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segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

"Anna and the Apocalypse": uma mescla de gêneros altamente criativa e original (Bilíngue)


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E aí, galerinha de cinéfilos! A época do Oscar está chegando, mas antes de preencher as próximas postagens com minhas apostas e opiniões sobre os indicados, vim aqui falar de um filme que passou muito despercebido pelo radar da maioria do público. Não é ambicioso, não é inovador, não é uma obra-prima digna de Oscar, mas vale muito a pena o seu tempo. É provavelmente, a mescla de gêneros mais original e criativa que eu já vi nos últimos tempos. Então, vamos falar da pérola escondida que é “Anna and the Apocalypse” (Anna e o Apocalipse). Vamos lá!
(What's up, film buffs! Oscar time is really near us, but before filling up the next posts with my bets and opinions on the nominees, I come here to talk about a film that went unnoticed by most of the public's radar. It's not ambitious, it's not innovative, it's not an Oscar-worthy masterpiece, but it is, surely, worth your precious time. It's probably the most creative and original genre-hybrid film I've ever seen in recent times. So, let's talk about a hidden gem named “Anna and the Apocalypse”. Let's go!)




Essa comédia musical natalina com zumbis conta a história de Anna (Ella Hunt), uma adolescente que deseja se libertar do tédio de viver em sua cidade pacata, mas seu mundo vira de cabeça para baixo quando um apocalipse zumbi se ergue, forçando Anna e seus amigos John (Malcolm Cumming), Steph (Sarah Swire), Chris (Christopher Leveaux), Lisa (Marli Siu) e Nick (Ben Wiggins) a lutar contra os mortos-vivos para sobreviverem.
(This Christmas-zombie-musical-comedy tells the story of Anna (Ella Hunt), a teenager who wishes to break free of the boredom of living in her quiet town, but her world turns upside down when a zombie apocalypse emerges, forcing Anna and her friends John (Malcolm Cumming), Steph (Sarah Swire), Chris (Christopher Leveaux), Lisa (Marli Siu) and Nick (Ben Wiggins) to fight the living dead in order to survive.)




Ok, pra começar, eu adoro filmes de Natal, musicais, e filmes de zumbis, então uma fusão desses 3 gêneros parecia improvável de fazer sucesso, mas ainda assim mantive expectativas grandes. Também gosto muito de filmes que são entretenimento puro e ainda assim são ignorados pela maioria do público (como “Better Watch Out” e “Summer of 84”, ambos ótimos). E é exatamente isso que esse filme é: entretenimento puro. Não tenta ser grandioso e não tem grandes ambições, somente se preocupando em entreter o público. E “Anna and the Apocalypse” faz isso de maneira perfeita. A começar pelo roteiro, co-escrito por Ryan McHenry, que fez o curta “Zombie Musical” (que inspirou esse filme) e a série de vines “Ryan Gosling Won't Eat His Cereal”, e que infelizmente, faleceu antes de ver sua obra-prima nas telas. Eu gosto bastante de roteiros nesse estilo, roteiros que esperamos que sejam preenchidos de clichês e, em certo ponto, até são, mas que nos surpreendem por completo no segundo ato. É inteligente, engraçado, agridoce, energético, e de certa maneira, até nostálgico. Os trailers descrevem o filme como “uma mistura de Todo Mundo Quase Morto com La La Land”; eu misturaria Todo Mundo Quase Morto com High School Musical para descrevê-lo, pois é bem mais parecido com a franquia de sucesso da Disney do que com a obra-prima de Damien Chazelle, contando com músicas mais grudentas e reviravoltas inesperadas, o que combina perfeitamente como uma mistura de ambos os filmes. Há um pouco aqui para todos: o filme é muito engraçado para os fãs de comédia; os loucos pela Broadway irão adorar a trilha sonora original; há sangue e cabeças rolando para os fãs de zumbis, e o filme possui uma atmosfera melancólica para os que gostam de drama. Resumindo, “Anna and the Apocalypse” tem um roteiro inteligente, rápido, e que tem muito a oferecer para vários nichos de seu público-alvo.
(Okay, for starters, I love Christmas movies, musicals and zombie flicks, so, a fusion of those 3 genres seemed unlikely to actually work, but I still kept huge expectations. I also really like movies that are pure entertainment, and still are ignored by most of the public (like “Better Watch Out” and “Summer of 84”, both great flicks). And that's exactly what this film is: pure entertainment. It doesn't try to be majestic and it doesn't have great ambitions, only focusing on entertaining the audience. And “Anna and the Apocalypse” does that perfectly. Starting with the script, co-written by Ryan McHenry, who created the short film “Zombie Musical” (which inspired this movie) and the Vine series “Ryan Gosling Won't Eat His Cereal”, and who, unfortunately, passed away before he could see his masterpiece on the screens. I really like scripts in this style, in which you expect them to be filled with cliches, and to a certain point, they are, but they surprise us completely in the second act. It is clever, funny, bittersweet, energetic, and, in a way, nostalgic, even. The marketing describes it as “Shaun of the Dead meets La La Land”; I'd mix Shaun of the Dead with High School Musical in order to describe it, as it has so much more in common with Disney's successful franchise than with Damien Chazelle's masterpiece, counting with several earworm songs and unexpected plot twists, fitting perfectly as a mix of both films. There's a little here for everyone: it is really funny for comedy fans; Broadway maniacs will go crazy over the original soundtrack; there's a lot of blood and decapitated heads for zombie fans, and it has a melancholic atmosphere for those who like drama. In a nutshell, “Anna and the Apocalypse” has a clever, fast-paced script that has a lot to offer to several niches of its target audience.)





Indo para as atuações, temos um elenco bem promissor aqui. Há vários estereótipos escolares contidos dentro dos personagens: tem o valentão, o melhor amigo, os dois apaixonados, a desajustada, mas, graças às curvas que o roteiro dá, as atuações de Hunt, Cumming, Swire, Leveaux, Siu e Wiggins ganham um ponto a mais; elas ficam um pouco acima do esperado, nós vemos mais neles do que adolescentes que tentam se encaixar na escola ao final do filme, e isso é muito bom. Como dois dos únicos adultos relevantes para a trama, temos Mark Benton como o pai de Anna e Paul Kaye como o vice-diretor da escola, e eles trabalham muito bem, em especial Kaye, que rouba a cena toda vez que seu personagem aparece. E além de atuarem muito bem, eles cantam muito bem. Claro, não no nível de Lady Gaga e Bradley Cooper em “Nasce uma Estrela”, mas ainda assim, conseguimos ser impressionados pela capacidade vocal dos atores, em especial Hunt, Wiggins, Swire e Kaye. Resumindo, “Anna and the Apocalypse” pode não ser cheio de grandes nomes, mas o elenco trabalha maravilhosamente bem, nas atuações e no canto, graças à esperteza do roteiro.
(On our way to the performances, we have a very promising cast here. There are several school stereotypes contained within the characters: there's the bully, the best friend, the two sweethearts, the misfit, but, thanks to the twists and turns of the script, the performances of Hunt, Cumming, Swire, Leveaux, Siu and Wiggins get an extra point; they get a little better than expected, we see more in them than just teenagers trying to fit in school by the end of the film, and that's pretty good. As two of the only relevant grown-ups in the plot, we have Mark Benton as Anna's dad and Paul Kaye as the school's vice-principal, and they are really good, especially Kaye, who steals the scene every time his character appears. And besides acting very well, they can also sing very well. Sure, not at Lady Gaga and Bradley Cooper's level in “A Star is Born”, but still, we manage to be impressed by the actors' vocal ability, particularly Hunt's, Wiggins', Swire's and Kaye's. In a nutshell, “Anna and the Apocalypse” may not be filled with big names, but the cast works wonderfully well, dramatically and musically, thanks to the cleverness of the script.)




Tecnicamente, o filme é muito bom. Posso até dizer que os aspectos técnicos são uma das muitas razões que fazem de “Anna and the Apocalypse” um filme assistível. Foi, provavelmente, feito com um orçamento baixo, pois estreou em poucos cinemas internacionalmente, fazendo com que o filme contraísse uma veia de sucesso independente, pois é justamente isso que o filme é. Poucas pessoas conhecem, mas os que conhecem, adoram. Há até alguns aspectos que podem gerar comparações com outros filmes de zumbis, como a maquiagem e a direção de arte dos próprios mortos-vivos, dando origem a criaturas extremamente realistas e similares aos de “Zumbilândia”, “Todo Mundo Quase Morto” e aos filmes de George A. Romero. O filme é explicitamente gráfico, mostrando decapitações de zumbis em close-up, intestinos saindo das vítimas dos mortos-vivos, e muito, muito, mas muito sangue, o que será um verdadeiro deleite para quem gosta de filmes de terror B ou filmes de zumbis em geral. Então, “Anna and the Apocalypse”, com seu baixo orçamento e litros de sangue falso, tem em seus aspectos técnicos um trunfo irresistível para os fãs do gênero.
(Technically, the film is really good. I can even say that the technical aspects are one of the many reasons that make “Anna and the Apocalypse” a watchable movie. It was, probably, made with a low budget, as it premiered in a smaller number of theaters worldwide, giving the movie an indie hit vibe, which is exactly what it is. Few people know it, but those who do love it. There are even some aspects that may spark comparisons with other zombie films, like the make-up work and art direction of the undead themselves, giving birth to extremely realistic creatures, similar to those in “Zombieland”, “Shaun of the Dead” and the movies by George A. Romero. The film is explicitely graphic, showing zombie decapitations closely, guts coming out of the living dead's victims, and a big, wide, enormous amount of blood, which will be an absolute delight to those who enjoy B horror movies or zombie flicks in general. So, “Anna and the Apocalypse”, with its shoestring budget and gallons of fake blood, has in its technical aspects an irresistible trump for genre fans.)




E por último, mas não menos importante, vamos falar da trilha sonora, que já ganha um ponto a mais por ser completamente original. Há uma variação de temas nas canções aqui: tem uma canção sobre liberdade, outra com significado duplo, uma fazendo crítica ao uso constante e quase dependente da tecnologia pelos adolescentes, o que é bem interessante, e tem aquelas que só servem para entrar na sua cabeça e nunca mais sair. Das 13 músicas, queria destacar aqui “Hollywood Ending”, por dar um ar de High School Musical à trilha sonora, “Turning My Life Around”, pelo contexto da cena onde ela é cantada e por mostrar a capacidade vocal de Hunt e Cumming, “Human Voice”, pela crítica que ela expõe e pelo trabalho vocal dos envolvidos, “Soldier at War”, por expor o timbre impressionante de Ben Wiggins, e “Nothing's Gonna Stop Me Now”, por ser uma das músicas mais tragicamente engraçadas do filme. Na minha opinião, “Anna and the Apocalypse”, com uma trilha sonora dessas, já deveria ter sido escolhido como o próximo filme a ser adaptado em um espetáculo na Broadway, o que daria mais luz ao filme que o originou. É uma trilha sonora gostosa de ouvir, envolvente e altamente viciante!
(And at last, but not least, let's talk about the soundtrack, which already gets an extra point for being completely original. There's a variety of themes in the songs here: there's one about freedom, one with a double meaning, one criticizing teenagers's constant and almost dependent use of technology, which is quite interesting, and there are those written to get inside your head and never leave. Out of the 13 songs, I'd like to highlight “Hollywood Ending”, for giving it a High School Musical vibe, “Turning My Life Around”, for the context of the scene in which it is sung and for showing the vocal capacity of Hunt and Cumming, “Human Voice”, for the thematical aspects of it and for the voice work of all involved, “Soldier at War”, for exposing Ben Wiggins's impressive vocal range, and “Nothing's Gonna Stop Me Now”, for being one of the most tragically funny songs in the film. In my opinion, “Anna and the Apocalypse”, with a soundtrack of this level, should've already been considered for adaptation into a Broadway musical, which would bring more light into the film that originated it. It is a really nice, involving and highly addictive soundtrack!)



Resumindo, “Anna and the Apocalypse” é um filme sem grandes ambições, mas é puro entretenimento, misturando gêneros de forma criativa e original, e contando com um elenco que esbanja talento e uma trilha sonora original viciante.
Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Anna and the Apocalypse” is a movie with no great ambitions, but it is pure entertainment, mixing genres in a creative, original way, and counting with a cast overflowing with talent and an addictive original soundtrack.

I give it a 10 out of 10!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)




sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

"Homem-Aranha no Aranhaverso": um espetáculo visual narrativamente frenético e divertido (Bilíngue)


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E aí, galerinha de cinéfilos! Aqui quem fala é o João Pedro, e vim aqui falar de uma das animações mais aclamadas de 2018, que infelizmente, só lançou esse mês no Brasil. Pode-se dizer que esse filme é o mais próximo que chegaremos de uma HQ em movimento, por ser frenético, divertido, e por ter protagonistas repletos de personalidade. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Homem-Aranha no Aranhaverso”. Vamos lá!
(What's up, film buffs! I'm back, and I'm here to discuss on one of the most acclaimed animated films of 2018. It can be said that this movie is the closest we will ever get to a comic book in motion, for being fast-paced, fun, and for having protagonists filled with personality. So, without further ado, let's talk about “Spider-Man: Into the Spider-Verse”. Let's go!)



O filme conta a história de Miles Morales (voz de Shameik Moore), um garoto do Brooklyn que é picado por uma aranha radioativa, o que o leva a entrar, acidentalmente, dentro de um experimento colocado em prática por Wilson Fisk (voz de Liev Schreiber), que abre um portal interdimensional, enviando várias outras versões do Homem-Aranha para a realidade de Miles, como Peter Parker (voz de Jake Johnson), Gwen Stacy (voz de Hailee Steinfeld), Homem-Aranha Noir (voz de Nicolas Cage), Peni Parker (voz de Kimiko Glenn) e Peter Porker/Porco-Aranha (voz de John Mulaney). Juntos, eles deverão achar uma maneira de ativar o portal e mandar os super-heróis aracnídeos para casa.
(The movie tells the story of Miles Morales (voiced by Shameik Moore), a kid from Brooklyn who is bit by a radioactive spider, which leads him to, accidentally, enter inside an experiment practiced by Wilson Fisk (voiced by Liev Schreiber), which opens an interdimensional portal, sending several other versions of Spider-Man into Miles's reality, like Peter Parker (voiced by Jake Johnson), Gwen Stacy (voiced by Hailee Steinfeld), Spider-Man Noir (voiced by Nicolas Cage), Peni Parker (voiced by Kimiko Glenn) and Peter Porker/Spider-Ham (voiced by John Mulaney). Together, they must find a way to activate the portal and send the arachnid super-heroes home.)



Ok, pra começar, eu estava bem animado para esse filme. Sendo um enorme fã do Homem-Aranha, um filme com muitas versões do herói quase desconhecidas pelo público parecia ser incrível. Aí, vieram os Globos de Ouro, onde esse filme venceu o prêmio de Melhor Filme de Animação, batendo o fantástico “Ilha dos Cachorros”, aumentando ainda mais minhas expectativas. Fico feliz em dizer que minhas expectativas foram, em sua grande maioria, atendidas. A começar pelo roteiro, co-escrito por Phil Lord, um dos gênios por trás de “Uma Aventura Lego”, um dos meus filmes de animação favoritos. A história é muito boa, consegue ser envolvente, engraçada, cheia de easter eggs e reviravoltas imprevisíveis, e possui até um passo rápido e frenético, para um filme com quase 2 horas de duração. Temos aqui vilões pouco explorados em filmes recentes do Homem-Aranha, como o Rei do Crime, o Gatuno, o Lápide e o Escorpião, e é sempre bom ver personagens pouco usados em filmes de super-herói, o que dá uma certa originalidade ao conteúdo. Tem um aspecto em particular que se repete 6 ou 7 vezes no percurso do roteiro, mas cada um possui suas particularidades, o que não torna esse aspecto enfadonho. Em nenhum momento, eu me senti entediado; meus olhos ficaram grudados na tela o tempo inteiro, por causa da história e do visual do filme, mas discutiremos isso mais adiante. Resumindo, o roteiro de “Homem-Aranha no Aranhaverso” é frenético, engraçado, envolvente e cheio de easter eggs, o que com certeza irá agradar fãs de todas as idades.
(Okay, for starters, I was pretty excited for this movie. As a huge fan of Spider-Man, a movie with several almost unknown versions of the hero seemed to be amazing. Then the Golden Globes came, and this movie won the award for Best Animated Feature, beating the fantastic “Isle of Dogs”, further increasing my expectations. I am glad to say that my expectations were, in their great majority, reached. Starting with the script, co-written by Phil Lord, one of the geniuses behind “The Lego Movie”, one of my favorite animated movies. The story is really good, it manages to be captivating, funny, filled with easter eggs and unpredictable twists, and it even has a fast, frenetic pace, for a movie with almost 2 hours of running time. We have here villains who did not have some proper character exploration in recent Spider-Man movies, like Kingpin, Prowler, Tombstone and Scorpion, and it's always good to see less-explored characters in superhero movies, because it gives a sense of originality to the film's content. There's a particular aspect in the script that repeats itself 6 or 7 times, but each one has its particularities, which doesn't make it dull or repetitive. I didn't feel bored or uninterested in any moment in the film; my eyes were stuck to the screen the whole time, because of its story and visuals, which we will discuss further on. In a nutshell, the script of “Spider-Man: Into the Spider-Verse” is fast-paced, funny, captivating and filled with easter eggs, which will certainly please fans of all ages.)



Nós temos um elenco de vozes bem diverso aqui: como as “Pessoas-Aranha”, temos Shameik Moore, Jake Johnson, Hailee Steinfeld, Nicolas Cage, Kimiko Glenn e John Mulaney; como os vilões, temos Liev Schreiber, Mahershala Ali, Kathryn Hahn, Jorma Taccone, Krondon e Joaquín Cosío. Como coadjuvantes, temos Brian Tyree Henry e Luna Lauren Velez como os pais de Miles, Zoe Kravitz como Mary Jane Watson e Lily Tomlin, que rouba a cena como a Tia May. Sim, em um filme com 6 super-heróis dividindo a tela, ficou claro desde o início que alguns iriam ser mais desenvolvidos do que outros. Por exemplo, nesse filme, Miles Morales, Peter Parker e Gwen Stacy foram muito mais desenvolvidos do que o Homem-Aranha Noir, Peni Parker e o Porco-Aranha, mas ainda assim, todos possuem uma hora de brilhar, seja durante a história de origem, ou seja durante as cenas de batalha, com cada um tendo sua própria personalidade. Mesmo assim, eu realmente queria mais desenvolvimento nessas versões mais desconhecidas do Homem-Aranha, especialmente para o Homem-Aranha Noir, que pra mim, é uma das versões mais tematicamente interessantes e intrigantes do herói aracnídeo. Então, o elenco de vozes de “Homem-Aranha no Aranhaverso” é extenso e extremamente talentoso, contando com protagonistas que irão agradar vários nichos do público-alvo, mesmo com alguns tendo mais desenvolvimento do que outros.
(We have quite a diverse voice cast here: as the “Spider-People”, we have Shameik Moore, Jake Johnson, Hailee Steinfeld, Nicolas Cage, Kimiko Glenn and John Mulaney; as the baddies, we have Liev Schreiber, Mahershala Ali, Kathryn Hahn, Jorma Taccone, Krondon and Joaquín Cosío. As supporting characters, we have Brian Tyree Henry and Luna Lauren Velez as Miles's parents, Zoe Kravitz as Mary Jane Watson and Lily Tomlin, who steals the scene as Aunt May. Yes, in a movie with 6 superheroes sharing the screen, it became clear since the start that some would be better developed than others. For an example, in this film, Miles Morales, Peter Parker and Gwen Stacy were way more developed than Spider-Man Noir, Peni Parker and Spider-Ham, but yet, everyone has a time to shine, throughout their origin story or during the battle scenes, with each one having their own personality. Even so, I really wanted more character development in these less known versions of Spider-Man, especially for Spider-Man Noir, which, to me, is one of the most thematically interesting and intriguing versions of the arachnid hero. So, the voice cast of “Spider-Man: Into the Spider-Verse” is big and extremely talented, counting with protagonists that will please several niches of the target audience, even with some being more developed than others.)



Mesmo com uma história preenchida de conteúdo, e um elenco super-talentoso, o verdadeiro destaque de “Homem-Aranha no Aranhaverso”, sem sombra de dúvida, é o visual. Se o espectador não se sentir atraído pelo enredo, ele com certeza ficará pela riqueza de detalhes e pela criatividade estética do visual. Sendo uma mistura bem trabalhada e visualmente estonteante de computação gráfica com desenhos à mão, o visual se aproxima demais de como seria se um filme fosse uma história em quadrinhos em movimento constante. A estética é a mesma presente em quadrinhos de quase 70 anos de idade, com balões de pensamento, exclamação, onomatopéias nas cenas de luta, com os pixels sendo tratados como “pontos e linhas de uma pintura”, de acordo com o produtor Chris Miller, para preservar o visual “raiz” de HQ mesmo. O estilo da animação é muito original, com uma Nova York mais neon e diferente, já que o protagonista não mora no Queens; e efeitos visuais hipnotizantes, que grudarão os olhos do espectador na tela. Alguns podem achar, pelo visual, que há muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, mas uma coisa é inegável: com essa técnica de animação, a equipe de “Homem-Aranha no Aranhaverso” conseguiu criar algo extremamente original, e ainda assim, essencialmente nostálgico.
(Even with a content-filled story, and a super talented cast, the true highlight of “Spider-Man: Into the Spider-Verse”, without a doubt, is the visuals. If the viewer does not feel attracted by the plot, he'll stay for the rich details and the aesthetic creativity of the visuals. Being a well-developed and visually stunning mix of CGI and hand-drawn animation, the visuals get really, really close to what would a comic book in constant motion be. The aesthetic is the same as in 70-year-old comics, with thought balloons, exclamations, onomatopoeias for the battle scenes, with pixels being treated as “dots and lines on a painting”, according to producer Chris Miller, in order to preserve the look of an actual comic book. The style of the animation is astoundingly original, with a neon-filled, different NYC, as our protagonist does not live in Queens; and eye-popping visual effects, which will keep the viewer's eyes stuck to the screen. Some may find, by its visuals, that there's a lot of stuff going on at the same time, but one thing is undeniable: with this animation technique, the crew of “Spider-Man: Into the Spider-Verse” managed to create something extremely original, and yet, essentially nostalgic.)



Resumindo, “Homem-Aranha no Aranhaverso” é diferente de quase tudo que nós vemos do Homem-Aranha até agora. É um filme cheio de conteúdo e easter eggs, que conta com um elenco talentoso, protagonistas bem desenvolvidos e, provavelmente, o melhor visual de uma animação em 3D que eu já vi até agora! Recomendo fortemente para todos os fãs do Aranha, criança ou adulto! Garanto que a família inteira irá adorar!

Nota: 9,5 de 10!!

Então, é isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Spider-Man: Into the Spider-Verse” is different from almost everything we've seen of Spider-Man so far. It's a film filled with content and easter eggs, which has a talented cast, well-developed protagonists, and, probably, the greatest visuals in a 3D animated film I've seen so far! I strongly recommend it to all Spidey fans, kids and grown-ups! I guarantee that the whole family will love it!

I give it a 9,5 out of 10!!

That's it, folks! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)



quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

"Lemony Snicket - Desventuras em Série": uma adaptação envolvente e, acima de tudo, fiel ao material fonte (Bilíngue)


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E aí, galerinha de cinéfilos! Aqui é o João Pedro, e vim aqui, na primeira resenha de 2019, analisar uma das melhores séries originais que a Netflix teve a oferecer. É uma fantástica adaptação do material em que ela foi baseada, e provavelmente é a série mais subestimada no catálogo original do serviço de streaming. Contando com apenas 3 temporadas e menos de 30 episódios, vamos falar sobre a adaptação da Netflix baseada na série de livros de Lemony Snicket, “Desventuras em Série”. Vamos lá!
(What's up, film buffs! I'm João Pedro, and I am here, in the first review of 2019, to analyze one of the best original TV shows that Netflix had to offer. It's a fantastic adaptation of the source material it was based upon, and probably it's the most underrated series in the streaming service's original catalog. With only three seasons and less than 30 episodes, let's talk about the Netflix adaptation based upon the book series by Lemony Snicket, “A Series of Unfortunate Events”. Let's go!)



Para aqueles que ainda não conhecem a história, “Desventuras em Série” acompanha os órfãos Baudelaire: Violet (Malina Weissman), uma inventora; Klaus (Louis Hynes), um leitor voraz; e Sunny (Presley Smith), um bebê com 4 dentes bem afiados, cujos pais pereceram em um incêndio que destruiu a casa deles. Eles, então, são designados pelo Sr. Poe (K. Todd Freeman), um banqueiro ingênuo, a morar com o Conde Olaf (Neil Patrick Harris), um ator caricato que fará de tudo para roubar a enorme fortuna que os pais dos Baudelaire deixaram para os filhos.
(To those that don't know the story yet, “A Series of Unfortunate Events” follows the Baudelaire orphans: Violet (Malina Weissman), an inventor; Klaus (Louis Hynes), a voracious reader; and Sunny (Presley Smith), a baby with 4 sharp teeth, whose parents perished in a fire that destroyed their home. Orphaned, they are told by Mr. Poe (K. Todd Freeman), a naive banker, that they will be living with Count Olaf (Neil Patrick Harris), a so-so actor who will do anything to steal the enormous fortune that the Baudelaire parents left for their children.)





Já irei começar dizendo que essa não é a primeira adaptação dos livros de Lemony Snicket. Os primeiros três livros da série foram adaptados em um filme de 2004, com Jim Carrey no papel de Olaf e Billy Connolly e Meryl Streep em papéis coadjuvantes. Apesar de ter marcado minha infância, o filme possui uma cronologia confusa, para quem leu os livros, o que dá um ponto a mais para a série. Tendo lido 6 dos 13 livros, devo dizer que a adaptação da Netflix comandada por Barry Sonnenfeld (A Família Addams) e Mark Hudis (True Blood) é bem mais fiel aos livros do que a adaptação cinematográfica. Talvez seja porque os roteiros da série sejam escritos pelo próprio autor dos livros, mas acho que a verdadeira razão é que essa adaptação começou com o objetivo de adaptar a saga inteira, já que o livro final não tinha sido publicado na época de lançamento do filme.
E sim, como o próprio filme fez questão de fazer, as adaptações das duas primeiras temporadas possuem um enredo cíclico, mas o que torna cada um diferente são as imprevisíveis reviravoltas presentes na trama de cada livro. Aqueles que estiverem dispostos a enfrentar esses enredos cíclicos serão recompensados com uma série de mistérios intrigantes, desenvolvidos ao longo da trama da série em geral. Os roteiros são excelentes, são leves o bastante para espectadores jovens, mas sombrios e absurdos o bastante para atrair adultos, e eles possuem a capacidade de envolver o espectador naquela história, fazendo-o de detetive para levá-lo a resolver os mistérios da série junto com os Baudelaire. A série tem um senso de humor, ao mesmo tempo, ácido e ideal para o público-alvo, contendo piadas adequadas para o público jovem e algumas escondidas para os adultos dispostos a seguir a história, o que faz de “Desventuras em Série” uma série sem nicho específico, ela consegue agradar a todos que assistem, e isso é sempre um ponto positivo.
(I'll start by saying that this isn't the first adaptation of Lemony Snicket's books. The first three books in the series were adapted into a 2004 movie, with Jim Carrey as Olaf, and Billy Connolly and Meryl Streep in supporting roles. Even though it played a big part in my childhood, the film has a confusing chronological order, to those who read the books, which gives one more point to the TV series. I read 6 of the 13 books in the series, and I must say that the Netflix adaptation headlined by Barry Sonnenfeld (The Addams Family) and Mark Hudis (True Blood) is way more faithful to the source material than the movie adaptation. Maybe it's because the scripts in the show are written by the author of the books, but I personally think that the true reason is that this adaptation started with the objective of adapting the entire book series, as the final book hadn't been published in the time the movie was released. And yes, as the movie itself showed us, the adaptations in the first two seasons of the show have cyclic and repetitive plots, but what makes them different from each other is the amount of unpredictable plot twists in each book. Those willing to face these repetitive plots will be rewarded with a series of intriguing mysteries, which are developed throughout the series' plot. The scripts are excellent, they are light enough for younger viewers, but they are dark and absurd enough to attract adults into watching it as well. The writing has the capacity of involving the viewers, turning them all into detectives and giving them the desire of solving the mystery along with the Baudelaires. The show has an acid yet adequate sense of humor, containing jokes which are proper to the younger audience, and hidden, mature jokes for the adults willing to follow the story, which makes “A Series of Unfortunate Events” a show without a specific niche, it can please everyone who watches it, and that's always a positive thing.)



Junto com os roteiros fiéis aos livros, temos também um elenco maravilhoso. Os órfãos Baudelaire são eternizados por Malina Weissman, Louis Hynes, e Presley Smith, que conseguem, com suas atuações, fazer os espectadores se importarem com seus personagens, e, como eles são extremamente desafortunados, isso é uma coisa primordial, e graças a Deus, eles acertaram nisso. Em um papel onisciente, Patrick Warburton recita a prosa do autor dos livros com primor em sua atuação como Lemony Snicket, alertando constantemente os espectadores a pararem de ver a série, o que somente nos dá a vontade de ver até o final. Em papéis coadjuvantes, temos os talentos de K. Todd Freeman, Lucy Punch, Aasif Mandvi, Alfre Woodard, Don Johnson, Rhys Darby, Roger Bart, Kitana Turnbull, Joan Cusack, Catherine O'Hara, Tony Hale, Allison Williams, Usman Ally, Dylan Kingwell, Avi Lake, Will Arnett, Cobie Smulders, Sara Rue, Nathan Fillion, e muito, muito mais, e todos eles tem um bom desenvolvimento ao longo da série, mesmo que alguns de seus personagens apareçam em poucos episódios. Mesmo com as atuações de Weissman, Hynes, Smith e Warburton, e mesmo com a quantidade enorme de talento no elenco coadjuvante, quem rouba o holofote é o eterno Barney Stinson, Neil Patrick Harris, como o pérfido vilão Conde Olaf. Ele é bem mais sério do que o Olaf de Jim Carrey no filme, que usava o aspecto de medo em um modo mais caricato e voltado para o humor, com a versão do personagem na série possuindo uma aura ameaçadora e uma aparência mais fiel ao retrato dos livros. Claro, o Olaf de Harris não é isento de um senso de humor, mas em um vilão como o Conde, a ameaça vale mais do que o humor, e isso dá um ponto a mais para Harris. Então, resumindo, o elenco de “Desventuras em Série” consegue entregar atuações dignas de prêmios, em especial as de Harris e Warburton, e que irão cativar a todos que assistirem a série até o final.
(Along with the scripts, which are faithful to the source material, we also have a wonderful cast. The Baudelaire orphans are eternized by Malina Weissman, Louis Hynes and Presley Smith, who manage, in their performances, to make the viewers care about their characters, and, as they are extremely unfortunate, it's really important that they are able to do this, and fortunately, they nailed it. In an omniscient role, Patrick Warburton recites the author's prose wonderfully in his performance as Lemony Snicket, who constantly alerts the viewers to stop watching the show, which only gives us the will to see it all the way through the end. In supporting roles, we have the talents of K. Todd Freeman, Lucy Punch, Aasif Mandvi, Alfre Woodard, Don Johnson, Rhys Darby, Roger Bart, Kitana Turnbull, Joan Cusack, Catherine O'Hara, Tony Hale, Allison Williams, Usman Ally, Dylan Kingwell, Avi Lake, Will Arnett, Cobie Smulders, Sara Rue, Nathan Fillion, and much, much more, and they all have a good character development throughout the series, even though some appear in just a few episodes. Even with the performances by Weissman, Hynes, Smith and Warburton, and even with the enormous amount of talent in the supporting cast, who steals the spotlight is Barney Stinson himself, Neil Patrick Harris, as the perfidious villain Count Olaf. He's way more serious than Carrey's Olaf in the movie, who used the fear aspect in a more funny way, with the TV series's version of the character possessing a threatening aura around him and an appearance more faithful to what it's shown in the books. Sure, Harris's Olaf isn't immune to a sense of humor, but in a villain like Count, threat is worth a lot more than humor, which gives Harris a point ahead of Carrey. So, in a nutshell, the cast of “A Series of Unfortunate Events” manages to deliver award-worthy performances, especially Harris and Warburton, which will win the hearts of everyone who sticks to the show all the way through the end.)



Já caminhando para o final, vamos às qualidades técnicas. A fotografia é maravilhosa, com a câmera sabendo o que quer mostrar e quando quer revelar certas coisas. A direção de arte e a paleta de cores são inacreditavelmente impecáveis, sendo bem mais colorida do que a do filme, e possuindo uma inspiração bem perceptível nos filmes de Wes Anderson, com o uso de cores em tom pastel, enquadramentos bem encaixados, e personagens e locações bem excêntricas. O trabalho de figurino e maquiagem também merece atenção, com o Olaf de Harris sendo ridiculamente similar ao retrato do Conde nos livros, e com as vestimentas dos Baudelaire e, especialmente, as de Esmé Squalor (Lucy Punch), retratando a singularidade e as peculiaridades da série de livros de Lemony Snicket. Os disfarces que Olaf usa na série também são muito bem feitos, apesar que dá pra perceber muito que Harris está por debaixo deles, mas esse é o verdadeiro propósito. Os efeitos especiais, para algo feito em 2017, podem parecer datados, mas eles não são tão importantes quanto a direção de arte e o figurino, por exemplo. Resumindo, “Desventuras em Série” tem qualidades técnicas impecáveis, com uma fotografia e direção de arte de tirarem o fôlego, além de ter trabalhos de maquiagem e figurino extremamente fiéis ao material fonte.
(On our way to the end, let's head to the technical qualities. The cinematography is wonderful, with the camera knowing what it wants to show and when it wants to reveal certain things. The art direction and color palette are unbelievably flawless, being way more colorful than the movie, and inspiring itself, quite noticeably, in the movies by Wes Anderson, with the use of pastel colors, very fitting framing, and pretty eccentric characters and locations. The costume and make-up work also deserves attention, with Harris's Olaf being ridiculously similar to the books' portrait of the Count, and with the costumes of the Baudelaires and, especially, Esmé Squalor's (Lucy Punch) dresses, portraying the singularity and peculiarities of Lemony Snicket's book series. The disguises that Olaf uses in the series are also really well made, though you can tell that Harris is beneath them, but that's the real purpose. The special effects, to something made in 2017, may seem cheesy, but they're not as important as the art direction and costume design, for example. In a nutshell, “A Series of Unfortunate Events” has flawless technical qualities, with breathtaking cinematography and art direction, and with extremely faithful costume design and make-up work.)



Resumindo, “Desventuras em Série” é a segunda melhor série original que a Netflix tem a oferecer (atrás de Stranger Things). É uma soberba adaptação de seu material fonte, conta com atuações mais do que competentes do seu elenco estelar, tem um visual de tirar o fôlego, e seu enredo envolvente manterá o espectador grudado no assento até chegar ao fim.

Nota: 11 de 10!

Então, é isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “A Series of Unfortunate Events” is the second best original series that Netflix has to offer (behind Stranger Things). It's a superb adaptation of its source material, it has more than competent performances by its stellar cast, it has breathtaking visuals, and its captivating plot will keep the viewer stuck in the seat all the way through the very end.

I give it an 11 out of 10!!

So, that's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)