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segunda-feira, 12 de agosto de 2019

O Universo de Quentin Tarantino: revisando a carreira de um dos melhores diretores do cinema moderno (Bilíngue) [ATUALIZADO]


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E aí, galerinha de cinéfilos! Estou de volta, mais cedo do que o esperado, para falar da filmografia de um dos diretores mais conhecidos da atualidade, cujo novo filme, “Era uma Vez em Hollywood”, estará estreando em breve nos cinemas brasileiros. Sim, estou falando do inigualável Quentin Tarantino. Um dos exemplos mais proeminentes do cinema moderno, Tarantino realmente revolucionou o cinema como nós conhecemos, dando origem à obras que conseguem equilibrar perfeitamente os aspectos de arte e entretenimento. Então, sem mais delongas, vamos falar da filmografia desse diretor único. Vamos lá!
(What's up, film buffs! I'm back, sooner than expected, to talk about the filmography of one of the most known directors in recent times, whose new film, “Once Upon A Time in Hollywood”, will be coming soon to Brazilian theaters. Yes, I'm talking about the one and only Quentin Tarantino. One of the most relevant examples of modern cinema, Tarantino revolutioned movies as we know them, giving birth to films that perfectly balance art and entertainment values. So, without further ado, let's talk about the movies by this one-of-a-kind director. Let's go!)



A primeira coisa que vem à cabeça das pessoas quando se pensa nos filmes de Tarantino provavelmente é o nível de violência que ele aplica em suas cenas de ação, que possuem muito, muito sangue, e isso é verdade, o Tarantino é mais conhecido pela grande maioria por conta da violência explícita. Mas os filmes desse diretor vão muito além da violência. Eles subvertem modelos tradicionais de roteiro, criando tramas não-lineares; possuem diálogos muito inteligentes, e discussões sobre coisas realmente banais; tem o apoio de elencos maravilhosos, que ficam cada vez mais ambiciosos a cada filme que Quentin faz; e são filmes com excepcionais aspectos técnicos, em especial fotografia, edição e trilha sonora.
Irei, nessa postagem, fazer um ranking dos filmes que o Tarantino dirigiu e escreveu (excluindo os filmes em que ele é apenas roteirista, como “Amor à Queima Roupa”, “Um Drink no Inferno” e “Assassinos por Natureza”), dando a MINHA OPINIÃO sobre eles, o que, certamente, pode discordar da sua opinião, caro leitor. Então, vamos começar!
(The first thing that comes to people's minds when thinking about Tarantino's films is probably the level of violence that he puts in his action scenes, which have massive quantities of blood, and that's true, Tarantino is generally known because of the explicit violence. But his movies go way beyond violence. They subvert traditional ways to write a script, creating non-linear plots; they have really clever dialogues, and discussions on really meaningless things; they have the support of wonderful casts, which get more and more ambitious at each film he makes; and they are technically exceptional, especially when it comes to cinematography, editing and soundtrack.
I will, in this post, make a ranking of the movies Tarantino directed and wrote (excluding the movies that he just wrote, like “True Romance”, “From Dusk till Dawn” and “Natural Born Killers”), giving MY OWN OPINION about them, which, certainly, might disagree from your opinion, dear reader. So, let's begin!)



9 – À PROVA DE MORTE (2007) (DEATH PROOF (2007))

Ok, para falar desse filme, é melhor pegarmos um contexto histórico primeiro. “À Prova de Morte” é uma metade de uma sessão dupla chamada “Grindhouse”, onde Tarantino e Robert Rodriguez (que, por sua vez, dirigiu “Planeta Terror”) criaram filmes para homenagear os “filmes B”, que partem do termo exploitation, que é tipo um cinema “apelativo”, que se recorre aos exageros para entreter seu público, sendo alguns desses exageros violência, sexo e profanidades. E é exatamente isso que Tarantino faz nesse filme. Ele recorre à violência extrema e diálogos excessivamente prolongados para entreter seu público. Pode-se até dizer que o Tarantino fez esse filme dessa maneira propositalmente, para justamente encaixar no gênero exploitation. Com esse contexto dado, vamos ao filme. Ele é bem desequilibrado, em termos de roteiro: a primeira metade é muita conversa e pouca porradaria, e a segunda metade é pouca conversa e muita porradaria; um equilíbrio entre esses dois extremos nunca é alcançado. O filme tem um bom elenco, com Kurt Russell no papel principal, como o dono do carro “à prova de morte”, e Rosario Dawson, Mary Elizabeth Winstead, Zoë Bell, Rose McGowan e muitas outras atrizes como as “vítimas” do protagonista. O filme tem cenas de ação sensacionais e exageradas, com uma delas sendo uma das sequências mais violentas que o diretor já criou, mas mesmo com o exagero, elas nos divertem e nos mantém na beira do assento. Contando que “À Prova de Morte” é um filme feito pra ser tosco, até que ele não é ruim, mas ainda assim, é o filme mais fraquinho de Quentin Tarantino.
(Ok, in order to talk about this film, it's better if we get some context first. “Death Proof” is one half of a double feature called “Grindhouse”, where Tarantino and Robert Rodriguez (who directed “Planet Terror” for this project) created films as a homage to “B movies”, which come from the term exploitation, which is a type of cinema that uses over-the-top resources, like violence, sex and profanity, in order to entertain the audience. And that's exactly what Tarantino does in this film. He makes use of extreme violence and excessively long dialogues for him to entertain his audience. One can even say that Tarantino made this film in this way on purpose, so that it can fit in the exploitation genre. With that context given, let's talk about the film itself. It is pretty unbalanced, in terms of screenplay: the first half has a lot of talking and less violence, and the second half has less talking and a lot of violence; the film never achieves a balance between these two extremes. It has a fine cast, with Kurt Russell in the main role, as the owner of the “death proof” car, and Rosario Dawson, Mary Elizabeth Winstead, Zoë Bell, Rose McGowan and many other actresses as the main character's “victims”. It has amazing, over-the-top action scenes, with one of them standing out as one of the most violent sequences Tarantino ever created, but even with the exaggerations, they entertain us and keep us on the edge of our seats. With the fact that “Death Proof” is a movie made to be cheesy in mind, it's not that bad after all, but still, it's the weakest movie by Quentin Tarantino.)






8 – JACKIE BROWN (1997)

Antes de “À Prova de Morte” ser lançado, esse era considerado o filme mais fraco de Tarantino. Eu até entendo o porquê: o diretor já tinha lançado “Cães de Aluguel” e “Pulp Fiction”, que foram extremamente bem recebidos pela crítica, arrancando elogios e vários prêmios. Esse é o único filme do Tarantino que não é original, sendo baseado no romance “Rum Punch”, de Elmore Leonard. E assim como “À Prova de Morte”, “Jackie Brown” também é uma homenagem, dessa vez ao gênero blaxploitation, que se popularizou nos anos 1970, que ganhou fama por apresentar pessoas negras como os heróis dos filmes, em uma época que, nos EUA, era bastante preconceituosa. A escalação de Pam Grier (símbolo feminino do blaxploitation nos EUA) foi uma jogada de mestre, pois além de ter uma atriz que já trabalhou no gênero anteriormente, seu papel no filme também revitalizou sua carreira, e ela é sensacional no papel principal. O roteiro é bem escrito, a fotografia é muito bem feita, a edição é muito boa, a trilha sonora é cheia de clássicos dos anos 1970, e o elenco é um dos mais talentosos que Tarantino já reuniu: além de Grier, temos Robert Forster, Samuel L. Jackson, Michael Keaton, Robert De Niro e Bridget Fonda. O único problema, na minha opinião, é o passo do filme: com quase 2 horas e 40 minutos de duração, ele demora um pouco para engatar, mas graças às atuações do elenco e a engenhosidade do roteiro, “Jackie Brown” consegue ser um dos filmes mais diferentes de Quentin Tarantino, e eu falo isso como um elogio.
(Before “Death Proof” was released, this was considered Tarantino's weakest film. I can understand why: Quentin had already released “Reservoir Dogs” and “Pulp Fiction” and both were critically acclaimed, winning good reviews and several awards. And this is the only Tarantino film which isn't an original one, being based off Elmore Leonard's novel “Rum Punch”. Just like “Death Proof”, “Jackie Brown” is also an homage, inspiring itself from the blaxploitation genre, which was pretty famous in the 1970s, for introducing black people as the heroes of the story, at a time that was filled with prejudice in the US. The casting of Pam Grier (the female symbol of blaxploitation) was a masterful move, because besides the fact that she already worked in the genre before, her role in this film revitalized her career, and she is amazing in the main role. The script is well-written, the cinematography is really good, the editing is great, the soundtrack is filled with classics from the 1970s, and the cast is one of the most talented ones Tarantino ever assembled: besides Grier, we have Robert Forster, Samuel L. Jackson, Michael Keaton, Robert De Niro and Bridget Fonda. The only problem here, in my opinion, is the pacing: with almost 2 hours and 40 minutes of running time, it takes a while to finally blast off, but thanks to the performances from the cast and the ingenuity of the script, “Jackie Brown” manages to be one of Tarantino's most different films, and I mean that as a compliment.)






7 – KILL BILL (2003 e 2004)

Ok, vamos à primeira polêmica da postagem. Não, “Kill Bill” não é um filme ruim, de maneira alguma. É um dos filmes mais tecnicamente perfeitos do diretor, com cenas de ação extraordinárias, um roteiro bem amarradinho e uma protagonista pra lá de icônica. Se brincar, Beatrix Kiddo é a protagonista mais icônica que Tarantino criou. Ele só não é melhor do que o top 6 desse post, na minha opinião. Desde seu primeiro roteiro, “Amor à Queima-Roupa”, sabemos que Tarantino é louco por filmes de samurai e artes marciais, e em um ponto de vista ocidental, ele dá um verdadeiro show aqui. É um dos filmes com mais ação e menos diálogos da carreira do diretor, mas só porque tem menos diálogos, não significa que não seja um filme do Tarantino. É bem violento, diga-se de passagem. Tudo que pode se imaginar de violência acontece aqui, de decapitação à picadas de cobra e extração de olhos com as próprias mãos. E por incrível que pareça, não é chocante, é muito, MUITO divertido. O elenco se entrega totalmente à premissa, com Uma Thurman arrasando no papel principal, e nomes como Lucy Liu, Daryl Hannah, Michael Madsen, Vivica A. Fox e David Carradine como ótimos vilões. “Kill Bill” pode ser considerado um dos filmes mais versáteis do diretor até agora: ele possui cenas em preto e branco, uma sequência em anime, e tramas não-lineares, subvertendo as tradições, como Tarantino fez em seus dois primeiros filmes. Sendo um dos filmes mais violentos, e por consequência, mais divertidos, de Quentin Tarantino, “Kill Bill” é um bom ponto de partida para quem quer se adentrar pela mente genial desse diretor. É bem feito, bem escrito, bem atuado, bem dirigido, e a primeira parte tem um dos melhores cliffhangers (suspense para o que vem a seguir) do cinema moderno.
(Ok, let's talk about the first controversial spot in this post. No, “Kill Bill” is not a bad movie, in any way. It's one of his most technically perfect movies, with extraordinary action scenes, a script that tightens up its plot and a hell of an iconic main character. I honestly think that Beatrix Kiddo is the most iconic protagonist Tarantino ever created. It is just not better than this post's top 6, in my opinion. Since his first script, “True Romance”, we know that Tarantino is a huge fan of samurai and martial arts movies, and in a Western point of view, he freaking rocks here. It's one of his movies with the highest amount of action and a lesser amount of dialogue, but just because it doesn't have that much dialogue, it doesn't make it less of a Tarantino film. It's pretty violent, by the way. Everything violent you can possibly imagine happens here, from decapitation to snake bites and extraction of eyes with bare hands. And, amazingly so, it's not shocking, it's really, REALLY fun to watch. The cast gives all of themselves to the plot, with Uma Thurman being the absolute BOSS in the main role, and names like Lucy Liu, Daryl Hannah, Michael Madsen, Vivica A. Fox and David Carradine as great villains. “Kill Bill” may be considered one of the most versatile movies Tarantino has made so far: it has black-and-white scenes, an anime sequence, and non-linear plots, subverting traditionality, as the director did in his first two films. As one of the most violent, and consequently, most fun movies by Tarantino, “Kill Bill” is a great starting point for those who wish to know more about this director's genius mind. It's well filmed, well written, well acted, well directed, and the first part has one of the absolute best cliffhangers in modern cinema.)






6 – DJANGO LIVRE (2012) (DJANGO UNCHAINED (2012))

Django” foi o primeiro filme do Tarantino que vi, então já podem imaginar o impacto que ele causou em mim, que, na época, não era acostumado a esse tipo de filme. Mas eu lembro de ficar fascinado com a história, com os personagens e com a forma que o diretor escolheu para contar essa história. Se brincar, Django também foi um dos primeiros faroestes que eu vi. Agora, vocês me perguntam: por quê você coloca Django acima de “Kill Bill”? Bom, primeiramente, eu gosto mais de faroestes do que de filmes de artes marciais. Em segundo lugar, “Django Livre” é, indiscutivelmente, um trabalho bem mais sofisticado, em todos os sentidos. A fotografia e a direção de arte revitalizam o gênero de faroeste spaghetti, dando origem a um filme surpreendentemente revisionista. O roteiro é muito bem escrito, rendendo o segundo Oscar de Melhor Roteiro Original pro Tarantino com justiça (embora eu ainda preferiria se “Moonrise Kingdom” tivesse ganho). É uma história tão bem contada, que a gente nem percebe a duração extraordinariamente longa de 2 horas e 45 minutos, um dos filmes mais longos do diretor. E o que falar desse elenco maravilhoso? Django é, certamente, um dos melhores papéis da carreira do Jamie Foxx; o estupendo Christoph Waltz, depois de ter roubado a cena como o Coronel Hans Landa, em “Bastardos Inglórios”, faz o mesmo aqui como o Dr. King Schultz, ganhando seu segundo Oscar de Melhor Ator Coadjuvante merecidamente; o Samuel L. Jackson faz um dos seus melhores personagens aqui, tanto no geral, quanto no universo de Tarantino; e nem preciso falar da cena COMPLETAMENTE IMPROVISADA envolvendo o personagem do Leonardo DiCaprio, né? O filme tem um senso de humor bem sarcástico, bem ácido mesmo, e cenas de ação e bangue-bangue que deixariam Sergio Leone orgulhoso. Um dos meus filmes (e faroestes) prediletos, e outro ótimo ponto de partida para aqueles que querem saber mais do diretor.
(“Django” was the first Tarantino movie I ever saw, so you guys can imagine the impact it caused in me, who, at the time, wasn't used to this type of film. But I remember being fascinated with the story, with the characters, and with the way that the director chose to tell that story. I honestly think that Django was also one of the first Western movies I've ever seen. Now, you ask me: why do you put Django over “Kill Bill”? Well, first, I like Westerns more than I like martial arts movies. And second, “Django Unchained” is, undoubtedly, a way more sophisticated work, in every single way. The cinematography and art direction revitalize the spaghetti western genre, resulting in a surprisingly revisionist film. The script is really well written, earning Tarantino his second Best Original Screenplay Oscar with justice (although I would still have preferred if “Moonrise Kingdom” had taken it). It's a story that is so well told, we can't even realize the extraordinarily long running time of 2 hours and 45 minutes, one of the director's longest films. And what's to say of the marvelous cast? Django is, certainly, one of the best roles in Jamie Foxx's career; the stupendous Christoph Waltz, after stealing the scene as Colonel Hans Landa in “Inglourious Basterds”, does the absolute same here as Dr. King Schultz, winning his second Best Supporting Actor Oscar deservedly; Samuel L. Jackson plays one of his finest characters here, generally, and inside Tarantino's universe; and I don't even have to say anything about the FULLY IMPROVISED scene involving Leonardo DiCaprio's character, right? The film has a sarcastic, acid sense of humor, and action scenes that would make Sergio Leone proud. One of my favorite movies (and Westerns), and another great starting point for those who wish to know a bit more about this director.)






5 – CÃES DE ALUGUEL (1992) (RESERVOIR DOGS (1992))

Antes de “Cães de Aluguel” ter sido lançado, Quentin Tarantino apenas tinha escrito alguns roteiros, embora nenhum deles tinha sido filmado ainda. Como era o seu primeiro filme, Tarantino começou pequeno, com um orçamento de apenas 1,5 milhão de dólares, o que é bem pouco comparado aos 90 milhões de seu filme mais recente, “Era uma Vez em Hollywood”. Com “Cães de Aluguel”, Tarantino começou parcerias que iriam durar por quase toda a sua carreira, incluindo Lawrence Bender como produtor, Sally Menke como editora, e vários atores que participaram de projetos futuros, como Michael Madsen, Harvey Keitel e Tim Roth. E é um filme que impressiona pela sua simplicidade. Sendo o filme mais curto do diretor até agora, beirando 1 hora e 40 minutos, o filme se passa quase que inteiramente em um depósito, com o auxílio de flashbacks para nos ajudar a saber mais sobre os protagonistas. A cena inicial, onde os protagonistas discutem o significado de “Like a Virgin”, da Madonna, é antológica e hilária. Os personagens são muito bem desenvolvidos, e todos os atores atuam muito bem, em especial Tim Roth, Harvey Keitel, Steve Buscemi e Michael Madsen. A trama se desenvolve de maneira orgânica, aproveitando cada segundo de seu tempo de duração, para resultar em uma série de reviravoltas em seus momentos finais.
Um dos melhores filmes dos anos 1990, um dos melhores filmes independentes do cinema moderno, e um baita começo para a carreira de Quentin Tarantino, cuja fama só iria aumentar 2 anos depois, com “Pulp Fiction”.
(Before “Reservoir Dogs” was released, Quentin Tarantino had only written a few scripts, although none of them was filmed yet. As this was his first film, Tarantino started on a small scale, with a budget of US$1,5 million, which is very little compared to the US$90 million from his most recent film, “Once Upon a Time in Hollywood”. With “Reservoir Dogs”, Tarantino started partnerships that would last throughout most of his career, including Lawrence Bender as producer, Sally Menke as editor, and several actors who would work in his future projects, like Michael Madsen, Harvey Keitel and Tim Roth. And this is a movie that astounds because of its simplicity. As the shortest Tarantino movie so far, barely 100 minutes long, it is set almost entirely in a warehouse, with the help of flashbacks to aid us in knowing more about the characters. The initial sequence, where the protagonists discuss the meaning of Madonna's “Like a Virgin”, is iconic and hilarious. The characters are really well-developed, and all the actors do a great job, especially Tim Roth, Harvey Keitel, Steve Buscemi and Michael Madsen. The plot is paced in an organic way, making every second of its running time count, resulting in a series of plot twists in its final moments.
One of the best movies of the 1990s, one of the best independent movies in modern cinema, and one hell of a start for Quentin Tarantino's career, whose fame would only get higher 2 years later, with “Pulp Fiction”.)





4 - ERA UMA VEZ EM HOLLYWOOD (2019) (ONCE UPON A TIME IN HOLLYWOOD (2019))

https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2019/08/era-uma-vez-em-hollywood-carta-de-amor.html



3 – PULP FICTION: TEMPO DE VIOLÊNCIA (1994) (PULP FICTION (1994))

Chegando perto do final, temos o filme que lançou o Tarantino no ouvido do público geral. Com “Cães de Aluguel” sendo estreado no Festival de Sundance, perfeito para diretores iniciantes, o diretor apostou alto em “Pulp Fiction”, estreando o filme no prestigiado Festival de Cannes, e surpreendendo ninguém, ganhando a Palma de Ouro, prêmio principal do Festival, no processo. Acho que é adequado dizer que “Pulp Fiction” é um filme revolucionário: ele possui uma estrutura não-convencional de contar histórias, ou seja, a história acontece em uma ordem não-cronológica, e funciona perfeitamente; possui algumas das cenas mais icônicas no cinema moderno; e serviu para revitalizar e lançar atores esquecidos, ou até então, desconhecidos, como John Travolta, Uma Thurman e Samuel L. Jackson. E realmente, é um tremendo filme. Colocando mais 50 minutos na duração, se comparado à “Cães de Aluguel”, Tarantino aproveita cada precioso segundo para fazer de “Pulp Fiction”, acima de tudo, um filme divertido. E ele acerta em tudo, desde a engenhosidade das histórias, ao elenco mega-talentoso (John Travolta, Uma Thurman, Samuel L. Jackson, Ving Rhames, Bruce Willis, Christopher Walken, Tim Roth, Amanda Plummer, Harvey Keitel, Eric Stoltz, e até o próprio Tarantino), à maneira que ele usa para conectar essas histórias.
Pulp Fiction” é tão icônico que, quando você pensa no filme, você instantaneamente visualiza uma dessas 4 cenas na sua cabeça:
  1. O twist no Jack Rabbit Slim's;
  2. Ezequiel 25:17
  3. Aw, man! I shot Marvin in the face.”
  4. They call it a Royale with Cheese.”
É simplesmente incrível a capacidade que esse filme tem de ficar gravado na cabeça dos espectadores. Você, que já viu Pulp Fiction, tente lembrar do filme, sem pensar em uma das 4 cenas acima. E você, que ainda não viu Pulp Fiction, por favor, veja. Garanto que você não irá se arrepender.
(As we get closer to the end, we arrive at the movie that had everyone talking about Tarantino. As “Reservoir Dogs” premiered at the Sundance Film Festival, perfect for first-time directors, Quentin put a high bet in “Pulp Fiction” and premiered it in the prestigious Cannes Film Festival, and, surprising no one, winning the Palme d'Or (the main award in the Festival) in the process. I think it's safe to say that “Pulp Fiction” is revolutionary: it has an unconventional structure in storytelling, meaning that the story doesn't take place in a chronological order, and it works perfectly; it has some of the most iconic scenes in modern cinema; and it revitalized and boosted the careers of actors, who, at the time, were forgotten or unknown, like John Travolta, Uma Thurman and Samuel L. Jackson. And truly, it's a tremendous film. With an extra 50 minutes in its running time, if compared to “Reservoir Dogs”, Tarantino makes every second count in order to make “Pulp Fiction” a fun film, above everything. And it hits every single target, from the ingenuity of the stories, to the ultra-talented cast (John Travolta, Uma Thurman, Samuel L. Jackson, Ving Rhames, Bruce Willis, Christopher Walken, Tim Roth, Amanda Plummer, Harvey Keitel, Eric Stoltz, and even Tarantino himself) and the way the director uses to connect these stories.
Pulp Fiction” is so iconic that, when you think about it, you instantly visualize at least one of these 4 scenes in your head:
  1. The twist at Jack Rabbit Slim's;
  2. Ezekiel 25:17
  3. Aw, man! I shot Marvin in the face.”
  4. They call it a Royale with Cheese.”
The capacity this film has of sticking to its viewer's mind is simply fantastic. You, who has already seen Pulp Fiction, try to remember the film, without thinking of one of the 4 scenes above. Go ahead, I dare you. And you, who didn't watch Pulp Fiction yet, please watch it. You'll not regret it, I promise you.)






2 – OS OITO ODIADOS (2015) (THE HATEFUL EIGHT (2015))

Eu sei o que vocês estão pensando: O QUÊ? COMO VOCÊ SE ATREVE A COLOCAR “OS OITO ODIADOS” NA FRENTE DE PULP FICTION? Calma, eu posso explicar. Não é que eu ache todo filme do Tarantino que está atrás deste superestimado, mas é que “Os Oito Odiados” é bem subestimado, perto desses outros filmes. Claro, é um filme diferente: lançado depois da obra-prima sanguinolenta que é “Django Livre”, os espectadores esperando um espetáculo violento com sangue e tripas voando pra todo lado se decepcionaram (e muito) quando viram 8 pessoas discutindo em uma cabana nevada por quase 3 horas de duração. Mas confiem em mim: é um filme que melhora a cada vez que ele é assistido. É o mais próximo que teremos de uma peça escrita e dirigida por Tarantino. É um roteiro longo, lento, mas muito tenso e muito inteligente. Se vocês pararem pra pensar, “Os Oito Odiados” é uma versão de faroeste de “O Enigma de Outro Mundo”, de John Carpenter, onde várias pessoas são confinadas em um aposento e não há ninguém em quem eles podem confiar. Como o roteiro é ambientado, em sua maioria, em um só lugar, dá bastante espaço para os atores brilharem. Temos aqui um elenco maravilhoso que trabalha muito bem com o que lhes é dado. Os personagens de Kurt Russell, Samuel L. Jackson, Jennifer Jason Leigh, Bruce Dern, Michael Madsen, Tim Roth, Demián Bichir e Walton Goggins são surpreendentemente bem escritos, com nenhum deles sendo unidimensional. As cenas de confronto, tanto físico quanto psicológico, entre os personagens são incrivelmente bem feitas e bem escritas, em especial uma cena envolvendo o Maj. Warren (Samuel L. Jackson) e o Gen. Smithers (Bruce Dern), que é tensa ao mesmo tempo que ela é hilária. A trilha sonora do lendário Ennio Morricone, responsável pela trilha sonora antológica de “Três Homens em Conflito”, é hipnotizante, e finalmente rendeu um Oscar para o compositor.
Um filme tenso, violento, e muito, muito subestimado, “Os Oito Odiados” vai ficar grudado na sua cabeça bem depois de você terminar de assistir ao filme. (Eu mencionei que o Kurt Russell quebrou um violão autêntico de 1870 em uma cena?)
(I know what you're thinking: WHAT? HOW DARE YOU PUT “THE HATEFUL EIGHT” ABOVE “PULP FICTION”? Calm down, I can explain. It's not that I think that every other Tarantino movie below this one is overrated, but it's that “The Hateful Eight” is very underrated, next to these other films. Sure, it's a different movie: released after the bloody masterpiece that was “Django Unchained”, the viewers expecting a bloodbath of a spectacle with blood and guts flying everywhere got (really) disappointed when they saw 8 people discuss in a snowy cabin for almost 3 hours. But trust me: it gets better every time you take time to watch it. It's the closest we'll ever be to a play written and directed by Tarantino. It's a long, slow-moving script, but it's also tense and really clever. If you think about it, “The Hateful Eight” is a Western version of John Carpenter's “The Thing”, as both films have several people confined to a room, and no one can be trusted. As the script is set, mostly, in just one place, there's plenty of room for the actors to shine. We have a wonderful cast here that works stupendously with what it's given to them. The characters portrayed by Kurt Russell, Samuel L. Jackson, Jennifer Jason Leigh, Bruce Dern, Michael Madsen, Tim Roth, Demián Bichir and Walton Goggins are surprisingly well-written, with all of them having several layers. The confrontation scenes, both physical and psychological, between the characters are incredibly well done and well written, especially one scene involving Maj. Warren (Samuel L. Jackson) and Gen. Smithers (Bruce Dern), which is tense as it is hilarious. The score by the legendary Ennio Morricone, responsible for the iconic soundtrack of “The Good, the Bad and the Ugly”, is hypnotizing, and finally won him an Oscar.
A tense, violent, and really, really underrated film, “The Hateful Eight” will stick to your head long after you finish watching it. (Did I mention that Kurt Russell broke an authentic 1870s guitar during a scene?))






E em primeiríssimo lugar:
(And in the first place:)


1 – BASTARDOS INGLÓRIOS (2009) (INGLOURIOUS BASTERDS (2009))

Acho que nem “Era uma Vez em Hollywood” pode tirar esse filme do topo (Risos). Sendo o primeiro filme que Tarantino usa figuras históricas como personagens junto com os protagonistas (fictícios), “Bastardos Inglórios” impressiona desde a tensa cena inicial, onde temos um vislumbre do que o maravilhoso Christoph Waltz é capaz de fazer. (Curiosidade: a cena inicial desse filme é considerada, pelo próprio Tarantino, a melhor cena que ele já escreveu, e com razão.) Eu acho que nem tenho as palavras para descrever o quão genial é esse filme. Os personagens, tanto fictícios quanto reais, são muito bem escritos. (Por incrível que pareça, o Hitler é muito engraçado nesse filme.) A história, dividida em capítulos, é muito bem contada, e aproveita bem sua longa duração. É um dos melhores filmes ambientados na Segunda Guerra Mundial já feitos, e um dos mais divertidos também. Tarantino conseguiu juntar um elenco potente, encabeçado por um ótimo Brad Pitt, que aqui faz o líder dos Bastardos. Mas por incrível que pareça, o filme não é concentrado nele, e sim no triângulo entre Shosanna Dreyfus (Melanie Laurent), Fredrick Zoller (Daniel Brühl) e o Cel. Hans Landa (Christoph Waltz). A química de Laurent com os dois é eletrizante, em cada cena que eles estão em tela juntos. Temos alguns nomes muito conhecidos aqui também, entre eles Eli Roth, que está muito engraçado como um dos Bastardos mais violentos; Diane Kruger, que faz uma agente disfarçada como atriz; e Michael Fassbender e August Diehl, que compartilham uma das cenas mais tensas do filme. Mas quem brilha mesmo é o Christoph Waltz como o sádico Cel. Hans Landa. Ele captura a atenção do espectador em toda cena que ele está presente, é impressionante. Se brincar, ele é o melhor vilão desde o Coringa em “Batman: O Cavaleiro das Trevas”. É um vilão que atrai os espectadores bem mais do que o mocinho, e por isso, ele ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante com justiça.
Violento, divertido, e impressionante, “Bastardos Inglórios” consegue achar o equilíbrio perfeito entre arte e entretenimento, graças à um roteiro envolvente, à uma brilhante reescrita da História e às performances de seu talentoso elenco.
(I think that “Once Upon a Time in Hollywood” isn't going to take this film's spot. (LOL) As the first film where Tarantino uses historical figures as characters along with his (fictional) protagonists, “Inglourious Basterds” amazes from the tense initial scene, where we get a glimpse of what the wonderful Christoph Waltz is capable of. (Fun fact: the initial scene of this movie is considered, by Tarantino himself, to be the greatest scene he has ever written, rightfully so.) I don't think I have the words to describe how genius this movie is. The characters (both fictional and historical) are really well-written. (Hitler is actually really funny in this film.) The story, divided in chapters, is really well told, and it enjoys every second in its long running time. It's one of the best World War II movies ever made, and one of the most fun ones too. Tarantino managed to assemble a powerful cast, led by a great Brad Pitt, who plays the leader of the Basterds here. But, amazingly, the film isn't focused on him, but on the triangle between Shosanna Dreyfus (Melanie Laurent), Fredrick Zoller (Daniel Brühl), and Colonel Hans Landa (Christoph Waltz). Laurent's chemistry with both of them is electrifying, in each scene they are together. We also have some well-known names here, including Eli Roth, who is really funny here as one of the most violent Basterds; Diane Kruger, who plays an agent disguised as an actress; and Michael Fassbender and August Diehl, who share one of the most tense scenes in the movie. But who's standing in the spotlight here is Christoph Waltz as the sadistic Colonel Hans Landa. He captures the viewer's attention every time he appears onscreen, it's impressive. I really think that he's the best movie villain since the Joker from “The Dark Knight”. He's a villain that's more likeable than the good guy, and because of that, he rightfully took home the Oscar for Best Supporting Actor.
Violent, fun, and impressive, “Inglourious Basterds” manages to find the perfect balance between art and entertainment, thanks to an involving script, a brilliant rewriting of History and the performances of its talented cast.)






É isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(And that's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)




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