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sexta-feira, 30 de novembro de 2018

"Over the Garden Wall": uma obra-prima animada narrativamente memorável e tecnicamente impecável (Bilíngue)


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E aí, galerinha de cinéfilos! Estou de volta, e venho com a resenha de uma obra-prima da animação moderna. Não é uma série extensa, mas em 10 episódios, ela consegue ser divertida, engraçada, assustadora e muito, muito tocante. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre a fantástica minissérie “Over the Garden Wall”. Vamos lá!
(What's up, film buffs! I'm back, and I come with the review of a masterpiece in modern animation. It's not a large series, but in 10 episodes, it manages to be engaging, funny, scary, and very, very touching. So, without further ado, let's talk about the fantastic miniseries “Over the Garden Wall”. Let's go!)



Eu já escrevi sobre Over the Garden Wall aqui no blog em 2014, mas venho trazer uma análise mais extensa com essa resenha. Pra quem ainda não sabe (ou não se lembra), a minissérie conta a história de Wirt (voz de Elijah Wood) e Greg (voz de Collin Dean), dois irmãos que se encontram perdidos em um lugar conhecido como o Desconhecido, onde contam com a ajuda de Beatrice (voz de Melanie Lynskey), um pássaro azul falante, para voltar para casa, tudo enquanto tentam escapar da temida Besta (voz de Samuel Ramey).
(I've already written about Over the Garden Wall here in the blog, back in 2014, but I, now, want to make a more extense analysis with this review. To those who don't know yet (or don't remember), the miniseries tells the story of Wirt (voiced by Elijah Wood) and Greg (voiced by Collin Dean), two brothers who find themselves lost in a place known as the Unknown, where they are aided by Beatrice (voiced by Melanie Lynskey), a talking bluebird, in order for them to return home, all while trying to escape the fearsome Beast (voiced by Samuel Ramey).)



Deixe-me começar dizendo que a minissérie tem um pouco de tudo: comédia, drama, suspense, romance, e até números musicais bem divertidos. A fusão de todos esses gêneros faz de Over the Garden Wall uma experiência extremamente agradável para todos os tipos de público: meninos e meninas, crianças e adultos. A história é muito bem trabalhada, e gostaria muito de saber como o Patrick McHale (criador da minissérie) a bolou, porque ela flui de uma maneira entendível e contínua, dando ao espectador o desejo ardente de ver o próximo capítulo. McHale, que trabalhou em séries como “Hora de Aventura” e “As Trapalhadas de Flapjack”, usa tudo o que ele aprendeu e eleva ao quadrado em “Over the Garden Wall”, entregando uma história premiada pelo Emmy que não é confusa, não é tão extensa, e que consegue agradar e intrigar a todos que assistem, e isso é uma tremenda realização pra uma só pessoa, o que precisa ser reconhecido.
(Let me start by saying that it has a bit of everything: comedy, drama, suspense, romance and even pretty fun musical numbers. The fusion of all those genres makes Over the Garden Wall an extremely pleasant experience to all kinds of audiences: boys and girls, children and adults. The story is very well developed, and I would like to know how Patrick McHale (creator of the miniseries) made it up, because it flows in an understandable, continuous way, giving the viewer a burning desire to check out the next chapter. McHale, who worked in TV shows like “Adventure Time” and “The Marvelous Misadventures of Flapjack”, uses everything he learned and elevates it to new heights in “Over the Garden Wall”, delivering an Emmy-winning story that isn't confusing, isn't too extense, and that manages to please and intrigue everyone who watches it, and that is a tremendous fulfillment for just one person, which must be recognized.)



O elenco de vozes é composto de grandes nomes na indústria cinematográfica, como Elijah Wood (O Senhor dos Anéis), Melanie Lynskey (Almas Gêmeas), Christopher Lloyd (De Volta para o Futuro), Tim Curry (The Rocky Horror Picture Show) e John Cleese (Monty Python), e todos eles trabalham muito bem. Mesmo sendo adulto, Wood consegue transmitir bem as angústias e incertezas que um adolescente sofre, em sua performance como Wirt; assim como Collin Dean consegue injetar em Greg uma inocência de dar inveja, completo com uma ingenuidade muito fofa, o que irá certamente atrair os mais pequenos para assistir a série. Melanie Lynskey trabalha maravilhosamente como Beatrice, possuindo uma química inegável com o personagem de Wood, uma química que juntou Wood e Lynskey novamente no filme da Netflix “Eu Já Não Me Sinto Mais em Casa Nesse Mundo”. Os personagens de Lloyd e Curry são ameaçadores na medida certa, assim como a Besta de Samuel Ramey, que possui uma aura sinistra em toda cena que ela está presente. “Over the Garden Wall” é uma das animações com o maior número de talento reunido no elenco nos tempos atuais, e isso é fato.
(The voice cast is composed by big names in the movie industry, like Elijah Wood (The Lord of the Rings), Melanie Lynskey (Heavenly Creatures), Christopher Lloyd (Back to the Future), Tim Curry (The Rocky Horror Picture Show) and John Cleese (Monty Python), and all of them work really well. Even as a grown-up, Wood manages to transmit well the anguishes and uncertainties a teenager suffers, in his performance as Wirt; just like Collin Dean succeeds in injecting Greg with a perfect childhood innocence, along with a really cute naivety, which will certainly attract the youngest into watching the show. Melanie Lynskey works wonderfully as Beatrice, possessing some undeniable chemistry with Wood's character, a chemistry that brought Wood and Lynskey together again in the Netflix movie “I Don't Feel At Home in This World Anymore”. Lloyd and Curry's characters are threatening in a certain measure, as is Samuel Ramey's Beast, who conjures a sinister atmosphere in every scene it's in. “Over the Garden Wall” is one of the animated shows with the largest number of talent gathered in a cast in recent times, and that is a fact.)



Agora, vamos ao destaque da minissérie: os aspectos técnicos. A começar pelo visual: “Over the Garden Wall” pode muito bem ser a série animada mais visualmente bem feita que eu já vi. O visual trabalha muito com um tema de outono (já que nos EUA, a minissérie estreou na época do Halloween), com folhas caindo, plantações de abóboras, e um tom mais vintage e vitoriano para os figurinos e cenários. Vários frames da minissérie são tão lindos, mas tão lindos, que podem servir de wallpaper no PC de alguém facilmente. Outro aspecto em que “Over the Garden Wall” acerta em cheio é na trilha sonora. Há vários momentos musicais nessa série, alguns inesperados, alguns inusitados, e alguns adequados, e todos são bons, grudando na cabeça que nem chiclete (Oh, potatoes and molasses...). A animação é inteiramente desenhada à mão em 2D, pra mim o melhor jeito de animar uma série do estilo de “Over the Garden Wall” (“Gravity Falls” tá aí pra provar), o que cai como uma luva para Patrick McHale e cia, porque é uma série simples, sem nenhum motivo para recorrer à computação gráfica, o que poderia seriamente arruinar os traços dos personagens e dos cenários. Resumindo, tecnicamente, “Over the Garden Wall” é impecável, contando com uma trilha sonora viciante, um visual magnífico, e animação tradicional que combina muito com o estilo da minissérie.
(Now, let's get to the highlight of the miniseries: the technical aspects. Starting with the visuals: “Over the Garden Wall” may, very well, be the best animated show I've ever seen, visually. It works with a fall-ish theme (as it premiered on October, Halloween time), with falling leaves, pumpkin fields, and a more vintage, Victorian tone to the costumes and sets. Several frames in the miniseries are so beautiful, they would easily fit as a wallpaper for someone's computer. Another aspect that “Over the Garden Wall” succeeds in is the soundtrack. There are several musical moments in the show, some unexpected, some unusual, and some adequate, and they're all good ones, with their choruses sticking to our heads like chewing gum (Oh, potatoes and molasses...). The animation is entirely hand-drawn in 2D, which is, for me, the best way to animate a series in its style (Gravity Falls is there to prove it), and that fits like a glove for Patrick McHale and his crew, because it's a simple series, with no reason to run to CGI, which could really ruin the traces of the characters and the scenarios. In a nutshell, technically, “Over the Garden Wall” is flawless, with a catchy soundtrack, magnificent visuals, and traditional animation that fits the style of the miniseries.)



Uma coisa que vem se popularizando em desenhos atuais são os easter eggs, segredos de outras séries ou talvez da própria série escondidos para que os espectadores achem. Há vários deles aqui, então, na segunda vez que assistirem “Over the Garden Wall”, prestem atenção nos vários detalhes que a série deixa, especialmente nos dois últimos episódios, que estão recheados de easter eggs do início da história.
(One thing that's becoming popular in recent cartoons is the use of easter eggs, secrets belonging to other shows or, maybe, to the show they are in, hidden for the viewers to find. There are several of them here, so in the second time you get to watch “Over the Garden Wall”, pay attention to the many details the series leaves, especially in the last two episodes, which are filled with easter eggs connecting to the beginning of the story.)



Resumindo, “Over the Garden Wall” é uma minissérie muito bem escrita e tecnicamente impecável, que junta um elenco que esbanja talento com uma trilha sonora viciante, para contar uma história que você talvez não esquecerá tão cedo!

Nota: 10 de 10!!

Então, é isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Over the Garden Wall” is a very well written, technically flawless miniseries, that gathers an extremely talented cast along with an addictive soundtrack, in order to tell a story you may not forget that soon!

I give it a 10 out of 10!!

So, that's it, folks! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)



quinta-feira, 29 de novembro de 2018

"Filhos da Esperança": uma distopia sombria e realista, mas surpreendentemente bela e poética (Bilíngue)


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E aí, galerinha de cinéfilos! Estou de volta, com a resenha do que eu, agora, considero, ser o melhor filme de todos os tempos. Dirigido por um dos diretores mais influentes do século (Alfonso Cuarón), magnificamente fotografado, e movido por um roteiro distópico extremamente sombrio e assustadoramente realista, vamos falar sobre o excepcional “Filhos da Esperança”. Vamos lá!!
(What's up, film buffs! I'm back, with the review of what I, now, consider to be the best movie of all time. Directed by one of the most influential directors of the century (Alfonso Cuarón), magnificently shot, and moved by an extremely dark and disturbingly realistic dystopian script, let's talk about the exceptional “Children of Men”. Let's go!!)



Baseado no livro “The Children of Men”, de P.D. James, o filme se ambienta em 2027, e uma crise de infertilidade assola o mundo, com a última geração de bebês já sendo adulta na época em que o filme se ambienta. Seguimos Theo Faron (Clive Owen), um burocrata, que é recrutado pelos Peixes, uma milícia anti-governamental que age a favor dos imigrantes ilegais, liderada por Julian (Julianne Moore), ex-esposa de Theo, e ele recebe a missão de transportar uma garota grávida (Clare-Hope Ashitey) para um refúgio.
(Based upon the book “The Children of Men”, written by P.D. James, the movie is set in 2027, and an infertility crisis is haunting the world, with the last generation of babies already grown up in the time the film is set. We follow Theo Faron (Clive Owen), a bureaucrat, who is recruited by the Fishes, an anti-government militia which acts to benefit the illegal immigrants, led by Julian (Julianne Moore), Theo's ex-wife, and he receives the mission to transport a pregnant girl (Clare-Hope Ashitey) to a safe haven.)



Ouvi falar desse filme por 3 razões bem específicas:
  1. Ele está em décimo-terceiro lugar numa lista recente da BBC dos 100 melhores filmes do século XXI;
  2. Ele serviu de inspiração para um videogame do qual eu sou fã (The Last of Us);
  3. É considerado o melhor filme do diretor (Alfonso Cuarón).
Então, eu fui ver. Mas eu não esperava que fosse tão bom, superando minhas expectativas como nenhum filme fez até agora. O roteiro, escrito por Cuarón, Timothy J. Sexton, David Arata, Mark Fergus e Hawk Ostby, de acordo com fontes confiáveis, é bem diferente do material fonte, mas é tão poderoso que ele consegue prender o espectador com o tom extremamente sombrio, porém surpreendentemente poético do filme, até os créditos finais começarem. Acho que é possível dizer que, entre as várias sequências de ação de tirar o fôlego, “Filhos da Esperança” é um roteiro que concentra nos relacionamentos, e ele faz isso de maneira brilhante. Mesmo não tendo seguido fielmente o livro (Cuarón não leu o livro para não influenciar na versão dele), o roteiro consegue ser envolvente, sombrio, cativante, e poético, e isso precisa ser notado, pois é um dos destaques que o filme tem a oferecer.
(I heard about this film for 3 very specific reasons:
  1. It's in 13th place on a recent BBC list of the 100 greatest films of the 21st century;
  2. It served as an inspiration to a videogame (The Last of Us), of which I'm a really big fan;
  3. It's considered to be the director's (Alfonso Cuarón) greatest film to date.
So, I watched it. But I definitely did not expect it to be that good, overcoming all my expectations in a way no other movie ever did so far. The script, written by Cuarón, Timothy J. Sexton, David Arata, Mark Fergus and Hawk Ostby, according to trustworthy sources, is quite different from the source material, but it's so powerful, that it manages to keep the viewer's attention with its extremely dark, yet surprisingly poetic tone, until the credits begin to roll. I think it's possible to say that, between the exhilarating action sequences, “Children of Men” is a script that focuses on relationships, and it does that brilliantly. Even if it did not follow the source material (Cuarón did not read the book so it wouldn't influence in his version), the script manages to be involving, dark, captivating and poetic, and that must be noted, as it's one of the film's highlights.)



O filme conta com um elenco estelar (Clive Owen, Julianne Moore, Michael Caine, Chiwetel Ejiofor, Charlie Hunnam, Pam Ferris e Clare-Hope Ashitey), e todos tem sua hora de brilhar. Apesar do personagem de Clive Owen ter mais tempo de tela, e consequentemente, um desenvolvimento mais bem trabalhado, quem realmente rouba a cena aqui é Michael Caine, conhecido como o mordomo Alfred Pennyworth da trilogia O Cavaleiro das Trevas. Aqui ele interpreta um personagem radicalmente diferente do adorado mordomo, contando com várias cenas que servem para distrair um pouco, para que o filme não seja inteiramente sombrio, servindo um pouco como o “alívio cômico”. Outros destaques ficam com Clare-Hope Ashitey, que consegue transmitir, com sua atuação, ao mesmo tempo, o medo de viver naquele ambiente e a esperança de um lugar melhor no futuro; e Chiwetel Ejiofor, que interpreta um vilão ameaçador e que possui uma razão entendível para fazer o que ele faz, o que pode ser muito difícil de fazer em filmes atuais, e isso precisa ser reconhecido. No quesito elenco, “Filhos da Esperança” fez um tremendo trabalho juntando todo esse talento para contracenar com o brilhante roteiro.
(The film has a stellar cast (Clive Owen, Julianne Moore, Michael Caine, Chiwetel Ejiofor, Charlie Hunnam, Pam Ferris and Clare-Hope Ashitey), and each one has their time to shine. Although Clive Owen's character has the longest screen time, and consequently, a better character development, the real scene stealer here is Michael Caine, known as the butler Alfred Pennyworth in the Dark Knight trilogy. Here, he plays a character who is radically different from the beloved butler, having several scenes that serve as a palate cleanser, in order for the film to not be entirely bleak, with Caine's character being the “comic relief” of the movie. Other notable performances belong to Clare-Hope Ashitey, who manages to transmit, with her performance, at the same time, the fear of living in that environment and the hope of a better place in the future; and Chiwetel Ejiofor, who plays a threatening villain who has an understandable reason to do what he does, which can be very hard to do in recent films, and that must be recognized. When we talk about casting, “Children of Men” did a tremendous work gathering all that talent to roll with this brilliant script.)



Se o roteiro e o elenco não forem o suficiente para atrair o espectador, os aspectos técnicos definitivamente irão. Começando pela fotografia de Emmanuel Lubezki (que ganhou 3 Oscars consecutivos de Melhor Fotografia, por “Gravidade”, “Birdman” e “O Regresso”), a qual é basicamente um personagem do filme, acentuando sua atmosfera sombria, fazendo altos usos de tons cinzentos, para simbolizar a distopia em que o filme é ambientado. Um destaque no trabalho de Lubezki em “Filhos da Esperança” são as cenas ambientadas dentro de veículos, pois a câmera não balança, ou estraga o enquadramento, pelo contrário, ela flui dentro do veículo, passando por todos os cantos, pegando todos os detalhes; outro aspecto em que Lubezki trabalha de modo magnífico são as cenas de ação, onde a câmera também flui suavemente, apesar do tom pesado das cenas; e esses pontos fazem desse o melhor trabalho de fotografia que eu já vi em um filme. Outro destaque dos aspectos técnicos é a direção de arte, que, mesmo sendo ambientado em uma época posterior à que “Blade Runner” é ambientado, não concentra nas inovações tecnológicas que existiriam naquela época, focando, por sua vez, em aspectos que existiriam na vida real no futuro: lixo, animais mortos, fumaça, e por aí vai, trazendo um mundo imundo, bagunçado e assustadoramente realista, sendo um dos melhores trabalhos de direção de arte que eu já vi em um filme distópico. A direção de Alfonso Cuarón, a edição co-autorada pelo diretor e a fotografia de Emmanuel Lubezki trabalham combinadas para dar origem à algumas das mais hipnotizantes sequências em uma tomada só do cinema atual, que, apesar de pesadas, são um verdadeiro deleite de testemunhar. Mesmo com um roteiro brilhante e um elenco extremamente talentoso, pode-se dizer que os aspectos técnicos são o verdadeiro destaque de “Filhos da Esperança”.
(AVISO: O vídeo abaixo contém SPOILERS do filme. Se você ainda não viu o filme, não veja o vídeo!)
(If the script and the cast aren't enough to lure the viewer into watching, the technical aspects will definitely do the job. Starting off from Emmanuel Lubezki's (he won 3 consecutive Oscars because of his cinematography work in “Gravity”, “Birdman”, and “The Revenant”) cinematography, which basically is a character in the film, augmenting its bleak atmosphere, using lots of grey-ish shades, in order to symbolize the dystopia in which the film is set. A highlight in Lubezki's work in “Children of Men” are the scenes set inside vehicles, where the camera does not shake or ruin the framing, actually it's the opposite, it flows inside the vehicle, passing through every corner, catching every detail; other aspect in which Lubezki magnificently succeeds are the action scenes, where the camera also flows softly, even if the scenes are really heavy in content; and these points make this the greatest cinematography work I've ever seen in a film. Another highlight in the technical aspects is the art direction, which, even with the film being set later than when “Blade Runner” is set, does not focus on the technological innovations that would exist in that time, but instead, concentrates in aspects that would exist in the real future: garbage, dead animals, smoke, and it goes further, bringing into the light a filthy, messy, disturbingly realistic world, which makes it one of the best art direction works I've ever seen in a dystopian movie. The direction by Alfonso Cuarón, the editing work co-authored by the director and Emmanuel Lubezki's cinematography work together to create some of the most hypnotizing single-shot sequences in recent cinema, which, although pretty heavy in content, are a real delight to witness. Even with a brilliant script and an extremely talented cast, it can be said that the technical aspects are the true highlight of “Children of Men”.
(WARNING: The video below contains SPOILERS. If you haven't seen the movie yet, do not see this video!!)


Sombrio, perturbadoramente realista, mas surpreendentemente belo e poético, “Filhos da Esperança” é uma distopia meticulosamente criada para despertar uma discussão política-social na mente do espectador, contando com um trabalho de fotografia de tirar o fôlego, e com o comando de um dos diretores mais influentes do século.

Nota: 12 de 10!!

Então, é isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(Bleak, disturbingly realistic, yet surprisingly beautiful and poetic, “Children of Men” is a dystopia meticulously created to spark a political-social discussion in the viewer's mind, containing some breathtaking cinematography work, and under the command of one of the most influential directors of the century.

I give it a 12 out of 10!!

So, that's all, folks! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)



quinta-feira, 15 de novembro de 2018

"Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald": sequência encanta pelo visual e confunde o espectador na história (Bilíngue)


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E aí, galerinha de cinéfilos! Estou de volta, e estou aqui com a resenha da segunda parte da segunda saga baseada na série de livros de sucesso “Harry Potter”. O primeiro filme provou ser uma ótima extensão da saga, apresentando personagens e ameaças novas de forma concisa e muito, muito divertida. Será que a sequência é melhor, tão boa quanto, ou pior do que seu antecessor? Vamos descobrir, na resenha de “Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald”! Vamos lá!!
(What's up, film buffs! I'm back, with the review of the second chapter in the second saga based on the hit book series “Harry Potter”. The first film proved to be a great extension of the saga, introducing new characters and threats in a concise, and very, very fun way. Is the sequel better, just as good, or worse than its predecessor? Let's find out, in this review of “Fantastic Beasts: The Crimes of Grindelwald”! Let's go!!)



O filme começa quando o primeiro terminou, com Gerardo Grindelwald (Johnny Depp) escapando de seu cativeiro em Nova York, e partindo para Paris, à procura de Credence Barebone (Ezra Miller), um jovem com um passado obscuro, que também está no radar de Newt Scamander (Eddie Redmayne) e Tina Goldstein (Katherine Waterston), que contarão com a ajuda de Alvo Dumbledore (Jude Law) para achar Credence e colocar um fim nos planos malignos de Grindelwald.
(The movie begins exactly when the first one ended, with Gellert Grindelwald (Johnny Depp) escaping his prison in New York, and heading off to Paris, looking for Credence Barebone (Ezra Miller), a young man with a dark past, who is also being searched by Newt Scamander (Eddie Redmayne) and Tina Goldstein (Katherine Waterston), who will count with the help of Albus Dumbledore (Jude Law) in order to find Credence and to put an end in Grindelwald's evil plans.)



Deixe-me começar dizendo que o filme não é perfeito. Não possui aquela magia envolvente presente nos filmes da saga “Harry Potter” e a simplicidade presente no primeiro filme da saga “Animais Fantásticos”, mas ainda assim, há muito o que gostar aqui. Começaremos pelo visual e pelas características técnicas do filme. Eles pegaram todas as características visuais que funcionaram no primeiro filme e dobraram na qualidade. É visualmente estonteante, encantador, e, de fato, fantástico. A fotografia é impecável, assim como o trabalho de direção de arte e design de produção, que conseguiu recriar, de forma inventiva e criativa, uma Paris de tirar o fôlego no final da década de 1920. Outro aspecto que melhorou bastante foi o uso dos efeitos especiais, especialmente na criação dos animais fantásticos, que possuem uma identidade própria através do visual e das atitudes deles. Resumindo, visualmente, “Os Crimes de Grindelwald” é muito melhor do que “Animais Fantásticos e Onde Habitam”, e o visual é obrigatoriamente um dos aspectos que se deverão levar em conta ao comprar o ingresso.
(Let me start by saying that the movie is not perfect. It doesn't have that soothing magic as in the “Harry Potter” films or the simplicity as in the first film in the “Fantastic Beasts” saga, but still, there's a lot to like here. Let's start with the visuals and the film's technical qualities. They took all the visual characteristics that worked in the first film and doubled them in quality. It's visually astonishing, charming and, indeed, fantastic. The cinematography is flawless, and so is the art direction and the production design, that managed to recreate, in an inventive and creative way, a breathtaking late-1920s Paris. Another aspect that got way better was the use of visual effects, especially when creating the fantastic beasts, who have their own identity through their looks and attitudes. In a nutshell, visually, “The Crimes of Grindelwald” is way better than “Fantastic Beasts and Where to Find Them”, and the visuals must be one of the aspects that should be on viewers's minds when purchasing the ticket.)



Indo para as atuações, os membros do elenco do primeiro filme continuam entregando mais do mesmo. O Eddie Redmayne continua incrível como Newt Scamander, com suas peculiaridades e carinho pelos animais que ele cuida. O Dan Fogler continua sendo o alívio cômico do filme como o padeiro e ex-soldado Jacob Kowalski, mas consegue alcançar um arco emocionante na sequência. Katherine Waterston e Alison Sudol continuam muito boas como as irmãs Tina e Queenie Goldstein, e Ezra Miller está operante como Credence Barebone. Os destaques no quesito atuação nesse filme ficam com Jude Law, como um jovem Dumbledore, e com Johnny Depp, como o ameaçador Grindelwald. Law consegue captar a jovialidade do maior bruxo de todos os tempos com maestria, assim como Depp consegue fazer um vilão crível, que não é mau só por ser mau, mas tem uma verdadeira razão por trás daquilo que ele faz, e isso é sempre bem-vindo em blockbusters de hoje em dia. Também estão no elenco nomes novos como Callum Turner, Claudia Kim e Brontis Jodorowsky, mas nenhum de seus personagens possui um desenvolvimento que valha a pena ser mencionado. A personagem da Zoe Kravitz, mencionada no primeiro filme, possui um bom desenvolvimento, mas pareceu um pouco apressado, então não ficou muito entendível.
(Onward to the performances, the cast members of the first film keep on delivering more of the same. Eddie Redmayne continues to be amazing as Newt Scamander, with his peculiarities and love for the animals he has in his care. Dan Fogler continues to be the comic relief of the film as the baker and former soldier Jacob Kowalski, but manages to reach a thrilling arc in the sequel. Katherine Waterston and Alison Sudol continue to be very good as sisters Tina and Queenie Goldstein, and Ezra Miller is operative as Credence Barebone. The highlights in the film's performances are in Jude Law, as a young Dumbledore, and in Johnny Depp as the threatening Grindelwald. Law manages to capture the youthful spirit of the greatest wizard of all time masterfully, and Depp manages to play a believable villain, who is not bad just because he is evil by nature, but has a true reason behind everything he does, and that is always welcome in today's blockbusters. The cast also has new names like Callum Turner, Claudia Kim and Brontis Jodorowsky, but none of their characters have a development worth mentioning. Zoe Kravitz's character, however, has a nice, yet kinda rushed, development, so it kind of remained misunderstood.)



Agora, chegamos ao único erro que o filme cometeu. O roteiro, infelizmente, não chega aos pés do desenvolvimento do visual e das atuações. Com a própria J.K. Rowling, criadora desse universo, assinando o roteiro, acreditava que esse filme poderia ter tido uma história incrível e mágica, ao mesmo tempo sendo mais sombria, como os trailers sugeriam. Mas não foi isso que aconteceu. O roteiro apresenta uma quantidade colossal de personagens novos em um só filme, e nem todos possuem um desenvolvimento bem trabalhado, o que provavelmente acontecerá em futuros filmes da franquia. Além dos personagens novos, há criaturas novas, e às vezes, é tanta coisa nova em uma cena só que chega a ser cansativo e difícil de processar. Outra falha no roteiro é o uso de flashbacks. Tem um flashback bem trabalhado e outro bem apressado. O erro foi colocar o mais simples como o mais bem trabalhado e o mais profundo e cheio de história como o mais apressado, o que realmente dificulta o entendimento da história para o espectador. Outra coisa difícil de entender foi o final, que é completamente aberto à interpretações. Fico triste em dizer isso, mas a história não possui a magia característica da saga, e espero que em futuros filmes, isso se conserte.
(Now, we get to the only mistake the movie made. The script, unfortunately, doesn't reach the greatness of the visuals and the performances. With J.K. Rowling herself, the creator of this universe, writing the screenplay, I believed this movie could have an incredible and magical story, as well as a darker one, as the trailers suggested. But that didn't happen. The script introduces a colossal quantity of new characters in just one movie, and not all of them have a good development, which will probably take place in future films in the franchise. Besides new characters, there are new beasts, and sometimes, there's too much stuff in just one scene that it becomes tiring and hard to process. Another script flaw is the use of flashbacks. There's a well-worked one and a rushed one. The mistake was to set the more simple one as the well-worked one and the one with lots of backstory as the rushed one, which really difficults the understanding of the story by the spectator. Another thing that was hard to understand was the ending, which is completely open to interpretations. It saddens me to say this, but the story doesn't have the saga's characteristic magic, and I hope that, in future films, this may fix itself.)



Resumindo, “Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald” é uma sequência visualmente rica, e ao mesmo tempo, narrativamente confusa, mas que possui uma base a ser desenvolvida em filmes futuros!

Nota: 8,5 de 10!!

Bom, é isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Malfeito feito, e até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Fantastic Beasts: The Crimes of Grindelwald” is a visually rich, yet narratively confusing sequel, but it has a basis yet to be developed in future films!

I give it a 8,5 out of 10!!

Well, that's it, folks! I hope you liked it! Mischief managed, and see you next time,
João Pedro)




terça-feira, 6 de novembro de 2018

"Inside No. 9": o primo cotidiano, excêntrico e ainda mais britânico de "Black Mirror" (Bilíngue)


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E aí, galerinha de cinéfilos! Estou de volta, com a resenha de uma série parcialmente conhecida pelo grande público, pelo fato de séries mais populares no mesmo formato a tirarem do holofote, mas que é tão boa quanto. Pode ser descrita como um primo cotidiano, excêntrico, perverso e ainda mais britânico de “Black Mirror”. Sem mais delongas, vamos falar de “Inside No. 9”. Vamos lá!
(What's up, film buffs! I'm back, with the review of a show that's partially known by the great public, because of more popular shows in the same format taking it out of the spotlight, but it's just as good as these shows. It can be described as an everyday, eccentric, twisted and even more British cousin to “Black Mirror”. Without further ado, let's talk about “Inside No. 9”. Let's go!)



“Inside No. 9” é uma série antológica de humor negro criada e roteirizada por Steve Pemberton e Reece Shearsmith, cujos episódios têm em comum o fato de se ambientarem em um lugar identificado com o número 9, daí o nome da série (Dentro do Número 9, em tradução livre), e todos os episódios possuem uma aparição de uma estátua em forma de lebre. Todos os episódios possuem enredos e personagens diferentes, mas cada um tenta tornar um evento cotidiano e comum em um caos colossal com reviravoltas e histórias de plano de fundo.
(“Inside No. 9” is a dark humor anthology series created and written by Steve Pemberton and Reece Shearsmith, and all the episodes are set inside somewhere identified with the number 9, hence the name of the show, and all of them contain an appearance by a hare statue. All the episodes have different plots and characters, but each one tries to turn a common, every-day event into colossal chaos, with twists and backstories.)



Ouvi falar desse programa, assim como toda coisa britânica boa que eu descubro, através da minha série favorita, “Doctor Who”, pelo fato de tanto Pemberton quanto Shearsmith (os criadores do programa) participarem de projetos de DW. Fui assistir quase sem expectativas, e acabei me surpreendendo. Cada episódio é uma história contida, sem indícios de continuação, mas cada final de episódio te deixa atordoado de tão brilhante que é. Às vezes, esses finais podem ser confusos, mas aí você vai juntando as peças do quebra-cabeça montado ao longo do episódio, e quando você finalmente entende o que está rolando, você fica tipo assim:
(I heard about this show, just like every good British thing I discover, through my favorite TV series, “Doctor Who”, as Pemberton and Shearsmith (the show's creators) participated in DW projects. I watched it without any kind of expectations, and I ended up surprised by it. Each episode is a contained story, without any cliffhangers for a sequel, but each episode ending leaves you stunned because of its brilliance. Sometimes, these endings may be confusing, but then you gather all the pieces of the puzzle put together throughout the episode, and when you finally understand what the heck is going on, you can't help but feel like this:)



O bom é que essa série não tem um gênero definido. Você gosta de terror? Tem aqui! Você gosta de drama? Tem aqui! Você gosta de comédia? Tem aqui também! Você gosta de suspense? É o que tem de sobra! E acredite se quiser, tem até episódio musical. Isso é mais uma prova do quão brilhantes os dois criadores desse programa são, pois eles conseguem adaptar as tramas em gêneros diferentes sem perder o humor negro que define e caracteriza o trabalho dos dois. Nesse aspecto, eu acho essa série um pouco melhor do que “Black Mirror”, que, mesmo bebendo da mesma fonte de “uma ambientação por episódio”, fica concentrada nos aspectos da tecnologia e seus efeitos no ser humano. Sem querer rebaixar “Black Mirror”, que é uma das melhores séries originais da Netflix, na minha opinião, mas a capacidade de Pemberton e Shearsmith tem que ser reconhecida aqui.
(The good thing is this show has no defined genre. Do you like horror? They have it! Do you like drama? They have it! Do you like comedy? They also have it! Do you like suspense? They have it to spare! And believe it or not, they even have a musical episode. That's one more piece of evidence of how brilliant the two creators of this show are, because they can adapt their plots into different genres without losing the dark humor that defines and characterizes their work. In that aspect, I think this series is a little better than “Black Mirror”, which, even making use of the “one setting per episode” format, stays focused in the aspects of technology and its effects on human beings. I don't mean to put “Black Mirror”, which, to me, is one of the best Netflix original shows, on a lower level, but Pemberton and Shearsmith's capacity has to be recognized here.)



Como toda série, “Inside No. 9” tem episódios excelentes, e outros nem tanto. Não levem pro lado ruim, na minha opinião, os episódios de “Inside No. 9” devem ser ranqueados de “menos brilhante” para o “mais brilhante”. Mas, para vocês começarem a assistir e se acostumarem com o formato do programa, aqui estão 5 episódios (1 de cada temporada) que eu considero essenciais:
(As any show out there, “Inside No. 9” has excellent episodes, and others which are not that excellent. Don't take this the wrong way, in my opinion, the episodes should be ranked from “least brilliant” to “most brilliant”. But, in order for you to start watching and get used to the show's format, here are 5 episodes (one of each season) which I consider to be essential:)


1 – A QUIET NIGHT IN (UMA NOITE SILENCIOSA NO NÚMERO 9) – Primeira temporada, episódio 2
(1 – A QUIET NIGHT IN – Season 1, episode 2)
Depois de um episódio de estreia claustrofóbico em “Sardines”, o segundo episódio se ambienta numa grande mansão, e acompanha dois bandidos (interpretados por Pemberton e Shearsmith) que desejam roubar um quadro valioso, o qual o dono da mansão tem em posse. O gênero predominante no episódio é a comédia, e um diferencial que esse episódio tem em relação aos outros episódios cômicos da série é que ele é, em sua maioria, mudo, ou seja, não é preciso de falas para entender o episódio e seu humor. O roteiro de Pemberton e Shearsmith se influencia em trupes icônicas de humor antigas, como o Gordo e o Magro e os Três Patetas, para construir o humor desse episódio, e funciona de maneira estupenda. O elenco trabalha muito bem, e é uma das meias-horas mais engraçadas que eu já vi na televisão. Totalmente recomendo para quem quer começar o programa com o pé direito.
(After a claustrophobic debut episode in “Sardines”, the second episode is set in a huge mansion, and follows two burglars (played by Pemberton and Shearsmith) who wish to steal a valuable painting, which the mansion's owner has in possession. The predominant genre in the episode is comedy, and what makes this episode different from other comedy ones is that it is, in its majority, silent, meaning, it doesn't need lines for the episode and its humor to be understood. Pemberton and Shearsmith's script takes as an influence comedy troupes from the old days, like Laurel and Hardy and the Three Stooges, to construct this episode's humor, and it works in a stupendous way. The cast is really good, and it is one of the funniest half hours I've ever seen on television. Highly recommend it to the ones who want to start the show with the right foot.)



2 – THE 12 DAYS OF CHRISTINE (OS 12 DIAS DE CHRISTINE) – Segunda temporada, episódio 2
(2 – THE 12 DAYS OF CHRISTINE – Season 2, episode 2)
O segundo episódio da segunda temporada se ambienta no Natal, em um apartamento, e segue 12 anos na vida de Christine (Sheridan Smith), uma mulher que é regularmente assombrada por um homem com capa de chuva (Reece Shearsmith). A sinopse leva a acreditar que o episódio é um suspense, mas na verdade é um drama. Um drama brilhantemente construído e com uma carga emocional enorme, diga-se de passagem. O roteiro faz muito bem em compactar um período tão longo em meia hora, e é um daqueles episódios que você vê de uma maneira completamente diferente na segunda assistida (que nem “Shut Up and Dance”, de Black Mirror), de tão profundo que ele é. O elenco é muito bom: a Sheridan Smith dá um show como a protagonista, assim como Steve Pemberton e Tom Riley. É uma meia-hora sensacional, e é uma das razões pelas quais “Inside No. 9” é um dos programas mais engenhosos e inteligentes dos tempos atuais.
(The second episode in the second season is set on Christmas, in an apartment, and follows 12 years in the life of Christine (Sheridan Smith), a woman who is regularly haunted by a man in a raincoat (Reece Shearsmith). The plot leads to believe that it is a thriller, but it's actually a drama. A brilliantly built, emotionally charged drama, to be honest. The script succeeds wonderfully in compacting such a long period of time into half an hour, and it's one of those episodes you watch in a completely different way when you see it for the second time (just like Black Mirror's “Shut Up and Dance”), as a proof of its depth. The cast is really good: Sheridan Smith nails it as the main character, as Steve Pemberton and Tom Riley do too. It's a sensational half hour, and it's one of the reasons why “Inside No. 9” is one of the most ingenious and clever shows in recent times.)



3 – THE RIDDLE OF THE SPHINX (O ENIGMA DA ESFINGE) – Terceira temporada, episódio 3
(3 – THE RIDDLE OF THE SPHINX – Season 3, episode 3)
Indo um pouco mais para o suspense e o mistério, “The Riddle of the Sphinx” se ambienta em um escritório de um professor (Steve Pemberton), o qual é invadido por uma universitária (Alexandra Roach), que deseja saber as respostas das palavras-cruzadas do dia seguinte, para provar ao namorado que ela é inteligente. Esse é um daqueles episódios que é reviravolta atrás de reviravolta, e é cada uma mais chocante que a outra, então não irei falar muito. O roteiro é um dos mais brilhantes que eu já vi do gênero, e o elenco, composto por apenas três atores (Pemberton, Roach e Reece Shearsmith), trabalha muito bem junto. É uma meia-hora tensa, desconfortável e perturbadora, mas continua sendo brilhante, como de costume por parte de Pemberton e Shearsmith. Recomendo bastante para aqueles que adoram um bom suspense!
(Going in direction towards thriller and mystery, “The Riddle of the Sphinx” is set in a professor's (Steve Pemberton) study, which is raided by a college girl (Alexandra Roach), who wishes to know the answers to the following day's crossword puzzles, in order to prove her boyfriend she is smart. This is one of those episodes that contain one twist after another, and each one's more shocking than the last one, so I'll not talk too much about it. The script is one of the most brilliant ones I've ever seen in the genre, and the cast, composed by only three actors (Pemberton, Roach and Reece Shearsmith), works really well together. It's a tense, unconfortable, disturbing half hour, but that doesn't stop it from being brilliant, just like everything Pemberton and Shearsmith do. I highly recommend this to those who love a good suspense!)



4 – BERNIE CLIFTON'S DRESSING ROOM (O CAMARIM DO BERNIE CLIFTON) – Quarta temporada, episódio 2
(4 – BERNIE CLIFTON'S DRESSING ROOM – Season 4, episode 2)
Contando com uma mistura de dois gêneros opostos (comédia e drama), o episódio se ambienta em um grande salão, onde uma dupla de comediantes (Pemberton e Shearsmith), famosa nos anos 80, se reúne para fazer um último show, mas conflitos emergem quando um momento ruim na carreira dos dois é lembrado por um deles. Eu não duvido que esse deve ser o episódio mais pessoal e íntimo que os dois escreveram, porque parece até que eles estão interpretando a eles mesmos, de tão brilhante que é. Assim como “The 12 Days of Christine”, o episódio é meticulosamente construído e emocionalmente carregado. Ele também conta com duas performances sensacionais de Pemberton e Shearsmith, sendo o episódio no qual a dinâmica entre os dois funciona melhor. É engraçado, trágico, e possui uma cena altamente simbólica, que será perceptível quando assistido pela segunda vez. Um dos melhores episódios da série, e uma das provas que ela só continua crescendo em qualidade.
(Being a mixture of two opposite genres (comedy and drama), the episode is set in a big hall, where a duo of comedians (Pemberton and Shearsmith), famous in the 80s, gets back together to perform one last show, but conflict emerges when one bad moment in their career is remembered by one of them. I have no doubt that this might be the most personal, intimate episode the two have ever written, because it seems that they are playing themselves, just to prove its brilliance. Alike “The 12 Days of Christine”, it is meticulously built and emotionally charged. It also has two sensational performances by Pemberton and Shearsmith, with this episode standing out as the one in which their dynamic works out better. It's funny, tragic, and it has a highly symbolic scene, perceptible when watched for a second time. One of the best episodes in the series, and one of the proofs that it only keeps growing in quality.)



5 – DEAD LINE (LINHA CORTADA) – Especial de Halloween
(5 – DEAD LINE – Halloween special)
Um episódio complexo de discutir, “Dead Line” pode ser um assunto para uma futura postagem no blog. É altamente experimental e metalinguístico, e faz um test drive com técnicas de câmera pouco usadas no programa. Esse é outro episódio que possui reviravoltas de sobra, então tenha cuidado com o que você leia sobre o especial. Mas posso dizer que é ambicioso, inovador, brilhante e realmente assustador, trazendo um arrepio na espinha que não aparece desde o episódio 6 da primeira temporada (The Harrowing). Um fato interessante é que ele foi exibido ao vivo no Reino Unido, então imaginem o quão tenso foi filmar um especial de Halloween do jeito que foi filmado ao vivo. É simplesmente impressionante o resultado, e é um dos melhores episódios de televisão do ano até agora!
(A complex episode to discuss, “Dead Line” may be a subject to a future post here in the blog. It's highly experimental and metalinguistic, and test drives several camera techniques which were very little used in the show. This is another twist-filled episode, so be careful on what you read about it. But I can say it is ambitious, innovative, brilliant and truly scary, bringing a chill to the spine which hadn't returned since episode 6 (The Harrowing). An interesting fact about “Dead Line” is that it was a live show in the UK, so imagine how tense it was to film a Halloween special the way it was filmed live. The results are simply impressive, and it's one of the best TV episodes of the year so far!)



Resumindo, “Inside No. 9” é engenhosa, inteligente, perversa, e muito britânica, e alerta o espectador para ficar de olho no que os dois criadores irão criar a seguir!

Nota: 10 de 10!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Inside No. 9” is ingenious, clever, twisted, and very British, and alerts the viewer to keep an eye on what the two creators will create at a later time!

I give it a 10 out of 10!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)