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E aí, meus cinéfilos
queridos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, e, nessa postagem,
irei comentar sobre um dos filmes que mais dividiram os críticos em
2019. Dirigido pelo neozelandês Taika Waititi, o filme em questão é
uma sátira ambientada na Segunda Guerra Mundial, que possui o senso
de humor ácido do diretor, mas também carrega um núcleo emocional
bem forte. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Jojo
Rabbit”. Vamos lá!
(What's up, my dear
film buffs! How are you guys doing? I'm back, and, in this post, I'll
be talking about one of the most polarizing films of 2019. Directed
by New Zealander Taika Waititi, the film I'm about to review is a
satire set in World War II, which contains the director's acid sense
of humor, but it also carries a really strong emotional core. So,
without further ado, let's talk about “Jojo Rabbit”. Let's go!)
O filme é ambientado
na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial, e segue Jojo Betzler
(Roman Griffin Davis), um garoto de 10 anos fanático com as
ideologias do nazismo, cujo amigo imaginário é uma versão pateta e
conselheira de Hitler (Taika Waititi). Certo dia, ele descobre que
sua mãe (Scarlett Johansson) está escondendo uma garota judia
(Thomasin McKenzie) na casa deles, e por causa disso, Jojo se
encontra em um conflito com sua própria moral.
(The film is set in
Germany, during World War II, and follows Jojo Betzler (Roman Griffin
Davis), a 10-year-old boy who is fascinated with the ideologies of
the Nazis, and whose imaginary friend is a goofy, advice-giving
version of Hitler (Taika Waititi). One day, he discovers that his
mother (Scarlett Johansson) is hiding a Jewish girl (Thomasin
McKenzie) in their home, and because of that, Jojo finds himself in
conflict with his own morality.)
Antes de começar a
falar sobre o filme em si, vou dedicar algumas linhas para falar
sobre minhas expectativas para ele. Eu sou MUITO fã do diretor,
Taika Waititi, conhecido pelas comédias indie “O Que Nós Fazemos
nas Sombras” e “A Incrível Aventura de Ricky Baker”, e por
“Thor: Ragnarok”, para o público mais comercial. Ele faz filmes
diferentes, surpreendentemente comoventes, e muito engraçados.
Quando eu ouvi falar desse filme, eu falei pra mim mesmo “Pronto.
Eu preciso ver 'Jojo Rabbit'”. Eu acho que a última vez que minhas
expectativas estavam tão altas para um filme foi com “A Forma da
Água”, dirigido por Guillermo del Toro. E eu fico MUITO feliz em
dizer que minhas expectativas não só foram atendidas, mas também
fui positivamente surpreendido pela capacidade que o filme teve de
misturar dois gêneros que causam sentimentos opostos no espectador:
a comédia e o drama. Sinceramente, não sei porque o filme vem
causando tanta polêmica, então vamos esclarecer uma coisa: “Jojo
Rabbit” não faz apologia ao nazismo, pelo contrário, ele aponta o
quão ridículas e absurdas as ideologias nazistas eram, de uma
maneira ousada que mistura o senso de humor satírico dos filmes do
Mel Brooks com a sofisticação técnica dos filmes do Wes Anderson.
Se o filme aborda um tema principal, esse tema seria o amadurecimento
intelectual e ideológico do protagonista, e o roteiro faz um
trabalho excelente retratando a lenta, mas constante evolução e
mudança da mente de Jojo. O filme começa como uma comédia muito
engraçada, é bem colorido, energético, cheio de piadinhas, e, em
certo momento, há uma quebra de expectativa genial que “acorda”
Jojo para a realidade em que ele está vivendo. Essas quebras de
expectativa não só surpreendem nosso protagonista, mas também o
público, pois realmente não esperávamos que tal coisa acontecesse.
Outro aspecto que o roteiro trabalha de forma sublime é o
desenvolvimento dos personagens, especialmente o dos personagens
nazistas, que começam como alívio cômico, ou seja, personagens que
são colocados pra fazer o espectador rir, mas que depois começam a
mostrar sua verdadeira natureza, especialmente nas quebras de
expectativa mencionadas anteriormente. Apesar de bem engraçado, como
mencionei na introdução, o filme também carrega um núcleo
emocional muito forte, porque, afinal de contas, é um filme de
guerra. Não chega a deixar cicatrizes emocionais, e também não
mostra os horrores da Guerra de forma extremamente explícita, como
nos casos de “A Lista de Schindler” e “O Pianista”, mas é um
filme bem comovente. E o mais interessante é que esse filme vai
muito além do contexto da ambientação da trama, e fala sobre temas
muito presentes nos dias de hoje, especialmente o preconceito, algo
que fazia uma enorme presença na época em que o filme é ambientado
e que, infelizmente, ainda acontece na atualidade. Pela mistura
incrível entre dois gêneros opostos, e pela abordagem única de um
tema tão delicado e pesado como a Segunda Guerra, o roteiro de “Jojo
Rabbit” merece uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado.
É isso.
(Before I start talking
about the film itself, I'll occupy some lines to comment on my
expectations for it. I am a HUGE fan of the director, Taika Waititi,
who is known for the indie comedies “What We Do In the Shadows”
and “Hunt for the Wilderpeople”, and also for “Thor: Ragnarok”,
which was well-received by the general public. He makes different,
surprisingly moving and really funny films. When I heard that he was
making this one, I said to myself “Okay. I need to see 'Jojo
Rabbit'”. I think that the last time my expectations for a film
were this high, it was because of Guillermo del Toro's “The Shape
of Water”. And I am REALLY glad to say that not only my
expectations were confirmed, I also became positively surprised by
its capacity to mix two genres that should cause opposite reactions
to the audience: comedy and drama. Honestly, I don't know why this
film has been causing so much controversy, so, let's make something
clear: “Jojo Rabbit” isn't an advocate for Nazis, on the
contrary, it points on how absurd and ridiculous their ideologies
were, in a bold way that blends Mel Brooks's satirical sense of humor
with the technical sophistication of Wes Anderson films. If “Jojo
Rabbit” had to deal with a main theme, that theme would be the
intellectual and ideologic “coming-of-age” of its protagonist,
and the script does an excellent job in portraying the slow, but
constant evolution and change of Jojo's mind. The film starts as a
really funny comedy, it's very colorful, energetic, filled with jokes
here and there, and, in a specific moment, there's a breaking of
expectations that “wakes” Jojo up to the reality he's living.
These expectation breaches not only take the main character by
surprise, but they also surprise the audience, because we really
weren't waiting for that thing to happen. Another aspect that the
script does really well is the development of its characters,
especially the Nazi characters, who start off as comic relief,
characters that are there to make you laugh, but then they start to
show their true nature, especially in the previously mentioned
expectation breaches. Even though it's quite funny, as mentioned in
the introduction, the film also carries a very strong emotional core,
because, after all, this is a war film. It's not emotionally
scarring, and it doesn't show the horrors of the war in an extremely
explicit way, like in “Schindler's List” or “The Pianist”,
for example, but it's a really touching film. And the most
interesting thing about it, is that it goes beyond the context of the
plot's setting, and it also deals with themes that are present today,
especially prejudice, which made a huge presence in the time the
movie is set, and that, unfortunately, still happens to this day.
Because of the incredible mix between opposite genres, and the unique
approach to a delicate, heavy theme like World War II, the script of
“Jojo Rabbit” deserves to be nominated for Best Adapted
Screenplay at the Oscars. That's it.)
Além de ter um roteiro
genial, é preciso reconhecer a dedicação do elenco à proposta do
diretor. Fiquei surpreso quando vi que o Roman Griffin Davis tinha
sido indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator – Comédia ou Musical
pela atuação dele como Jojo, mas agora vejo que foi muito merecido.
Duas coisas que eu sempre analiso em performances infantis são a
capacidade de atuar com emoções diferentes, e a capacidade do ator
de fazer o público acreditar que aquele personagem pode muito bem
ter existido na vida real, e esse garoto acerta tudo em cheio. Eu não
tenho vergonha em dizer que eu me apaixonei pela Thomasin McKenzie
nesse filme. A personagem dela é forte, muito inteligente, e tem
alguns dos melhores diálogos do roteiro. A química dela com Davis é
tão evidente que é quase palpável, pois ela é a chave para o
desenvolvimento ideológico do protagonista, como mencionei no
parágrafo anterior. A personagem da Scarlett Johansson deve ser a
pessoa mais otimista que eu já vi em um filme de guerra, e por isso,
ela merece uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Ela
é engraçada, compreensiva, e tem uma boa dinâmica com os
protagonistas mirins. Como alívios cômicos, temos Sam Rockwell,
Rebel Wilson e Alfie Allen como oficiais nazistas, que vão mudando
sua natureza de algo mais cômico para uma veia mais dramática ao
longo da trama; Archie Yates, que é hilário como o melhor amigo de
Jojo; e o diretor Taika Waititi como Hitler, cujo desenvolvimento é
o melhor trabalho dramático de Waititi desde “Boy”, de 2010, o
que pode até render uma indicação a Melhor Ator Coadjuvante para
ele.
(Besides having a
genius script, you have to recognize the cast's dedication to the
director's proposal. I was surprised when I heard that Roman Griffin
Davis was nominated for the Golden Globe for Best Actor – Musical
or Comedy because of his performance as Jojo, but now I see that it
was very much deserving. Two things I always look for in child
performances are their capacity of conveying emotion and their
capacity of making the viewer believe their character could have
existed in real life, and this kid gets everything right. I'm not
ashamed to say that I fell in love with Thomasin McKenzie because of
this movie. Her character is strong, very clever, and has some of the
script's best dialogue. Her chemistry with Davis is so evident you
can reach out and touch it, as she is the key for the main
character's ideological development, as mentioned in the previous
paragraph. Scarlett Johansson's character might as well be the most
optimistic person I've ever seen in a war film, and because of that,
she deserves a nomination for Best Supporting Actress at the Oscars.
She's funny, understanding, and has good dynamics with the child
protagonists. As comic reliefs, we have Sam Rockwell, Rebel Wilson
and Alfie Allen as Nazi officers, who change their nature from
comical to dramatic throughout the plot; Archie Yates, who is
hilarious as Jojo's best friend; and director Taika Waititi as
Hitler, whose development is Waititi's finest dramatic work since
2010's “Boy”, which may even nominate him for Best Supporting
Actor.)
Nos aspectos técnicos,
vemos uma mudança radical no visual, se comparado à outros filmes
de guerra. Temos aqui uma paleta de cores mais vibrante, colorida, o
que, por completa coincidência, retrata a Alemanha como ela
realmente era na época, de acordo com o diretor. Assim como
aconteceu com “Coringa”, a direção de arte e a fotografia
ajudam bastante a estabelecer a mudança de tom na trama. Na direção
de fotografia, os movimentos e a centralização da câmera chegam a
ser muito parecidos com o trabalho do Robert Yeoman nos filmes do Wes
Anderson, assim como no figurino dos personagens, que é bem
extravagante. A trilha sonora original do Michael Giacchino é
jovial, composta por marchas e tons fantasiosos, para combinar com a
inocência do protagonista ao início da trama. A trilha sonora é
bem interessante, pois é composta por músicas como “I Want To
Hold Your Hand”, dos Beatles, e “Heroes”, de David Bowie, só
que cantadas em alemão, o que eu achei bem inventivo. Inclusive, tem
uma montagem nos créditos iniciais que, na minha opinião, é
genial, porque a analogia que ela faz é muito verdadeira. Acredito
que, nos aspectos técnicos, “Jojo Rabbit” tenha muitas chances
em algumas categorias no Oscar, como Melhor Fotografia, Montagem,
Direção de Arte, Trilha Sonora Original e Figurino.
(In the technical
aspects, we see a radical change in the visuals, if compared to other
war films. We have a more vibrant, colorful palette here, which,
coincidentally, portrays Germany as it actually was in that time,
according to the director. Just as it happened with “Joker”, the
production design and the cinematography really help establishing the
change of tone in the plot. In the cinematography department, the
camera's movements and centralization are very much alike Robert
Yeoman's work in Wes Anderson films, as it also happens in the
costume design, which is really stylish. Michael Giacchino's original
score is youthful, being composed by marches and fantasy tones, to
match the protagonist's innocence in the beginning of the plot. The
soundtrack is quite interesting, because it's composed by songs like
The Beatles' “I Want To Hold Your Hand” and David Bowie's
“Heroes”, but sung in German, and I thought that was really
inventive. By the way, there is a montage in the film's initial
credits that, in my opinion, is brilliant, because the analogy it
makes is really truthful. I believe that, in the technical aspects,
“Jojo Rabbit” has a lot of chances in some categories at the
Oscars, mainly Best Cinematography, Editing, Production Design,
Original Score, and Costume Design.)
Resumindo, “Jojo
Rabbit” é uma sátira anti-nazismo ousada que é ao mesmo tempo
engraçada, comovente e relevante. O roteiro consegue trabalhar dois
gêneros opostos de uma maneira excelente, o elenco entrega atuações
dignas de prêmios, e os aspectos técnicos dão uma identidade única
para o filme, se distanciando de outros filmes de guerra. Estarei
torcendo bastante por esse filme no Oscar, pois ele merece e precisa
ser visto!
Nota: 10 de 10!!
É isso, pessoal!
Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, “Jojo
Rabbit” is a bold anti-Nazi satire that's funny, moving, and
relevant, all at once. The script manages to work with two opposite
genres in an excellent way, the cast delivers award-worthy
performances, and the technical aspects give this film an unique
identity, which makes it stand further from other war films. I'll be
cheering for this film during the Oscars, because not only it needs
to be seen, it deserves to be seen!
I give it a 10 out of
10!!
That's it, guys! I hope
you liked it! See you next time,
João Pedro)
Sensacional!!! Parabéns!!
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