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E aí, galerinha de
cinéfilos! Aqui é o João Pedro, e vim aqui, na primeira resenha de
2019, analisar uma das melhores séries originais que a Netflix teve
a oferecer. É uma fantástica adaptação do material em que ela foi
baseada, e provavelmente é a série mais subestimada no catálogo
original do serviço de streaming. Contando com apenas 3 temporadas e
menos de 30 episódios, vamos falar sobre a adaptação da Netflix
baseada na série de livros de Lemony Snicket, “Desventuras em
Série”. Vamos lá!
(What's up, film buffs!
I'm João Pedro, and I am here, in the first review of 2019, to
analyze one of the best original TV shows that Netflix had to offer.
It's a fantastic adaptation of the source material it was based upon,
and probably it's the most underrated series in the streaming
service's original catalog. With only three seasons and less than 30
episodes, let's talk about the Netflix adaptation based upon the book
series by Lemony Snicket, “A Series of Unfortunate Events”. Let's
go!)
Para aqueles que ainda
não conhecem a história, “Desventuras em Série” acompanha os
órfãos Baudelaire: Violet (Malina Weissman), uma inventora; Klaus
(Louis Hynes), um leitor voraz; e Sunny (Presley Smith), um bebê com
4 dentes bem afiados, cujos pais pereceram em um incêndio que
destruiu a casa deles. Eles, então, são designados pelo Sr. Poe (K.
Todd Freeman), um banqueiro ingênuo, a morar com o Conde Olaf (Neil
Patrick Harris), um ator caricato que fará de tudo para roubar a
enorme fortuna que os pais dos Baudelaire deixaram para os filhos.
(To those that don't
know the story yet, “A Series of Unfortunate Events” follows the
Baudelaire orphans: Violet (Malina Weissman), an inventor; Klaus
(Louis Hynes), a voracious reader; and Sunny (Presley Smith), a baby
with 4 sharp teeth, whose parents perished in a fire that destroyed
their home. Orphaned, they are told by Mr. Poe (K. Todd Freeman), a
naive banker, that they will be living with Count Olaf (Neil Patrick
Harris), a so-so actor who will do anything to steal the enormous
fortune that the Baudelaire parents left for their children.)
Já irei começar
dizendo que essa não é a primeira adaptação dos livros de Lemony
Snicket. Os primeiros três livros da série foram adaptados em um
filme de 2004, com Jim Carrey no papel de Olaf e Billy Connolly e
Meryl Streep em papéis coadjuvantes. Apesar de ter marcado minha
infância, o filme possui uma cronologia confusa, para quem leu os
livros, o que dá um ponto a mais para a série. Tendo lido 6 dos 13
livros, devo dizer que a adaptação da Netflix comandada por Barry
Sonnenfeld (A Família Addams) e Mark Hudis (True Blood) é bem mais
fiel aos livros do que a adaptação cinematográfica. Talvez seja
porque os roteiros da série sejam escritos pelo próprio autor dos
livros, mas acho que a verdadeira razão é que essa adaptação
começou com o objetivo de adaptar a saga inteira, já que o livro
final não tinha sido publicado na época de lançamento do filme.
E sim, como o próprio
filme fez questão de fazer, as adaptações das duas primeiras
temporadas possuem um enredo cíclico, mas o que torna cada um
diferente são as imprevisíveis reviravoltas presentes na trama de
cada livro. Aqueles que estiverem dispostos a enfrentar esses enredos
cíclicos serão recompensados com uma série de mistérios
intrigantes, desenvolvidos ao longo da trama da série em geral. Os
roteiros são excelentes, são leves o bastante para espectadores
jovens, mas sombrios e absurdos o bastante para atrair adultos, e
eles possuem a capacidade de envolver o espectador naquela história,
fazendo-o de detetive para levá-lo a resolver os mistérios da série
junto com os Baudelaire. A série tem um senso de humor, ao mesmo
tempo, ácido e ideal para o público-alvo, contendo piadas adequadas
para o público jovem e algumas escondidas para os adultos dispostos
a seguir a história, o que faz de “Desventuras em Série” uma
série sem nicho específico, ela consegue agradar a todos que
assistem, e isso é sempre um ponto positivo.
(I'll start by saying
that this isn't the first adaptation of Lemony Snicket's books. The
first three books in the series were adapted into a 2004 movie, with
Jim Carrey as Olaf, and Billy Connolly and Meryl Streep in supporting
roles. Even though it played a big part in my childhood, the film has
a confusing chronological order, to those who read the books, which
gives one more point to the TV series. I read 6 of the 13 books in
the series, and I must say that the Netflix adaptation headlined by
Barry Sonnenfeld (The Addams Family) and Mark Hudis (True Blood) is
way more faithful to the source material than the movie adaptation.
Maybe it's because the scripts in the show are written by the author
of the books, but I personally think that the true reason is that
this adaptation started with the objective of adapting the entire
book series, as the final book hadn't been published in the time the
movie was released. And yes, as the movie itself showed us, the
adaptations in the first two seasons of the show have cyclic and
repetitive plots, but what makes them different from each other is
the amount of unpredictable plot twists in each book. Those willing
to face these repetitive plots will be rewarded with a series of
intriguing mysteries, which are developed throughout the series'
plot. The scripts are excellent, they are light enough for younger
viewers, but they are dark and absurd enough to attract adults into
watching it as well. The writing has the capacity of involving the
viewers, turning them all into detectives and giving them the desire
of solving the mystery along with the Baudelaires. The show has an
acid yet adequate sense of humor, containing jokes which are proper
to the younger audience, and hidden, mature jokes for the adults
willing to follow the story, which makes “A Series of Unfortunate
Events” a show without a specific niche, it can please everyone who
watches it, and that's always a positive thing.)
Junto com os roteiros
fiéis aos livros, temos também um elenco maravilhoso. Os órfãos
Baudelaire são eternizados por Malina Weissman, Louis Hynes, e
Presley Smith, que conseguem, com suas atuações, fazer os
espectadores se importarem com seus personagens, e, como eles são
extremamente desafortunados, isso é uma coisa primordial, e graças
a Deus, eles acertaram nisso. Em um papel onisciente, Patrick
Warburton recita a prosa do autor dos livros com primor em sua
atuação como Lemony Snicket, alertando constantemente os
espectadores a pararem de ver a série, o que somente nos dá a
vontade de ver até o final. Em papéis coadjuvantes, temos os
talentos de K. Todd Freeman, Lucy Punch, Aasif Mandvi, Alfre Woodard,
Don Johnson, Rhys Darby, Roger Bart, Kitana Turnbull, Joan Cusack,
Catherine O'Hara, Tony Hale, Allison Williams, Usman Ally, Dylan
Kingwell, Avi Lake, Will Arnett, Cobie Smulders, Sara Rue, Nathan
Fillion, e muito, muito mais, e todos eles tem um bom desenvolvimento
ao longo da série, mesmo que alguns de seus personagens apareçam em
poucos episódios. Mesmo com as atuações de Weissman, Hynes, Smith
e Warburton, e mesmo com a quantidade enorme de talento no elenco
coadjuvante, quem rouba o holofote é o eterno Barney Stinson, Neil
Patrick Harris, como o pérfido vilão Conde Olaf. Ele é bem mais
sério do que o Olaf de Jim Carrey no filme, que usava o aspecto de
medo em um modo mais caricato e voltado para o humor, com a versão
do personagem na série possuindo uma aura ameaçadora e uma
aparência mais fiel ao retrato dos livros. Claro, o Olaf de Harris
não é isento de um senso de humor, mas em um vilão como o Conde, a
ameaça vale mais do que o humor, e isso dá um ponto a mais para
Harris. Então, resumindo, o elenco de “Desventuras em Série”
consegue entregar atuações dignas de prêmios, em especial as de
Harris e Warburton, e que irão cativar a todos que assistirem a
série até o final.
(Along with the
scripts, which are faithful to the source material, we also have a
wonderful cast. The Baudelaire orphans are eternized by Malina
Weissman, Louis Hynes and Presley Smith, who manage, in their
performances, to make the viewers care about their characters, and,
as they are extremely unfortunate, it's really important that they
are able to do this, and fortunately, they nailed it. In an
omniscient role, Patrick Warburton recites the author's prose
wonderfully in his performance as Lemony Snicket, who constantly
alerts the viewers to stop watching the show, which only gives us the
will to see it all the way through the end. In supporting roles, we
have the talents of K. Todd Freeman, Lucy Punch, Aasif Mandvi, Alfre
Woodard, Don Johnson, Rhys Darby, Roger Bart, Kitana Turnbull, Joan
Cusack, Catherine O'Hara, Tony Hale, Allison Williams, Usman Ally,
Dylan Kingwell, Avi Lake, Will Arnett, Cobie Smulders, Sara Rue,
Nathan Fillion, and much, much more, and they all have a good
character development throughout the series, even though some appear
in just a few episodes. Even with the performances by Weissman,
Hynes, Smith and Warburton, and even with the enormous amount of
talent in the supporting cast, who steals the spotlight is Barney
Stinson himself, Neil Patrick Harris, as the perfidious villain Count
Olaf. He's way more serious than Carrey's Olaf in the movie, who used
the fear aspect in a more funny way, with the TV series's version of
the character possessing a threatening aura around him and an
appearance more faithful to what it's shown in the books. Sure,
Harris's Olaf isn't immune to a sense of humor, but in a villain like
Count, threat is worth a lot more than humor, which gives Harris a
point ahead of Carrey. So, in a nutshell, the cast of “A Series of
Unfortunate Events” manages to deliver award-worthy performances,
especially Harris and Warburton, which will win the hearts of
everyone who sticks to the show all the way through the end.)
Já caminhando para o
final, vamos às qualidades técnicas. A fotografia é maravilhosa,
com a câmera sabendo o que quer mostrar e quando quer revelar certas
coisas. A direção de arte e a paleta de cores são
inacreditavelmente impecáveis, sendo bem mais colorida do que a do
filme, e possuindo uma inspiração bem perceptível nos filmes de
Wes Anderson, com o uso de cores em tom pastel, enquadramentos bem
encaixados, e personagens e locações bem excêntricas. O trabalho
de figurino e maquiagem também merece atenção, com o Olaf de
Harris sendo ridiculamente similar ao retrato do Conde nos livros, e
com as vestimentas dos Baudelaire e, especialmente, as de Esmé
Squalor (Lucy Punch), retratando a singularidade e as peculiaridades
da série de livros de Lemony Snicket. Os disfarces que Olaf usa na
série também são muito bem feitos, apesar que dá pra perceber
muito que Harris está por debaixo deles, mas esse é o verdadeiro
propósito. Os efeitos especiais, para algo feito em 2017, podem
parecer datados, mas eles não são tão importantes quanto a direção
de arte e o figurino, por exemplo. Resumindo, “Desventuras em
Série” tem qualidades técnicas impecáveis, com uma fotografia e
direção de arte de tirarem o fôlego, além de ter trabalhos de
maquiagem e figurino extremamente fiéis ao material fonte.
(On our way to the end,
let's head to the technical qualities. The cinematography is
wonderful, with the camera knowing what it wants to show and when it
wants to reveal certain things. The art direction and color palette
are unbelievably flawless, being way more colorful than the movie,
and inspiring itself, quite noticeably, in the movies by Wes
Anderson, with the use of pastel colors, very fitting framing, and
pretty eccentric characters and locations. The costume and make-up
work also deserves attention, with Harris's Olaf being ridiculously
similar to the books' portrait of the Count, and with the costumes of
the Baudelaires and, especially, Esmé Squalor's (Lucy Punch)
dresses, portraying the singularity and peculiarities of Lemony
Snicket's book series. The disguises that Olaf uses in the series are
also really well made, though you can tell that Harris is beneath
them, but that's the real purpose. The special effects, to something
made in 2017, may seem cheesy, but they're not as important as the
art direction and costume design, for example. In a nutshell, “A
Series of Unfortunate Events” has flawless technical qualities,
with breathtaking cinematography and art direction, and with
extremely faithful costume design and make-up work.)
Resumindo, “Desventuras
em Série” é a segunda melhor série original que a Netflix tem a
oferecer (atrás de Stranger Things). É uma soberba adaptação de
seu material fonte, conta com atuações mais do que competentes do
seu elenco estelar, tem um visual de tirar o fôlego, e seu enredo
envolvente manterá o espectador grudado no assento até chegar ao
fim.
Nota: 11 de 10!
Então, é isso,
pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, “A
Series of Unfortunate Events” is the second best original series
that Netflix has to offer (behind Stranger Things). It's a superb
adaptation of its source material, it has more than competent
performances by its stellar cast, it has breathtaking visuals, and
its captivating plot will keep the viewer stuck in the seat all the
way through the very end.
I give it an 11 out of
10!!
So, that's it, guys! I
hope you liked it! See you next time,
João Pedro)
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