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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para trazer a primeira resenha de 2022, sobre um dos últimos lançamentos do ano passado! Mesmo repetindo alguns erros do seu ótimo antecessor, o filme em questão consegue superar seus maiores obstáculos, em termos de roteiro e desenvolvimento de personagens, para entregar uma sequência mais amadurecida, emocionante e diversificada. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Turma da Mônica: Lições”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to bring you the first review of 2022, on one of last year's final film releases in Brazil! Even though it repeats some of its great predecessor's mistakes, the film I'm about to review manages to overcome its greatest obstacles, when it comes to writing and character development, in order to deliver a more matured, emotional and diverse sequel. So, without further ado, let's talk about “Turma da Mônica: Lições”. Let's go!)
Após não terem feito a lição de casa, Mônica (Giulia Benite), Cebolinha (Kevin Vechiatto), Magali (Laura Rauseo) e Cascão (Gabriel Moreira) decidem cabular aula e fugir da escola. Por consequência, um acidente envolvendo Mônica acontece, forçando os pais dos quatro amigos a reavaliarem a amizade próxima deles. A “Dona da Rua” é, então, transferida para outra escola, separando a Turma do Bairro do Limoeiro. Agora distantes, os quatro amigos terão que enfrentar as consequências de suas ações e os obstáculos iminentes da mudança e do amadurecimento, sozinhos.
(After they leave their homework undone, Monica (Giulia Benite), Jimmy Five (Kevin Vechiatto), Maggy (Laura Rauseo) and Smudge (Gabriel Moreira) decide to skip class and run away from school. As a consequence, an accident involving Monica takes place, forcing the four friends' parents to reevaluate their close friendship. The “Ruler of the Street” is, then, transferred to another school, separating the Gang from the Lemon Tree Street. Now apart from each other, the four friends will have to face the consequences of their actions and the imminent obstacles of change and coming-of-age, alone.)
Eu cresci lendo os gibis da Turma da Mônica, então, é claro que eu estava animado para ver “Turma da Mônica: Lições”, especialmente depois de ter amado o que o diretor Daniel Rezende fez no filme live-action anterior, “Turma da Mônica: Laços”, lançado em 2019 (inclusive, há uma resenha dele aqui). Depois de ter descoberto que Rezende iria voltar para comandar a sequência, fiquei instantaneamente animado para ver “Lições”, pois dava pra ver no primeiro filme que ele entendia e amava aquele universo criado pelo Mauricio de Sousa. Essa paixão do diretor foi uma das melhores coisas de “Laços”, por ela ter despertado um sentimento delicioso de nostalgia para aqueles que cresceram lendo os gibis da Turma.
Uma das coisas que mais atiçou a minha curiosidade por “Turma da Mônica: Lições” era como os roteiristas iriam lidar com o amadurecimento dos quatro protagonistas, pois, diferentemente dos atores, que cresceram bastante entre um filme e outro, os personagens não envelhecem visivelmente na trilogia de graphic novels escrita por Vitor e Lu Cafaggi, na qual os filmes se inspiram. A inserção de personagens mais crescidos na trama da sequência, como a turma jovem adulta liderada pela Tina e pelo Rolo, me pareceu uma solução para esse problema, já que, no material promocional, a personagem interpretada por Isabelle Drummond iria ser uma espécie de guia pelo amadurecimento da protagonista.
Então, com expectativas altas, que aumentaram ainda mais pela ótima recepção da crítica à sequência, fui assistir ao filme na Véspera de Ano Novo, e fico muito feliz em dizer que, embora o longa repita alguns erros cometidos pelo primeiro filme, “Turma da Mônica: Lições” supera seu antecessor com uma narrativa mais amadurecida, emocionante e diversificada, melhorando em vários aspectos que foram deixados de lado em “Laços” e colaborando cada vez mais para a construção de seu próprio universo cinematográfico à la Marvel e DC.
Ok, com isso dito, vamos falar sobre o roteiro. Escrito por Thiago Dottori (roteirista de Laços) e Mariana Zatz, a narrativa de “Turma da Mônica: Lições” já acerta por fazer seus temas principais serem o amadurecimento e a mudança, e as consequências que vêm em detrimento de ambos. Em aspectos de tom, é um filme bem mais sério, em comparação ao anterior. Não é 100% um drama, porque afinal, isso é Turma da Mônica, mas há um número considerável de cenas mais emocionalmente exigentes que permitem que os atores, em especial os mirins, evoluam em suas técnicas de atuação.
Novamente, o roteiro faz um ótimo trabalho em fazer com que a dinâmica e a amizade entre os quatro protagonistas seja o foco emocional principal do filme. Essa decisão criativa fica bem evidente ao ver os personagens falando sobre seus amigos, presente em várias nuances sutis impressas na performance física e na entrega de diálogos dos atores. Dá para sentir a falta que eles sentem de estarem um com o outro através das performances de Benite, Vechiatto, Rauseo e Moreira. Eles conseguem fazer com que nós, espectadores, acreditemos na amizade entre os quatro com primor, algo que já era evidente em “Laços”, e o roteiro de Dottori e Zatz só reforça isso, o que é maravilhoso.
A estrutura narrativa do roteiro é bem básica, provavelmente porque se trata de um filme infantil, mas carrega uma mensagem bem reconfortante e atemporal sobre amizade e união. Eu gostei de como os problemas e dilemas pessoais de cada um dos quatro protagonistas foram abordados ao longo da trama, e como, lentamente, eles vão começando a superar estes obstáculos juntos, na presença um do outro. Seria algo do tipo “a união faz a força”, conceito que já foi amplamente usado em uma multidão de filmes de diferentes gêneros, mas que acaba caindo como uma luva na narrativa elaborada por Dottori e Zatz.
Outro destaque e melhoria da sequência, em termos de roteiro, fica com a presença e o desenvolvimento de personagens coadjuvantes na trama. Ao contrário de “Laços”, que priorizou a dinâmica contrastante entre Mônica e Cebolinha, em “Lições”, há cenas dedicadas ao dia a dia individual dos quatro protagonistas, e aos novos amigos que eles vão fazendo pelo caminho. Personagens como Marina, Milena, Nimbus, Humberto e Do Contra dão as caras aqui, e o melhor é que eles não são tratados como aparições especiais ou referências, como foi com o Xaveco e o Jeremias no filme anterior. Dottori e Zatz injetam os personagens secundários da trama com basicamente a mesma quantidade de personalidade presente nos personagens-título, o que foi uma mudança muito bem-vinda.
Outra jogada de mestre feita pelos roteiristas foi a relação quase intrínseca entre a narrativa de “Turma da Mônica: Lições” e a tragédia clássica de Romeu e Julieta, que interpreta um papel chave na trama da sequência. Eu adorei a maneira com que o roteiro consegue encaixar cada arquétipo dos personagens principais da obra de Shakespeare na personalidade de certos personagens da Turma e do universo de Mauricio de Sousa. Algo que só reforça essa conexão entre as obras é a decisão de Dottori e Zatz de fazer com que a separação dos quatro amigos afete também a relação entre os pais das crianças, algo que é claramente evidente em Romeu e Julieta, já que o conflito principal da obra é entre duas famílias. Isso colabora para um maior desenvolvimento dos personagens adultos presentes na trama, algo que não se fez presente no filme anterior.
Todas as vantagens citadas acima permitem que “Turma da Mônica: Lições” seja um filme mais amadurecido, emocionante e evoluído, em relação ao original, mas, infelizmente, não é perfeito. O roteiro da sequência repete alguns dos erros mais evidentes em “Laços”, e são obstáculos que os roteiristas e a direção precisam superar para que estes filmes agradem a um público maior e mais amadurecido do que o seu alvo principal. Estas mudanças, se bem feitas, podem ser capazes de transformar essa franquia em potencial em um “Os Goonies” brasileiro, algo que entretenha crianças e adultos simultaneamente, ao invés de um “Patrulha Canina” ou qualquer outra obra mais direcionada à um público majoritariamente infantil.
Por exemplo, o senso de humor. Houveram alguns momentos que me fizeram rir bastante, especialmente em relação à um personagem bem específico, mas há uma certa “infantilização” na abordagem da história de “Lições” que pode até ter funcionado em “Laços”, já que era o primeiro filme e os atores estavam mais novos. Infelizmente, essa mesma pegada não combina com os temas de amadurecimento e crescimento presentes na sequência. Eu sei o que vocês podem dizer: “Ah, mas é um filme infantil, foi feito pras crianças”. E para isso, eu digo: as crianças não vão assistir ao filme no cinema sozinhas, vão? Assim como a narrativa, o senso de humor destes filmes em live-action precisa de um amadurecimento para ir além de seu público-alvo e agradar também, de forma eficiente, a “velha guarda” de fãs da Turminha que cresceu lendo os gibis.
Outro exemplo de como o roteiro esquece de agradar a um público mais velho e amadurecido fica com a falta de lógica e realismo de algumas cenas. Isso não só diminui a credibilidade e a fidelidade à própria mitologia criada nos quadrinhos daquilo que está sendo mostrado em tela, como também previne que o efeito emocional de algumas cenas atinja seu potencial máximo. E, para falar mais a fundo sobre isso, preciso fazer uso de alguns leves SPOILERS, então, se você não quiser saber de nenhum detalhe antes de assistir ao filme, é melhor pular esses parágrafos seguintes. Se você não se importa, leia por sua própria conta e risco.
------------------------------------------------- [SPOILERS] --------------------------------------------------------
Há duas sequências em particular que exemplificam perfeitamente esta falta de lógica no roteiro de Dottori e Zatz. A primeira seria uma cena onde Mônica é provocada por um valentão mais alto e mais velho que ela na nova escola, e para rebater, ela decide dar uma coelhada nele. Não só o valentão consegue impedir com que a protagonista dê a coelhada, como também rouba o Sansão das mãos dela, e ela não faz NADA a respeito. Para uma personagem que promete ser um modelo de empoderamento por sua força e coragem, o roteiro cometeu um deslize tremendo com a protagonista, deixando entender que toda a força da Mônica reside apenas no Sansão, o que contradiz completamente a personalidade da personagem nos quadrinhos.
Outro exemplo seria uma cena, perto da conclusão do filme, onde os quatro se reencontram depois de algum tempo separados. É uma cena que pretende ser o pico emocional de “Lições” e, em parte, funciona, pela capacidade dos atores e pela proeza técnica exibida na sequência. Mas, considerando a temporalidade do longa-metragem, os quatro personagens não ficaram distantes por muito tempo para que esse reencontro seja uma verdadeira maré de emoções. Do jeito que a cena é apresentada, parece que a Mônica tinha sido sequestrada ou algo do tipo para que todos desabassem do jeito que fizeram. Então, pelo menos, no meu ponto de vista, houve um certo exagero na construção dessa cena, considerando a temporalidade da trama de “Turma da Mônica: Lições”.
--------------------------------------- [FIM DOS SPOILERS] -----------------------------------------------------
Felizmente, estes foram os únicos tropeços dessa ótima narrativa, a qual evoluiu bastante do primeiro filme para a sequência, apresentando personagens novos, temáticas bastante interessantes para seu público-alvo e uma constante expansão de sua mitologia, estabelecida nos quadrinhos de Mauricio de Sousa. Façam a si mesmos um favor e fiquem até o meio dos créditos, porque há uma pequena sequência que dá uma dica do futuro da franquia, e que será um verdadeiro deleite para quem é fã de carteirinha do universo criado pelo nosso Stan Lee brasileiro. É isso.
(I grew up reading the Monica's Gang comic books in Brazil, so, of course I was excited to watch their new film, “Turma da Mônica: Lições”, especially after I fell in love with what director Daniel Rezende did in the previous live-action film, “Turma da Mônica: Laços”, released in 2019 (by the way, you can read my review on it right here). After I found out that Rezende would return to helm the sequel, I was instantly excited to watch “Lições”, as you could see in the first film that he understood and loved that universe created by Mauricio de Sousa. That passion from the director was one of the best things about “Laços”, as it awakened a delicious feeling of nostalgia in those who grew up reading these comics.
One of the things that made my curiosity grow higher in regards to “Turma da Mônica: Lições” was in how the screenwriters would deal with the four protagonists coming of age, because, unlike the actors, who grew up significantly between one film and another, the characters don't visibly age in the graphic novel trilogy authored by Vitor and Lu Cafaggi, which inspired these films. The insertion of more mature characters in the sequel's plot, such as the young adult group led by Tina and Curly, seemed like a solution to that problem, as seen that, in the film's promotional material, Isabelle Drummond's character would serve as some sort of guide through the protagonist's coming-of-age.
So, with very high expectations, which became even higher due to the sequel's great critical reception, I watched the film on New Year's Eve, and I'm really glad to say that, even though it repeats some of the first film's mistakes, “Turma da Mônica: Lições” surpasses its predecessor with a more mature, emotional and diverse storyline, improving on several aspects that were cast aside in “Laços” and collaborating more and more to the construction of its own cinematic universe, much like the ones at Marvel and DC.
Ok, with that out of our way, let's talk about the screenplay. Written by Thiago Dottori (who wrote the screenplay for “Laços”) and Mariana Zatz, the narrative of “Turma da Mônica: Lições” already strikes a home run for making changes and coming-of-age its main themes, as well as the consequences both things bring with them. When it comes to tone, it's a much more serious film, when compared to the previous one. It's not 100% a drama, because after all, this is Monica's Gang we're talking about, but there's a considerable amount of more emotionally demanding scenes that allow the actors, especially the child ones, to evolve in their acting techniques.
Once again, the screenplay does a great job in putting the dynamics and friendship between the four protagonists as the film's main emotional focus. This creative decision becomes really evident when we see the characters talking about their friends, present in various subtle nuances imprinted in the actors' physical performance and dialogue delivery. You can feel how much they miss being around each other through the performances of Benite, Vechiatto, Rauseo and Moreira. They manage to masterfully make us, viewers, believe in the friendship between the four of them, something that was already evident in “Laços”, and Dottori and Zatz's screenplay only reinforces that, which is wonderful.
The screenplay's narrative structure is pretty basic, probably because this is a film targeted at children, but it carries a very comforting and timeless message on friendship and togetherness. I really liked how each character's personal problems and dilemmas were dealt with throughout the plot, and how, slowly, they start overcoming these obstacles together, while they're around each other's presence. It would be something like the saying “there is strength in numbers”, a concept that has been used in a multitude of films in various genres, but that ends up fitting like a glove in the narrative elaborated by Dottori and Zatz.
Another highlight and improvement made by the sequel, when it comes to screenwriting, relies on the presence and development of supporting characters. Unlike “Laços”, which focused on the contrasting dynamics between Monica and Jimmy Five, in “Lições”, there are several scenes dedicated to the individual daily life of its four protagonists, and the new friends they make along the way. Characters like Marina, Milena, Nimbus, Hummer and Nick Nope show their faces here, and the best thing about them is that they are not treated as just cameos or easter eggs, as it happened to Sunny and Jeremiah in the previous film. Dottori and Zatz inject the plot's secondary characters with as much personality as the title characters, which was a very welcome change.
Another great move by the screenwriters was the almost intricate connection between the narrative of “Turma da Mônica: Lições” and the timeless tragedy of Romeo and Juliet, which plays a major role in the sequel's plot. I loved the way the screenplay manages to fit each archetype from the main characters in Shakespeare's work within the personality of certain characters in the Gang and in Mauricio de Sousa's universe. One fact that only reinforces that connection between the two narratives is Dottori and Zatz's decision of making the four friends' separation impact the relationship between the children's parents, something that is clearly evident in Romeo and Juliet, as the main conflict in the work is between two families. This allows for a greater development in the plot's adult characters, something that didn't happen in the previous film.
All the advantages stated above allow that “Turma da Mônica: Lições” transforms into a more mature, emotional and evolved film, if compared to the first film, but, unfortunately, it's not perfect. The sequel's screenplay repeats some of the most evident mistakes in “Laços”, and these are obstacles that the screenwriters and direction need to overcome, in order for these films to reach and please a wider, older audience than its main target audience. These changes, if well done, have the ability to transform this potential franchise into a Brazilian “Goonies”, something that'll simultaneously please both children and adults, rather than a Brazilian “Paw Patrol” or anything else that's specifically directed towards a younger, toddler-like audience.
For example, the sense of humor. There were a few moments that made me laugh a lot, especially when it came to a really specific character, but there's a certain “childishness” to the story's approach in “Lições”, which might have worked in “Laços”, as it was the first film and the actors were younger. Unfortunately, that same vibe doesn't go well with the coming-of-age, growing up themes that are essential to the sequel. I know what you might say: “Oh, but it's a film for children, it was made for them”. And to that, I say: children aren't going to the movies to watch it alone, are they? Like the narrative itself, the sense of humor in these live-action films needs to grow up in order to go beyond its target audience and also please, in an efficient way, the “old school” people who grew up reading the Gang's comics.
Another example on how the screenplay forgets to please a more adult, mature audience relies on the lack of logic and realism in some scenes. Not only does this creative choice diminishes the credibility and faithfulness to the mythology that was created in the comics of what's happening onscreen, it also prevents certain scenes from achieving their maximum emotional, tear-jerking effect. And, to explain more about this, I have to use some mild SPOILERS, so, if you don't want to know any details before seeing the film, I recommend skipping these next paragraphs. If you don't mind, read at your own risk.
---------------------------------------------- [SPOILERS] ------------------------------------------------------------
There are two particular sequences that perfectly exemplify this lack of logic in Dottori and Zatz's screenplay. The first one would be a scene where Monica is taunted by a taller, older bully in her new school, and, to strike back, she tries to hit him with her plush bunny. Not only does the bully manage to prevent her from hitting him, he also takes her plush bunny with him and she does absolutely NOTHING about it. For a character that intends to be a role model of empowerment for her strength and courage, the screenplay suffered a tremendous slip for the character, leaving us to understand that all of Monica's strength resides in Samson, her plush bunny, which completely contradicts her personality in the comics.
Another example would be a scene that's close to the film's conclusion, which depicts the four friends reuniting after some time apart. It's a scene that intends to be the emotional peak of “Lições”, and partly, it works, because of the actors' capacity and the technical prowess displayed onscreen. But, considering the timeline of the film, the four characters didn't stay apart for enough time, in order for that moment to become a whirlwind of emotions. Considering the way it is presented, it seemed like Monica was kidnapped or something for all of them to fall apart like they did. So, at least for me, there was a certain exaggeration in that scene's construction, considering the timeline of the plot of “Turma da Mônica: Lições”.
---------------------------------------- [END OF SPOILERS] ------------------------------------------------------
Fortunately, those were the only missteps in this great narrative, which evolved a lot from the first film to this one, introducing new characters, interesting themes for its target audience and a constant expansion of its mythology, established in Mauricio de Sousa's comics. Do yourselves a favor and stay through the first half of the credits, because there's a small sequence that gives a hint of the franchise's future, and that will be a real delight to those who are real, true fans of the universe created by our Brazilian Stan Lee. That's it.)
Eu gostei bastante do desempenho dos quatro protagonistas, assim como em “Laços”, e gostei especialmente do foco que o roteiro da sequência deu a cada um, mais especificamente para a Magali e o Cascão, que foram basicamente deixados de lado no primeiro filme. Os dilemas e as mudanças propostas pelo roteiro ficam mais evidentes através da performance da Giulia Benite como Mônica. É impossível não sentir dó e pena da personagem ao vê-la entrar na nova escola e ser completamente ignorada pelos colegas e criticada pelos valentões. O arco da personagem de Benite é o melhor do filme e o que mais mostra o crescimento da personagem. Eu gostei de como o objetivo principal do Kevin Vechiatto como Cebolinha nesse filme não é encher o saco da Mônica, e sim recuperar a companhia da personagem, dando continuidade ao cativante e fofo interesse amoroso entre os dois, o qual já foi evidente no final do primeiro filme.
Eu fiquei impressionado com a capacidade emocional da Laura Rauseo como a Magali, e especialmente de como a atriz lida com a ansiedade da personagem. É, ao mesmo tempo, algo sensível e cômico, já que essa ansiedade é intrinsecamente ligada à fome insaciável da Magali. Eu gostei bastante do desenvolvimento do Cascão, interpretado pelo Gabriel Moreira. É muito bom ver o personagem sendo algo mais do que um simples alívio cômico e parceiro do Cebolinha, e realmente ter sua subtrama específica na narrativa. Mesmo sendo a menos desenvolvida entre as quatro subtramas individuais, ainda sim é bem engraçada, e Moreira consegue protagonizar algumas das cenas mais hilárias e descontraídas do filme.
Eu adorei ver como os roteiristas designaram um personagem secundário para desenvolver cada um dos quatro protagonistas: para a Mônica, temos a Marina de Laís Vilela, a qual eu gostaria de ter visto mais, pelo imenso carisma que a atriz possui; para o Cebolinha, temos o Humberto de Lucas Infante, que foi, de longe, o melhor personagem do filme para mim, porque toda cena onde ele aparece consegue ser essencialmente hilária; para a Magali, temos a Milena de Emily Nayara, que mostra ter muita personalidade e segurança em seu papel, o que é sempre bom; e para o Cascão, temos o Do Contra de Vinicius Higo, que consegue ser engraçado sem ser irritante pelo jeito, bem, “do contra” dele de ser. (Risos)
E, do lado mais adulto, temos a Isabelle Drummond, que caiu como uma luva no papel da Tina. Sinceramente, não consigo pensar em nenhuma atriz melhor para interpretar esse papel. A Tina dela é um tipo de refúgio emocional para a Mônica de Benite, e as lições que ela aprende com a personagem de Drummond são essenciais para o encerramento do arco narrativo da protagonista. Mas o verdadeiro destaque nas performances adultas fica, especificamente, com a Monica Iozzi e a Fafá Rennó como as mães da Mônica e do Cebolinha, respectivamente. A discórdia que as duas personagens sofrem ao longo da trama é bem realista, e as atrizes conseguem lidar com ela muito bem. Eu dou um destaque especial para Iozzi, pelas cenas que ela compartilha com Benite, pois elas demonstram perfeitamente a preocupação que sua personagem tem pela filha.
(I really liked the four protagonists' performances, just like in “Laços”, and I especially enjoyed the focus the sequel's screenplay gave to each one of them, especially to Maggy and Smudge, who were basically set aside in the first film. The dilemmas and changes proposed in the screenplay are more evident through Giulia Benite's performance as Monica. It's impossible not to feel sorry or pitiful for the character when seeing her arrive at the new school and being instantly ignored by her peers and taunted by bullies. The arc of Benite's character is the film's best and the one that most displays how much the character has grown throughout the plot. I liked how Kevin Vechiatto's main objective as Jimmy Five in this film isn't giving Monica a hard time, but regaining the character's companionship, which continues the captivating and cute love interest between the two of them, which was already evident in the first film's conclusion.
I was impressed with Laura Rauseo's emotional capacity as Maggy, and especially with how the actress deals with the character's anxiety. It's something that's, simultaneously, sensitive and comical, as such anxiety is intricately connected to Maggy's insatiable hunger. I really liked Smudge's development, while being portrayed by Gabriel Moreira. It's so good to see the character grow from being just a comic relief and sidekick to Jimmy Five, and actually become a character with a subplot to call his own. Even though it's the least developed one out of the main four individual subplots, it's really funny nonetheless, and Moreira manages to play a main role in some of the film's most hilarious and uncompromising moments.
I loved to see how the screenwriters designated a secondary character to develop each one of our four protagonists: for Monica, we have Laís Vilela's Marina, which I wish I had seen more of, because of the actress's immense charisma displayed onscreen; for Jimmy Five, we have Lucas Infante's Hummer, who was, by far, the film's best character for me, as every scene that he's in manages to be essentially funny; for Maggy, we have Emily Nayara's Milena, who displays an enormous amount of personality and security in her role, which is always a good thing; and for Smudge, we have Vinicius Higo's Nick Nope, who manages to be funny without being annoying because of his, well, “alternative” way of life. (LOL)
And, on the more adult side, we have Isabelle Drummond, who fit like a glove in the role of Tina. I honestly couldn't think of anyone better to play this role than her. Her Tina is like an emotional refuge for Benite's Monica, and the lessons that she learns from Drummond's character are essential to the closure of the protagonist's narrative arc. But the true highlight in the adult performances shines upon Monica Iozzi and Fafá Rennó as Monica and Jimmy Five's respective mothers. The disagreement that both characters suffer throughout the plot is quite realistic, and the actresses deal with it really well. I'm giving a special mention to Iozzi, because of the scenes she shares with Benite, as they perfectly exemplify the preoccupation and worry her character has towards her daughter.)
Nos aspectos técnicos, “Turma da Mônica: Lições” encontra maneiras inventivas e criativas para replicar o teor "cartunesco" (no bom sentido) do universo que o inspirou. Não há nada de absolutamente revolucionário no quesito técnico do filme, mas tudo aqui funciona muito bem. Um detalhe que me chamou bastante a atenção foi a transição extremamente fluida feita na cena inicial de “Lições”, que primeiramente, retrata uma encenação bem produzida de Romeu e Julieta. Tudo vai correndo bem, até que um dos personagens erra a fala ou deixa, aí é feito um corte perfeito para a realidade, onde Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali estão ensaiando a peça em casa. Foi uma colaboração muito bem feita entre a direção de fotografia do Azul Serra e a montagem do Marcelo Junqueira.
Toda a equipe responsável pela estética visual de “Lições”, incluindo o trabalho de direção de arte da Mariana Falvo, os figurinos de Fernanda Marques e Manuela Mello, e a maquiagem e penteado de Gabi Britzki e Ana Carla Silva, trabalha em conjunto para inserir a máxima quantidade possível de referências e easter eggs em cada quadro do filme. Rascunhos de personagens conhecidos de Mauricio de Sousa, aparições breves, mas perceptíveis de figuras importantes na produção dos quadrinhos e da adaptação. Fiquem de olho aberto para perceberem todas, porque vale a pena. Além dos easter eggs, o trabalho estético aplicado aqui é simplesmente sensacional. Uma explosão de cores vibrantes e fortes, toda cena consegue ser um verdadeiro deleite para os olhos, fortalecendo a nostalgia que fez o primeiro filme ser tão bom.
Falando em “nostalgia”, temos aqui mais um aspecto técnico que dá uma ajudinha a mais para fortalecer este sentimento: a trilha sonora instrumental, composta novamente por Fabio Góes. É incrível ver e ouvir como as faixas de Góes combinam tão bem com as cenas onde elas são tocadas. Eu me atrevo a dizer que a trilha sonora destes filmes é o aspecto que mais desperta um sentimento de nostalgia no espectador. Não sei porque, mas elas me fazem lembrar muito das épocas do Cine Gibi (quem mais lembra dessas pérolas?) e das faixas que embalavam as historinhas da Turma nestes filmes. Assim como em “Laços”, onde uma cena contou com uma canção original de Tiago Iorc, há uma cena na sequência onde é tocada uma canção original de Duda Beat e Flor Gil. A música, intitulada “Que Som é Esse?”, é bem mais dançante do que a de Iorc, mas, pelo menos para mim, é bem mais fraquinha e não combina com a vibe de amadurecimento proposta pelo roteiro.
(In the technical aspects, “Turma da Mônica: Lições” finds inventive and creative ways to replicate the cartoonish feel of the universe that inspired it (in a good way). There's nothing absolutely revolutionary when it comes to the film's technical side, but everything works really well here. One detail that particularly caught my eye was the extremely fluid transition made in the opening scene of “Lições”, which at first, portrays a well-produced staging of Romeo and Juliet. Everything goes on really well, until one of the characters misses their line or cue, then there's a perfect cut to reality, where Monica, Jimmy Five, Smudge and Maggy are rehearsing the play at home. It was a really well-done collaboration between Azul Serra's cinematography and Marcelo Junqueira's editing.
All the crew that was responsible for the visual aesthetic of “Lições”, including Mariana Falvo's production design, Fernanda Marques and Manuela Mello's costume design, and Gabi Britzki and Ana Carla Silva's makeup and hairstyling, works in tandem in order to insert the maximum amount of references and easter eggs in each frame in the film. Doodles of well-known characters by Mauricio de Sousa, brief yet perceptible appearances by important figures in the production of the comics and the adaptation. Keep your eyes peeled in order to catch all of them, because it's worth it. Besides the easter eggs, the aesthetic work applied here is simply sensational. An explosion of vibrant, strong colors, each scene manages to be a true delight to the eyes, strengthening the nostalgia that made the first film so enjoyable.
Speaking of “nostalgia”, we have here one more technical aspect that gives an extra push to make that feeling even stronger: the original score, composed once again by Fabio Góes. It's amazing to see and hear how well Góes's tracks fit the scenes where they're played in. I dare to say that these films' scores are the aspect that most awakens that nostalgia in the viewer. I don't know why, but they remind me a lot of the times of “Cine Gibi” (anyone else remembers these gems?) and the tracks that played during the Gang's stories in these films. Just like in “Laços”, where a scene featured an original song by Tiago Iorc, there's a scene in the sequel where an original song by Duda Beat and Flor Gil is played. The song, titled “Que Som É Esse?” (or “What's That Sound?”), is way more danceable than Iorc's, but, in my opinion, is way weaker and doesn't match the coming-of-age theme proposed by the screenplay.)
Resumindo, “Turma da Mônica: Lições” repete alguns dos erros do filme anterior, mas, assim como as melhores lições, o diretor Daniel Rezende e sua equipe conseguem aprender e evoluir bastante na sequência, contando com uma narrativa mais amadurecida, um elenco cativante de personagens muito bem desenvolvidos e um sensacional trabalho técnico, o qual acentua o sentimento de nostalgia que fez o primeiro filme ser tão bom. Mal posso esperar pelo próximo passo da franquia, especialmente depois da cena pós-créditos!
Nota: 9,0 de 10!!
É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, “Turma da Mônica: Lições” repeats some of the previous film's mistakes, but, just like the best lessons, director Daniel Rezende and his crew manage to learn and evolve a lot in the sequel, relying on a more mature, grown-up narrative, a captivating cast of very well-developed characters and a sensational technical work, which accentuates the feeling of nostalgia that made the first film so enjoyable. I can't wait for this franchise's next step, especially after the post-credit scene!
I give it a 9,0 out of 10!!
That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)
Excelente,JP. Parabéns 👏👏👏👏
ResponderExcluirGde JP! Sempre surpreendendo!!!
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