nolan's more “grounded” films, such as the Dark Knight trilogy, “The Prestige” and “Dunkirk” are way easier to be understood by an audience. And as to what it seems, “Oppenheimer” will follow along those more realistic films. Starring Cillian Murphy (“Peaky Blinders”) in the main role, the film will be a biopic of theoretical physicist J. Robert Oppenheimer, the director of Los Alamos Laboratory during the Manhattan Project, which contributed to the development of nuclear weapons, most notably, the atomic bomb. Besides Murphy, the film will rely on names like Emily Blunt (“A Quiet Place”), Matt Damon (“The Last Duel”), Florence Pugh (“Midsommar”), Rami Malek (“Mr. Robot”) and Gary Oldman (“Darkest Hour”) in an ensemble cast. “Oppenheimer” will also reunite Nolan with cinematographer Hoyte van Hoytema, who shot the gorgeous visuals of Nolan's last three films; and composer Ludwig Göransson, who wrote the original score for “Tenet”. But, most notably, the film will recreate the Trinity nuclear test (the first detonation of a nuclear weapon) with visual effects that are 100% practical, discarding the use of CGI. This will be one hell of a theatrical experience.)




  • BARBIE”, dirigido por Greta Gerwig – Nos cinemas – Estreia dia 20 de Julho

    (“BARBIE”, directed by Greta Gerwig – In movie theaters – Releases on July 21)

Estreando no mesmo dia de “Oppenheimer”, temos o novo filme da diretora de “Lady Bird” e “Adoráveis Mulheres”, que fará seu primeiro blockbuster com “Barbie”, filme da boneca icônica criada pela Mattel. Pouco se sabe sobre a sinopse, mas, baseado no que foi revelado até agora, o filme abordará diversas versões da boneca e de seu namorado, Ken, sendo interpretados por diversos atores e atrizes, à la “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”. Liderando o elenco, temos Margot Robbie (“Aves de Rapina”) e Ryan Gosling (“La La Land”) como a Barbie e o Ken “principais”, com outras Barbies supostamente sendo interpretadas por Issa Rae (“Insecure”), Nicola Coughlan (“Bridgerton”) e Emma Mackey (“Sex Education”); e outros Kens sendo interpretados por Simu Liu (“Shang-Chi”), Ncuti Gatwa (“Sex Education”) e Michael Cera (“Scott Pilgrim Contra o Mundo”). Pode-se assumir pelo trailer, que faz uma clara referência à “2001: Uma Odisseia no Espaço”, que “Barbie” pode não ser um filme para toda a família, mas pode muito bem conter mensagens bem-vindas sobre aceitação e diversidade, veiculadas através das várias versões dos brinquedos presentes no filme. Co-escrito por Noah Baumbach (“História de um Casamento”), “Barbie” certamente é um dos filmes mais intrigantes do ano, e eu mal posso esperar para fazer uma sessão dupla dele com “Oppenheimer”. (Risos)

(Releasing on the same day as “Oppenheimer”, we have the new film by the director of “Lady Bird” and “Little Women”, who will make her first blockbuster with “Barbie”, a film about the iconic doll created by Mattel. Little is known about the plot, but, based on what was revealed to date, the film will approach several versions of the doll and her boyfriend, Ken, being played by diverse actors and actresses, similar to “Doctor Strange in the Multiverse of Madness”. Leading the cast, we have Margot Robbie (“Birds of Prey”) and Ryan Gosling (“La La Land”) as the “main” Barbie and Ken, with other Barbies supposedly being played by Issa Rae (“Insecure”), Nicola Coughlan (“Bridgerton”) and Emma Mackey (“Sex Education”); and other Kens being played by Simu Liu (“Shang-Chi”), Ncuti Gatwa (“Sex Education”) and Michael Cera (“Scott Pilgrim vs. The World”). It can be assumed from the trailer, which clearly alludes to “2001: A Space Odyssey”, that “Barbie” may not be a family-oriented film, but it might as well be carrying welcome messages on acceptance and diversity, communicated through the toys' several versions in the film. Co-written by Noah Baumbach (“Marriage Story”), “Barbie” is certainly one of the year's most intriguing films, and I just can't wait to make a double feature of it and “Oppenheimer”. (LOL))




  • BEAU IS AFRAID”, dirigido por Ari Aster – Nos cinemas – Sem data de estreia definida

    (“BEAU IS AFRAID”, directed by Ari Aster – In movie theatres – Releases in April TBD)

O novo filme do diretor de “Hereditário” e “Midsommar” irá misturar dois gêneros que se encontram em completos opostos extremos: comédia e terror. Estrelando o vencedor do Oscar Joaquin Phoenix (“Coringa”), “Beau is Afraid” (Beau Está com Medo, em tradução livre) será uma biografia fictícia de um homem de negócios de sucesso, Beau, abordando desde sua infância até sua velhice. Quando sua mãe morre, Beau embarca em uma jornada para casa que envolve ameaças insanas e sobrenaturais. Épico e surreal em sua escala, o filme inicialmente tinha um corte de nada menos que QUATRO HORAS de duração, mas rumores apontam que a A24 exigiu que o filme fosse reduzido à uma duração ainda extensa de 180 minutos, ou seja, três horas. Mesmo assim, “Beau is Afraid” promete ser o retorno triunfal de Ari Aster após quatro anos desde seu último filme, sendo bastante similar, conceitualmente, às obras de cineastas surrealistas como Charlie Kaufman (“Estou Pensando em Acabar com Tudo”) e David Lynch (“Twin Peaks”). Pode ser este o filme que finalmente dará às obras de Aster indicações ao Oscar? Teremos que esperar para ver (o trailer em si será lançado na terça-feira), mas entre nós, acho extremamente provável.

(The new film by the director of “Hereditary” and “Midsommar” will blend together two genres that are in complete, extreme opposites: comedy and horror. Starring Oscar winner Joaquin Phoenix (“Joker”), “Beau is Afraid” will be a fictional biopic of a successful entrepreneur, Beau, approaching from his childhood to his old age. When his mother dies, Beau embarks on a journey home that involves wild and supernatural threats. Epic and surreal in scope, the film initially had a rough cut of nothing less than FOUR HOURS long, but rumors point out that A24 demanded the film to be reduced to a still-extended runtime of 180 minutes, meaning, three hours. Even so, “Beau is Afraid” promises to be Ari Aster's triumphant return four years since his last film, being quite similar, in concept, to the works of surrealistic filmmakers such as Charlie Kaufman (“I'm Thinking of Ending Things”) and David Lynch (“Twin Peaks”). Could this be the film that will finally give Aster's work Oscar nominations? We'll have to wait and see (the trailer itself will be released on Tuesday), but between you and me, I think it's highly likely.)




  • NEXT GOAL WINS”, dirigido por Taika Waititi – Nos cinemas – Estreia dia 21 de Setembro

    (“NEXT GOAL WINS”, directed by Taika Waititi – In movie theaters – Releases on September 22)

Após um filme extremamente mediano na Marvel, “Thor: Amor e Trovão”, é de se esperar que o diretor neozelandês Taika Waititi retorne às suas raízes do cinema independente com “Next Goal Wins” (O Próximo Gol Vence, em tradução livre), um filme baseado em uma história real, por mais incrível que pareça. Baseado em um documentário de 2014, o filme abordará a jornada de um técnico renomado de futebol (interpretado por Michael Fassbender) para transformar a equipe nacional da Samoa Americana, considerado um dos times mais fracos da história do esporte, em um grupo de elite. Além de Fassbender, o filme terá Elisabeth Moss (“The Handmaid's Tale”), Will Arnett (“BoJack Horseman”) e Rachel House (“A Incrível Aventura de Ricky Baker”) no elenco. Pela sinopse, pode-se assumir que o filme será narrativamente MUITO parecido com “Jamaica Abaixo de Zero”, que aborda uma história similar. Mas sinto que o senso de humor característico de Waititi, presente em filmes como “O Que Nós Fazemos nas Sombras” e “Jojo Rabbit” (que lhe rendeu o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado) vai fazer com que essa história cativante se eleve acima das demais e se torne algo realmente pessoal para seu realizador, o que é sempre bom.

(After an extremely mixed bag on Marvel, “Thor: Love and Thunder”, it is to be expected that New Zealand-born director Taika Waititi returns to his independent cinema roots with “Next Goal Wins”, a film based on a real story, as unlikely as it may seem. Based off a 2014 documentary, the film will follow the journey of a renowned soccer coach (played by Michael Fassbender) in order to transform the American Samoa national team, which is considered one of the weakest teams in the sport's history, into an elite group. Besides Fassbender, the film will have Elisabeth Moss (“The Handmaid's Tale”), Will Arnett (“BoJack Horseman”) and Rachel House (“Hunt for the Wilderpeople”) in its cast. Through the synopsis, it can be assumed that the film will be narratively VERY similar to “Cool Runnings”, which deals with a similar story. But I feel that Waititi's signature sense of humor, present in films like “What We Do In the Shadows” and “Jojo Rabbit” (which won him the Oscar for Best Adapted Screenplay) will make this captivating story stand above all others and become something really personal for its filmmaker, which is always good.)




  • WONKA”, dirigido por Paul King – Nos cinemas – Estreia dia 14 de Dezembro

    (“WONKA”, directed by Paul King – In movie theaters – Releases on December 15)

A segunda adaptação de Roald Dahl presente nessa lista, “Wonka” acompanha a juventude de um dos personagens mais icônicos do autor: o chocolateiro Willy Wonka, de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”. Como o jovem Wonka, teremos os talentos do indicado ao Oscar Timothée Chalamet (“Duna”), apoiado por grandes nomes como Keegan Michael-Key (“Key and Peele”), Sally Hawkins (“A Forma da Água”), Olivia Colman (“A Favorita”) e Rowan Atkinson (O MR. BEAN!!!) em papéis coadjuvantes. Acima de tudo isso, o filme também será um musical, assim como as duas versões cinematográficas de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”. Mas, se tem uma razão para minhas expectativas estarem altíssimas para assistir “Wonka”, sem dúvidas, é a direção do Paul King. Para aqueles que não sabem, King é responsável pela franquia de filmes para a família “Paddington”, composta por dois filmes praticamente impecáveis que são capazes de agradar as crianças e fazer com que os adultos se sintam como crianças novamente. E além de King, o filme também contará com outros colaboradores de “Paddington”, como o roteirista Simon Farnaby, o editor Mark Everson e o produtor David Heyman. Uma coisa eu espero de “Wonka”: que ele consiga reter o mesmo encanto infantil agradável para toda a família presente nos filmes de “Paddington”. Sendo assim, já é um dos filmes mais esperados do ano e um presente perfeito de Natal. CHEGA LOGO, DEZEMBRO!!

(The second Roald Dahl adaptation in this list, “Wonka” follows the younger years of one of the author's most iconic characters: chocolatier Willy Wonka, from “Charlie and the Chocolate Factory”. As young Wonka, we'll have the undeniable talents of Oscar-nominee Timothée Chalamet (“Dune”), supported by great names like Keegan Michael-Key (“Key and Peele”), Sally Hawkins (“The Shape of Water”), Olivia Colman (“The Favourite”) and Rowan Atkinson (MR. FREAKING BEAN!!!) in secondary roles. Above all that, the film will also be a musical, just like the two cinematic versions of “Charlie and the Chocolate Factory”. But, if there's one reason for my expectations to be that high to watch “Wonka”, without a doubt, it's Paul King's direction. To those who don't know, King is responsible for helming the family film franchise “Paddington”, composed by two practically flawless films that are able to please children and make adults feel like children again. And besides King, the film will also rely on other “Paddington” collaborators, such as screenwriter Simon Farnaby, editor Mark Everson and producer David Heyman. There's just one thing I expect from “Wonka”: that it manages to retain the same childlike wonder that's pleasant for the whole family, which is omnipresent in the “Paddington” films. Being like that, it's already one of the most anticipated films of the year and a perfect holiday gift. DECEMBER CAN'T COME SOON ENOUGH!!)




BÔNUS: “THE LAST OF US” (Série, HBO Max, criada por Craig Mazin e Neil Druckmann – Estreia a partir de 15 de janeiro)

(BONUS: “THE LAST OF US” (TV show, streaming on HBO Max, created by Craig Mazin and Neil Druckmann – Season starts on January 15))

Quem segue o blog por tempo suficiente sabe o lugar especial que a franquia de videogames “The Last of Us” guarda no meu coração. Amei cada segundo que passei jogando tanto a remasterização do primeiro jogo quanto a controversa segunda parte, não só pela jogabilidade, mas principalmente pela história. (Inclusive, tem resenha dos dois jogos aqui no blog.) Ambientada em um cenário pós-apocalíptico onde as pessoas estão infectadas por fungos que as transformam em zumbis, a trama acompanha Joel (interpretado por Pedro Pascal), um contrabandista atarefado com a missão de transportar Ellie (interpretada por Bella Ramsey), uma garota de 14 anos que é imune à infecção, para o outro lado dos EUA, para que uma facção não-governamental extraia uma cura. Juntos, Joel e Ellie enfrentam ameaças e perigos tanto infectados quanto 100% humanos no caminho, levando os dois a terem uma relação improvável de pai e filha. Se a adaptação da HBO fosse comandada por qualquer outra pessoa, eu iria torcer o nariz. Mas, com a série contando com o envolvimento de Craig Mazin (responsável pela obra-prima que é “Chernobyl”) e Neil Druckmann (roteirista dos dois primeiros jogos de “The Last of Us”) na produção, roteiro e direção, tudo aponta para que a versão televisiva do jogo aclamado da Naughty Dog quebre, com enorme sucesso, a maldição das adaptações de videogames presente nos dias de hoje. A primeira temporada de 9 episódios abordará a trama inteira do primeiro jogo, seguindo fielmente os principais pontos-chave do enredo e expandindo em aspectos deixados implícitos no material original. E, assim como o jogo, espera-se que a série seja também essencialmente cinematográfica, contando com a direção de cineastas renomados como Ali Abbasi (“Holy Spider”) e Jasmila Zbanic (“Quo Vadis, Aida?”), assim como efeitos visuais de maquiagem elaborados por Barrie Gower (responsável pelo design do Vecna em “Stranger Things”). E só para aumentar as expectativas de vocês um tiquinho a mais: o episódio de estreia vai ter OITENTA E CINCO MINUTOS DE DURAÇÃO (1 hora e 25 minutos). É isso.

(Those who have been following the blog for long enough know the special place that the videogame franchise “The Last of Us” holds on my heart. I loved every second I spent playing both the remaster of the first game and its controversial second chapter, not only for its gameplay, but mainly for its story. (There are reviews for both games in the blog, BTW.) Set in a post-apocalyptic scenario where people get infected by fungi that turn them into zombies, the plot follows Joel (played by Pedro Pascal), a smuggler who is tasked with the mission of transporting Ellie (played by Bella Ramsey), a 14-year-old girl who is immune to the infection, across the US, so that a non-government faction can extract a cure. Together, Joel and Ellie face threats and dangers both infected as well as 100% human on the way, leading both of them into having an unlikely father-daughter relationship. If the HBO adaptation was helmed by anyone else, I'd be extremely doubtful. But, as the show relies on the involvement of Craig Mazin (who made the masterpiece that is “Chernobyl”) and Neil Druckmann (who wrote the two first “Last of Us” games) in producing, writing and directing it, it all leads to the possibility of the TV version of Naughty Dog's acclaimed game breaking, with an enormous success, the videogame adaptation curse present nowadays. The 9-episode first season will cover the first game's entire plot, faithfully following the main key points in the narrative and expanding on aspects left implied in the original material. And, just like the game, it is hoped that the series is also essentially cinematic, counting on the talents of renowned directors like Ali Abbasi (“Holy Spider”) and Jasmila Zbanic (“Quo Vadis, Aida?”), and also make-up special effects by Barrie Gower (the one responsible for Vecna's visuals in “Stranger Things”). And, just to lift your expectations a tiny bit higher: the season premiere will have a runtime of EIGHTY-FIVE MINUTES (1 hour and 25 minutes). That's all, folks.)



É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)