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quinta-feira, 24 de maio de 2018

IMO: "IT: A Coisa": uma obra-prima aberta à interpretações [SPOILERS] (Bilíngue)



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E aí, galerinha de cinéfilos! Aqui quem fala é o João Pedro, me desculpem pela demora! Acho que a maioria de vocês já viu, ou pelo menos, ouviu falar de “It: A Coisa”. Sim, aquele filme onde um palhaço metamorfo aterroriza um grupo de adolescentes. Provavelmente, foi uma das melhores adaptações de Stephen King que eu já vi, e o melhor “filme de terror” também. Então, começando esse novo bloco no meu blog, vamos às razões de porque “It: A Coisa” é o melhor “filme de terror” de todos os tempos! Só avisando, esse post será cheio de SPOILERS, então se você nunca viu “It”, veja o filme antes e depois leia esse post. Se não, leia por sua própria conta e risco!
(What's up, film buffs! JP here, apologizing for the delay! I think that most of you have already seen or heard about “It”. Yes, that movie where the shape-shifting clown terrifies a bunch of teens. It is probably one of the best Stephen King adaptations I've ever seen, and also the best “horror film”. So, starting this brand-new block on the blog, let's go to the reasons of why “It” is the best “horror film” of all time! Just a slight warning: this post is going to be filled with SPOILERS, so if you have never seen “It”, watch the movie first and then read this post. If not, read at your own risk!)

Vamos começar com uma declaração polêmica: “IT: A COISA” NÃO É UM FILME DE TERROR! Por isso coloquei as aspas na introdução. Por incrível que pareça, o filme, na verdade, é um drama de amadurecimento com elementos de terror, que se concentra em desenvolver a amizade e camaradagem dos protagonistas, assim como seus demônios interiores, do que mostrar um palhaço assassino comedor de crianças. Claro, o filme tem seus momentos assustadores, como a infame cena de abertura do bueiro, mas mesmo com o Pennywise, o filme não deixa de ser uma versão de “Conta Comigo” (outra brilhante adaptação de Stephen King) com elementos do gênero de terror. Tanto que todas as cenas assustadoras exibidas nos trailers são, praticamente, a quantidade de terror que o filme passa em suas duas horas e quinze minutos de duração. Então, resumindo, mesmo se o marketing promovia “It: A Coisa” como um filme de terror, o filme é um drama sobre amadurecimento.
(Let's start with a controversial declaration: “IT” IS NOT A HORROR FILM! That's why I put the quotations in the intro. As hard as it may seem, the film is, actually, a coming-of-age drama with elements from the horror genre, which focuses on developing the friendship and camaraderie of the main characters, and their inner demons, than showing a kid-eating killer clown. Sure, the film has its scary scenes, like the infamous opening sewer scene, but even with Pennywise, the film never ceases to be a horror-spiced version of “Stand By Me” (another brilliant King adaptation). Also, all the scary scenes shown in the trailers are, basically, the exact quantity of horror that the movie transmits in its 2-hour-and-15-minute running time. So, in a nutshell, even if the marketing campaign promoted “It” as a horror film, it is a coming-of-age drama.)



E é por isso que esse filme é tão brilhante. Sendo um drama sobre amadurecimento, acima de tudo, ele se importa com os personagens antes de assustá-los com o Pennywise. A escolha do diretor certo foi primordial nessa questão. E o Andy Muschietti, que fez uma coisa parecida (importar antes de assustar) no seu filme de estreia “Mama”, comandou a adaptação com maestria, transmitindo exatamente a mesma coisa que fez de “Mama” um sucesso. Uma forma de captar isso é que demora bastante para o Pennywise aparecer da cena do bueiro para a morte de Patrick Hockstetter, o que dá tempo para desenvolver os terrores reais dos protagonistas, principalmente o bullying agressivo que eles sofrem pelas mãos de Henry Bowers e sua gangue e Gretta e seu grupo, que atormentam Beverly no início do filme.
(And that's why this movie is so brilliant. Being, above all things, a coming-of-age drama, it cares about the characters before scaring them with Pennywise. The right director was a primordial choice in this question. And Andy Muschietti, who did something similar (caring before scaring) in his debut movie “Mama”, headlined the adaptation wonderfully, transmitting exactly the same material that made “Mama” a hit. A way to notice that is that it takes long for Pennywise to appear from the sewer scene to Patrick Hockstetter's death, long enough to develop the real horrors that the main characters face, mainly the agressive bullying they suffer by the hands of Henry Bowers and his gang and Gretta and her group, who torment Beverly in the beginning of the film.)



Já que estamos falando de terrores reais, vamos para outra declaração polêmica: As cenas que causam mais angústia são aquelas onde os personagens estão sendo atormentados por coisas ou pessoas reais, não onde eles são atormentados pelo Pennywise. Se alguém falar pra mim que não se sentiu preocupado com o Ben quando o Henry CORTOU UM “H” GIGANTE NA BARRIGA DELE, ou morreu de medo do Henry quando ele ASSASSINOU O PAI DELE A SANGUE-FRIO, ou quando o pai da Beverly quase a ESTUPROU, eu simplesmente falarei “Vocês estão mentindo.”.
Claro, o Pennywise tem suas encarnações que assustam bem mais do que o palhaço (o Leproso, e a Mulher da Pintura), mas sério, o Pennywise não assusta ou causa angústia alguma no espectador perto dos perigos do mundo real que os personagens enfrentaram no filme. De novo, essa é minha opinião, e estou vendo o filme como um drama sobre amadurecimento. Você pode concordar, ou discordar comigo, sem nenhum problema.
(Talking about real horrors, let's go to another controversial declaration: The scenes that cause more anguish to the viewer are those where the characters are being tormented by real things or people, not where they're tormented by Pennywise. If anyone says to me that they didn't feel worried for Ben when Henry CARVED A GIGANTIC “H” ON HIS BELLY, or got scared to hell of Henry when he MURDERED HIS FATHER IN COLD BLOOD, or when Beverly's dad almost RAPED her, I will simply say “You are lying.”. Sure, Pennywise has its incarnations which brings even more chills than the clown (the Leper, and the Woman in the Painting), but really, Pennywise doesn't scare or cause any anguish in the viewer near the real-world dangers that the characters faced in the film. Again, this is my opinion, watching the movie as a coming-of-age drama. You can agree or disagree with me, no problem.)



Eu não sei se fui só eu que percebi, mas o Pennywise fica menos assustador a cada vez que ele aparece. Mas acho que isso tem uma razão para acontecer. “It: A Coisa” é uma história de superação dos medos de uma pessoa, e fala sobre a importância da coragem e a força da amizade verdadeira. Então, a cada medida que o Pennywise aparece no filme, os protagonistas estão cada vez mais perto de superar seus medos, tanto que no final, eles metem a porrada no Pennywise sem piedade, mesmo com ele incorporando os maiores medos que eles tinham (Bill = medo de o Georgie estar morto; Mike = medo de viver com a culpa de não ter salvado seus pais; Richie = medo de palhaços; Stan = medo da mulher da pintura; Eddie = medo de doenças; Beverly = medo do pai dela; Ben = medo de múmias e do passado de Derry), ou seja, eles não têm mais medo do que aterrorizava eles no começo do filme. Se isso for verdade, foi uma jogada brilhante dos roteiristas e dos diretores de fotografia!
(I don't know if I was the only one who noticed this, but Pennywise gets less scary each time he appears. But I think that has a reason to happen. “It” is a story about overcoming one's fears, and talks about the importance of bravery and the strength of true friendship. So, each time Pennywise appears to the Losers in the film, they are one step closer to overcoming their fears, because in the end, they beat the crap out of Pennywise, with him shape-shifting into their biggest fears at the time (Bill = scared of Georgie being dead; Mike = scared of living with the guilt of not saving his parents; Richie = scared of clowns; Stan = scared of the woman in the painting; Eddie = scared of diseases; Beverly = scared of her dad; Ben = scared of mummies and Derry's past), meaning, they aren't scared of what terrified them at the beginning of the film anymore. If that's true, it was a brilliant move by the screenwriters and directors of photography!)



E, para finalizar essa análise-teoria da conspiração, percebi quando (re)vi o filme ontem, que, se olharmos pelo ponto de vista de Bill, podemos ver que ele pode estar enfrentando as 5 etapas do luto de Elisabeth Kubler-Ross, mesmo que não seja na ordem cronológica no filme. Elas são:
  1. Negação (Bill, até atirar em um Pennywise fantasiado de Georgie, sempre negou que seu irmãozinho estava morto, chegando até a construir um equipamento feito de tubos de hamster para explicar o percurso de Georgie pelo esgoto)
  2. Raiva (Ao ouvir Richie dizer que Georgie estava morto, Bill dá um soco na cara dele, ainda acreditando que ele estava apenas desaparecido)
  3. Barganha (O que chegaria mais perto disso seria quando o Bill encontra o “Georgie” tanto no porão quanto no esgoto, quando o “Georgie” tenta convencer o Bill que ele realmente é o irmãozinho desaparecido)
  4. Depressão (Uma representação dessa parte seria o discurso do Bill para levar os outros à entrar na casa da rua Neibolt, para encontrar seu irmão supostamente desaparecido; outra parte seria quando o Bill estava sozinho na cozinha, comendo cereal e olhando em direção à uma fotografia de Georgie)
  5. Aceitação (Depois do embate final contra o Palhaço Dançarino, Bill encontra a capa de chuva que Georgie vestia quando encontrou Pennywise no bueiro, e, sendo confortado pelos seus amigos, chora, aceitando que seu irmão morreu.)
Pois é, seria isso, eu acho. Então, da próxima vez que você ver “It: A Coisa”, uma obra-prima aberta a interpretações, como vocês podem ver (risos), tente ver sob esses pontos de vista. É simplesmente revigorante como um filme feito para as massas possa ter vários significados ocultos. E é por isso que eu adoro “It: A Coisa”!

Abraços quentinhos para todos vocês,
João Pedro

(And, to close this analysis-conspiracy theory, I noticed when (re)watching the film last night that, if we look through Bill's point of view, we can see that he might have been facing Elisabeth Kubler-Ross' 5 stages of grief throughout the film, even if it's not in chronological order. And they are:
  1. Denial (Bill, until he shot Pennywise disguised as Georgie, always denied that his little brother was dead, getting to the point of building an equipment made of hamster tubes to describe Georgie's journey through the sewers)
  2. Anger (By hearing Richie say that Georgie was dead, Bill punches him in the face, still believing that he was just missing)
  3. Bargain (What would come the closest to that would be Bill's encounters with “Georgie” both in the basement and in the sewers, when “Georgie” tries to convince Bill that he's really his missing brother)
  4. Depression (A representation of this part would be Bill's speech to lead the others to enter the house on Neibolt St. with him, in order to find his missing brother; other part would be when Bill was sitting alone in the kitchen, eating cereal and looking towards a picture of Georgie)
  5. Acceptance (After the final showdown against the Dancing Clown, Bill finds the raincoat Georgie was wearing when he found Pennywise in the sewers, and, being conforted by his friends, he cries, accepting that his brother is gone.)
Yeah, that would be it, I guess. So, the next time you see “It”, a masterpiece open to interpretations, as you can see (LOL), try to see it under these points of view. It's simply reinvigorating how a movie made to the big public can have several hidden meanings. And that's why I love “It”!!

Warm hugs for all of you,
João Pedro)






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