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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre um dos filmes mais aguardados de 2022 para mim, o qual já está em exibição nos cinemas! Atualizando e intensificando com sucesso a metalinguagem, o humor autorreferente e a violência que marcaram a obra original, o filme em questão consegue ser, ao mesmo tempo, a melhor sequência de uma das franquias de terror mais icônicas de todos os tempos, e uma bela homenagem ao legado criado pelo falecido gênio que foi Wes Craven. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Pânico”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about one of 2022's most anticipated films for me, which is now playing on theaters! While successfully updating and intensifying the metalanguage, self-referential humor and violence that marked the original work, the film I'm about to review manages to be, at the same time, the best sequel in one of the most iconic horror franchises of all time, and a beautiful homage to the legacy created by the late genius that was Wes Craven. So, without further ado, let's talk about “Scream”. Let's go!)
25 anos após uma onda de assassinatos brutais aterrorizarem a cidadezinha pacata de Woodsboro, o filme acompanha Sam Carpenter (Melissa Barrera), uma jovem que se vê forçada a retornar à sua cidade natal e enfrentar seu passado sombrio, após sua irmã, Tara (Jenna Ortega), ter sido brutalmente atacada por uma pessoa usando o disfarce de Ghostface. Juntamente com Sidney Prescott (Neve Campbell), Gale Weathers (Courteney Cox) e Dewey Riley (David Arquette), Sam embarca em uma jornada perigosa para descobrir quem é o assassino, antes que mais pessoas sofram um terrível destino.
(25 years after a wave of brutal murders terrified the quiet town of Woodsboro, the film follows Sam Carpenter (Melissa Barrera), a young woman who sees herself being forced to return to her hometown and face her dark past, after her sister Tara (Jenna Ortega) is brutally attacked by a person wearing a Ghostface costume. Alongside Sidney Prescott (Neve Campbell), Gale Weathers (Courteney Cox) and Dewey Riley (David Arquette), Sam embarks on a dangerous journey to find out who the killer is, in order to prevent more people from suffering a terrible fate.)
Ok, para aqueles que ainda não sabem, eu sou um enorme fã da franquia “Pânico”. Inclusive, no início do ano passado, fiz um ranking dos quatro filmes lançados antes deste novo capítulo, em comemoração aos 25 anos da icônica obra original (você pode ler essa postagem aqui). E, assim como acontece com basicamente toda franquia que é resgatada por um novo elenco e uma nova equipe técnica, haviam muitas dúvidas sobre se um novo filme daria certo ou não, especialmente em respeito às pessoas atuando por trás da câmera.
Primeiramente, e o mais importante, este novo capítulo seria o primeiro que não seria dirigido pelo Wes Craven, já que, infelizmente, o diretor responsável pelo “A Hora do Pesadelo” original e pelos quatro filmes anteriores de “Pânico” faleceu em 2015, em decorrência de um tumor cerebral. Em segundo lugar, o filme não teria seu roteiro escrito pelo criador da franquia, Kevin Williamson (algo que já aconteceu em “Pânico 3”, o qual é considerado o mais fraco dos quatro filmes lançados). E, em terceiro lugar, o retorno dos atores originais da franquia, como Neve Campbell, Courteney Cox e David Arquette ainda não era uma certeza na época do anúncio do filme.
Felizmente, estas dúvidas foram se transformando em certezas surpreendentes com o passar do tempo. Em primeiro lugar, foi anunciado que a dupla de diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, responsável pelo excelente e subversivo “Casamento Sangrento”, de 2019, iria comandar o novo filme, que contaria com a produção executiva de Williamson, roteirista do filme original. Além disso, Guy Busick, um dos roteiristas do filme anterior de Bettinelli-Olpin e Gillett, também iria retornar para este novo capítulo na saga “Pânico”. Um elenco bem diversificado de jovens promissores foi sendo gradualmente escalado, e as dúvidas dos fãs desapareceram quase que completamente com o anúncio do retorno de Campbell, Cox e Arquette em seus papéis originais.
Eu, particularmente, estava MUITO animado para ver este novo “Pânico”, não só pelo fato de que Sidney, Gale e Dewey iriam retornar, mas especialmente por ter adorado “Casamento Sangrento” e admirado a proficiência e o sigilo dos diretores ao desenvolver o novo capítulo da franquia. Para quem não sabe, o filme fora filmado inteiramente durante a pandemia de COVID-19, e diferentes versões do roteiro foram escritas e filmadas, para evitar que o verdadeiro final da sequência seja “vazado” para o público (algo que já aconteceu no passado da franquia, com “Pânico 2” sendo o primeiro filme a ter seu desenvolvimento profundamente afetado por um vazamento). E além disso, a sequência completou sua pós-produção em junho de 2021, 7 meses antes do lançamento proposto.
Então, com expectativas altíssimas, que aumentaram ainda mais com as primeiras reações positivas ao longa, fui assistir ao filme ontem, e devo dizer que fiquei extremamente impressionado com a qualidade, a paixão e o cuidado que foi posto neste novo capítulo na franquia “Pânico”. Me atrevo a dizer que fiquei chocado até, algo que não aconteceu comigo numa sala de cinema por muito tempo. Me atrevo ainda mais a dizer que nem as melhores cenas de “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa” me deixaram tão boquiaberto e arrepiado quanto algumas cenas nesta sequência.
Ok, com isso dito, vamos falar sobre o roteiro. Os roteiristas Guy Busick e James Vanderbilt conseguem fazer duas coisas ao mesmo tempo aqui, de forma primorosa: atualizar e amplificar todas as qualidades que marcaram o roteiro de Williamson no filme original, como a metalinguagem, o humor autorreferente e a violência; e replicar a manipulação das emoções do espectador originada no primeiro “Pânico”, nos surpreendendo e chocando da melhor maneira possível com o desenrolar da narrativa, e servindo como uma bela homenagem ao legado que Wes Craven ajudou a criar com a obra original.
A primeira qualidade que gostaria de destacar sobre o roteiro é que, assim como seu assassino icônico, a narrativa de Busick e Vanderbilt é maravilhosamente imprevisível, de modo que os roteiristas frequentemente brincam com as expectativas e previsões do espectador, e este “jogo” que acontece entre nós e os roteiristas é uma das melhores qualidades da franquia como um todo. Nós suspeitamos de várias pessoas durante o filme inteiro, pelas mais variadas razões, e na grande maioria das vezes, Busick e Vanderbilt deixam pequenos detalhes que fundamentam essas suspeitas, só para desmenti-las da maneira mais surpreendente e chocante possível no decorrer da trama, o que é simplesmente incrível.
Em segundo lugar, gostaria de destacar o quão bem escritos são os novos personagens, e o quão bem eles combinam com os arquétipos dos personagens adolescentes do filme original. Temos a protagonista (ou final girl), o interesse amoroso, o bad boy, o alívio cômico, a scream queen (ou “rainha dos gritos”), a cinéfila, o casal de jovens populares, o parente da policial local, entre outros, e a coisa mais impressionante que Busick e Vanderbilt conseguem fazer é conectar estes novos personagens ao legado dos filmes anteriores, relacionando-os à personagens apresentados nos outros 4 filmes. Gostei de como a apresentação dos personagens funciona tanto como um exercício nostálgico quanto como uma maneira de introduzir este universo para uma nova geração de espectadores.
Em terceiro lugar, eu gostaria de destacar a tensão e a violência presentes ao longo do filme. Há uma sequência em particular onde há um uso primoroso de fotografia, montagem, design de som e trilha sonora para fazer com que o espectador fique sempre inquieto em seu assento, e funciona. Há também presente, nesta mesma sequência, uma desconstrução brilhante desta tensão, que consegue servir como um alívio cômico, e eu achei isso bem interessante. Posso dizer com tranquilidade que “Pânico” (ou “Pânico 5”, para não confundir com o original) é o filme mais violento da franquia até agora, contando com mortes inventivas, sangrentas e brutais que, particularmente, me deixaram boquiaberto.
Em quarto lugar, gostaria de destacar o senso de humor autorreferente, que já é marca registrada da franquia desde o filme original. Eu gostei de como ele sempre foi sendo atualizado para combinar com o estado e a situação da cultura pop e dos fãs na época de lançamento destes filmes. O primeiro teve seu senso de humor construído a partir da revitalização do gênero slasher e a subversão de seus clichês; o segundo, a partir da discussão que sequências são melhores que filmes originais; o terceiro, a partir do aumento no número de riscos no último filme de uma trilogia, de modo que ninguém está seguro; o quarto, a partir da ideia recorrente de remakes e vídeos virais.
E agora, o quinto filme lida com vários aspectos relevantes na cultura pop de hoje em dia: a revitalização de franquias antigas através de “sequências-legado” (por exemplo, o que aconteceu com “Star Wars: O Despertar da Força” e com “Ghostbusters: Mais Além”, onde é contada uma história relativamente nova, mas que são incluídos vários aspectos que inserem o filme dentro de uma cronologia já estabelecida); a natureza tóxica e, muitas vezes, extrema de certas comunidades de fãs; o desprezo destes fãs em relação à constante falta de ideias de Hollywood, que muitas vezes leva os estúdios a reinventarem filmes icônicos sob uma lente extremamente bizarra; o duelo onipresente entre terror mainstream (“Jogos Mortais”, “Invocação do Mal”, e “Halloween”) e terror elevado (“O Babadook”, “Hereditário”, “Midsommar” e “A Bruxa”); entre muitos outros temas. Gostei bastante de como os roteiristas conseguiram atualizar os temas recorrentes da franquia para os dias atuais.
E em último lugar, temos as referências e easter eggs em respeito ao legado que foi criado e estabelecido ao longo destes 25 anos. Locações icônicas revisitadas; referências brilhantes, melancólicas e nostálgicas à personagens marcantes dos filmes anteriores, falecidos ou não; enquadramentos replicados de forma quase perfeita e extremamente fiel à cenas que foram executadas da mesma maneira em algum filme anterior, e em um contexto similar. Há duas sequências em particular que gostaria de destacar: a cena de abertura, a qual é a melhor e a mais tensa desde o original de 1996, com Drew Barrymore; e uma cena onde há uma festa, a qual pode ter um duplo sentido bem significativo e simbólico para fãs dos 4 filmes anteriores.
Ou seja, resumindo, o quinto filme da franquia “Pânico” é uma atualização brilhante das marcas registradas estabelecidas há 25 anos, contando com um elenco diversificado e bem desenvolvido de personagens novos, mortes inventivas e ultraviolentas, reviravoltas chocantes e surpreendentes, um senso de humor autorreferente atual e relevante para os dias de hoje e um punhado de referências aos quatro filmes anteriores, com o objetivo de criar uma belíssima homenagem ao verdadeiro mestre dos slashers que foi Wes Craven. Descanse em paz, Wes.
(Okay, for those who still don't know, I'm a massive fan of the “Scream” franchise. As a matter of fact, in early 2021, I wrote a ranking of the four films that had been released before this new chapter, in celebration of the iconic original work's 25th anniversary (you can read it right here). And, just like it happens with practically every franchise that's rebooted with a new cast and a new technical crew, there were a lot of doubts whether if a new film would work or not, especially when it came to the people behind the camera.
Firstly, and most importantly, this would be the first film not to be directed by Wes Craven, as, unfortunately, the director of the OG “A Nightmare on Elm Street” and the first four “Scream” films passed away in 2015, because of a brain tumor. Secondly, the film's screenplay would not be written by the franchise's creator, Kevin Williamson (something that already happened in “Scream 3”, which is widely considered to be the weakest film in the franchise). And, thirdly, the return of the franchise's original actors, such as Neve Campbell, Courteney Cox and David Arquette, wasn't a complete certainty at the time of the film's announcement.
Fortunately, these doubts slowly transformed into surprising certainties as time went by. Firstly, it was announced that directing duo Matt Bettinelli-Olpin and Tyler Gillett, responsible for the excellent and subversive “Ready or Not”, from 2019, would helm the new film, which would rely on the executive production of Williamson, who wrote the original film. Besides that, Guy Busick, one of the screenwriters responsible for Bettinelli-Olpin and Gillett's previous film, would also return for this new chapter in the “Scream” franchise. A very diversified cast of promising youngsters gradually took form, and fans' doubts disappeared almost completely with the announcement of Campbell, Cox and Arquette's return to their original roles.
I was, particularly, VERY excited to see this new “Scream” movie, not only because Sidney, Gale and Dewey would return, but also because I loved “Ready or Not” and admired the directors' proficiency and secrecy when developing this new chapter in the franchise. To those who don't know, the film was entirely filmed during the COVID-19 pandemic, and different versions of the screenplay were written and filmed in order to prevent the sequel's real ending from being revealed and leaked to the public (something that already happened in the franchise's past, with “Scream 2” being the first film to have its production deeply affected by a leak). And besides that, the sequel had completed post-production in June 2021, 7 months before its proposed release date.
So, with really high expectations, which became even higher due to the positive first reactions to the sequel, I watched the film yesterday, and I must say I was extremely impressed with the amount of quality, passion and care that was put into this new chapter in the “Scream” franchise. I dare to say I was even shocked, something that hasn't happened to be for a long time in a movie theater. I dare even further when I say that not even the best and most exhilarating scenes in “Spider-Man: No Way Home” left me as gobsmacked and thrilled as some scenes in this sequel. I mean, it's that level of good.
Okay, with that said, let's talk about the screenplay. Screenwriters Guy Busick and James Vanderbilt manage to do two things at the same time here, in a rather masterful way: they manage to update and amplify every quality that marked Williamson's screenplay in the original film, such as the metalanguage, the self-referential sense of humor and the gory violence; and replicate the manipulation of the viewer's emotions, established in the original “Scream”, surprising and shocking us in the best way possible with the narrative's unraveling, serving as a beautiful homage to the legacy Wes Craven helped creating with the original film.
The first quality I'd like to highlight about the screenplay is that, much like its iconic killer, Busick and Vanderbilt's narrative is wonderfully unpredictable, in a way that the screenwriters frequently play with the viewer's expectations and predictions, and this “game” that happens between us and the screenwriters is one of the best qualities in the franchise as a whole. We become suspicious of several people throughout the entirety of the film, and in the great majority of times, Busick and Vanderbilt leave small details that are fundamental to these suspicions, only for the writers to debunk them in the most spectacular and shocking way possible throughout the plot, which is simply amazing.
Secondly, I'd like to highlight how well-written these new characters are, and how well they end up fitting into the archetypes of the teenage characters in the original film. We have the protagonist (or final girl), the love interest, the bad boy, the comic relief, the scream queen, the film buff, the popular young couple, the one that's related to a local police officer, and so it goes, and the most impressive thing that Busick and Vanderbilt manage to do is that they connect these new characters to the legacy established in the previous films, relating them to characters introduced in the past 4 films. I enjoyed how the characters' introduction works both as a nostalgic exercise and a way to introduce this universe to a whole new generation of viewers.
Thirdly, I'd like to highlight the tension and the violence that are present throughout the film. There's a particular sequence where there's a masterful combo of cinematography, editing, sound design and musical score, executed in order to make the viewers feel uneasy in their seats, and it works. There's also, in this very same sequence, a brilliant deconstruction of that tension, which manages to serve as a comic relief, and I thought that was quite interesting. I can safely say that “Scream” (or “Scream 5”, in order to not get mixed up with the OG) is the most violent film in the franchise to date, relying on inventive, bloody and brutal deaths that, particularly, left my jaw dropped to the floor.
In fourth place, I'd like to highlight the film's self-referential sense of humor, which is one of the franchise's bedrocks, ever since the original film. I enjoyed how it kept always being updated, in order to match pop culture and fandom's state and situation at the films' time of release. The first one had its sense of humor built upon the revitalization of the slasher genre and the subversion of its clichés; the second one, upon the argument that sequels might be better than the original films; the third one, upon the increase in the number of stakes in the final film in a trilogy; the fourth one, upon the idea of remakes and viral videos.
And now, the fifth film deals with several aspects that are relevant and proeminent in today's pop culture: the resurrection of old franchises through “legacy sequels” (for example, what happened in films like “Star Wars: The Force Awakens” and “Ghostbusters: Afterlife”, where a relatively brand-new story is told, but that ends up including several narrative aspects that insert these films into a mythology that's already established); the toxic and, frequently, extreme nature of some fan communities; the despise of such fans towards Hollywood's constant lack of ideas, which leads the studios to reinvent iconic films under an extremely nonsensical lens; the ever-present duel between mainstream horror (“Saw”, “The Conjuring”, and “Halloween”) and elevated horror (“The Babadook”, “Hereditary”, “Midsommar” and “The VVitch”); among many other themes. I really liked how the screenwriters managed to update the franchise's recurring themes to our times.
And in last place, we have the references and easter eggs directed towards the legacy that was created and established in the past 25 years. Iconic locations that are revisited; brilliant, melancholic and nostalgic references to specific characters from previous films, both dead and alive; frames that are replicated in an almost perfect and extremely faithful way to scenes that were executed in the same way in any of the previous films, under a similar context. There are two particular sequences I'd like to highlight: the opening scene, which is the best and most tense one since the original film in 1996, with Drew Barrymore; and a scene where there's a party, which could contain a significant and symbolic double meaning for fans of the four previous films.
Meaning that, to put it short, the fifth film in the “Scream” franchise is a brilliant update of the benchmarks established 25 years ago, relying on a diverse, well-developed cast of new characters, inventive and ultraviolent deaths, shocking and surprising plot twists, a self-referential sense of humor that's current and relevant to today's times and a handful of references to the four previous films, in order to create a beautiful homage to the true slasher master that was Wes Craven. Rest in peace, Wes.)
A equipe de escalação fez um ótimo trabalho ao misturar novos e promissores atores com aqueles que já são conhecidos pelo público em geral. Eu mesmo nem conhecia grande parte dos atores adolescentes deste novo filme, e a grande maioria deles conquistou meu coração. Eu não tinha ficado impressionado com a atuação da Melissa Barrera em “Em um Bairro de Nova York”, onde para mim, sua personagem não era nada além de um interesse amoroso para o protagonista. Mas, felizmente, eu amei o desenvolvimento dela aqui. O jeito que a atriz lida com o trauma que assombra sua personagem ao longo da trama é crível, e é a principal âncora emocional do filme.
Outro destaque fica com a Jenna Ortega, cujo desenvolvimento ultrapassou completamente minhas expectativas, da maneira mais positiva possível. Ela é uma scream queen perfeita para essa nova geração, e, para mim, a escolha ideal para ser a nova protagonista da franquia, caso alguma outra sequência seja lançada (algo que eu, particularmente, espero que não aconteça, pois a conclusão deste filme foi extremamente satisfatória para mim. Mas, se o roteiro for tão bom como esse, pra mim, tá valendo). Eu, em especial, gostei muito da capacidade emocional da atriz, que é bem evoluída para alguém de sua idade. Mal posso esperar para vê-la como Wednesday Addams na série da Família Addams da Netflix, dirigida por Tim Burton.
Dou destaques também para a Jasmin Savoy Brown, que interpreta aqui o papel de cinéfila assumido por Randy e Kirby nos filmes anteriores. Ela é, de longe, a melhor personagem do filme, assim como a Kirby foi a melhor personagem de “Pânico 4”. O Jack Quaid é o alívio cômico da vez, e grande parte das piadas dele funciona. O Dylan Minnette é o nerd do grupo, e a conexão dele com os personagens dos filmes anteriores é impressionante e engraçada. O Mason Gooding e a Sonia Ben Ammar têm personagens menos desenvolvidos, mas conseguimos criar simpatia com eles, devido ao carisma dos atores. A Mikey Madison tem uma dinâmica muito boa com a Jenna Ortega. A química entre as duas nos faz pensar que elas realmente são melhores amigas. O Kyle Gallner consegue exalar uma aura ameaçadora com perfeição, o que é basicamente essencial para um papel de bad boy.
Agora, saindo dos personagens novos e indo para a velha guarda, temos performances muito competentes de Neve Campbell, Courteney Cox, David Arquette, Marley Shelton e Heather Matarazzo. Dou um destaque especial para Arquette, que conseguiu injetar muita profundidade e amargura no Dewey dessa vez, com o objetivo dele na trama indo além de impressionar a personagem de Cox e em direção à uma veia mais pessoal. Ele é, ao mesmo tempo, protetor e recluso, e Arquette consegue trabalhar com essa dualidade de forma perfeita. Como sempre, a química entre Campbell e Cox é afiadíssima e sarcástica, sendo um dos melhores alívios cômicos do filme. E, por último, temos a Marley Shelton, que consegue equilibrar muito bem uma personalidade leve e divertida com a preocupação de uma mãe por seu filho.
(The casting team did a great job in mixing new and promising faces with those that are already known to the general public. I, myself, was unaware of most of this new film's young actors, and the great majority of them has won over my heart. I wasn't impressed with Melissa Barrera's performance in “In the Heights”, where, to me, her character was nothing but a love interest to the protagonist. But, fortunately, I loved her development here. The way the actress deals with the trauma that haunts her character thoughout the plot is believable, and ends up as the film's main emotional anchor.
Another highlight stays with Jenna Ortega, whose development completely surpassed my expectations, in the most positive way possible. She's a perfect scream queen for this new generation and, to me, the ideal choice to be the franchise's new protagonist, if some other sequel finds its way into the light (something I, particularly, hope doesn't happen, as this film's conclusion was completely satisfying for me. But, if the script ends up being as good as this one, I'm all in). I, especially, really liked the actress's emotional range, which is pretty evolved for someone her age. I can't wait to see her as Wednesday Addams in the Netflix Addams Family series, which will be directed by Tim Burton.
I also want to give props to Jasmin Savoy Brown, who plays here the role of film buff that was occupied by Randy and Kirby in previous films. She is, by far, the film's best character, just like Kirby was the best character in “Scream 4”. Jack Quaid is this film's comic relief, and most of his jokes land, thankfully. Dylan Minnette is the group's nerd, and his character's connection to previous films' characters is impressive and funny. Mason Gooding and Sonia Ben Ammar have less developed characters, but we manage to care for them, due to the actors' charisma. Mikey Madison has a really good dynamic with Jenna Ortega. The chemistry between the two of them makes us actually believe they're best friends. Kyle Gallner manages to exhale a threatening aura with perfection, which is basically essential for a bad boy role.
Now, out of the new faces and in with the old school crew, we have really competent performances by Neve Campbell, Courteney Cox, David Arquette, Marley Shelton and Heather Matarazzo. I give a special highlight to Arquette, who managed to inject lots of depth and bitterness into Dewey this time around, with his objective in the plot going beyond making an impression on Cox's character and more towards a personal motive. He's simultaneously protective and reclusive, and Arquette manages to perfectly deal with this duality. As always, the chemistry between Campbell and Cox is razor-sharp and highly sarcastic, serving as one of the film's best sources of comic relief. And, lastly, we have Marley Shelton, who manages to balance a light and fun personality with the preoccupation a mother has towards her son really well.)
Nos aspectos técnicos, a equipe técnica de “Pânico” encontra uma das melhores maneiras de prestar homenagem ao legado criado há 25 anos por Wes Craven e Kevin Williamson. Há um trabalho em conjunto primoroso entre a direção de fotografia do Brett Jutkiewicz, a montagem do Michel Aller, o design de som e a trilha sonora instrumental do Brian Tyler. Estes quatro aspectos em especial têm um objetivo em comum: fazer com que as cenas envolvendo o Ghostface sejam super tensas, em um nível onde o espectador evita até se mexer no assento, com medo de estragar a experiência dos outros. Eu me atrevo até a comparar a tensão neste filme com a de “Um Lugar Silencioso”, no nível de roer as unhas mesmo, e é tão eficaz aqui quanto foi no filme de 2018.
São utilizadas tomadas mais prolongadas, quase sem cortes, com a câmera acompanhando as expressões faciais dos personagens, e suas reações no decorrer da cena, algo que, pra mim, é muito mais eficaz do que somente cortar para um outro plano ou ângulo. Eu gostei bastante de como os jumpscares não foram previsíveis, algo que acontece, em grande parte, por causa da proeza técnica executada em tela, o que é muito bom. O trabalho técnico também mostra um ótimo desempenho ao recriar cenas e enquadramentos icônicos nos filmes anteriores, da maneira mais fiel possível, o que fortalece o sentimento de nostalgia proeminente no filme.
A direção de arte encontra diversas e criativas maneiras de inserir vários easter eggs dos primeiros quatro filmes em muitas das cenas desta sequência. Recomendo que assistam à franquia inteira antes de assistir a este novo filme, porque entender estas referências é parte da diversão de assistir à uma “sequência-legado” como “Pânico”. “Star Wars”, “Halloween” e “Caça-Fantasmas” estão aí só para provar isso. Há um trabalho excelente de maquiagem e efeitos práticos aqui, em especial nas cenas de violência, onde o grotesco anda sobre uma linha muito tênue entre realista e estilizado, e consegue convencer nas duas vertentes, o que é incrível.
E, por fim, temos a trilha sonora original do Brian Tyler, que consegue andar no mesmo percurso que o compositor Marco Beltrami traçou nos filmes anteriores. É um trabalho essencialmente atmosférico, sendo um dos aspectos principais para construir a tensão que o filme propõe em entregar, e Tyler acerta em cheio nessa questão. Eu gostei bastante do uso da canção “Fall Out of Love”, da banda Salem, nos créditos finais, pela vibe dos anos 1990 que ela exala, me fazendo lembrar não só dos próprios filmes da franquia “Pânico”, mas também da canção-tema de “Buffy: A Caça-Vampiros”, que também foi exibida nos anos 1990.
(In the technical aspects, the crew of “Scream” finds one of the best ways of paying homage to the legacy created 25 years ago by Wes Craven and Kevin Williamson. There's a wonderful combo work here between Brett Jutkiewicz's cinematography, Michel Aller's editing, the sound design and Brian Tyler's original score. These four particular aspects have one common objective: to make the scenes involving Ghostface to be as tense as they can possibly be, to the point where the viewer is even scared to move around their seat, fearing it'll ruin everyone else's experience. I even dare in comparing the tension in this film to that of “A Quiet Place”, to the nail-biting level, and it's as effective here as it was in the 2018 film.
More prolonged shots are used here, with almost no cuts between them, with the camera following the characters' facial expressions, and their reactions throughout the scene, something that, to me, is far more effective than just cutting to a different shot or angle. I really enjoyed how the jumpscares weren't predictable, something that happens, in great part, due to the technical prowess displayed onscreen, which is really good. The technical work also delivers a great performance when recreating iconic scenes and shots from previous films, in the most faithful way possible, which strengthens the nostalgic feeling that's proeminent throughout the film.
The art direction and production design finds diverse and creative ways to insert several easter eggs from the first four films in various scenes in this sequel. I recommend watching the entire franchise before watching this new one, because understanding these references is part of the fun of watching a “legacy sequel” like “Scream”. “Star Wars”, “Halloween” and “Ghostbusters” are only here to prove that point. There's an excellent work of makeup and practical effects here, especially when it comes to the violent scenes, where the gore walks across a thin line between realistic and stylized, and manages to be convincing as both of them, which is amazing.
And, at last, we have Brian Tyler's original score, which manages to walk in the same steps that composer Marco Beltrami blazed through in the previous films. It's an essentially atmospheric work, being one of the main instruments to use in order to build the tension the film plans on delivering, and Tyler hits the jackpot at that particular point. I really enjoyed the use of the song “Fall Out of Love”, by the band Salem, in the final credits, because of the '90s vibe it exhales, which not only reminded me of the films in the “Scream” franchise, but also of the theme song for “Buffy: The Vampire Slayer”, which was also broadcast in the 1990s.)
Resumindo, o quinto filme da franquia “Pânico” é o melhor capítulo desde o original, de 1996, conseguindo atualizar e amplificar todas as qualidades e marcas registradas estabelecidas por Wes Craven e Kevin Williamson. Graças à uma direção certeira, um roteiro subversivo e socialmente relevante, um elenco extremamente talentoso e um uso primoroso de seus aspectos técnicos, este novo “Pânico” serve tanto como uma bela homenagem ao legado deixado pelo falecido Craven, quanto como uma porta de entrada para uma nova legião de fãs em potencial.
Nota: 10 de 10!!
É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, the fifth film in the “Scream” franchise is the best installment since the original one, from 1996, managing to update and amplify every quality and benchmark established by Wes Craven and Kevin Williamson. Thanks to a razor-sharp direction, a subversive and socially relevant screenplay, an extremely talented cast and a wonderful use of its technical aspects, this new “Scream” serves both as a beautiful homage to the legacy left behind by the late Craven, and as a doorway for a whole new generation of potential fans.
I give it a 10 out of 10!!
That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)
👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏
ResponderExcluirVc + uma vez foi certeiro nos seus comentários, mostrou realmente q entende pra karamba d filmes! Parabéns JP
ResponderExcluirShow!
ResponderExcluirAplausos, JP!!
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