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quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

"Lemony Snicket - Desventuras em Série": uma adaptação envolvente e, acima de tudo, fiel ao material fonte (Bilíngue)


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E aí, galerinha de cinéfilos! Aqui é o João Pedro, e vim aqui, na primeira resenha de 2019, analisar uma das melhores séries originais que a Netflix teve a oferecer. É uma fantástica adaptação do material em que ela foi baseada, e provavelmente é a série mais subestimada no catálogo original do serviço de streaming. Contando com apenas 3 temporadas e menos de 30 episódios, vamos falar sobre a adaptação da Netflix baseada na série de livros de Lemony Snicket, “Desventuras em Série”. Vamos lá!
(What's up, film buffs! I'm João Pedro, and I am here, in the first review of 2019, to analyze one of the best original TV shows that Netflix had to offer. It's a fantastic adaptation of the source material it was based upon, and probably it's the most underrated series in the streaming service's original catalog. With only three seasons and less than 30 episodes, let's talk about the Netflix adaptation based upon the book series by Lemony Snicket, “A Series of Unfortunate Events”. Let's go!)



Para aqueles que ainda não conhecem a história, “Desventuras em Série” acompanha os órfãos Baudelaire: Violet (Malina Weissman), uma inventora; Klaus (Louis Hynes), um leitor voraz; e Sunny (Presley Smith), um bebê com 4 dentes bem afiados, cujos pais pereceram em um incêndio que destruiu a casa deles. Eles, então, são designados pelo Sr. Poe (K. Todd Freeman), um banqueiro ingênuo, a morar com o Conde Olaf (Neil Patrick Harris), um ator caricato que fará de tudo para roubar a enorme fortuna que os pais dos Baudelaire deixaram para os filhos.
(To those that don't know the story yet, “A Series of Unfortunate Events” follows the Baudelaire orphans: Violet (Malina Weissman), an inventor; Klaus (Louis Hynes), a voracious reader; and Sunny (Presley Smith), a baby with 4 sharp teeth, whose parents perished in a fire that destroyed their home. Orphaned, they are told by Mr. Poe (K. Todd Freeman), a naive banker, that they will be living with Count Olaf (Neil Patrick Harris), a so-so actor who will do anything to steal the enormous fortune that the Baudelaire parents left for their children.)





Já irei começar dizendo que essa não é a primeira adaptação dos livros de Lemony Snicket. Os primeiros três livros da série foram adaptados em um filme de 2004, com Jim Carrey no papel de Olaf e Billy Connolly e Meryl Streep em papéis coadjuvantes. Apesar de ter marcado minha infância, o filme possui uma cronologia confusa, para quem leu os livros, o que dá um ponto a mais para a série. Tendo lido 6 dos 13 livros, devo dizer que a adaptação da Netflix comandada por Barry Sonnenfeld (A Família Addams) e Mark Hudis (True Blood) é bem mais fiel aos livros do que a adaptação cinematográfica. Talvez seja porque os roteiros da série sejam escritos pelo próprio autor dos livros, mas acho que a verdadeira razão é que essa adaptação começou com o objetivo de adaptar a saga inteira, já que o livro final não tinha sido publicado na época de lançamento do filme.
E sim, como o próprio filme fez questão de fazer, as adaptações das duas primeiras temporadas possuem um enredo cíclico, mas o que torna cada um diferente são as imprevisíveis reviravoltas presentes na trama de cada livro. Aqueles que estiverem dispostos a enfrentar esses enredos cíclicos serão recompensados com uma série de mistérios intrigantes, desenvolvidos ao longo da trama da série em geral. Os roteiros são excelentes, são leves o bastante para espectadores jovens, mas sombrios e absurdos o bastante para atrair adultos, e eles possuem a capacidade de envolver o espectador naquela história, fazendo-o de detetive para levá-lo a resolver os mistérios da série junto com os Baudelaire. A série tem um senso de humor, ao mesmo tempo, ácido e ideal para o público-alvo, contendo piadas adequadas para o público jovem e algumas escondidas para os adultos dispostos a seguir a história, o que faz de “Desventuras em Série” uma série sem nicho específico, ela consegue agradar a todos que assistem, e isso é sempre um ponto positivo.
(I'll start by saying that this isn't the first adaptation of Lemony Snicket's books. The first three books in the series were adapted into a 2004 movie, with Jim Carrey as Olaf, and Billy Connolly and Meryl Streep in supporting roles. Even though it played a big part in my childhood, the film has a confusing chronological order, to those who read the books, which gives one more point to the TV series. I read 6 of the 13 books in the series, and I must say that the Netflix adaptation headlined by Barry Sonnenfeld (The Addams Family) and Mark Hudis (True Blood) is way more faithful to the source material than the movie adaptation. Maybe it's because the scripts in the show are written by the author of the books, but I personally think that the true reason is that this adaptation started with the objective of adapting the entire book series, as the final book hadn't been published in the time the movie was released. And yes, as the movie itself showed us, the adaptations in the first two seasons of the show have cyclic and repetitive plots, but what makes them different from each other is the amount of unpredictable plot twists in each book. Those willing to face these repetitive plots will be rewarded with a series of intriguing mysteries, which are developed throughout the series' plot. The scripts are excellent, they are light enough for younger viewers, but they are dark and absurd enough to attract adults into watching it as well. The writing has the capacity of involving the viewers, turning them all into detectives and giving them the desire of solving the mystery along with the Baudelaires. The show has an acid yet adequate sense of humor, containing jokes which are proper to the younger audience, and hidden, mature jokes for the adults willing to follow the story, which makes “A Series of Unfortunate Events” a show without a specific niche, it can please everyone who watches it, and that's always a positive thing.)



Junto com os roteiros fiéis aos livros, temos também um elenco maravilhoso. Os órfãos Baudelaire são eternizados por Malina Weissman, Louis Hynes, e Presley Smith, que conseguem, com suas atuações, fazer os espectadores se importarem com seus personagens, e, como eles são extremamente desafortunados, isso é uma coisa primordial, e graças a Deus, eles acertaram nisso. Em um papel onisciente, Patrick Warburton recita a prosa do autor dos livros com primor em sua atuação como Lemony Snicket, alertando constantemente os espectadores a pararem de ver a série, o que somente nos dá a vontade de ver até o final. Em papéis coadjuvantes, temos os talentos de K. Todd Freeman, Lucy Punch, Aasif Mandvi, Alfre Woodard, Don Johnson, Rhys Darby, Roger Bart, Kitana Turnbull, Joan Cusack, Catherine O'Hara, Tony Hale, Allison Williams, Usman Ally, Dylan Kingwell, Avi Lake, Will Arnett, Cobie Smulders, Sara Rue, Nathan Fillion, e muito, muito mais, e todos eles tem um bom desenvolvimento ao longo da série, mesmo que alguns de seus personagens apareçam em poucos episódios. Mesmo com as atuações de Weissman, Hynes, Smith e Warburton, e mesmo com a quantidade enorme de talento no elenco coadjuvante, quem rouba o holofote é o eterno Barney Stinson, Neil Patrick Harris, como o pérfido vilão Conde Olaf. Ele é bem mais sério do que o Olaf de Jim Carrey no filme, que usava o aspecto de medo em um modo mais caricato e voltado para o humor, com a versão do personagem na série possuindo uma aura ameaçadora e uma aparência mais fiel ao retrato dos livros. Claro, o Olaf de Harris não é isento de um senso de humor, mas em um vilão como o Conde, a ameaça vale mais do que o humor, e isso dá um ponto a mais para Harris. Então, resumindo, o elenco de “Desventuras em Série” consegue entregar atuações dignas de prêmios, em especial as de Harris e Warburton, e que irão cativar a todos que assistirem a série até o final.
(Along with the scripts, which are faithful to the source material, we also have a wonderful cast. The Baudelaire orphans are eternized by Malina Weissman, Louis Hynes and Presley Smith, who manage, in their performances, to make the viewers care about their characters, and, as they are extremely unfortunate, it's really important that they are able to do this, and fortunately, they nailed it. In an omniscient role, Patrick Warburton recites the author's prose wonderfully in his performance as Lemony Snicket, who constantly alerts the viewers to stop watching the show, which only gives us the will to see it all the way through the end. In supporting roles, we have the talents of K. Todd Freeman, Lucy Punch, Aasif Mandvi, Alfre Woodard, Don Johnson, Rhys Darby, Roger Bart, Kitana Turnbull, Joan Cusack, Catherine O'Hara, Tony Hale, Allison Williams, Usman Ally, Dylan Kingwell, Avi Lake, Will Arnett, Cobie Smulders, Sara Rue, Nathan Fillion, and much, much more, and they all have a good character development throughout the series, even though some appear in just a few episodes. Even with the performances by Weissman, Hynes, Smith and Warburton, and even with the enormous amount of talent in the supporting cast, who steals the spotlight is Barney Stinson himself, Neil Patrick Harris, as the perfidious villain Count Olaf. He's way more serious than Carrey's Olaf in the movie, who used the fear aspect in a more funny way, with the TV series's version of the character possessing a threatening aura around him and an appearance more faithful to what it's shown in the books. Sure, Harris's Olaf isn't immune to a sense of humor, but in a villain like Count, threat is worth a lot more than humor, which gives Harris a point ahead of Carrey. So, in a nutshell, the cast of “A Series of Unfortunate Events” manages to deliver award-worthy performances, especially Harris and Warburton, which will win the hearts of everyone who sticks to the show all the way through the end.)



Já caminhando para o final, vamos às qualidades técnicas. A fotografia é maravilhosa, com a câmera sabendo o que quer mostrar e quando quer revelar certas coisas. A direção de arte e a paleta de cores são inacreditavelmente impecáveis, sendo bem mais colorida do que a do filme, e possuindo uma inspiração bem perceptível nos filmes de Wes Anderson, com o uso de cores em tom pastel, enquadramentos bem encaixados, e personagens e locações bem excêntricas. O trabalho de figurino e maquiagem também merece atenção, com o Olaf de Harris sendo ridiculamente similar ao retrato do Conde nos livros, e com as vestimentas dos Baudelaire e, especialmente, as de Esmé Squalor (Lucy Punch), retratando a singularidade e as peculiaridades da série de livros de Lemony Snicket. Os disfarces que Olaf usa na série também são muito bem feitos, apesar que dá pra perceber muito que Harris está por debaixo deles, mas esse é o verdadeiro propósito. Os efeitos especiais, para algo feito em 2017, podem parecer datados, mas eles não são tão importantes quanto a direção de arte e o figurino, por exemplo. Resumindo, “Desventuras em Série” tem qualidades técnicas impecáveis, com uma fotografia e direção de arte de tirarem o fôlego, além de ter trabalhos de maquiagem e figurino extremamente fiéis ao material fonte.
(On our way to the end, let's head to the technical qualities. The cinematography is wonderful, with the camera knowing what it wants to show and when it wants to reveal certain things. The art direction and color palette are unbelievably flawless, being way more colorful than the movie, and inspiring itself, quite noticeably, in the movies by Wes Anderson, with the use of pastel colors, very fitting framing, and pretty eccentric characters and locations. The costume and make-up work also deserves attention, with Harris's Olaf being ridiculously similar to the books' portrait of the Count, and with the costumes of the Baudelaires and, especially, Esmé Squalor's (Lucy Punch) dresses, portraying the singularity and peculiarities of Lemony Snicket's book series. The disguises that Olaf uses in the series are also really well made, though you can tell that Harris is beneath them, but that's the real purpose. The special effects, to something made in 2017, may seem cheesy, but they're not as important as the art direction and costume design, for example. In a nutshell, “A Series of Unfortunate Events” has flawless technical qualities, with breathtaking cinematography and art direction, and with extremely faithful costume design and make-up work.)



Resumindo, “Desventuras em Série” é a segunda melhor série original que a Netflix tem a oferecer (atrás de Stranger Things). É uma soberba adaptação de seu material fonte, conta com atuações mais do que competentes do seu elenco estelar, tem um visual de tirar o fôlego, e seu enredo envolvente manterá o espectador grudado no assento até chegar ao fim.

Nota: 11 de 10!

Então, é isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “A Series of Unfortunate Events” is the second best original series that Netflix has to offer (behind Stranger Things). It's a superb adaptation of its source material, it has more than competent performances by its stellar cast, it has breathtaking visuals, and its captivating plot will keep the viewer stuck in the seat all the way through the very end.

I give it an 11 out of 10!!

So, that's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)



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