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segunda-feira, 22 de julho de 2019

"Os 3 Lá Embaixo: Contos da Arcadia": a alegoria brilhante de Guillermo del Toro à imigração e à xenofobia (Bilíngue)


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E aí, galerinha de cinéfilos! Voltei de viagem, e venho aqui falar para vocês sobre uma das melhores séries disponíveis na Netflix. Sendo um derivado da sensacional série “Caçadores de Trolls”, criada por Guillermo del Toro, a série em questão não é apenas uma mistura homogênea de gêneros, mas também conta uma história que realmente faz você pensar no mundo como ele é hoje. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Os 3 Lá Embaixo: Contos da Arcadia”. Vamos lá!
(What's up, film buffs! I'm back, and I come here to talk about one of the best TV shows available on Netflix. A spin-off of the sensational series “Trollhunters”, created by Guillermo del Toro, the series I'm gonna talk about isn't just a uniform mix of genres, but it also tells a story that really makes you think about the world as it is today. So, without further ado, let's talk about “3Below: Tales of Arcadia”. Let's go!)



O derivado se concentra em dois personagens apresentados na última temporada de “Caçadores de Trolls”, Aja (voz original de Tatiana Maslany) e Krel (voz original de Diego Luna), que, na verdade, são herdeiros do trono de um planeta distante chamado Akiridion-5. O planeta-natal deles sofre um golpe do nefasto General Morando (voz original de Alon Aboutboul), e eles, junto com Varvatos Vex (voz original de Nick Offerman) e uma inteligência artificial presente na nave deles (voz original de Glenn Close), são forçados a ir para a Terra, onde terão que se adaptar aos modos de vida terrestres para esconderem suas verdadeiras identidades.
(The spin-off focuses on two characters introduced in the final season of “Trollhunters”, Aja (voiced by Tatiana Maslany) and Krel (voiced by Diego Luna), who, actually, are king and queen in waiting for the throne in a distant planet called Akiridion-5. Their home planet suffers a coup from the nefarious General Morando (voiced by Alon Aboutboul), and they, along with Varvatos Vex (voiced by Nick Offerman) and an artificial intelligence attached to their ship (voiced by Glenn Close), are forced to go to Earth, where they'll have to adapt themselves into Earth's ways of life in order to preserve their true identities.)



Como a maioria dos meus leitores certamente sabe, eu AMO tudo que o Guillermo del Toro faz. Todo filme, série, animação, livro, tudo! E “Caçadores de Trolls”, com suas 3 épicas temporadas, é uma das minhas séries originais da Netflix favoritas. Quando eu soube que o del Toro tinha planejado uma trilogia de animações conectadas pela cidade de Arcadia Oaks, eu surtei, porque, baseado nos títulos e nas pequenas sinopses liberadas, haviam muitas possibilidades, e eu fiquei muito animado pra explorar esse vasto universo. A história-base de “Os 3 Lá Embaixo” não é 100% original, porque convenhamos, a história de “alienígenas forçados a viverem na Terra depois de algo trágico acontecer no planeta-natal deles” já foi usada, e muito. Mas o diferencial que a série traz pra essa história é o que faz dela original. A série é inserida de forma brilhante no mesmo universo de “Caçadores de Trolls”, fazendo uso de alguns de seus personagens, e tem o mesmo passo e senso de humor característico da série original. Assim como os trolls, os akiridianos possuem uma mitologia, e, mesmo que familiar, é bem interessante notar as semelhanças e diferenças entre essas duas raças. Tendo uma veia de ficção-científica, mas nunca perdendo a fantasia que fez de “Caçadores de Trolls” uma série tão especial, “Os 3 Lá Embaixo” possui bem mais ação, fazendo um ótimo uso de efeitos especiais para que essas cenas aconteçam, mas falaremos disso mais tarde. “Os 3 Lá Embaixo”, na minha opinião, não é melhor do que “Caçadores de Trolls”, mas um aspecto no enredo da série faz com que, pelo menos, ela se equipare à série que a originou: a história da série nada mais é do que uma alegoria brilhante à imigração e à xenofobia, e não há ninguém melhor do que um dos mestres da fantasia atual, Guillermo del Toro (um imigrante), para contar essa história, de forma que conscientize seus espectadores, tanto crianças quanto adultos, sobre um assunto que se faz muito presente, em especial nos EUA, país de origem da série.
Resumindo, “Os 3 Lá Embaixo” pode não ser melhor do que a série que a originou, mas personagens bem escritos, um ótimo senso de humor e uma alegoria brilhante são o suficiente para que a série mereça a sua atenção.
(As most of my readers already know, I LOVE everything Guillermo del Toro does. Every movie, TV show, animation, novel, everything! And “Trollhunters”, with its 3 epic seasons, is one of my favorite Netflix original shows. When I learned that del Toro had planned a trilogy of animated series connected by the city of Arcadia Oaks, I freaked out, because, by the titles and plot summaries released at the time, there were many possibilities, and I wanted to explore this vast universe so badly. The basis story for “3Below” isn't 100% original, because, let's agree on something, the story of “aliens forced to live on Earth after something tragic happens to their home planet” has already been used, a lot of times. But the thoughtful spin that it gives to that story is what makes “3Below” original. It is inserted brilliantly into the “Trollhunters” universe, using some of its characters to tell a story, possessing the same pacing and sense of humor that made the original series good. Just like the trolls, the akiridians also have their mythology, and, although it's familiar, it's very interesting to learn the similarities and differences between the two races. Having a sci-fi feel to it, and not losing the fantasy that made “Trollhunters” so special in the process, “3Below” has a lot more action, due to a great use of special effects in order to make such scenes, but we'll discuss that later. “3Below”, in my opinion, is not better than “Trollhunters”, but one aspect in its plot makes that, at least, it stays on the same level as the show that originated it: its story is nothing more than a brilliant allegory to immigration and xenophobia, and there is no one better than one of the masters of fantasy today, Guillermo del Toro (an immigrant), to tell this story, in a way that makes the viewers, both small and big, think about a subject that is very present, especially in the US, the show's country of origin.
In a nutshell, “3Below” may not be better than the series that originated it, but well-written characters, a great sense of humor and a brilliant allegory are enough for the show to deserve your attention.)



Além de ter um roteiro bem escrito, a série também possui um tremendo elenco de personagens. Já conhecíamos Aja e Krel na última temporada de “Caçadores de Trolls”, mas com essa série, a história deles é aprofundada, tanto na história de fundo quanto na personalidade deles. Eu amei a Aja. Ela é, de longe, uma das melhores personagens femininas que o Guillermo del Toro criou, e todo mundo sabe que ele é muito bom nisso (é só dar uma olhada na Ofélia, de “O Labirinto do Fauno” e na Elisa, de “A Forma da Água”). Ela é inteligente, forte, e tem espírito de guerreira, bem parecido com a Clara de “Caçadores de Trolls”, e tudo isso graças à tremenda performance da Tatiana Maslany, de “Orphan Black”. O Krel, interpretado pelo Diego Luna, é muito bem desenvolvido aqui. A evolução da relação dele com a Terra é algo muito interessante de se ver. Mas, mesmo que a série seja, principalmente, sobre esses dois, quem rouba a cena é Nick Offerman como Varvatos Vex, que completa o trio-título. Ele é, disparado, o melhor personagem da série. Ele é bem primitivo, só pensa em matar, e é um mestre dos monólogos épicos (embora ele não tenha completado nenhum durante a série). Ele tem uma personalidade bem parecida com a de Johnny Lawrence, em “Cobra Kai”, em um aspecto onde ele precisa se adaptar aos modos de vida atuais, e ver o personagem lidando com esses modos de vida é um verdadeiro deleite. Outra personagem que se destaca aqui é a inteligência artificial da nave do trio, interpretada pela Glenn Close. Ela é muito bem escrita; o desenvolvimento dela, mesmo para uma inteligência artificial, é impressionante, e a performance da Glenn Close é sensacional. Vários personagens de “Caçadores de Trolls” reprisam seus papéis aqui, e alguns têm mais desenvolvimento do que outros, em especial Steve e Eli (ou os Caça-Monstroz), que colaboram (e muito) para que a história não perca o rumo. Os personagens General Morando e Coronel Kubritz são claramente inspirados no Donald Trump, não há dúvida sobre isso, e por causa disso, eles sofrem de uma unidimensionalidade em suas personalidades. Além dos personagens mencionados, há performances memoráveis de Tom Kenny, Cheryl Hines, Hayley Atwell, Danny Trejo e Nick Frost em papéis coadjuvantes.
(Besides having a good story to tell, the show also has a tremendous cast of characters. We already knew Aja and Krel from the final season of “Trollhunters”, but with this show, their story is taken on a deeper level, both on their backstories and personalities. I fell in love with Aja. She is, by far, one of the best female characters Guillermo del Toro ever created, and everybody knows he's good at that (just take a look at Ofelia from “Pan's Labyrinth” and Elisa from “The Shape of Water”). She's clever, strong, and has the spirit of a warrior, much alike Claire from “Trollhunters”, all thanks to the superb performance by Orphan Black's Tatiana Maslany. Krel, portrayed by Diego Luna, is really well-developed here. The evolution in his relationship with Earth is something really interesting to behold. But even if the show is, mainly, about these two characters, the scene-stealer here is Nick Offerman as Varvatos Vex, who completes the title trio. He is, by far, the greatest character in the series. He's really primitive, only thinks about killing people, and is a master on giving epic monologues (even though he didn't finish one throughout the series). He has a personality similar to Johnny Lawrence's on “Cobra Kai”, in the aspect where he has to adapt into modern ways of life, and seeing the character deal with these ways of life is a true delight. Another standout character here is the artificial intelligence in the trio's ship, portrayed by Glenn Close. She is well-written; her development, even for an AI, is impressive, and Glenn Close's performance is sensational. Several characters from “Trollhunters” reprise their roles here, and some get more development than others, especially Steve and Eli (or the Creepslayerz), who are key characters for the story not to lose its course. The characters of General Morando and Colonel Kubritz are clearly inspired on Donald Trump, there's no doubt about it, and because of that, they suffer of an one-dimensional personality. Besides the already mentioned characters, there are memorable performances by Tom Kenny, Cheryl Hines, Hayley Atwell, Danny Trejo and Nick Frost in supporting roles.)



Ao falar dos aspectos técnicos, é bom manter em mente que a série é uma produção da DreamWorks, então já se espera que a animação seja boa. E realmente é. Como disse anteriormente, a série é cheia de cenas de ação, e houve um ótimo uso nos efeitos especiais para fazer essas cenas funcionarem. O design dos akiridianos é muito bem feito, apesar que a única coisa que eu não gostei 100% foi o design da Aja e do Krel como alienígenas. Se não fosse pelos quatro braços que cada um tem, não veria diferença entre alienígenas e androides. Se eles tivessem usado uma cor mais característica dos alienígenas, como, por exemplo, o verde, o design deles como alienígenas ficaria mais crível. Tirando isso, tudo aqui está dentro dos padrões DreamWorks de excelência em animação. E prestem atenção no finalzinho do último episódio da segunda temporada (que é a temporada final), porque ela dá uma boa (e muito promissora) ideia de onde a série final da trilogia Contos da Arcadia, intitulada Wizards (ou Magos), vai ir, e minha expectativa está significativamente alta!
(When talking about the technical aspects, it's good to keep in mind that the show is a DreamWorks production, so we already hope for the animation to be good. And it really is. As I previously said, it is filled with action scenes, and there's been a great use of special effects in order to make these scenes work. The design of the akiridians is really well done, although the only thing I didn't like 100% about it was Aja and Krel's alien design. If it weren't for the four arms that each of them have, I wouldn't see a difference between aliens and androids. If they had used a color more associated to aliens, like, for example, green, their design as aliens would've been more believable. Apart from that, everything here is inside the DreamWorks standards of excellence in animation. And pay attention to the very end of the last episode in the second (and final) season, because it gives a good (and really promising) idea to where the final series in the Tales of Arcadia trilogy, titled Wizards, will go, and my expectations are significantly high for it!)



Resumindo, “Os 3 Lá Embaixo: Contos da Arcadia”, embora inferior à “Caçadores de Trolls”, é envolvente, reflexivo e emocionante. Com uma alegoria brilhante como enredo principal, a série é recheada de personagens muito bem escritos e desenvolvidos, e deixa um tremendo suspense para o final épico da trilogia Contos da Arcadia. Que venha Wizards!

Nota: 9,5 de 10!

É isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “3Below: Tales of Arcadia”, although inferior to “Trollhunters”, is involving, thought-provoking and thrilling. With a brilliant allegory as a main plot point, the show is filled with well-written and well-developed characters, and leaves one hell of a cliffhanger to the epic conclusion of the Tales of Arcadia trilogy. Can't wait for Wizards!

I give it a 9,5 out of 10!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)




sábado, 13 de julho de 2019

"Missing Link": mais um acerto cativante e hilário da LAIKA (Bilíngue)


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E aí, galerinha de cinéfilos! Tendo retornado da minha viagem, vim aqui, por meio dessa resenha, falar sobre um dos melhores filmes do ano. Fruto de um dos melhores estúdios de animação em ativa hoje, é uma aventura engraçada, comovente e visualmente linda adequada para todas as idades. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Missing Link”. Vamos lá!
(What's up, film buffs! I have returned from my trip, and I come here to review one of the best movies of the year. The most recent feature from one of the best animation studios working today, it is a funny, moving, visually striking adventure that's fun for the whole family. So, without further ado, let's talk about “Missing Link”. Let's go!)



Ambientado no século 19, o filme segue Sir Lionel Frost (voz original de Hugh Jackman), um explorador destemido e egocêntrico que deseja entrar para uma sociedade estimada de exploradores em Londres. Colocando sua carreira em risco em uma aposta com seu rival (voz original de Stephen Fry), ele parte em uma aventura para encontrar uma criatura mítica (voz original de Zach Galifianakis), que pede a ajuda de Frost para levá-lo ao Himalaia para conhecer sua família.
(Set in the 19th century, the movie follows Sir Lionel Frost (voiced by Hugh Jackman), a fearless, egocentric explorer who wished to enter a renowned society of explorers in London. Putting his own career at risk in a wager with his rival (voiced by Stephen Fry), he sets off on an adventure to find a mythical creature (voiced by Zach Galifianakis), who asks for Frost's help to take him to the Himalayas, so that he can meet his family.)



Quando eu ouvi falar desse filme, ele instantaneamente entrou para a minha lista de filmes mais esperados do ano por uma única razão: ele é produzido pela LAIKA, um dos melhores e mais criativos estúdios de animação trabalhando hoje, que se especializa no stop-motion (massinha), uma das melhores técnicas de animação, na minha opinião. Todos os filmes produzidos pela LAIKA até agora foram sensacionais, e todos são representações de extremos: “Coraline e o Mundo Secreto” é o mais assustador; “ParaNorman” é o mais peculiar; “Os Boxtrolls” é o mais excêntrico e “Kubo e as Cordas Mágicas” é o mais épico, e impressionando ninguém, os 4 foram indicados ao Oscar de Melhor Filme de Animação. Com esse pano de fundo, declaro que “Missing Link” é o mais engraçado dos filmes da LAIKA. O roteiro não oferece nada de realmente novo, a trama é mais ou menos familiar, mas ele dá personalidade aos personagens, e isso nunca falta em um filme da LAIKA. É um filme curto, mas a história tem um bom passo, é bem frenética, às vezes, é envolvente, e consegue cativar. Chris Butler, um dos diretores de “ParaNorman” e roteirista e diretor de “Missing Link”, trabalha bem seus personagens e cria uma história concisa e parcialmente original que diverte (e muito) seus espectadores. Assim como todos os filmes da LAIKA, ele não abre espaço para nenhuma continuação, o que eu, pelo menos, acho muito bom, porque aí dá um espaço maior para o estúdio trabalhar em mais histórias originais ou não adaptadas do que esticar tramas que não precisam de um desenvolvimento profundo, como “Coraline” e “Kubo”, por exemplo, que não precisaram de sequências para desenvolverem bem suas histórias. O fato desse filme não ter sido exibido no Brasil até hoje machuca bastante, porque além de ser um filme maravilhoso, é um dos concorrentes mais fortes ao Oscar 2020 de Melhor Filme de Animação, apenas perdendo para “Toy Story 4”. “Missing Link” pode não ter a carga emocional ou as técnicas avançadas de CGI que a Pixar conseguiu alcançar em “Toy Story 4”, mas isso não diminui nenhum de seus méritos, sendo um filme narrativamente conciso e restrito, que prova que animação computadorizada não é sinônimo de qualidade.
(When I first heard about this film, it instantly entered my list of most awaited films of the year for one single reason: it was produced by LAIKA, one of the best and most creative animated studios working today, and it's specialized in stop-motion, one of the best animation techniques, in my opinion. All of the movies produced by LAIKA so far are sensational, and I see them all as representations of extremes: “Coraline” is the scariest, “ParaNorman” is the most peculiar, “The Boxtrolls” is the most eccentric and “Kubo and the Two Strings” is the most epic, and, to the surprise of no one, all 4 of them got nominated for the Oscar for Best Animated Feature. With that background, I declare that “Missing Link” is the funniest LAIKA film. The script doesn't offer anything really new, the plot is sort of familiar, but it gives personality to its characters, and that never lacks in a LAIKA film. It's a shorter film than usual, but the story is well-paced, it's frenetic, at times, it's moving and captivating. Chris Butler, one of the directors of “ParaNorman” and writer and director of “Missing Link”, can develop his characters really well and creates a restricted, partially original story that (really) entertains its viewers. Just like every other LAIKA film, it doesn't open any space to sequels, which I, at least, think it's great, because that gives the studio a bigger space to work on more original or unadapted stories than stretching out plots that do not need a deeper development, like “Coraline” and “Kubo”, for example. These movies didn't need any sequels in order to tell a good story, and that's fine, by me. The fact that this movie didn't premiere in Brazil to this day hurts a lot, because besides being a wonderful film, it's one of the strongest contenders to the Best Animated Feature Oscar in 2020, losing only to “Toy Story 4”. “Missing Link” may not have the emotional baggage or the advanced CGI techniques that Pixar managed to achieve in “Toy Story 4”, but it doesn't diminish any of its merits, being a narratively restricted film, that proves that computer-generated animation is not a synonym of quality.)



Além de ter uma boa história pra contar, o filme também conta com um tremendo elenco de voz. Hugh Jackman é até visualmente parecido com o Sir Lionel Frost, e sua voz consegue refletir perfeitamente o senso de aventura e egoísmo que o personagem tem. Seu personagem é um dos mais desenvolvidos no filme e ele está sempre em constante mudança de atitude em relação ao Mr. Link, que é a criatura mítica, e essas mudanças são lindas de se ver na tela. A Zoe Saldana também está muito boa aqui como a ex-namorada de Frost, que o ajuda a levar a criatura para o Himalaia. A química entre sua personagem e o personagem de Jackman é muito, muito similar à química entre Indiana Jones e Marion Ravenwood em “Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida”. Ela é forte, durona, e disposta a alcançar o objetivo principal da trama. Mas quem realmente brilha aqui é Zach Galifianakis como Mr. Link. Ele é engraçado, é o personagem que tem mais personalidade na trama, o senso de humor dele nunca é bobinho, é sempre bem inteligente e descontraído, com algumas piadas até sendo direcionadas ao público adulto, o que quase sempre está presente em filmes da LAIKA, e eu achei isso muito bom. Além do trio principal, temos o hilário Stephen Fry como o rival de Frost na trama, e ele é visivelmente maluco; Timothy Olyphant como um caçador de recompensas que está no encalço do trio durante a trama inteira; Matt Lucas como o assistente do rival de Frost, e Emma Thompson como uma parente do Mr. Link, e todos eles trabalham muito bem seus personagens, apesar do desenvolvimento de alguns sendo maior do que o de outros.
(Besides having a good story to tell, the film also has a tremendous voice cast. Hugh Jackman is even visually alike Sir Lionel Frost, and his voice succeeds in perfectly reflecting his character's sense of adventure and selfishness. His character is one of the most developed ones in the film, and he's constantly changing his attitudes towards Mr. Link, the mythical creature, and these changes are beautiful to behold in the screen. Zoe Saldana is also really good here as Frost's ex-girlfriend, who assists him in taking the creature to the Himalayas. The chemistry between her character and Jackman's character is really, really similar to the chemistry between Indiana Jones and Marion Ravenwood in “Raiders of the Lost Ark”. She's strong, tough, and willing to reach the main goal of the plot. But who really shines here is Zach Galifianakis as Mr. Link. He's funny, he's the character with the biggest amount of personality in the film, his sense of humor is never silly, it's always really clever and laid-back, with some jokes being even directed to an adult audience, which is almost always present in a LAIKA film, and I loved that. Besides the main trio, we have the hilarious Stephen Fry as Frost's visibly bonkers rival; Timothy Olyphant as a bounty hunter who's chasing the trio during the entire plot; Matt Lucas as Frost's rival's assistant, and Emma Thompson as a relative of Mr. Link's, and they all work really well with their characters, even though some are more developed than others.)



Assim como em todo filme da LAIKA, o visual é o destaque principal. Em tempos de técnicas avançadas feitas por computador e remakes fotorrealistas de animações de mais de 20 anos atrás, é incrível ver o que um pouco de massinha pode fazer. Assim como ocorreu em filmes anteriores do estúdio, como “Coraline” e “Kubo”, a construção de mundo de “Missing Link” é simplesmente maravilhosa. Os cenários são muito bem construídos, há um ótimo trabalho de cores aqui, o que é bom para trabalhar o contraste entre a cidade grande, onde os protagonistas humanos moram, que possuem mais tons escuros, como cinza, e a floresta e o Himalaia, que são mais vibrantes e coloridos. Os personagens também são muito bem construídos, eles possuem uma textura singular, diferente, mas ainda assim similar aos personagens de “Toy Story 4”; o figurino deles é muito bem desenhado, bem colorido e é atraente aos olhos. Há um leve uso de CGI durante algumas das cenas de ação, mas ele não estraga a magia que o stop-motion dá ao filme. Uma única ressalva fica com as cenas de luta entre o Sir Lionel e o caçador de recompensas, onde as ações parecem um pouco lentas demais, mas nada que nós não vimos antes, em produções anteriores de stop-motion, como “Wallace e Gromit”, da Aardman, outro fantástico estúdio de animação. Eu já falei isso nessa resenha, e falarei de novo: stop-motion é uma das melhores técnicas de animação trabalhadas hoje, ela dá uma maior criatividade, textura e até realismo para a construção de mundo (como foi visto nos filmes “O Fantástico Sr. Raposo” e “Ilha dos Cachorros”, de Wes Anderson), e “Missing Link” é mais uma prova de que essa técnica ainda está viva e tem muito mais a oferecer no futuro, graças a estúdios como a LAIKA e a Aardman.
(Just like in every other LAIKA film, the visuals are the highlight. In times of advanced computer-generated techniques and photorealistic remakes of animated films which are 20 years old, it's amazing to see what a little bit of clay can do. As it happened with previous films in the studio, like “Coraline” and “Kubo”, the world-building of “Missing Link” is simply wonderful. The sets are very well designed, there's a great use of color here, which is good to work on the contrast between the big city, where the human characters live, which possesses darker tones, like gray, and the forest and the Himalayas, which are more vibrant and colorful. The characters are also astoundingly designed, they have a singular texture that's different, but somehow, similar to the characters of “Toy Story 4”; their costumes are gorgeous, colorful, and appealing to the eye. There's a light use of CGI in some of the action scenes, but it doesn't ruin the magic that stop-motion gives to the film. One single complaint stays with the fighting scenes between Sir Lionel and the bounty hunter, where the actions seem a bit too slow, but nothing that we haven't seen before, in previous stop-motion movies, like “Wallace and Gromit”, from Aardman, another fantastic animated studio. I've said this in this review, and I'll say it again: stop-motion is one of the best animation techniques active today, they give a bigger creativity, texture and even realism to the world-building (as it was seen in the films “Fantastic Mr Fox” and “Isle of Dogs”, directed by Wes Anderson), and “Missing Link” is one more proof that this technique is still alive and has a lot more to offer in the future, thanks to studios like LAIKA and Aardman.)



Resumindo, “Missing Link” é mais um filme visualmente lindo e narrativamente conciso de um dos melhores estúdios de animação trabalhando hoje. É um filme hilário, envolvente e cativante, que certamente irá divertir toda a família!

Nota: 9,5 de 10!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Missing Link” is another visually gorgeous and narratively concise film from one of the best animation studios working today. It's a hilarious, involving and captivating film, that will surely entertain the whole family!

I give it a 9,5 out of 10!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)




sexta-feira, 5 de julho de 2019

"Homem-Aranha: Longe de Casa": o filme perfeito para assistir depois de "Ultimato" (Bilíngue)


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E aí, galerinha de cinéfilos! Estou de volta, e prestes a viajar, assim como o protagonista do filme que irei analisar nessa resenha. Depois dos eventos decisivos de “Vingadores: Ultimato”, nós precisávamos de um filme como esse. Um filme leve, divertido, visualmente hipnotizante e até cheio de reviravoltas. Então, vamos falar sobre “Homem-Aranha: Longe de Casa”. Vamos lá!
(What's up, film buffs! I'm back, and about to travel, just like the protagonist of the film I'm going to analyze in this review. After the decisive events of “Avengers: Endgame”, we needed a film like this. A light, fun, visually hypnotizing and surprisingly twisted film. So, let's talk about “Spider-Man: Far from Home”. Let's go!)



Depois dos eventos de “Vingadores: Ultimato”, Peter Parker (Tom Holland) deseja tirar férias de sua persona de super-herói, e se aproximar de MJ (Zendaya) durante uma viagem escolar. O que ele não contava é que Nick Fury (Samuel L. Jackson) o recrutaria para derrotar seres de outro mundo, com a ajuda de Quentin Beck (Jake Gyllenhaal), um herói de uma realidade alternativa.
(After the events of “Avengers: Endgame”, Peter Parker (Tom Holland) wishes to have a little time out of his superhero persona, and to get closer to MJ (Zendaya) during a school trip. What he wasn't counting on is that Nick Fury (Samuel L. Jackson) would recruit him to defeat beings from another world, with the help of Quentin Beck (Jake Gyllenhaal), a hero from an alternate reality.)



Quem me conhece sabe que eu adoro o Homem-Aranha, em especial a versão do Tom Holland. Além dele se parecer com um adolescente, como o personagem era imaginado nos quadrinhos, ele é divertido, inteligente, e muito carismático. Eu adorei as aparições dele em “Guerra Civil”, amei o primeiro filme solo dele e chorei bastante naquele momento de “Guerra Infinita”. Pelo fato desse filme ser depois de “Ultimato”, que provavelmente, é o filme da Marvel com a maior carga emocional, esperei que ele fosse mais leve, que tivesse um contraste, como foi o que aconteceu com “Guerra Infinita” e “Homem-Formiga e a Vespa”. E foi exatamente o que eu recebi. É um filme levíssimo, mas que nos lembra constantemente dos momentos finais de “Ultimato” para a melancolia não sumir completamente, e esse contraste entre o senso de humor do personagem com o que ele está sentindo no filme funciona muito bem. O roteiro, escrito por dois roteiristas de “Homem-Aranha: De Volta ao Lar”, é bem engenhoso e muito inteligente. Só tem um porém: se alguma pessoa souber algo sobre um dos personagens-chave do filme, tudo se torna previsível, você já sabe pra onde o filme irá mesmo sem assisti-lo. Eu pensei que o filme ia revirar tudo isso, dar um plot twist daqueles, mas isso não aconteceu. Mesmo com esse aspecto me deixando um pouco frustrado, eu gostei bastante do roteiro, que é leve, divertido, cheio de reviravoltas e um pouco mais ambicioso do que o do primeiro filme.
Qualquer erro ou previsibilidade do roteiro que eu poderia ter notado sumiu rapidamente durante as DUAS cenas pós-créditos. É uma mais incrível que a outra. Uma te dá uma pista para o que a Fase 4 do MCU guarda para o herói, e a outra te faz rever o MCU inteiro desde o primeiro filme do Homem de Ferro. Sério mesmo, fiquem para ver as cenas pós-créditos, vocês não irão se arrepender!
(Who really knows me knows that I love Spider-Man, especially Tom Holland's version of him. Other than the fact that he actually looks like a teenager, as the comics imagined him, he's fun, clever and has charisma to spare. I loved his appearances during “Civil War” and his first solo movie, and I bawled my eyes out during that pivotal scene in “Infinity War”. Because of the fact that this movie is set after “Endgame”, which is probably the most emotionally charged Marvel movie yet, I expected it to be lighter, with a contrast, very much alike what happened to “Infinity War” and “Ant-Man and the Wasp”. And that's exactly what I got. It's light like a feather, but it constantly reminds us of Endgame's final moments, so that the melancholy doesn't fully walk away, and that contrast between the character's sense of humor and what he's feeling during the movie works really well. The script, written by two screenwriters from “Spider-Man: Homecoming”, is really clever and has lots of heart. There's just one thing: if anyone knows anything from a key character in this movie, it all becomes predictable, you know where the movie will be going before you watch it. I thought the movie would turn this around, and give one hell of a plot twist, but that didn't happen. Even with that aspect leaving me a little bit frustrated, I really liked the script, which is light, fun, filled with twists and a little more ambitious than the first one.
Any kind of mistake or predictability in the script that I maybe noticed quickly disappeared during the TWO post-credit scenes. They're both amazing. One gives you a clue on where the character will go on Phase 4 of the MCU and the other makes you rewatch the entire MCU all the way from the first Iron Man movie. Really, stick around for the post-credit scenes, you will not regret it!)



É difícil falar do elenco sem falar de spoilers, mas irei tentar fazer o meu melhor. Tom Holland, como esperado, dá um show como o Homem-Aranha. O Peter está emocionalmente machucado pelos eventos de “Ultimato”, e nós conseguimos sentir isso junto com o personagem através da atuação do Tom Holland. Mas mesmo com essa melancolia, ele não perde o senso de humor que fez dele um personagem adorado pelos fãs do MCU. Eu gostei muito mais da Zendaya aqui. Ela tem mais personalidade e muito mais cenas aqui, o que, para uma personagem importante para o Homem-Aranha como a MJ, é muito bom. O Samuel L. Jackson tem um papel mais forte aqui como Nick Fury, ele é imponente, furioso, mas surpreendentemente engraçado. Uma coisa que gostei bastante aqui é que os roteiristas dão mais cenas para personagens que não tiveram tempo o suficiente para se desenvolverem em filmes anteriores do MCU. Isso inclui Cobie Smulders como Maria Hill, Angourie Rice como Betty Brant, Tony Revolori como Flash Thompson, Martin Starr como Prof. Harrington e Jon Favreau como Happy Hogan, que apareceu em vários filmes do MCU, incluindo o primeiro filme do Aranha, mas que não teve um desenvolvimento igual o daqui. O Jacob Batalon, o JB Smoove e a Marisa Tomei são os alívios cômicos do filme, como Ned Leeds, Julius Dell e May Parker, respectivamente, eles são muito divertidos de se ver, e têm um timing cômico perfeito. Mas quem rouba a cena é o Jake Gyllenhaal como Quentin Beck. Sem querer dar spoilers, e isso pode parecer exagerado, mas ele merece muito reconhecimento por esse papel, pois o desenvolvimento dele durante esse filme é surpreendente.
(It's hard to talk about the cast without spoiling anything, but I'll try to do my best. Tom Holland, as expected, is a showstopper as Spider-Man. Peter is emotionally damaged because of Endgame, and we can feel that along with the character through Tom Holland's performance. But even though he has this melancholy inside him, he doesn't lose that sense of humor that made him a beloved character for MCU fans. I liked Zendaya a whole lot more here. She has more personality, and a lot of more scenes here, which, for a character as important for Spider-Man as MJ, is really good. Samuel L. Jackson has a stronger role here as Nick Fury, he is imposing, furious, but surprisingly funny. One thing I really liked in this movie is that the screenwriters give more screen time to characters who didn't have enough time to develop themselves in previous MCU films. That includes Cobie Smulders as Maria Hill, Angourie Rice as Betty Brant, Tony Revolori as Flash Thompson, Martin Starr as Mr. Harrington and Jon Favreau as Happy Hogan, who appeared in several movies in the MCU, including Spidey's first film, but his development is way more well done here. Jacob Batalon, JB Smoove and Marisa Tomei are the film's comic reliefs, as Ned Leeds, Julius Dell and May Parker, respectively, they are really fun to watch and all three of them have a perfect comic timing. But the real scene stealer is Jake Gyllenhaal as Quentin Beck. I don't want to spoil anything, and this may sound a bit exaggerated, but he deserves recognition for this role, because his development during this film is freaking amazing.)



Assim como todo filme da Marvel, é um espectáculo nos aspectos técnicos. A fotografia é muito bonita, a direção de arte, especialmente nas cenas ambientadas na Europa, é exuberante, assim como o design dos figurinos, em especial os uniformes do Homem-Aranha e do Mysterio. Mas o que se destaca mesmo aqui, em termos técnicos, são os efeitos especiais. São hipnotizantes, muito realistas e nos fazem perguntar se o que estamos vendo é real ou não. Pra mim, “Homem-Aranha: Longe de Casa” tem o melhor uso de efeitos especiais em um filme do MCU desde a psicodelia extraordinária de “Doutor Estranho”. Há algumas conexões à filmes anteriores da Marvel, com “Ultimato” sendo o mais referenciado aqui, por ser ambientado meses depois, e é muito interessante perceber essas conexões, o que leva o espectador a rever os filmes anteriores para pegar todas as referências.
(Just like every Marvel movie, it is a technical marvel. The cinematography is stunning, the art direction, especially in the scenes set in Europe, is exuberant, just like the costume design, particularly Spider-Man and Mysterio's uniforms. But what really stands out here, in technical aspects, are the special effects. They are hypnotizing, incredibly realistic, and make us question if what's in the screen is real or not. For me, “Spider-Man: Far from Home” has the best use of special effects in an MCU film since the extraordinary psychedelia of “Doctor Strange”. There are some connections to previous Marvel movies, with Endgame being the most referenced here, for being set months after, and it's really interesting to notice these connections, which leads the viewer to rewatch the previous movies in order to catch all the references.)



Resumindo, “Homem-Aranha: Longe de Casa” é o filme perfeito para levantar o astral dos fãs depois de “Vingadores: Ultimato”. É um filme leve, divertido, cheio de referências, cujas cenas pós-créditos sugerem um futuro brilhante para o MCU.

Nota: 9,0 de 10!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Spider-Man: Far from Home” is the perfect movie to give the audience a warm hug after the emotionally charged “Avengers: Endgame”. It's a light, fun movie, filled with references, and its post-credit scenes suggest a bright future to the MCU.

I give it a 9,0 out of 10!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)