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quinta-feira, 8 de agosto de 2019

"Histórias Assustadoras para Contar no Escuro": um ótimo ponto de partida para jovens aficionados com o terror (Bilíngue)


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E aí, galerinha de cinéfilos! Com as férias, infelizmente, chegando ao fim, venho aqui falar de um filme de terror deveras interessante. Baseado em uma série de contos de terror para crianças, e produzido por ninguém menos que Guillermo del Toro, o filme em questão é um ponto de partida perfeito (e sinistro) para os pré-adolescentes que desejam se adentrar pelo gênero. Então, vamos falar sobre “Histórias Assustadoras para Contar no Escuro”. Vamos lá!
(What's up, film buffs! With my vacation, unfortunately, coming to an end, I come here to talk about a rather interesting horror film. Based on a series of children's horror tales, and produced by the one and only Guillermo del Toro, this film is a perfect (and creepy) starting point for tweens and pre-teens wishing to know more about this genre. So, let's talk about “Scary Stories to Tell in the Dark”. Let's go!)



A história se ambienta em 1968, na cidadezinha de Mill Valley. Stella (Zoe Colletti) é uma adolescente que sofre pela falta de sua mãe, que, por motivos desconhecidos, deixa ela e seu pai (Dean Norris). No Dia das Bruxas, ela e seus amigos visitam uma casa abandonada que, um dia, pertenceu a uma família com um passado sombrio, e encontram um livro cheio de histórias assustadoras que se escrevem por conta própria, aterrorizando o grupo de adolescentes.
(The story is set in 1968, in the small town of Mill Valley. Stella (Zoe Colletti) is a teenager who suffers from the disappearance of her mother, who, for unknown reasons, leaves her and her father (Dean Norris) alone. On Halloween night, she and her friends visit an abandoned house that, one day, belonged to a family with a dark past, and find a book filled with time-transcending scary stories, which ends up terrifying the group of teenagers.)



Antes desse filme ser anunciado, nunca tinha ouvido falar da série de livros que o inspirou. Escrita por Alvin Schwartz nas décadas de 1980 e 1990, ela causou bastante polêmica por apresentar cenas consideradas violentas demais para o seu público-alvo, e as ilustrações, tão assustadoras quanto os próprios contos, não suavizam o conteúdo de maneira alguma. Essas histórias aterrorizaram os estadunidenses que viveram na época (o livro só chegou aqui no Brasil em 2011). E agora, alguns anos depois, chega a adaptação cinematográfica de alguns desses contos. Agora, raciocinem comigo: se o filme é baseado numa antologia de contos não conectados, faria mais sentido se o próprio filme fosse uma antologia, certo? Mas não, os 6 roteiristas (isso mesmo, 6) escolhem criar uma história original que junte e conecte os contos em questão. Os momentos onde os contos são realmente adaptados são assustadores, eles têm potência de susto, mas a história que temos que aguentar para que esses momentos finalmente cheguem é muito pouco desenvolvida, para um filme de quase 2 horas de duração. É, em partes, uma história boa, porque ela tem uma ambientação, que é o final da década de 60, onde o Nixon estava concorrendo à presidência, e a Guerra do Vietnã estava ocorrendo. Esse contexto histórico ajuda a aguentarmos a história até as partes assustadoras chegarem, mas os personagens não são desenvolvidos o suficiente para nós realmente nos importarmos com eles, o contrário do que acontece, por exemplo, com “It: A Coisa”, onde 2 horas e 15 minutos são utilizados com maestria para que esses personagens sejam bem desenvolvidos antes do tempo de duração acabar, e ainda abrindo espaço para a sequência. Não se enganem, o filme não é ruim, de modo algum. Ele só poderia ter sido melhor. Sem brincadeira, se seguisse o modelo de antologia, ele poderia ser o novo “Creepshow” ou o novo “Contos do Dia das Bruxas”, porque tem bastante potencial e um material-base com uma legião de fãs afora. E o legal desse filme em particular é que ele é adequado até para públicos mais jovens. Não chega a ser tão assustador como um “Invocação do Mal”, mas também não é completamente desprovido de verdadeiro terror. O melhor jeito de descrever esse filme é: “Goosebumps” para adolescentes que não sabem onde começar no gênero de terror. Eu não me lembro de ter visto um pingo de sangue nas cenas de terror desse filme, pra falar a verdade, de tão leve que ele é. Mas o tipo de terror que os roteiristas queriam evocar não precisava de sangue jorrando pra funcionar, e graças à direção precisa do André Ovredal, essas cenas funcionam. Com sorte, teremos uma sequência para esse filme no futuro, e os personagens poderão ser mais desenvolvidos, pois há muito espaço para melhoras.
(Before this movie was announced, I never heard about the series of books that inspired it. Written by Alvin Schwartz in the 1980s and 1990s, it was quite controversial because some of its scenes were considered too disturbing for its target audience, and the illustrations, which are just as scary as the tales themselves, did not help at all. These stories terrified those who lived at the time of its release. And now, a few years later, comes the movie adaptation of some of these tales. Now, level with me: if the film is based on an anthology of disconnected short stories, it would make more sense if the movie itself was an anthology, right? But no, the six screenwriters (that's right, 6) choose to create an original story that connects the adapted stories. The moments where the stories are loosely adapted are truly scary, but the story we've got to put up with until such moments finally arrive lacks in development, for a film with almost 2 hours of running time. It's, partially, a good story, because it has a setting, which is the late 1960s, where Nixon was running for President and the Vietnam War was happening. This historical context helps us tolerate the story until the scary moments come, but the characters aren't well developed enough for us to really care about them, which is the opposite of what happens with “It”, for example, where 2 hours and 15 minutes are masterfully used to develop its characters before the film ends, with an open space for Chapter Two. Don't be mistaken. The film isn't bad, at all. It just could've been better. Honestly, if it followed the anthology format, it could've been the new “Creepshow” or the new “Trick 'r' Treat”, because it has tons of potential and a source material with lots of fans. And what's cool about this film in particular is that it's adequate for younger viewers. It's not as scary as a Conjuring film, but it doesn't lack in real horror. The best way to describe this film is: “Goosebumps” for pre-teens who don't know where to start off with the genre. I don't remember seeing one drop of blood in the scary scenes, actually, just to prove how light it is. But the kind of horror that the screenwriters wish to evoke doesn't need fountains of blood in order to work, and thanks to André Ovredal's precise direction, those scenes work. Luckily, we'll have a sequel to this movie in the near future, and the characters may be better developed, because there's plenty of space for improvement.)



É difícil falar dos personagens, porque como disse acima, o roteiro não os desenvolve muito bem, mas o elenco trabalha bem com o que é dado a eles. A Zoe Colletti é uma boa protagonista, ela é interessante, movimenta a trama do filme, o desenvolvimento dela é o mais aprofundado, se comparado com o restante dos personagens; e ela é uma das razões para que esse filme tenha e precise de uma continuação. O Michael Garza faz um personagem misterioso, cujo desenvolvimento é mais avançado, se comparado com os coadjuvantes, mas ainda assim, é um pouco frustrante. Nem toda piada que o personagem do Austin Zajur faz cola, mas isso não é culpa do ator, e sim do roteiro. Temos dois talentos desperdiçados aqui: Gabriel Rush, que participou de “Moonrise Kingdom” e “O Grande Hotel Budapeste”, que aqui, só serve para estar em perigo; e Austin Abrams, que roubou a cena em “Cidades de Papel”, que aqui, é reduzido a um bully completamente unidimensional. Temos alguns veteranos também, entre eles, Dean Norris, o Hank de “Breaking Bad”, que também é uma das razões para que haja uma continuação, pois eu quero saber mais sobre o personagem dele. Fazendo as criaturas assustadoras, temos o sempre ótimo Javier Botet (o Leproso de “It: A Coisa” e a personagem-título de “Mama”), Troy James e Mark Steger, e os três são merecidamente sinistros, graças às performances e ao trabalho de maquiagem e efeitos especiais, mas falaremos disso mais tarde.
(It's hard to talk about the characters, because as said above, the script doesn't develop them well enough, but the cast manages to work it out with what it's given to them. Zoe Colletti is a good protagonist, she's interesting, she moves the film forward, her development is the most well-done one, if compared to the rest of the characters; and she is one of the reasons why this film needs a sequel. Michael Garza plays a mysterious character, whose development is more advanced than the rest, but still, it's a bit frustrating. Not every joke that Austin Zajur's character does sticks, but that's not the actor's fault, it's the script. We have two wasted talents here: Gabriel Rush, who was in “Moonrise Kingdom” and “The Grand Budapest Hotel”, but he's just here to be in danger; and Austin Abrams, who stole the scene in “Paper Towns”, but here, he's reduced to a one-dimensional bully. We also have some veteran actors here, with Dean Norris, Hank from “Breaking Bad”, among them, who is also one of the reasons why this film needs to have a sequel, because I really want to know more about his character. As the scary creatures, we have the always great Javier Botet (the Leper from “It” and the title character from “Mama”), Troy James and Mark Steger, and the three are truly creepy, thanks to the actors's performances and to the make-up and special effects team, but we'll talk about that later on.)



Agora, vamos à melhor parte do filme: os aspectos técnicos. O visual do filme é muito bem feito, recriando de forma fiel a década em que o filme é ambientado. Os cenários e a fotografia noturna são típicas dos trabalhos anteriores do del Toro, em especial “O Labirinto do Fauno”. Há algumas cenas que lembram muito “A Maldição da Residência Hill”, pela atmosfera e pelo jogo de câmera. O visual das criaturas ficou extremamente fiel às controversas ilustrações de Stephen Gammell dos anos 80 e 90, e o mais impressionante é que foi usado muito pouco CGI (computação gráfica) para que esses personagens sejam feitos. A equipe de maquiagem e efeitos especiais (composta por pessoas que já trabalharam com o Guillermo del Toro em “Hellboy” e o vencedor do Oscar “A Forma da Água”) fez um sublime trabalho, transformando essas criaturas em combustível de pesadelos para uma nova geração de amantes do gênero. O design das criaturas me deixou muito interessado e muito animado para ver mais adaptações dessa série de livros. Não há nada de novo na trilha sonora, mas é operante, assim como o trabalho de som, que segue toda regra possível em filmes de terror.
(Now, let's talk about the best part of the film: the technical aspects. The visuals are really well done, faithfully recreating the decade it is set in. The sets and the nocturnal cinematography are typical of previous del Toro works, especially “Pan's Labyrinth”. There are some scenes here that reminded me of “The Haunting of Hill House”, because of its atmosphere and camera work. The visuals of the creatures are extremely faithful to Stephen Gammell's controversial illustrations from the 80s and 90s, and the most impressive thing is that very little CGI was used in order to create those creatures. The make-up and special effects team (composed by people that already worked with Guillermo del Toro in “Hellboy” and the Oscar-winning “The Shape of Water) did a sublime job, transforming these creatures into nightmare fuel for a whole new generation of genre lovers. The design of the creatures left me really interested and really excited to see more adaptations of this series of books. There's nothing new about the score, but it's operative, and so is the sound design, that follows every possible rule in the horror movie book.)



Resumindo, “Histórias Assustadoras para Contar no Escuro” é um filme mais leve, se comparado aos filmes de “Invocação do Mal”, por exemplo, mas ainda assim, graças à um elenco competente, um ótimo material-base e um fantástico trabalho técnico, serve como um bom entretenimento de terror, e como um bom ponto de partida para os mais jovens que desejam se adentrar no gênero!

Nota: 8,5 de 10!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Scary Stories to Tell in the Dark” is a lighter movie, if compared to the Conjuring movies, for example, but still, thanks to a competent cast, a great source material and a fantastic technical work, it serves as fine horror entertainment, and as a good starting point for the younger ones who wish to dive into the genre!

I give it a 8,5 out of 10!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)



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