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E aí, galerinha de
cinéfilos! Estou de volta, com a resenha de uma das melhores séries
dos últimos anos. Não é da Netflix, é de um serviço de streaming
bem menos conhecido (YouTube Red), mas me sinto seguro ao dizer que
essa série é, provavelmente, o melhor uso de nostalgia dos anos 80
desde o fênomeno “Stranger Things”. Então, sem mais delongas,
vamos falar sobre “Cobra Kai”. Vamos lá!
(What's up, film buffs!
I'm back, with the review of one of the best TV shows in recent
years. It's not a Netflix show, it's from a less known streaming
service (YouTube Red), but I feel safe to say that this show is,
probably, the best use of 80s nostalgia since the “Stranger Things”
phenomenon. So, without further ado, let's talk about “Cobra Kai”.
Let's go!)
A série se ambienta 34
anos depois dos eventos de “Karatê Kid: A Hora da Verdade”, e
foca no ponto de vista de Johnny Lawrence (William Zabka), que,
depois de perder o campeonato para Daniel LaRusso (Ralph Macchio) em
1984, virou um bêbado fracassado. Numa certa noite, ele vê
valentões implicando com Miguel (Xolo Maridueña), seu vizinho, e
decide reabrir o dojo do qual ele era aluno no primeiro filme, para
ensinar a Miguel e à uma nova geração de lutadores o caminho do
punho.
(The series is set 34
years after the events of “The Karate Kid”, and focuses on the
point of view of Johnny Lawrence (William Zabka), who, after losing
the championship to Daniel LaRusso (Ralph Macchio) in 1984, has
turned out to be a drunk loser. One night, he sees a bunch of bullies
harassing Miguel (Xolo Maridueña), his neighbor, and decides to
re-open the dojo that led him to the championship in the first movie,
in order to teach the way of the fist to Miguel and a new generation
of fighters.)
Lembro que, quando era
criança, vi todos os filmes do Karatê Kid, e eu realmente gostava.
Mas vendo agora, tudo parece extremamente clichê, então eu não
estava colocando muita fé nessa série, mesmo com ela tendo escalado
os protagonistas do filme original. Quando eu assisti o primeiro
episódio, qualquer preconceito que eu tinha contra essa série
rapidamente se foi. Aí eu vi o segundo, gostei ainda mais, até que
terminei a primeira temporada, de apenas 10 episódios, com meia hora
de duração cada. E aí, eu pensei: “Nossa, eu não acredito que
eu ia perder isso.”. Vamos começar pelo roteiro. A sinopse postada
acima é só a superfície de “Cobra Kai”, porque a série não
acompanha somente o ponto de vista de Lawrence, mas o de LaRusso
também. Isso é algo que a série faz muito bem, ela consegue
transitar entre os dois lados da moeda, dando atenção igual a cada
um deles, para que possamos entender seus pontos de vista. Outra
coisa que “Cobra Kai” faz de maneira excelente é não
estabelecer qual é o lado certo para o espectador torcer, tudo é
uma zona neutra. Quando você se vê torcendo pelo Johnny, 5 minutos
depois, você já está torcendo pelo Daniel, e vice-versa. Os
roteiros comandados pelos showrunners da série (Josh Heald, Jon
Hurwitz e Hayden Schlossberg) conseguem subverter qualquer coisa dos
filmes que, hoje em dia, são considerados clichês, pegando essas
coisas específicas e dando uma nova roupagem a elas, para dar aquela
sensação de nostalgia aos que cresceram vendo os filmes do Karatê
Kid, e para convencer os iniciantes a acompanharem a franquia. Os
roteiristas acertaram em cheio ao criar os personagens da série.
Claro, alguns deles já existiam antes de “Cobra Kai”, como
Daniel e Johnny, mas eles ganham muitas camadas a mais, em especial
Johnny, que, no primeiro filme, de 1984, era essencialmente
unidimensional. Já os personagens novos, em sua maioria,
adolescentes, são modernizados e subvertidos, se comparados aos
adolescentes do filme de 1984. E não se enganem: isso não é uma
coisa ruim. Pra falar a verdade, é hilário ver Lawrence, um
verdadeiro dinossauro, lidar com as questões sociais e tecnologias
do mundo jovem de hoje. E é claro, não se pode continuar um
clássico dos anos 80 sem as REFERÊNCIAS.
E pra quem é um verdadeiro Capitão América, “Cobra Kai” é um
prato cheio de referências aos filmes originais. Locações
recicladas, cenas utilizadas, atores coadjuvantes retornam mais
velhos, figurinos reutilizados. Ou seja, quando se fala de
referências, “Cobra Kai” tem, praticamente, de tudo. E cada
final de temporada deixa um suspense miserável, aumentando
drasticamente as expectativas do espectador para o que virá a
seguir. Resumindo, os roteiros de “Cobra Kai” dão uma nova
roupagem aos clichês do original, aprofundam o desenvolvimento de
seus protagonistas, e investem bastante no fator nostalgia, mas ao
mesmo tempo, andam com seus próprios pés.
(I
remember that, as a child, I had watched every Karate Kid movie, and
I really liked them. But now, everything seemed extremely clichéd,
so I wasn't very excited about the show, even if it brought back the
main characters from the original movie. When I watched the first
episode, every type of prejudice I had against this show quickly
faded. Then I watched the second one, which I liked even more than
the first, then I finished the entire first season, which contains 10
episodes with 30 minutes each. And then, I thought: “Wow, I don't
believe I was going to miss this”. Let's start with the scripts.
The synopsis above is just the surface of “Cobra Kai”, as it
doesn't only follow Lawrence's point of view, but LaRusso's as well.
That's something that this series wonderfully does, it transits
between both sides, giving them equal attention, in order for us to
understand their points of view. Another thing that “Cobra Kai”
succeeds in doing is not establishing the right side for the viewers
to cheer for, it's all a big neutral zone. When you see yourself
rooting for Johnny, 5 minutes later, you'll be rooting for Daniel,
and vice-versa. The scripts written by the series's showrunners (Josh
Heald, Jon Hurwitz and Hayden Schlossberg) manage to subvert
everything from the movies that, nowadays, can be considered a
cliché, taking these things and giving them a new identity, in order
to give that feeling of nostalgia to those who grew up watching
Karate Kid movies, and to convince beginners to follow the franchise.
The screenwriters hit the jackpot when creating the characters of the
show. Sure, some of them already existed before “Cobra Kai”, like
Daniel and Johnny, but they get a whole lot of layers, especially
Johnny, who, in the 1984 movie, was essentially one-dimensional. And
the new characters, who are mostly teenagers, are more modern and
subverted, if compared to the ones in the film. And don't be
mistaken: that's not a bad thing. It's actually hilarious to see
Lawrence, a real dinosaur, dealing with the social issues and
technologies of today's youth world. And, of course, you can't
continue an 80s classic without the REFERENCES. And to those who are
real-life Captain Americas, “Cobra Kai” is a full plate of
references to the original films. Recycled locations, scenes used,
the return of supporting characters that are now older, reutilizing
costumes. Meaning, when talking about references, “Cobra Kai”,
probably has it all. And, also, every season finale leaves one hell
of a cliffhanger, leaving audiences eager to see what's to come. In a
nutshell, the scripts of “Cobra Kai” give a new identity to the
movies's clichés, deepen the character development of its
protagonists, and heavily invest on the nostalgia factor, with the
series also walking on its own feet.)
O
elenco, assim como o roteiro, é simplesmente primoroso. William
Zabka e Ralph Macchio retornam como os rivais Johnny Lawrence e
Daniel LaRusso, e os dois trabalham muito bem. Graças ao roteiro,
Zabka consegue expandir seu personagem, dando a ele mais
personalidade, e mostrando que há muito mais por dentro do que por
fora. Já Macchio tem um desenvolvimento interessante: nós começamos
odiando Daniel LaRusso, já que estamos olhando pelos olhos do
Johnny, mas quando ele expõe seu ponto de vista sobre as coisas, nós
o entendemos e não o vemos como o vilão da série. Temos um elenco
adolescente impressionante aqui: Xolo Maridueña é incrível como
Miguel, o vizinho de Johnny, e o jeito que seu personagem transita
entre o “bem” e o “mal” é muito interessante de se ver; Mary
Mouser arrasa como Samantha LaRusso, que, na primeira temporada, é
menos desenvolvida, mas é muito bem aproveitada na segunda; Tanner
Buchanan começa como um típico delinquente, em sua atuação como
Robby Keene, mas, ao longo da primeira temporada, nós sabemos o por
quê ele age assim, e passamos até a torcer por ele; Jacob Bertrand
muda radicalmente seu personagem de forma extremamente rápida, além
de ser bem engraçado; Nichole Brown tem uma das personagens menos
aproveitadas, mas mais interessantes de se ver, como Aisha Robinson,
e Peyton List, conhecida como a Holly Hills de “Diário de um
Banana”, é a definição de bad-ass em sua performance como Tory.
Mas temos nomes no elenco adulto que também valem a pena serem
ressaltados: Courtney Henggeler, como Amanda, esposa de Daniel;
Vanessa Rubio, como Carmen, mãe de Miguel; e Paul Walter Hauser,
como Raymond, aluno do Cobra Kai. Muitas pessoas do elenco do filme
original retornam, mas não irei mencioná-las para não perder a
surpresa.
(The
cast, just like the script, is wonderful. William Zabka and Ralph
Macchio return as rivals Johnny Lawrence and Daniel LaRusso, and they
both work really well. Thanks to the script, Zabka manages to expand
his character, giving him more personality, and showing that there's
a lot more on the inside than on the outside. Macchio, on the other
hand, has an interesting development: we start off hating Daniel
LaRusso, as we are seeing everything through Johnny's eyes, but when
he shows his point of view on things, we understand him and don't see
him as the bad guy. We have an impressive teenage cast here: Xolo
Maridueña is amazing as Miguel, Johnny's neighbor, and the way his
character transits between “good” and “evil” is really
interesting to see; Mary Mouser kicks some ass as Samantha LaRusso,
who, in the first season, isn't really developed, but gets way more
development in season 2; Tanner Buchanan starts off as a typical
troublemaker, in his performance as Robby Keene, but, throughout the
first season, we learn why he acts like that, and we even cheer for
him; Jacob Bertrand changes his character drastically in an extremely
fast way, besides being really funny; Nichole Brown has one of the
least developed, but most interesting characters to see, as Aisha
Robinson, and Peyton List, known as Holly Hills from “Diary of a
Wimpy Kid”, is the definition of bad-ass in her performance as
Tory. But we also have some names in the adult cast who are worth
highlighting: Courtney Henggeler, as Amanda, Daniel's wife; Vanessa
Rubio, as Carmen, Miguel's mom; and Paul Walter Hauser, as Raymond, a
Cobra Kai student. Lots of people from the original movie's cast
return, but I won't mention them, so it doesn't ruin the surprise.)
As
séries estão cada vez mais se assimilando a filmes, pela evolução
drástica na qualidade dos equipamentos, e não é diferente aqui. A
direção de fotografia é muito boa, o trabalho com som é muito bem
feito, mas um dos verdadeiros destaques dos aspectos técnicos de
“Cobra Kai” é a direção de arte, que consegue recriar e dar
uma nova roupagem aos cenários e figurinos usados no filme original,
novamente colaborando para aquele sentimento de nostalgia que a série
deseja evocar nos mais velhos. O trabalho de remasterização das
cenas do filme original também é primoroso. Claro, dá pra notar a
diferença na qualidade da imagem, mas nós estamos nos divertindo
tanto, que a gente nem se importa, e a transição entre as cenas do
filme e as cenas da série é simplesmente perfeita. Em uma série
sobre karatê, é preciso ter lutas. E “Cobra Kai”, graças a uma
equipe maravilhosa de dublês e também aos responsáveis pela
coreografia de luta, tem embates bem memoráveis em certos episódios,
onde a câmera flui de maneira orgânica e não apressada, mostrando
tudo o que acontece durante as lutas.
(TV
shows are getting closer and closer to movies, due to the drastic
evolution in the quality of the equipment, and it's not different
here. The cinematography is really good, the sound work is very well
done, but one of the true highlights in the technical aspects of
“Cobra Kai” is the art direction, that manages to recreate and
give a new identity to the sets and costumes used in the original
movie, again collaborating to that feeling of nostalgia the series
wishes to evoke on those who are older. The remastering work on the
scenes of the original movie is also wonderful. Sure, you can know
the difference in the quality of the image, but we're having so much
fun watching, that we don't give a damn, and the transition between
the movie scenes and the show's scenes is simply perfect. In a show
about karate, you gotta have fights. And “Cobra Kai”, thanks to a
marvelous stunt team and also to those responsible for the fight
coreographies, has pretty memorable brawls in certain episodes, where
the camera flows in an organic, not rushed way, showing everything
that happens during the fights.)
Resumindo,
“Cobra Kai” é um tremendo sucesso em todos os sentidos. Os
roteiros encontram equilíbrio entre nostalgia e originalidade, o
elenco é maravilhosamente bem aproveitado, e há uma ambição
estupenda em seus aspectos técnicos. Mal posso esperar pela terceira
temporada!
Nota:
10 de 10!!
É
isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João
Pedro
(In
a nutshell, “Cobra Kai” is a tremendous success in every single
way. The scripts find balance between nostalgia and originality, the
cast is wonderfully well spent, and there's a stupendous ambition in
its technical aspects. I can't wait for season 3!
I
give it a 10 out of 10!!
That's
it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João
Pedro)
Li textos antigos seus, de 2012, e comparando com os de agora é nítida sua evolução. Parabéns, e continue fazendo seu ótimo trabalho.
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