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quinta-feira, 29 de novembro de 2018

"Filhos da Esperança": uma distopia sombria e realista, mas surpreendentemente bela e poética (Bilíngue)


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E aí, galerinha de cinéfilos! Estou de volta, com a resenha do que eu, agora, considero, ser o melhor filme de todos os tempos. Dirigido por um dos diretores mais influentes do século (Alfonso Cuarón), magnificamente fotografado, e movido por um roteiro distópico extremamente sombrio e assustadoramente realista, vamos falar sobre o excepcional “Filhos da Esperança”. Vamos lá!!
(What's up, film buffs! I'm back, with the review of what I, now, consider to be the best movie of all time. Directed by one of the most influential directors of the century (Alfonso Cuarón), magnificently shot, and moved by an extremely dark and disturbingly realistic dystopian script, let's talk about the exceptional “Children of Men”. Let's go!!)



Baseado no livro “The Children of Men”, de P.D. James, o filme se ambienta em 2027, e uma crise de infertilidade assola o mundo, com a última geração de bebês já sendo adulta na época em que o filme se ambienta. Seguimos Theo Faron (Clive Owen), um burocrata, que é recrutado pelos Peixes, uma milícia anti-governamental que age a favor dos imigrantes ilegais, liderada por Julian (Julianne Moore), ex-esposa de Theo, e ele recebe a missão de transportar uma garota grávida (Clare-Hope Ashitey) para um refúgio.
(Based upon the book “The Children of Men”, written by P.D. James, the movie is set in 2027, and an infertility crisis is haunting the world, with the last generation of babies already grown up in the time the film is set. We follow Theo Faron (Clive Owen), a bureaucrat, who is recruited by the Fishes, an anti-government militia which acts to benefit the illegal immigrants, led by Julian (Julianne Moore), Theo's ex-wife, and he receives the mission to transport a pregnant girl (Clare-Hope Ashitey) to a safe haven.)



Ouvi falar desse filme por 3 razões bem específicas:
  1. Ele está em décimo-terceiro lugar numa lista recente da BBC dos 100 melhores filmes do século XXI;
  2. Ele serviu de inspiração para um videogame do qual eu sou fã (The Last of Us);
  3. É considerado o melhor filme do diretor (Alfonso Cuarón).
Então, eu fui ver. Mas eu não esperava que fosse tão bom, superando minhas expectativas como nenhum filme fez até agora. O roteiro, escrito por Cuarón, Timothy J. Sexton, David Arata, Mark Fergus e Hawk Ostby, de acordo com fontes confiáveis, é bem diferente do material fonte, mas é tão poderoso que ele consegue prender o espectador com o tom extremamente sombrio, porém surpreendentemente poético do filme, até os créditos finais começarem. Acho que é possível dizer que, entre as várias sequências de ação de tirar o fôlego, “Filhos da Esperança” é um roteiro que concentra nos relacionamentos, e ele faz isso de maneira brilhante. Mesmo não tendo seguido fielmente o livro (Cuarón não leu o livro para não influenciar na versão dele), o roteiro consegue ser envolvente, sombrio, cativante, e poético, e isso precisa ser notado, pois é um dos destaques que o filme tem a oferecer.
(I heard about this film for 3 very specific reasons:
  1. It's in 13th place on a recent BBC list of the 100 greatest films of the 21st century;
  2. It served as an inspiration to a videogame (The Last of Us), of which I'm a really big fan;
  3. It's considered to be the director's (Alfonso Cuarón) greatest film to date.
So, I watched it. But I definitely did not expect it to be that good, overcoming all my expectations in a way no other movie ever did so far. The script, written by Cuarón, Timothy J. Sexton, David Arata, Mark Fergus and Hawk Ostby, according to trustworthy sources, is quite different from the source material, but it's so powerful, that it manages to keep the viewer's attention with its extremely dark, yet surprisingly poetic tone, until the credits begin to roll. I think it's possible to say that, between the exhilarating action sequences, “Children of Men” is a script that focuses on relationships, and it does that brilliantly. Even if it did not follow the source material (Cuarón did not read the book so it wouldn't influence in his version), the script manages to be involving, dark, captivating and poetic, and that must be noted, as it's one of the film's highlights.)



O filme conta com um elenco estelar (Clive Owen, Julianne Moore, Michael Caine, Chiwetel Ejiofor, Charlie Hunnam, Pam Ferris e Clare-Hope Ashitey), e todos tem sua hora de brilhar. Apesar do personagem de Clive Owen ter mais tempo de tela, e consequentemente, um desenvolvimento mais bem trabalhado, quem realmente rouba a cena aqui é Michael Caine, conhecido como o mordomo Alfred Pennyworth da trilogia O Cavaleiro das Trevas. Aqui ele interpreta um personagem radicalmente diferente do adorado mordomo, contando com várias cenas que servem para distrair um pouco, para que o filme não seja inteiramente sombrio, servindo um pouco como o “alívio cômico”. Outros destaques ficam com Clare-Hope Ashitey, que consegue transmitir, com sua atuação, ao mesmo tempo, o medo de viver naquele ambiente e a esperança de um lugar melhor no futuro; e Chiwetel Ejiofor, que interpreta um vilão ameaçador e que possui uma razão entendível para fazer o que ele faz, o que pode ser muito difícil de fazer em filmes atuais, e isso precisa ser reconhecido. No quesito elenco, “Filhos da Esperança” fez um tremendo trabalho juntando todo esse talento para contracenar com o brilhante roteiro.
(The film has a stellar cast (Clive Owen, Julianne Moore, Michael Caine, Chiwetel Ejiofor, Charlie Hunnam, Pam Ferris and Clare-Hope Ashitey), and each one has their time to shine. Although Clive Owen's character has the longest screen time, and consequently, a better character development, the real scene stealer here is Michael Caine, known as the butler Alfred Pennyworth in the Dark Knight trilogy. Here, he plays a character who is radically different from the beloved butler, having several scenes that serve as a palate cleanser, in order for the film to not be entirely bleak, with Caine's character being the “comic relief” of the movie. Other notable performances belong to Clare-Hope Ashitey, who manages to transmit, with her performance, at the same time, the fear of living in that environment and the hope of a better place in the future; and Chiwetel Ejiofor, who plays a threatening villain who has an understandable reason to do what he does, which can be very hard to do in recent films, and that must be recognized. When we talk about casting, “Children of Men” did a tremendous work gathering all that talent to roll with this brilliant script.)



Se o roteiro e o elenco não forem o suficiente para atrair o espectador, os aspectos técnicos definitivamente irão. Começando pela fotografia de Emmanuel Lubezki (que ganhou 3 Oscars consecutivos de Melhor Fotografia, por “Gravidade”, “Birdman” e “O Regresso”), a qual é basicamente um personagem do filme, acentuando sua atmosfera sombria, fazendo altos usos de tons cinzentos, para simbolizar a distopia em que o filme é ambientado. Um destaque no trabalho de Lubezki em “Filhos da Esperança” são as cenas ambientadas dentro de veículos, pois a câmera não balança, ou estraga o enquadramento, pelo contrário, ela flui dentro do veículo, passando por todos os cantos, pegando todos os detalhes; outro aspecto em que Lubezki trabalha de modo magnífico são as cenas de ação, onde a câmera também flui suavemente, apesar do tom pesado das cenas; e esses pontos fazem desse o melhor trabalho de fotografia que eu já vi em um filme. Outro destaque dos aspectos técnicos é a direção de arte, que, mesmo sendo ambientado em uma época posterior à que “Blade Runner” é ambientado, não concentra nas inovações tecnológicas que existiriam naquela época, focando, por sua vez, em aspectos que existiriam na vida real no futuro: lixo, animais mortos, fumaça, e por aí vai, trazendo um mundo imundo, bagunçado e assustadoramente realista, sendo um dos melhores trabalhos de direção de arte que eu já vi em um filme distópico. A direção de Alfonso Cuarón, a edição co-autorada pelo diretor e a fotografia de Emmanuel Lubezki trabalham combinadas para dar origem à algumas das mais hipnotizantes sequências em uma tomada só do cinema atual, que, apesar de pesadas, são um verdadeiro deleite de testemunhar. Mesmo com um roteiro brilhante e um elenco extremamente talentoso, pode-se dizer que os aspectos técnicos são o verdadeiro destaque de “Filhos da Esperança”.
(AVISO: O vídeo abaixo contém SPOILERS do filme. Se você ainda não viu o filme, não veja o vídeo!)
(If the script and the cast aren't enough to lure the viewer into watching, the technical aspects will definitely do the job. Starting off from Emmanuel Lubezki's (he won 3 consecutive Oscars because of his cinematography work in “Gravity”, “Birdman”, and “The Revenant”) cinematography, which basically is a character in the film, augmenting its bleak atmosphere, using lots of grey-ish shades, in order to symbolize the dystopia in which the film is set. A highlight in Lubezki's work in “Children of Men” are the scenes set inside vehicles, where the camera does not shake or ruin the framing, actually it's the opposite, it flows inside the vehicle, passing through every corner, catching every detail; other aspect in which Lubezki magnificently succeeds are the action scenes, where the camera also flows softly, even if the scenes are really heavy in content; and these points make this the greatest cinematography work I've ever seen in a film. Another highlight in the technical aspects is the art direction, which, even with the film being set later than when “Blade Runner” is set, does not focus on the technological innovations that would exist in that time, but instead, concentrates in aspects that would exist in the real future: garbage, dead animals, smoke, and it goes further, bringing into the light a filthy, messy, disturbingly realistic world, which makes it one of the best art direction works I've ever seen in a dystopian movie. The direction by Alfonso Cuarón, the editing work co-authored by the director and Emmanuel Lubezki's cinematography work together to create some of the most hypnotizing single-shot sequences in recent cinema, which, although pretty heavy in content, are a real delight to witness. Even with a brilliant script and an extremely talented cast, it can be said that the technical aspects are the true highlight of “Children of Men”.
(WARNING: The video below contains SPOILERS. If you haven't seen the movie yet, do not see this video!!)


Sombrio, perturbadoramente realista, mas surpreendentemente belo e poético, “Filhos da Esperança” é uma distopia meticulosamente criada para despertar uma discussão política-social na mente do espectador, contando com um trabalho de fotografia de tirar o fôlego, e com o comando de um dos diretores mais influentes do século.

Nota: 12 de 10!!

Então, é isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(Bleak, disturbingly realistic, yet surprisingly beautiful and poetic, “Children of Men” is a dystopia meticulously created to spark a political-social discussion in the viewer's mind, containing some breathtaking cinematography work, and under the command of one of the most influential directors of the century.

I give it a 12 out of 10!!

So, that's all, folks! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)



Um comentário:

  1. É um excelente filme, realmente. Sequência no interior do carro é fantastica

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