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E aí, galerinha de
cinéfilos! Estou de volta, com a resenha de uma série parcialmente
conhecida pelo grande público, pelo fato de séries mais populares
no mesmo formato a tirarem do holofote, mas que é tão boa quanto.
Pode ser descrita como um primo cotidiano, excêntrico, perverso e
ainda mais britânico de “Black Mirror”. Sem mais delongas, vamos
falar de “Inside No. 9”. Vamos lá!
(What's up, film buffs!
I'm back, with the review of a show that's partially known by the
great public, because of more popular shows in the same format taking
it out of the spotlight, but it's just as good as these shows. It can
be described as an everyday, eccentric, twisted and even more British
cousin to “Black Mirror”. Without further ado, let's talk about
“Inside No. 9”. Let's go!)
“Inside No. 9” é
uma série antológica de humor negro criada e roteirizada por Steve
Pemberton e Reece Shearsmith, cujos episódios têm em comum o fato
de se ambientarem em um lugar identificado com o número 9, daí o
nome da série (Dentro do Número 9, em tradução livre), e todos os
episódios possuem uma aparição de uma estátua em forma de lebre.
Todos os episódios possuem enredos e personagens diferentes, mas
cada um tenta tornar um evento cotidiano e comum em um caos colossal
com reviravoltas e histórias de plano de fundo.
(“Inside No. 9” is
a dark humor anthology series created and written by Steve Pemberton
and Reece Shearsmith, and all the episodes are set inside somewhere
identified with the number 9, hence the name of the show, and all of
them contain an appearance by a hare statue. All the episodes have
different plots and characters, but each one tries to turn a common,
every-day event into colossal chaos, with twists and backstories.)
Ouvi falar desse
programa, assim como toda coisa britânica boa que eu descubro,
através da minha série favorita, “Doctor Who”, pelo fato de
tanto Pemberton quanto Shearsmith (os criadores do programa)
participarem de projetos de DW. Fui assistir quase sem expectativas,
e acabei me surpreendendo. Cada episódio é uma história contida,
sem indícios de continuação, mas cada final de episódio te deixa
atordoado de tão brilhante que é. Às vezes, esses finais podem ser
confusos, mas aí você vai juntando as peças do quebra-cabeça
montado ao longo do episódio, e quando você finalmente entende o
que está rolando, você fica tipo assim:
(I heard about this
show, just like every good British thing I discover, through my
favorite TV series, “Doctor Who”, as Pemberton and Shearsmith
(the show's creators) participated in DW projects. I watched it
without any kind of expectations, and I ended up surprised by it.
Each episode is a contained story, without any cliffhangers for a
sequel, but each episode ending leaves you stunned because of its
brilliance. Sometimes, these endings may be confusing, but then you
gather all the pieces of the puzzle put together throughout the
episode, and when you finally understand what the heck is going on,
you can't help but feel like this:)
O bom é que essa série
não tem um gênero definido. Você gosta de terror? Tem aqui! Você
gosta de drama? Tem aqui! Você gosta de comédia? Tem aqui também!
Você gosta de suspense? É o que tem de sobra! E acredite se quiser,
tem até episódio musical. Isso é mais uma prova do quão
brilhantes os dois criadores desse programa são, pois eles conseguem
adaptar as tramas em gêneros diferentes sem perder o humor negro que
define e caracteriza o trabalho dos dois. Nesse aspecto, eu acho essa
série um pouco melhor do que “Black Mirror”, que, mesmo bebendo
da mesma fonte de “uma ambientação por episódio”, fica
concentrada nos aspectos da tecnologia e seus efeitos no ser humano.
Sem querer rebaixar “Black Mirror”, que é uma das melhores
séries originais da Netflix, na minha opinião, mas a capacidade de
Pemberton e Shearsmith tem que ser reconhecida aqui.
(The good thing is this
show has no defined genre. Do you like horror? They have it! Do you
like drama? They have it! Do you like comedy? They also have it! Do
you like suspense? They have it to spare! And believe it or not, they
even have a musical episode. That's one more piece of evidence of how
brilliant the two creators of this show are, because they can adapt
their plots into different genres without losing the dark humor that
defines and characterizes their work. In that aspect, I think this
series is a little better than “Black Mirror”, which, even making
use of the “one setting per episode” format, stays focused in the
aspects of technology and its effects on human beings. I don't mean
to put “Black Mirror”, which, to me, is one of the best Netflix
original shows, on a lower level, but Pemberton and Shearsmith's
capacity has to be recognized here.)
Como toda série,
“Inside No. 9” tem episódios excelentes, e outros nem tanto. Não
levem pro lado ruim, na minha opinião, os episódios de “Inside
No. 9” devem ser ranqueados de “menos brilhante” para o “mais
brilhante”. Mas, para vocês começarem a assistir e se acostumarem
com o formato do programa, aqui estão 5 episódios (1 de cada
temporada) que eu considero essenciais:
(As any show out there,
“Inside No. 9” has excellent episodes, and others which are not
that excellent. Don't take this the wrong way, in my opinion, the
episodes should be ranked from “least brilliant” to “most
brilliant”. But, in order for you to start watching and get used to
the show's format, here are 5 episodes (one of each season) which I
consider to be essential:)
1 – A QUIET NIGHT IN
(UMA NOITE SILENCIOSA NO NÚMERO 9) – Primeira temporada, episódio
2
(1 – A QUIET NIGHT IN
– Season 1, episode 2)
Depois de um episódio
de estreia claustrofóbico em “Sardines”, o segundo episódio se
ambienta numa grande mansão, e acompanha dois bandidos
(interpretados por Pemberton e Shearsmith) que desejam roubar um
quadro valioso, o qual o dono da mansão tem em posse. O gênero
predominante no episódio é a comédia, e um diferencial que esse
episódio tem em relação aos outros episódios cômicos da série é
que ele é, em sua maioria, mudo, ou seja, não é preciso de falas
para entender o episódio e seu humor. O roteiro de Pemberton e
Shearsmith se influencia em trupes icônicas de humor antigas, como o
Gordo e o Magro e os Três Patetas, para construir o humor desse
episódio, e funciona de maneira estupenda. O elenco trabalha muito
bem, e é uma das meias-horas mais engraçadas que eu já vi na
televisão. Totalmente recomendo para quem quer começar o programa
com o pé direito.
(After a claustrophobic
debut episode in “Sardines”, the second episode is set in a huge
mansion, and follows two burglars (played by Pemberton and
Shearsmith) who wish to steal a valuable painting, which the
mansion's owner has in possession. The predominant genre in the
episode is comedy, and what makes this episode different from other
comedy ones is that it is, in its majority, silent, meaning, it
doesn't need lines for the episode and its humor to be understood.
Pemberton and Shearsmith's script takes as an influence comedy
troupes from the old days, like Laurel and Hardy and the Three
Stooges, to construct this episode's humor, and it works in a
stupendous way. The cast is really good, and it is one of the
funniest half hours I've ever seen on television. Highly recommend it
to the ones who want to start the show with the right foot.)
2 – THE 12 DAYS OF
CHRISTINE (OS 12 DIAS DE CHRISTINE) – Segunda temporada, episódio
2
(2 – THE 12 DAYS OF
CHRISTINE – Season 2, episode 2)
O segundo episódio da
segunda temporada se ambienta no Natal, em um apartamento, e segue 12
anos na vida de Christine (Sheridan Smith), uma mulher que é
regularmente assombrada por um homem com capa de chuva (Reece
Shearsmith). A sinopse leva a acreditar que o episódio é um
suspense, mas na verdade é um drama. Um drama brilhantemente
construído e com uma carga emocional enorme, diga-se de passagem. O
roteiro faz muito bem em compactar um período tão longo em meia
hora, e é um daqueles episódios que você vê de uma maneira
completamente diferente na segunda assistida (que nem “Shut Up and
Dance”, de Black Mirror), de tão profundo que ele é. O elenco é
muito bom: a Sheridan Smith dá um show como a protagonista, assim
como Steve Pemberton e Tom Riley. É uma meia-hora sensacional, e é
uma das razões pelas quais “Inside No. 9” é um dos programas
mais engenhosos e inteligentes dos tempos atuais.
(The second episode in
the second season is set on Christmas, in an apartment, and follows
12 years in the life of Christine (Sheridan Smith), a woman who is
regularly haunted by a man in a raincoat (Reece Shearsmith). The plot
leads to believe that it is a thriller, but it's actually a drama. A
brilliantly built, emotionally charged drama, to be honest. The
script succeeds wonderfully in compacting such a long period of time
into half an hour, and it's one of those episodes you watch in a
completely different way when you see it for the second time (just
like Black Mirror's “Shut Up and Dance”), as a proof of its
depth. The cast is really good: Sheridan Smith nails it as the main
character, as Steve Pemberton and Tom Riley do too. It's a
sensational half hour, and it's one of the reasons why “Inside No.
9” is one of the most ingenious and clever shows in recent times.)
3 – THE RIDDLE OF THE
SPHINX (O ENIGMA DA ESFINGE) – Terceira temporada, episódio 3
(3 – THE RIDDLE OF
THE SPHINX – Season 3, episode 3)
Indo um pouco mais para
o suspense e o mistério, “The Riddle of the Sphinx” se ambienta
em um escritório de um professor (Steve Pemberton), o qual é
invadido por uma universitária (Alexandra Roach), que deseja saber
as respostas das palavras-cruzadas do dia seguinte, para provar ao
namorado que ela é inteligente. Esse é um daqueles episódios que é
reviravolta atrás de reviravolta, e é cada uma mais chocante que a
outra, então não irei falar muito. O roteiro é um dos mais
brilhantes que eu já vi do gênero, e o elenco, composto por apenas
três atores (Pemberton, Roach e Reece Shearsmith), trabalha muito
bem junto. É uma meia-hora tensa, desconfortável e perturbadora,
mas continua sendo brilhante, como de costume por parte de Pemberton
e Shearsmith. Recomendo bastante para aqueles que adoram um bom
suspense!
(Going in direction
towards thriller and mystery, “The Riddle of the Sphinx” is set
in a professor's (Steve Pemberton) study, which is raided by a
college girl (Alexandra Roach), who wishes to know the answers to the
following day's crossword puzzles, in order to prove her boyfriend
she is smart. This is one of those episodes that contain one twist
after another, and each one's more shocking than the last one, so
I'll not talk too much about it. The script is one of the most
brilliant ones I've ever seen in the genre, and the cast, composed by
only three actors (Pemberton, Roach and Reece Shearsmith), works
really well together. It's a tense, unconfortable, disturbing half
hour, but that doesn't stop it from being brilliant, just like
everything Pemberton and Shearsmith do. I highly recommend this to
those who love a good suspense!)
4 – BERNIE CLIFTON'S
DRESSING ROOM (O CAMARIM DO BERNIE CLIFTON) – Quarta temporada,
episódio 2
(4 – BERNIE CLIFTON'S
DRESSING ROOM – Season 4, episode 2)
Contando com uma
mistura de dois gêneros opostos (comédia e drama), o episódio se
ambienta em um grande salão, onde uma dupla de comediantes
(Pemberton e Shearsmith), famosa nos anos 80, se reúne para fazer um
último show, mas conflitos emergem quando um momento ruim na
carreira dos dois é lembrado por um deles. Eu não duvido que esse
deve ser o episódio mais pessoal e íntimo que os dois escreveram,
porque parece até que eles estão interpretando a eles mesmos, de
tão brilhante que é. Assim como “The 12 Days of Christine”, o
episódio é meticulosamente construído e emocionalmente carregado.
Ele também conta com duas performances sensacionais de Pemberton e
Shearsmith, sendo o episódio no qual a dinâmica entre os dois
funciona melhor. É engraçado, trágico, e possui uma cena altamente
simbólica, que será perceptível quando assistido pela segunda vez.
Um dos melhores episódios da série, e uma das provas que ela só
continua crescendo em qualidade.
(Being a mixture of two
opposite genres (comedy and drama), the episode is set in a big hall,
where a duo of comedians (Pemberton and Shearsmith), famous in the
80s, gets back together to perform one last show, but conflict
emerges when one bad moment in their career is remembered by one of
them. I have no doubt that this might be the most personal, intimate
episode the two have ever written, because it seems that they are
playing themselves, just to prove its brilliance. Alike “The 12
Days of Christine”, it is meticulously built and emotionally
charged. It also has two sensational performances by Pemberton and
Shearsmith, with this episode standing out as the one in which their
dynamic works out better. It's funny, tragic, and it has a highly
symbolic scene, perceptible when watched for a second time. One of
the best episodes in the series, and one of the proofs that it only
keeps growing in quality.)
5 – DEAD LINE (LINHA
CORTADA) – Especial de Halloween
(5 – DEAD LINE –
Halloween special)
Um episódio complexo
de discutir, “Dead Line” pode ser um assunto para uma futura
postagem no blog. É altamente experimental e metalinguístico, e faz
um test drive com técnicas de câmera pouco usadas no programa. Esse
é outro episódio que possui reviravoltas de sobra, então tenha
cuidado com o que você leia sobre o especial. Mas posso dizer que é
ambicioso, inovador, brilhante e realmente assustador, trazendo um
arrepio na espinha que não aparece desde o episódio 6 da primeira
temporada (The Harrowing). Um fato interessante é que ele foi
exibido ao vivo no Reino Unido, então imaginem o quão tenso foi
filmar um especial de Halloween do jeito que foi filmado ao vivo. É
simplesmente impressionante o resultado, e é um dos melhores
episódios de televisão do ano até agora!
(A complex episode to
discuss, “Dead Line” may be a subject to a future post here in
the blog. It's highly experimental and metalinguistic, and test
drives several camera techniques which were very little used in the
show. This is another twist-filled episode, so be careful on what you
read about it. But I can say it is ambitious, innovative, brilliant
and truly scary, bringing a chill to the spine which hadn't returned
since episode 6 (The Harrowing). An interesting fact about “Dead
Line” is that it was a live show in the UK, so imagine how tense it
was to film a Halloween special the way it was filmed live. The
results are simply impressive, and it's one of the best TV episodes
of the year so far!)
Resumindo, “Inside
No. 9” é engenhosa, inteligente, perversa, e muito britânica, e
alerta o espectador para ficar de olho no que os dois criadores irão
criar a seguir!
Nota: 10 de 10!
É isso, pessoal!
Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, “Inside
No. 9” is ingenious, clever, twisted, and very British, and alerts
the viewer to keep an eye on what the two creators will create at a
later time!
I give it a 10 out of
10!
That's it, guys! I hope
you liked it! See you next time,
João Pedro)
Sensacional resenha! Parabéns!
ResponderExcluirGrande cinéfilo, JP, encantado com sua resenha!!! Mil parabéns!!!
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