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“[A guerra] É sempre a mesma coisa. Quando você dá o primeiro tiro, não importa o quão certo pareça, você não tem ideia de quem vai morrer. Você não sabe quais crianças irão gritar e queimar. Quantos corações serão despedaçados. Quantas vidas serão arruinadas! Quanto sangue será derramado...antes que todo mundo faça o que eles sempre teriam que fazer desde o início: SENTAR E CONVERSAR!” - 12o Doutor, Doctor Who, “The Zygon Inversion”
(“[War is] always the same. When you fire the first shot, no matter how right you feel, you have no idea who's going to die. You don't know whose children are going to scream and burn. How many hearts will be broken. How many lives shattered! How much blood will spill...before everybody does what they were always going to have to do from the very beginning: SIT DOWN AND TALK!” - 12th Doctor, Doctor Who, “The Zygon Inversion”)
E aí, meus queridos cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre um dos lançamentos mais recentes no catálogo original da Netflix! Representante oficial da Alemanha para concorrer ao Oscar 2023 de Melhor Filme Internacional, o filme em questão é a primeira adaptação realmente autêntica de seu material base, tomando um ponto de vista jovem como perspectiva principal para retratar os horrores e a futilidade da guerra, fazendo conexões surpreendentes com conflitos mais recentes. O resultado é um filme “anti-guerra” que não somente tem enormes chances na categoria óbvia do Oscar citada acima, mas também é plenamente capaz de marcar presença nas categorias principais, rompendo a barreira das legendas mais uma vez. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Nada de Novo no Front”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about one of the most recent releases on Netflix's original catalog! The official submission of Germany to compete for the 2023 Oscar for Best International Feature Film, the film I'm about to review is the first truly authentic adaptation of its source material, taking a younger point of view as its main perspective to portray the horrors and the futility of war, making surprising connections with more recent conflicts. The result is an “anti-war” film that not only has enormous chances in the obvious Oscar category cited above, but is also fully capable of standing its ground in the main categories, breaking through the subtitle barrier once again. So, without further ado, let's talk about “All Quiet On the Western Front”. Let's go!)
Baseado no livro de mesmo nome escrito por Erich Maria Remarque, o filme é ambientado nos anos finais da Primeira Guerra Mundial (1917-1918) e acompanha Paul Bäumer (Felix Kammerer), um jovem que se alista no exército alemão juntamente com seus amigos, na esperança de se tornarem heróis. Porém, estas esperanças rapidamente se dissolvem devido ao choque e ao risco enfrentado por eles na realidade das trincheiras. Enquanto isso, fora do campo de batalha, o oficial alemão Matthias Erzberger (Daniel Brühl), receoso pelas inúmeras baixas, tenta recorrer à um acordo de cessar-fogo com o exército francês.
(Based on the book of the same name written by Erich Maria Remarque, the film is set in the final years of World War I (1917-1918) and follows Paul Bäumer (Felix Kammerer), a young man who enlists into the German army alongside his friends, in the hopes of becoming heroes. However, those hopes quickly dissolve due to the shock and risk they face in the reality of the trenches. Meanwhile, outside the battlefield, German officer Matthias Erzberger (Daniel Brühl), weary because of the numerous losses, tries to reach for a cease-fire agreement with the French army.)
Sei que é meio repetitivo começar as resenhas falando a mesma coisa, mas eu estava muito animado para assistir à “Nada de Novo no Front”. Primeiro, simplesmente por ser um filme de guerra, um dos meus gêneros favoritos. Segundo, por concentrar na Primeira Guerra Mundial ao invés da Segunda, infinitamente mais reproduzida e recriada nas telonas. Terceiro (e aqui vemos um verdadeiro diferencial), por ter o ponto de vista dos alemães como perspectiva principal. E quarto, por ter os talentos do sempre ótimo Daniel Brühl (“Bastardos Inglórios”) no elenco. E, é claro, essas expectativas só aumentaram quando vi que o filme fora anunciado como o representante oficial da Alemanha para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2023.
E já vou começar dizendo que a terceira adaptação do livro de Remarque (e a primeira feita em território alemão), dirigida e co-roteirizada por Edward Berger, é de uma beleza e brutalidade inigualáveis que não somente é merecedor da estatueta mencionada, mas também merece estar entre os indicados nas categorias principais, atravessando as barreiras que filmes como “Roma”, “Parasita” e “Drive My Car” quebraram com sucesso. E, nos próximos parágrafos, vou explicar os porquês. Outro detalhe: podem ter certeza que as comparações com “1917”, de Sam Mendes, vão vir aos montes, mas esta obra se mostra muito superior à de 2019 por vários motivos, que serão levados mais a fundo nos parágrafos abaixo.
Ok, vamos começar pelo roteiro. Escrito por Berger, Ian Stokell e Lesley Paterson, o roteiro de “Nada de Novo no Front” começa de maneira sublime. Tomadas retratando ambientes silenciosos, com o único som presente sendo o da natureza ao redor. Florestas de pinheiros, riachos correndo, todos ambientes que poderiam funcionar muito bem como papéis de parede de Windows 10. (Risos) Aí, a câmera corta para uma tomada aérea, envolta pela névoa, que parece esconder algo abaixo. A câmera vai abaixando, e abaixando, até que o espectador consiga discernir, com choque, o que ela está mostrando. A partir daí, já partimos para uma cena de batalha (a qual, se eu não me engano, foi gravada em uma tomada única) que termina de uma maneira brutal. Tela preta. Mostram os títulos. QUE MANEIRA DE COMEÇAR UM FILME, MEUS AMIGOS.
Outro destaque do roteiro é a abordagem em duas frentes do conflito: de um lado, temos a guerra em si, guiada pelo ponto de vista do protagonista, Paul; e do outro, temos a diplomacia por trás do conflito, guiada pelo ponto de vista do personagem de Daniel Brühl. As duas perspectivas conseguem ser igualmente envolventes, pelo fato de se complementarem muito bem. Por exemplo, uma ação que é feita do lado diplomático é refletida no campo de batalha, e vice-versa. Nisso, o filme de Berger me lembrou muito de “Glória Feita de Sangue”, excepcional filme “anti-guerra” de 1957 dirigido pelo gênio que foi Stanley Kubrick.
Outra coisa que eu achei bem interessante (e bem diferente da grande maioria dos filmes de guerra) foi o fato do roteiro focar no ponto de vista da juventude alemã, e aqui encontramos um dos maiores trunfos do filme. Ao longo do tempo de duração bem calculado de 2 horas e 28 minutos, nós temos a oportunidade de acompanhar tanto o promissor antes destas vidas jovens, a animação e a motivação deles ao se alistarem, com a esperança de se tornarem heróis ao voltarem para casa; quanto o traumatizante durante/depois, com estes mesmos jovens presenciando (e cometendo) atos horrendos em nome da sua nação, correndo o risco de não sobreviverem no processo. Nessa perspectiva, “Nada de Novo no Front” é um verdadeiro estudo psicológico das consequências e das feridas que a guerra abre na mentalidade de uma pessoa no campo de batalha, e isso, mais uma vez, me faz lembrar de um filme de Kubrick, dessa vez o sensacional “Nascido pra Matar”, de 1987.
Falando em atos horrendos, as cenas de batalha retratadas aqui conseguem, com primor, equilibrar o caráter épico e cinematográfico refletido na execução dos aspectos técnicos com um nível de violência brutal e sanguinolento que consegue penetrar a pele do espectador e realmente incomodá-lo, de maneira extremamente similar à antológica sequência inicial do dia D em “O Resgate do Soldado Ryan”. E o mais interessante: entre as cenas de batalha, há diversas trocas de diálogo que investem emocionalmente em seus personagens, criando laços entre eles e o protagonista, sendo estas algumas das minhas sequências favoritas do filme. E, é claro, um caráter melancólico permeia estas cenas mais silenciosas, porque todos sabemos como essa história termina.
E aí, chegamos ao último, mas não menos importante, destaque do roteiro de “Nada de Novo no Front”: a abordagem realista da guerra como algo verdadeiramente desumano, tanto do lado do conflito quanto do lado diplomático. É possível perceber um caráter cíclico no roteiro de Berger no campo de batalha: quando os soldados morrem, seus uniformes são retirados, lavados, consertados, e reciclados para próximos recrutas, que serão mais jovens e inexperientes do que aqueles que já se foram, como se o ser humano fosse algo dispensável para as forças armadas, somente um instrumento usado por eles para ganhar a guerra, e isso é algo realmente triste de se ver. Do lado diplomático, temos ambos os lados, tanto a Tríplice Aliança quanto a Tríplice Entente, tomando decisões estúpidas, realmente não há outra palavra para descrever. Propostas de adiamentos de cessar-fogo e ofensivas suicidas... Parece que nenhum dos lados parou para pensar quantas vidas seriam poupadas se decisões mais sábias e sensatas tivessem sido tomadas. Só para vocês terem uma ideia, 2.738 soldados morreram no último dia da Primeira Guerra, antes das 11h do dia 11 de novembro de 1918, quando o Armistício foi finalmente declarado, pondo um fim ao conflito.
E toda essa abordagem reflete uma mensagem bem clara: na guerra, não há vencedores, mas sim morte, destruição, perda e traumas que provavelmente assombrarão os sobreviventes pela vida toda, sendo algo verdadeiramente fútil e inútil para todos os envolvidos. E é interessante como o filme foi lançado em uma época onde um conflito (Guerra Russo-Ucraniana, que está em andamento desde 2014, com a invasão recente sendo apenas um desdobramento) tem sido analisado como um precursor para uma possível Terceira Guerra Mundial. E que maneira brilhante de fazer um protesto cinematográfico, dizendo para os envolvidos: “Não façam isso. Não vale a pena. Olhem o que as nossas decisões causaram no passado. Não cometam os mesmos erros que a gente cometeu.”
Armado com essa mensagem anti-guerra e tendo como pano de fundo um conflito global, “Nada de Novo no Front” consegue refletir perfeitamente a futilidade e a inutilidade da guerra para todos os lados, servindo como um estudo psicológico de uma promissora mentalidade jovem arruinada pela brutalidade do conflito e como um protesto cinematográfico em referência à conflitos mais recentes, avisando os envolvidos das consequências que certamente virão se as decisões erradas forem tomadas. Depois de todos estes argumentos, ainda há alguma dúvida de que o filme de Berger mereça uma indicação não só ao Oscar de Melhor Filme Internacional, mas também ao Oscar de Melhor Filme?
(I know it's kind of repetitive of myself to start off reviews by saying the same thing, but I was really excited to watch “All Quiet on the Western Front”. Firstly, simply because it's a war film, one of my favorite genres. Secondly, because it focuses on World War I rather than WWII, which was infinitely more reproduced and recreated on the big screen. Thirdly (and here, we see a true differential), because it has a German point of view as its main perspective. And in fourth place, for having the talents of the always great Daniel Brühl (“Inglorious Basterds”) in its cast. And, of course, those expectations only got higher when I heard that it was announced as Germany's official submission to compete for the Oscar for Best International Feature Film in 2023.
And I'll already start off by saying that the third adaptation of Remarque's novel (and its first that was made in German territory), directed and co-written by Edward Berger, is filled with such beauty and brutality that it isn't only deserving of the previously mentioned statuette, as it also deserves to be among the nominees in the main categories, crossing the barriers that films like “Roma”, “Parasite” and “Drive My Car” successfully broke through. And, over the next paragraphs, I'll explain the reasons why. Another detail: be sure that the comparisons with Sam Mendes's “1917” will come aplenty, but this work shows itself to be vastly superior to that 2019 film for several reasons, which will be approached in the paragraphs below.
Okay, then, let's talk about the screenplay. Written by Berger, Ian Stokell and Lesley Patterson, the script for “All Quiet on the Western Front” starts off in a sublime way. Shots portraying quiet environments, with the only sound being that of the nature around them. Forests of pine trees, creeks flowing, all those environments that would come in handy as Windows 10 wallpapers. (LOL) Then, the camera cuts to an aerial shot, wrapped around by mist, which seems to hide something below. The camera goes lower, and lower, until the viewer manages to discern, with shock, what it's actually showing. From there, we already run into a battle scene (which, if I'm not mistaken, was filmed in one shot) that ends in a brutal way. Black screen. Show titles. WHAT A WAY TO START A MOVIE, MY FRIENDS.
Another highlight of the screenplay is its approach of the conflict in two fronts: on one hand, we have the war itself, guided by the point of view of the protagonist, Paul; and on the other, we have the diplomacy behind the conflict, guided by the point of view of Daniel Brühl's character. Both perspectives manage to be equally involving, as they complement each other extremely well. For example, an action made on the diplomatic side is reflected upon the battlefield and vice-versa. Looking at it that way, Berger's film reminded me a lot of “Paths of Glory”, an exceptional “anti-war” film from 1957 directed by the genius that was Stanley Kubrick.
Another thing I found to be quite interesting (and very different from the great majority of war films) was the fact the screenplay focused on the point of view of German youth, and here we find one of the film's biggest wild cards. Throughout the well-calculated runtime of 2 hours and 28 minutes, we get the opportunity to follow both the promising before of these young lives, their excitement and motivation when enlisting, in hope of becoming heroes when returning home; as well as the traumatizing during/after, with these same youngsters witnessing (and even committing) horrendous acts, with the risk of not surviving in the process. Under that perspective, “All Quiet on the Western Front” is a true psychological study of the consequences and the wounds that war opens in the mentality of a person on a battlefield, and that, once again, reminds me of a Kubrick film, this time, the sensational “Full Metal Jacket”, from 1987.
Speaking of horrendous acts, the battle scenes portrayed here manage to, exquisitely, balance the epic and cinematic tone in the technical execution with a brutal and bloody level of violence that gets under the viewer's skin and actually disturb them, in a way that's extremely similar to that of the legendary D-Day opening sequence from “Saving Private Ryan”. And the most interesting thing: inbetween the battle scenes, there are several dialogue exchanges that emotionally invest in its characters, creating bonds between them and the protagonist, these being among my favorite sequences in the film. And, of course, a melancholic aura surrounds these more quiet scenes, because we all know how this story ends.
And then, we arrive at the last, but not least, highlight in the script for “All Quiet on the Western Front”: its realistic depiction of war as something truly dehumanizing, both in the conflict and in the diplomatic side. It's possible to notice a cyclical vein to Berger's script in the battlefield: when soldiers die, their uniforms are taken off, washed, patched up, and recycled to the next recruits, who will be younger and less experienced than those who were already gone, as if the human being was something expendable for the armed forces, just an instrument that's used by them to win the war, and that's something really sad to behold. On the diplomatic side, we have both sides, the Triple Alliance and the Triple Entente, making incredibly stupid decisions, there's no other way to put it. Propositions of delaying cease-fire, suicidal offensives... It seems like neither one of the sides stopped to think how many lives would've been spared if wiser, more sensible decisions were made. Just so you can have an idea, 2.738 soldiers died on the final day of WWI, before 11am of November 11, 1918, when the Armistice was finally declared, putting an end to the conflict.
And all that approach declares a really clear message: in war, there's no such thing as winners, there is only death, destruction, loss and trauma that'll probably haunt its survivors throughout their entire lives, being something truly futile and useless for all the people involved in it. And it's interesting how the film was released at a time where a conflict (Russo-Ukrainian War, which has been going on since 2014, with the recent invasion being an escalation of it) has been analyzed as a precursor for a possible Third World War. And what a brilliant way to make a cinematic protest, saying to those involved: “Don't do this. It's not worth it. Look at what our decisions caused in the past. Don't make the same mistakes we did.”
Armed with this anti-war message and having a global conflict as its background, “All Quiet on the Western Front” manages to perfectly reflect the futility and uselessness of war for all sides, serving as a psychological study of a promising young mentality that's torn to shreds by the brutality of the conflict and as a cinematic protest in reference to more recent conflicts, warning those involved of the consequences that will surely come if the wrong decisions are made. After all these points, is there still any doubt that Berger's film not only deserves to be nominated for Best International Feature Film, but also for Best Picture at the Oscars?)
Partindo para o elenco, temos aqui uma estratégia similar à de “1917”: os soldados principais são interpretados por atores com pouco (ou nenhum) reconhecimento, e os “manda-chuvas” são interpretados por veteranos do mercado cinematográfico. A começar pelo Felix Kammerer, que tem sua estreia na atuação com esse filme, e o homem já dá um baita de um show. É simplesmente incrível ver como o personagem dele, assim como aqueles interpretados pelo Aaron Hilmer, pelo Moritz Klaus e pelo Adrian Grünewald, parte de alguém completamente ingênuo e inocente para um sobrevivente traumatizado ao longo do filme.
Assim como é dito da performance do Aleksei Kravchenko no russo “Vá e Veja” (o qual ainda preciso ver), é possível ver o medo, o pavor, o verdadeiro horror nos olhos de Kammerer, e é impressionante como Paul vai se embrutecendo ao longo da trama. É uma performance que realmente coloca o espectador na mente do personagem. E é extremamente cativante como o personagem dele encontra refúgio e conforto no companheirismo e na camaradagem de outros soldados, como o do Albrecht Schuch. A dinâmica entre os dois é o destaque dos momentos mais calmos do filme, e é essencial para o desenvolvimento do protagonista.
O Daniel Brühl parece interpretar a única pessoa sensata deste filme. É possível notar, nas pequenas nuances de sua atuação, a indignação que ele sente pela imbecilidade do marechal francês, interpretado pelo Thibault de Montalembert, que faz um trabalho ótimo em fazer o espectador odiá-lo com todas as forças a ponto de querer pular na tela e esganá-lo com as próprias mãos. E falando em “personagens os quais queríamos que morressem uma morte extremamente brutal”, finalizamos com a grande atuação do Devid Striesow, que, infelizmente, interpreta um personagem tão burro, tão imbecil e tão sem noção quanto o marechal de Montalembert.
(On our way to the cast, we have here a strategy that's similar to that of “1917”: the main soldiers are portrayed by actors with little recognition (or none at all), and the “bigwigs” are portrayed by silver screen veterans. Starting off with Felix Kammerer, who makes his big-screen acting debut here, and the man already shows what he's made of. It's simply incredible to see how his character, as well as those portrayed by Aaron Hilmer, Moritz Klaus and Adrian Grünewald, goes from someone completely naïve and innocent to a traumatized survivor throughout the film.
As it is said of Aleksei Kravchenko's performance in the Russian film “Come and See” (which I still have to watch), you can see the fear, the dread, the true horror in Kammerer's eyes, and it's impressive how Paul becomes more and more brutish throughout the plot. It's a performance that really puts the viewer inside the character's mind. And it's extremely captivating how his character finds refuge and comfort in the companionship and camaraderie of other soldiers, such as Albrecht Schuch's. The dynamics between the two of them is the highlight of the film's more quiet moments, and is essential for the protagonist's development.
Daniel Brühl seems to portray the only person who has some sense in this film. It's possible to notice, in the little nuances of his performance, the outrage he feels towards the imbecility of the French marshal, portrayed by Thibault de Montalembert, who does a great job in making the viewer hate him with everything they've got to the point of wanting to jump into the screen and smother him with their bare hands. And speaking of “characters we wish would die an extremely brutal death”, we close with Devid Striesow's great performance, who, unfortunately, plays a character that's as stupid, as imbecile and as senseless as Montalembert's marshal.)
Como é de se esperar de um filme de guerra, “Nada de Novo no Front” é um espetáculo visual. Como dito anteriormente, as cenas de batalha são de tirar o fôlego, fazendo um uso primoroso de efeitos práticos e um pouco de CGI para injetar realismo nessas sequências, mas é durante a calma e o silêncio que o diretor de fotografia James Friend faz o seu melhor trabalho. As cenas dos soldados enfileirados indo para o front, um destino desconhecido, são absolutamente lindas de se ver. Há diversas outras sequências que focam em conversas entre os soldados no meio da natureza, e o jeito que Friend captura a natureza como acolhedora e reconfortante naquele momento perturbador na história para aquelas pessoas é algo tão cativante, que eu apostaria uma indicação ao Oscar de Melhor Direção de Fotografia.
A direção de arte é um espetáculo à parte, e também é merecedora de uma indicação ao Oscar. Eu simplesmente amei como o cenário do front é retratado como um lugar desolador, cheio de sangue, lama, corpos espalhados. É uma imagem tão vívida (e isso se deve também ao trabalho de Friend atrás da câmera), que dá até pra sentir o cheiro. Há um uso extenso de névoa e fumaça nessas cenas do front, nos fazendo imaginar o que vai acontecer no segundo seguinte, porque não dá pra discernir nada com um clima assim. É um sentimento muito inquietante, e isso, novamente, nos coloca na pele dos soldados retratados no filme de uma forma extremamente eficaz. Há um contraste bem visível entre a direção de arte no campo de batalha e fora dele: enquanto o front é sujo, esfumaçado, cheio de coisas espalhadas; fora dele, na natureza, é tudo muito limpo, como se fosse algo divino, um lugar de onde não viria mal algum, e eu amei esse contraste.
Agora, o trabalho de design de som, entre os aspectos técnicos, é o que mais merece um Oscar. Só pelo título em inglês (“Tudo Está Quieto no Front Ocidental”, em tradução livre), dá pra ver que o som é um aspecto crucial na construção da atmosfera de guerra no filme de Berger, assim como a falta dele. Por exemplo, há uma cena nas trincheiras onde dois soldados alemães estão de olho no campo inimigo. O silêncio reina sobre a cena, não dá pra ouvir absolutamente nada. Um dos soldados arrisca uma olhadinha um pouco além e... BAM! O barulho de uma bala passa zunindo pelos ouvidos do espectador e atravessa o capacete do soldado. Outro exemplo: vários soldados alemães estão em uma trincheira inimiga, se aproveitando dos alimentos que os inimigos deixaram lá. Do nada, tudo ao redor começa a tremer, à la “Jurassic Park”. Os soldados saem para dar uma olhada e dão de cara com três tanques gigantescos a caminho da trincheira. Quando os tanques param, há um momento significativo de silêncio antes de um soldado alemão gritar “ABAIXEM-SE!” e os tanques abrirem fogo. Genial, simplesmente genial.
(As you would expect from a war film, “All Quiet on the Western Front” is a visual spectacle. As previously stated, the battle scenes are breathtaking, making an amazing use of practical effects and a bit of CGI to inject realism into those sequences, but it's during the calm and the silence that cinematographer James Friend does his best work. The scenes with the soldiers lined up marching towards the front, an unknown destination, are simply beautiful to behold. There are several other sequences that focus on conversations between soldiers amidst nature, and the way that Friend captures nature as welcoming and comforting in that disturbing moment in History to those people is something so ravishing, that I would bet on an Oscar nomination for Best Cinematography.
The production design is a masterpiece on its own, and also deserving of an Oscar nomination. I simply loved the way they portrayed the front as a place so desolating, drenched with blood, smeared with mud, polluted by scattered bodies. It's an image so vivid (and partly, that's also due to Friend's work behind the camera) that you can almost smell it. There's an extensive use of smoke and mist in these scenes at the front, making us imagine what would happen in the following second, as you can't make anything of that weather, as it was. It's a really unsettling feeling, which, again, puts us under the soldiers' skins in an extremely effective way. There's a very visible contrast between the art direction in the battlefield and outside of it: while the front is dirty, smoky, filled with stuff scattered around; outside, amidst nature, it's all very clean, like it's something divine, a place where no harm could be done, and I loved that.
Now, the work in sound design, among the technical aspects, is the one that's most deserving of an Oscar. Only by looking at the title, you can see that sound plays a crucial role in “All Quiet on the Western Front” when building its war atmosphere, as well as the lack of it. For example, there's a scene in the trenches where two German soldiers are on lookout for enemy territory. Silence reigns over the scene, you literally can't hear a thing. One of the soldiers takes a little peek beyond and... BAM! The sound of a bullet rings through the viewer's ears and crosses through the soldier's helmet. Another example: several German soldiers are at enemy trenches, taking advantage of the food the enemies had left there. Out of nowhere, everything around them starts to shake, à la “Jurassic Park”. The soldiers go out to have a look and face three gigantic tanks heading towards the trenches. When the tanks stop, there's a meaningful moment of silence before a German soldier shouts out “GET DOWN!!” and the tanks start opening fire. Genius, just genius.)
Resumindo, “Nada de Novo no Front” ganha seu lugar entre os melhores filmes anti-guerra com louvor. Contando com um roteiro que opera em duas frentes de uma maneira igualmente envolvente, um elenco que consegue transmitir todo o horror da guerra através de suas brilhantes performances, e um uso impecável dos aspectos técnicos que destaca não só a brutalidade, mas também a beleza dos momentos entre as cenas de batalha, a terceira adaptação do livro de Erich Maria Remarque não só merece ser indicada (e ganhar) o Oscar de Melhor Filme Internacional, mas também estar entre os indicados (e talvez, até ganhar também) ao Oscar de Melhor Filme. Um dos melhores filmes do ano e um dos melhores e mais assustadores filmes de guerra que eu já vi, sem sombra de dúvida. Imperdível.
Nota: 10 de 10!!
É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, “All Quiet on the Western Front” earns its place amongst the best anti-war films with ease. Relying on a script that operates on two fronts in an equally involving way, a cast that manages to transmit all the horror of war through their brilliant performances, and a flawless use of its technical aspects that highlight not only the brutality, but also the beauty in the moments inbetween battle scenes, the third adaptation of Erich Maria Remarque's novel not only deserves to be nominated (and win) the Oscar for Best International Feature Film, but it also deserves being among the nominees (and maybe, even winning as well) for the Oscar for Best Picture. One of the best films of the year and one of the greatest, most harrowing war films I've ever seen, without a doubt. Don't miss this one.
I give it a 10 out of 10!!
That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)
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