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E
aí, galerinha de cinéfilos! Estou de volta, para falar para vocês
o que eu achei de uma das produções mais recentes da Netflix. Com
Alfonso Cuarón, vencedor de 2 Oscars, como diretor, o filme em
questão é um retrato, ao mesmo tempo, delicado e poderoso da vida
como ela é. Vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza, e
indicado a 3 Globos de Ouro, vamos falar sobre “Roma”. Vamos lá!
(What's
up, film buffs! I'm back, in order to say what were my thoughts in
one of Netflix's most recent productions. With Alfonso Cuarón, a
2-time Oscar winner, in the director's chair, the film I'll be
discussing here is a delicate yet powerful portrait of life in its
purest form. Winner of the Golden Lion in the Venice Film Festival,
and nominee for 3 Golden Globes, let's talk about “Roma”. Let's
go!)
O
filme se ambienta na Cidade do México, durante a década de 1970, e
segue Cleo (Yalitza Aparicio), uma empregada e babá que trabalha
para uma família de classe média. No percurso de um ano,
acontecimentos inesperados afetam as vidas de todos os moradores da
casa, coletivamente e individualmente.
(The
film is set in Mexico City, during the 1970s, and follows Cleo
(Yalitza Aparicio), a housemaid and babysitter that works for a
middle-class family. In the course of one year, unexpected things
affect the lives of everyone who lives in the house, collectively and
individually.)
Estive
esperando por esse filme desde que Alfonso Cuarón postou um teaser
minimalista de 1 minuto de duração em seu Twitter. E essa
expectativa só aumentou quando o filme levou o Leão de Ouro no
Festival de Veneza (onde, no ano passado, o extraordinário “A
Forma Da Água”, do também mexicano Guillermo del Toro, levou o
mesmo prêmio). Pode-se dizer que “Roma” é um retorno à
essência de Cuarón, sendo seu primeiro filme em espanhol desde o
excelente “E Sua Mãe Também”, de 2001. Vamos começar pelo
roteiro. Escrito pelo próprio Cuarón, o roteiro é bem profundo e
realista, e se concentra em retratar a vida em seu aspecto mais puro,
das coisas mais triviais, como fazer manobras pra estacionar o carro,
aos aspectos mais importantes de uma vida, como o anúncio de uma
gravidez. Nesse aspecto, de representar a vida como ela é, posso
fazer conexões com 2 filmes bem recentes: o antológico “Boyhood”,
de 2014, e o vencedor do Oscar de Melhor Filme, “Moonlight”, de
2016. A história do filme não possui um arco que tem início, meio
e fim, é um roteiro que explora a rotina daquela família, bem no
estilo de um documentário mesmo. Então, se você é mais ligado
nos blockbusters, é bem provável que você ache “Roma”
entediante. Mas se você gosta de filmes mais artísticos, no estilo
de “Boyhood” e “Moonlight”, eu garanto que “Roma” não
será um desperdício do seu precioso tempo. É poderoso, honesto,
emocionante, e muito, muito realista.
(I've
been waiting for this film since Alfonso Cuarón posted a minimalist
1-minute teaser in his Twitter page. And that hype only got higher
when it took home the Golden Lion in the Venice Film Festival (where,
last year, the extraordinary “The Shape of Water”, directed by
the also Mexican Guillermo del Toro, won the same prize). It can be
said that “Roma” is a return to Cuarón's essence, with this
being his first film in Spanish since the excellent “Y Tú Mamá
También”, in 2001. Let's start with the script. Written by Cuarón
himself, the script is really profound and realistic, and focuses in
portraying life in its purest form, from the most trivial things,
like making maneuvers in order to park a car, to the most important
aspects in a life, like the announcement of a pregnancy. In this
aspect, of representing life as it is, I can make connections to 2
recent films: the historical “Boyhood”, from 2014, and the Best
Picture Oscar-winner, “Moonlight”, from 2016. The story does not
have an arc with a beginning, a middle and an ending, it's a script
that explores the everyday routine of that family, as if there was a
documentary team following their every move. So, if you're more of a
blockbuster person, it's highly likely you'll find “Roma” to be
boring. But if you enjoy more artistic films, in the vein of
“Boyhood” and “Moonlight”, I guarantee that “Roma” will
not be a waste of your precious time. It's powerful, honest,
emotional, and very, very realistic.)
Indo
para as atuações, temos algo bem legal aqui. Assim como acontece
com o roteiro, todas as atuações parecem vir de pessoas reais, do
dia-a-dia, e acredito que são essas atuações, combinadas com a
história, que levaram o filme a levar o Leão de Ouro. Eu quero
destacar aqui o elenco adulto, que, em sua maioria, tem um tempo de
desenvolvimento apropriado para seus personagens, como as personagens
de Marina de Tavira, Fernando Grediaga e Nancy García. O elenco
infantil também trabalha muito bem para aumentar o impacto emocional
que a protagonista tem com a família. Mas quem realmente é a
estrela do filme é a maravilhosa Yalitza Aparicio, que interpreta
Cleo. Em sua atuação de estreia, Aparicio entrega uma performance
honesta, crua, emocionante, e que realmente reflete como seria a vida
de uma empregada na ambientação do filme. Ela é a personagem com a
qual os espectadores mais se importam, nós acompanhamos todo o
cotidiano dela, em seus aspectos felizes e tristes, sem nos
entediarmos. A atuação de Aparicio em “Roma” está empatada com
a de Lady Gaga em “Nasce uma Estrela” como a melhor atuação
feminina em um filme de 2018, e não me surpreenderia se ela fosse
uma das indicadas ao Oscar de Melhor Atriz. Consigo prever um enorme
e promissor futuro para Yalitza Aparicio no mundo do cinema de hoje.
(Onward
to the performances, we've got something really cool here. Just like
the script, all performances seem to be coming out of real, everyday
people, and I believe that those performances, combined with the
story, led the film to win the Golden Lion. I'd like to highlight the
adult cast, which, in its majority, has an appropriate development
time for their characters, as it happens with those portrayed by
Marina de Tavira, Fernando Grediaga and Nancy García. The children
cast also works really well in order to enhance the emotional impact
the protagonist has with the family. But the real star of the film is
the marvelous Yalitza Aparicio, who plays Cleo. In her feature film
debut, Aparicio delivers an honest, raw and thrilling performance,
which really reflects on how would be a maid's life in the film's
setting. She is the character the viewers most care about, we follow
all of her everyday routine, in its happy and sad aspects, without
getting bored. Aparicio's performance in “Roma” is tied with Lady
Gaga's in “A Star is Born” as the best female performance in a
motion picture of 2018, and I wouldn't be surprised if she ends up
being one of the nominees to the Oscar for Best Actress. I can
predict a huge and promising future for Yalitza Aparicio in today's
movie world.)
Se
Yalitza Aparicio é a estrela, Alfonso Cuarón é o MVP (Jogador Mais
Valioso) de “Roma”. Além de ser o roteirista e diretor, Cuarón
também é o diretor de fotografia e o editor do filme. Com seu
trabalho na fotografia, ele consegue acompanhar o cotidiano da
família de modo bem intimista e pessoal, com a edição e a edição
de som tornando tudo bem mais imersivo. Há tomadas contínuas em
horizontal dignas de serem confundidas com as de Emmanuel Lubezki
aqui. Por exemplo, tem uma cena que é ambientada em um lugar
silencioso, e depois é mostrada uma manifestação pela janela desse
lugar, e, do nada, esses dois mundos se encontram. Chega à esse
nível de genialidade. Eu fiquei realmente frustrado porque “Roma”
não parece ser um filme pertencente à Netflix, parece ser um filme
no radar das cerimônias de premiação (e está), e que merecia ser
exibido em uma tela apropriada. O filme é um triunfo artístico,
esteticamente e narrativamente, e sinceramente acho que a Netflix
deveria ter considerado em lançar “Roma” nos cinemas,
simultaneamente com o streaming. É realmente frustrante quando você
vê que o filme é apropriado para o cinema, mas não há nenhuma
chance de vê-lo naquela telona enorme, o que foi a mesma coisa que
aconteceu com “The Ballad of Buster Scruggs”, dos Irmãos Coen,
também da Netflix.
(If
Yalitza Aparicio is the star, Alfonso Cuarón is the MVP (Most
Valuable Player) in “Roma”. Besides writing and directing, Cuarón
also is the director of photograhy and the editor of the film. With
his work in the cinematography department, he manages to follow the
everyday routine of the family in an intimate and personal way, with
the editing and sound editing making everything way more immersive.
There are continuous horizontal shots here worth of being mistaken
with Emmanuel Lubezki's work. For an example, there's a scene set in
a quiet place, and then a protest is shown from the window of that
place, and, suddenly, those two worlds meet. It comes to that level
of genius. I got really frustrated because “Roma” doesn't look
like a movie belonging to Netflix, it looks like a movie on the award
shows radar (which it is), and that deserved to be shown on an
appropriate screen. The film is an artistic triumph, aesthetically
and narratively, and I honestly think that Netflix should've
considered releasing “Roma” in theaters, simultaneously with the
streaming service. It's really frustrating when you see that a movie
is appropriate for a theater, but there's no chance you'll get to see
it in that huge screen, which was the same thing that happened with
“The Ballad of Buster Scruggs”, from the Coen brothers, also from
Netflix.)
Resumindo,
“Roma” é um retrato artístico da vida em seu aspecto mais puro,
lidando de forma intimista e pessoal com o cotidiano de uma família
em tempos de tormenta, e que merecia ter um tratamento melhor por
parte da Netflix.
Nota:
9,5 de 10!!
Então,
é isso pessoal! Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,
João
Pedro
(In
a nutshell, “Roma” is an artistic portrait of life in its purest
form, dealing with a family's everyday routine during troubled times,
in an intimate and personal way, and that deserved to have a better
treatment from Netflix.
I
give it a 9,5 out of 10!!
So,
that's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João
Pedro)
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