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domingo, 12 de janeiro de 2020

"Adoráveis Mulheres": mais uma prova de que certas histórias são atemporais (Bilíngue)


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E aí, meus cinéfilos queridos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, e vim trazer para vocês a resenha de um dos melhores filmes dessa temporada de prêmios. Sendo a sétima adaptação do mesmo material fonte (um livro do século 19), o filme em questão é mais uma prova de que certas histórias são atemporais, se colocadas para serem adaptadas nas mãos certas. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Adoráveis Mulheres”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to write the review of one of the best films in this award season. As the seventh film adaptation of the same source material (a book from the 19th century), the movie I'm about to review is proof that certain stories can be timeless, if adapted by the right people. So, without further ado, let's talk about “Little Women”. Let's go!)



Baseado no livro “Mulherzinhas”, escrito por Louisa May Alcott, o filme é ambientado no período da Guerra Civil Americana e explora o passado e o presente da vida cotidiana e atribulada das irmãs March: Jo (Saoirse Ronan), uma jovem dramaturga que sonha em ser escritora; Meg (Emma Watson), a irmã mais velha; Amy (Florence Pugh), a caçula aspirante a pintora; e Beth (Eliza Scanlen), que encontra conforto na música.
(Based on the book of the same name, written by Louisa May Alcott, the film is set during the American Civil War and explores both the past and the present of the daily yet troubled lives of the March sisters: Jo (Saoirse Ronan), a young playwright who dreams of becoming a writer; Meg (Emma Watson), the oldest sister; Amy (Florence Pugh), the youngest sister who is an aspiring painter; and Beth (Eliza Scanlen), who finds comfort in music.)



Ok, pra começar, minhas expectativas para esse filme estavam enormes, por duas razões: 1) é escrito e dirigido pela Greta Gerwig, responsável por “Lady Bird”, que é um dos meus filmes adolescentes favoritos; 2) ao me preparar para assistir essa versão, vi duas outras adaptações do livro (o filme de 1994 e a minissérie de 2017) e me apaixonei completamente pela história. Essas duas razões, somando com a quantidade de talento que o elenco desse filme tem, resultaria em uma das melhores versões dessa história. E fico muito feliz em dizer que essa foi a melhor das 3 adaptações que vi. Uma coisa que Gerwig faz diferente das outras versões diz respeito à linearidade da linha temporal do roteiro. Em vez de contar a história na ordem cronológica, a roteirista e diretora escolheu começar a história no presente e fazer o uso de flashbacks para contar as partes ambientadas no passado. Para algumas pessoas, especialmente aquelas que não são familiarizadas com o material fonte, isso pode parecer um pouco confuso, porque as duas linhas temporais pelas quais o filme transita têm 7 anos de distância e o elenco não muda, fisicamente. Mas, através dos aspectos técnicos de cada linha temporal, como a iluminação e até o uso de cores, é bem possível diferenciar uma da outra. A história, pelo menos comparando com as outras duas adaptações que vi, continua a mesma, com Gerwig tratando toda trivialidade da vida das March como importante, fazendo uso de uma ótima duração (2 horas e 15 minutos) para isso. O roteiro adapta o material fonte de uma maneira bem fiel, que mantém a espinha dorsal da trama e que, ao mesmo tempo, traz uma modernização de seus temas, algo bem parecido com o que a série “Anne with an E”, da Netflix, fez, o que apenas reforça a atemporalidade do livro de Alcott. E não deixe o título enganar: “Adoráveis Mulheres” não é um filme só para mulheres, é um filme para todo mundo. Todos tem a capacidade de achar alguém na trama com quem possam se identificar, e é isso que torna essa história auto-biográfica (“Mulherzinhas” é uma autobiografia da autora do livro) tão universal. O material fonte possui uma quantidade grande de personagens, e, naturalmente, o filme concentra em um grupo específico de “protagonistas”, enquanto outros são deixados mais de lado, mas isso não me incomodou em nenhum momento. Todos os personagens são desenvolvidos de acordo com a importância que eles têm na trama do livro. O núcleo emocional da história é mantido, é bem emocionante, mas ao mesmo tempo, realista e até inspirador também. Pelas novidades narrativas que Gerwig trouxe à maneira de contar essa história, de uma forma extremamente fiel, moderna e até carinhosa, o roteiro de “Adoráveis Mulheres” tem grandes chances na categoria de Melhor Roteiro Adaptado no Oscar, e com razão.
(Ok, for starters, my expectations for this film were huge, for two reasons: 1) it is written and directed by Greta Gerwig, who wrote and directed “Lady Bird”, which is one of my favorite coming-of-age films; and 2) in preparation for this version, I watched two previous adaptations of the book (the 1994 film and the 2017 miniseries) and completely fell in love with the story. These two reasons, along with the absurd amount of talent that the cast of this film has, would result in one of the best versions of this story. And I am very glad to say that this was the best adaptation, out of the 3 I've seen. One thing that Gerwig does differently, comparing with other versions, is the non-linear way of storytelling. Instead of telling the story in a chronological order, as other adaptations did, the writer and director chose to start the plot in the present, and to use flashbacks to portray the scenes set in the past. To some people, especially those who aren't familiar with the source material, this could sound a little confusing, as the two timelines the film is set in are 7 years apart, and the cast doesn't suffer any physical change. But, through the technical aspects of every setting, as lighting and even the use of color, it's very possible to notice the differences between them. The story, at least comparing with adaptations I've seen, remains the same, with Gerwig treating every one of the March's trivialities as important, making use of a great running time (2 hours and 15 minutes) to do so. The script adapts the source material in a very faithful way, which maintains the essence of the plot, and that, at the same time, brings a modernization of its themes, which is pretty similar to what the Netflix series “Anne with an E” did, which only reinforces the timelessness of Alcott's novel. And don't let the title deceive you: “Little Women” is not a film just for women, it's a film for everyone. Everyone has the capacity of finding someone they can identify with here, and that's what makes this autobiographical story (“Little Women” is an autobiography of the book's author) so universal. The source material has a large quantity of characters, and, naturally, the movie focuses on a specific group of “protagonists”, while not giving that much attention to other characters, but that didn't bother me at all. All the characters are developed according to their importance in the book's plot. The story's emotional core is maintained, it's very touching, but at the same time, it's realistic and even inspiring too. Because of Gerwig's new structure to tell this story, in a modern, extremely faithful and caring way, the script for “Little Women” has big chances in the Best Adapted Screenplay category in the Oscars, and rightfully so.)



Devo dizer que esse deve ser o elenco mais perfeito pra essa história desde o filme de 1994. A Saoirse Ronan está perfeita como a Jo, em um empate acirradíssimo com a Winona Ryder como a melhor intérprete da personagem. Ela é engraçada, tem uma personalidade cativante, e o desenvolvimento dela ao longo da trama é muito interessante de se ver. Assim como Ryder foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz por sua performance como Jo em 1995, o mesmo deve acontecer com Ronan, que, se indicada, terá 4 indicações à estatueta dourada. Outra atriz que brilha demais nesse filme é a Florence Pugh como Amy. Já sabia que ela era ótima atriz desde “Midsommar”, onde ela literalmente salvou o filme pra mim, mas aqui, vemos um desenvolvimento bem maduro de sua personagem, que não é tão infantil quanto nas outras adaptações, mesmo sendo a irmã mais nova, e tudo graças à atuação de Pugh, o que pode render uma indicação a Melhor Atriz Coadjuvante a ela. A Emma Watson e a Eliza Scanlen são deixadas mais de escanteio, mas a atuação delas e o desenvolvimento de suas personagens, especialmente o de Beth, personagem de Scanlen, são o suficiente para fazer com que nos importemos com elas. Eu gostei bastante do Timothée Chalamet como Laurie. Ele tem uma química visível com todas as quatro irmãs, eu achei impressionante. Nos personagens mais adultos, temos Laura Dern, Bob Odenkirk, Chris Cooper, Louis Garrel, Tracy Letts e James Norton, e todos trabalham muito bem com o material que é dado a cada um. A Meryl Streep tem um dos seus papéis mais engraçados aqui como a tia March, ela é uma pessoa bem sarcástica, hilária e realista, o que, somando com a performance de Streep, faz dela uma das melhores personagens do filme.
(I must say that this may be the most perfect cast for this story since the 1994 film. Saoirse Ronan is perfect as Jo, she is tied with Winona Ryder for me, as the best portrayal of the character. She is funny, her personality is captivating, and her development throughout the plot is really interesting to see. Just like Ryder was nominated for Best Actress at the Oscars in 1995 for her performance as Jo, the same could happen to Ronan, who, if nominated, will gather 4 nominations to the golden statue. Another actress that shines even brighter in this film is Florence Pugh as Amy. I already knew she was a great actress since “Midsommar”, where she literally saved the movie, for me, but here, we see a really mature development of her character, who isn't as stubborn as she was in previous adaptations, even though she's the youngest sister, all that thanks to Pugh's performance, which may be nominated for Best Supporting Actress. Emma Watson and Eliza Scanlen don't make that much of a presence, but their performances and the development of their characters, especially Beth, portrayed by Scanlen, are more than enough to make us care about them. I really liked Timothée Chalamet as Laurie. He has a noticeable chemistry with all the sisters, I thought it was impressive. In the more adult cast, we have Laura Dern, Bob Odenkirk, Chris Cooper, Louis Garrel, Tracy Letts and James Norton, and everyone works really well with the material that's given to each one of them. Meryl Streep has one of her funniest roles here as Aunt March, she's a really sarcastic, hilarious and realistic person, which, along with Streep's performance, makes her one of the film's best characters.)



Nos aspectos técnicos, temos um dos maiores destaques do filme. Como a trama é ambientada em duas linhas temporais com 7 anos de distância, a fotografia e a direção de arte fazem um trabalho extraordinário em estabelecer a diferença entre essas duas épocas. No passado, a iluminação é bem mais clara, o visual do filme é bem vibrante, com cores em tons pastel fazendo um contraste sensacional com o cenário repleto de neve, como se o passado fosse um conto de fadas. Já no presente, a iluminação é bem mais natural, as cores são mais uniformes e o visual não é tão vibrante, mas não se enganem, isso não é uma coisa ruim, isso apenas reforça a realidade da situação pela qual os personagens estão passando. O figurino faz um papel muito importante na trama, pois como Jo é uma dramaturga, uma peça precisa de figurinos, e a Jacqueline Durran, conhecida pelo design de figurino do remake de “A Bela e A Fera” e de vários filmes de época, como “Orgulho e Preconceito”, faz um trabalho impecável e digno de Oscar aqui. A trilha sonora do Alexandre Desplat, que venceu 2 Oscars pelas trilhas de “O Grande Hotel Budapeste” e “A Forma da Água”, prova que o compositor pode muito bem faturar sua terceira estatueta, pois novamente, ele faz um trabalho inigualável, que também colabora para estabelecer a diferença entre as duas ambientações da trama, ao mesmo tempo que é uma das coisas mais inspiradoras do filme.
(In the technical aspects, we find some of the film's greatest highlights. As the plot is set in two timelines that are 7 years apart, the cinematography and the production design do an extraordinary work in establishing the difference between these two times. In the past, the lighting is pretty much clearer, the visuals are more vibrant, with pastel-coloured tones making a wonderful contrast with the snow-filled sets, as if the past was a fairy tale. In the present, the lighting is much more natural, the colors are more homogeneous, and the visuals are not that vibrant, but don't get me wrong, that's not a bad thing, it only reinforces the realness of the situation the characters are going through. The costumes have a really important role in the plot, because as Jo is a playwright, a play needs costumes, and Jacqueline Durran, known for the costume design of the “Beauty and the Beast” remake, and for several period films, like “Pride and Prejudice”, does a flawless, Oscar-worthy job here. The score composed by Alexandre Desplat, who won 2 Oscars for the scores of “The Grand Budapest Hotel” and “The Shape of Water”, is proof that he could win his third Oscar, because once again, he does a splendid job, which collaborates in establishing the differences between the two timelines, and at the same time, the score is one of the most inspiring things in the film.)



Resumindo, “Adoráveis Mulheres” é uma ótima adaptação do material fonte, comandada por uma das melhores diretoras dessa geração, que faz uso de um fantástico elenco e um trabalho técnico impecável para tratar essa história querida com carinho, o que reforça a atemporalidade e a universalidade do romance de Louisa May Alcott.

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Little Women” is a great adaptation of its source material, led by one of the best directors of this generation, who makes use of a fantastic cast and flawless technical work to treat this treasured story with care, which reinforces the timelessness and the universality of Louisa May Alcott's novel.

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)




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