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E aí, galerinha de
cinéfilos! Estou de volta, e vim aqui falar sobre uma série que
prova que a Netflix não é o único serviço de streaming que traz
bom conteúdo. Temos a Hulu, que nos trouxe “The Handmaid's Tale”
e irá nos trazer a adaptação de “Quem é Você, Alasca?”;
teremos o Disney+, que trará uma quantidade enorme de conteúdos
interessantes; e por último, mas não menos importante, temos a
Amazon Prime Video, que é o streaming da série que irei discorrer
agora. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Undone”.
Vamos lá!
(What's up, film buffs!
I'm back, and I come here to talk about a TV show that proves that
Netflix isn't the only streaming service that brings good content. We
have Hulu, which brought us “The Handmaid's Tale” and will bring
us the adaptation of “Looking for Alaska”; we'll have Disney+,
which promises to bring a huge amount of interesting content; and at
last, but not least, we have Amazon Prime Video, which streams the
show I'm about to discuss. So, without further ado, let's talk about
“Undone”. Let's go!)
A série conta a
história de Alma (Rosa Salazar), uma mulher que está entediada com
sua vida. Sua irmã (Angelique Cabral) está prestes a se casar, o
que deixa a vida dela bem mais sem sentido. Certo dia, Alma sofre um
acidente de carro que a deixa em coma, mas ela logo descobre que
possui as habilidades de manipular o tempo. Então, ela decide usar
essas habilidades para descobrir a verdade sobre a morte repentina de
seu pai (Bob Odenkirk).
(The show tells the
story of Alma (Rosa Salazar), a woman who is bored of living. Her
sister (Angelique Cabral) gets engaged, which makes her life even
more meaningless. One day, Alma suffers a car accident that leaves
her in a coma, but she soon discovers that she has the abilities of
manipulating time. So, she decides to use these abilities to discover
the truth about her father's (Bob Odenkirk) sudden death.)
Ok, já irei começar
dizendo que eu adorei a proposta dessa série desde quando ela foi
anunciada. Por quê? Por causa do formato de animação em que ela é
feita, chamada de rotoscoping. Para aqueles que não sabem,
rotoscoping é um método de animação onde uma cena em live-action
(ou seja, com pessoas de verdade) é filmada, e então, a cena é
animada por cima da sequência live-action. É um método realmente
fascinante, que foi usado em duas obras de Richard Linklater: “Waking
Life” e “O Homem Duplo”. Ambos os filmes são complicados de se
entender, não pelo método de animação, mas sim pelo
estabelecimento da narrativa, na minha opinião. Aqui, não é tão
complicado assim, porque tudo é exposto de forma compreensível
pelos personagens. O roteiro é muito envolvente, apesar do primeiro
episódio ser um pouco arrastado. Mesmo com só meia hora de duração,
o primeiro episódio é quase que completamente introdutório,
somente servindo para introduzir os personagens principais e o que
está acontecendo em suas vidas. A partir do segundo episódio é que
o negócio decola. Tem algumas partes de ação, algumas partes bem
viajadas e reviravoltas impressionantes. Há três coisas que eu
queria destacar no roteiro de “Undone”. Primeira, a repetição
das mesmas cenas, só que sob diferentes pontos de vista. Por
exemplo, há um episódio que é completamente ambientado em um
hospital. Nele, Alma entra em um loop temporal, revivendo as mesmas
cenas sob diferentes pontos de vista. Em algumas dessas vezes ela
está menos consciente do que está acontecendo, mas essa consciência
vai se tornando mais aparente ao passo do episódio. Segunda, a
não-linearidade do enredo. Como uma obra sobre viagem no tempo,
Undone não se preocupa em criar um roteiro linear e cronológico.
Tanto que a cena inicial do episódio de estreia é o final do mesmo.
Terceira, a habilidade dos roteiristas de fazer de Alma uma
protagonista não-confiável. Por exemplo, há uma cena onde ela, de
alguma forma, precisa mergulhar dentro de um espelho para chegar a um
certo ponto de seu passado no final de um episódio. No início do
episódio seguinte, vemos que ela conseguiu, mas também vemos o
ocorrido sob o ponto de vista das pessoas ao seu redor, nos fazendo
duvidar se o ponto de vista de Alma é realmente confiável ou não.
Além de ser uma obra fantástica de ficção-científica, “Undone”
também tem algo a dizer, principalmente sobre a psicologia dos
sentimentos humanos e saúde mental, de uma maneira surreal e
narrativamente complexa. Mesmo sendo uma obra regida completamente
por imaginação, com cenas de sonho, fantasias, etc., a série
também é uma história bem humana, bem relevante, e que precisa ser
vista, discutida e interpretada. Sem falar que “Undone” deixa
aquele cliffhanger (ou gancho) dos infernos, para promissoras futuras
temporadas (as quais eu realmente espero que aconteçam).
(Ok, I'll start off by
saying that I loved this show's premise ever since it was announced.
Why? Because of the animation format it was made in, called
rotoscoping. For those who don't know, rotoscoping is an animation
technique in which a live-action scene is filmed, and then, animators
animate the scene on top of the live-action sequence. It's a really
fascinating method, which was used in two Richard Linklater movies:
“Waking Life” and “A Scanner Darkly”. Both these movies are
really complicated to comprehend, not because of the animation
technique, but because of the narrative's establishment, in my
opinion. Here, it's not that complicated, as everything is exposed by
the characters in an understandable way. The script is really
engaging, although the first episode can be a little dragged. Even
with only half an hour, the premiere episode is an introduction for
most of the time, presenting us with the characters and what is going
on with their lives. Now, the second episode is where everything
blasts off to incredible heights. There are a few action parts, some
really trippy parts, and impressive plot twists. There are three
things I'd like to highlight on “Undone”'s scripts. First, the
repetition of the same scenes, under different points of view. For
example, there's an episode set entirely inside a hospital. In it,
Alma enters a time loop, living the same scenes over and over again,
under different points of view. In some of those times, she is less
conscious of what's happening to her, but her consciousness grows
throughout the episode. Second, the non-linear plot. As a time-travel
story, Undone does not worry in delivering a linear, chronological
script. As a proof of that, we have the fact that the initial scene
of the premiere episode is also the final scene of it. Third, the
ability of the screenwriters in making Alma a non-reliable
protagonist. For example, in the ending of an episode, Alma needs to,
somehow, dive inside a mirror in order to get to a certain point of
her past. In the beginning of the following episode, we see that she
succeeds in doing that, but we also see what happened under the
points of view of those around her, making us doubt if Alma's point
of view is really reliable or not. Besides being a fantastic sci-fi
story, “Undone” also has something to say, mainly about the
psychology of human emotions and mental health, in a surreal,
narratively complex way. Even if it's conducted purely by
imagination, with dream sequences, fantasies, etc., it is also a
really human, relevant story, which must be seen, talked about, and
interpreted. Oh, yeah, I forgot to mention that “Undone” has one
HELL of a cliffhanger for promising future seasons (which I really
hope they end up happening).)
É difícil falar do
elenco, porque todos os personagens principais têm muitos segredos,
e não desejo dar spoilers aqui, mas aí vai. Esse provavelmente é o
melhor papel da carreira da Rosa Salazar. Não vai ser novidade se
ela for indicada a uma enxurrada de prêmios ano que vem. O
desenvolvimento da Alma é muito bom, nos levando a acreditar que o
que ela fala é a verdade, mas por causa do roteiro, temos sérias
dúvidas a respeito dela. O Bob Odenkirk interpreta o personagem que
serve para explicar, tanto para Alma quanto para o espectador, o que
diabos está acontecendo na tela. E graças ao roteiro e ao
magnetismo de Odenkirk, tudo é muito bem explicado. A química dele
com a Rosa Salazar é muito boa, sendo a principal dupla de atores em
que o programa se concentra. A Angelique Cabral e a Constance Marie
têm arcos interessantes, com uma das reviravoltas mais
impressionantes envolvendo a personagem de Marie. E completando o
elenco principal, temos Siddharth Dhananjay, como o namorado de Alma,
cujo desenvolvimento é bem trabalhado durante a série; e Daveed
Diggs, como o chefe da creche em que a protagonista trabalha, que
serve para colocar Alma no mundo real e duvidar de seus pontos de
vista. Os dois são muito bons com o que o roteiro os deu.
(It's hard to talk
about the cast, because every main character has many secrets, and I
don't want to spoil anything here, but here it goes. This is probably
the best role in Rosa Salazar's career. I won't be surprised if she
gets nominated for a ton of awards next year. Alma's development is
really good, leading us to believe in what she says, but again,
thanks to the script, we have some serious doubts about her. Bob
Odenkirk plays the character whose function is to explain, to both
Alma and the viewer, what the hell is going on in the screen. And
thanks to the script and Odenkirk's magnetism, everything is very
well explained. His chemistry with Rosa Salazar is really good, with
the two of them being the most relevant duo in the show. Angelique
Cabral and Constance Marie have some interesting story arcs, with one
of the most impressive twists involving Marie's character. And to
round up the main cast, we have Siddharth Dhananjay as Alma's
boyfriend, whose development is really well done throughout the
series; and Daveed Diggs, as the boss of the daycare where Alma
works, who's there to put Alma in the real world and to doubt her
points of view. The two of them work really well with what the script
offers to their characters.)
Mas, se tem uma coisa
completamente impressionante em “Undone”, é o visual. Novamente,
pela capacidade de imaginação que o rotoscoping oferece. Graças ao
visual (e isso inclui fotografia, direção de arte, maquiagem,
penteado, e figurino), temos a sensação de que estamos vendo algo
único, que nunca vimos antes, algo bem parecido com um sonho. Isso
foi algo que a Netflix, que está no mercado por mais tempo do que a
Amazon Prime Video, nunca foi capaz de fazer com suas obras
originais. O uso de efeitos especiais também é muito bem feito, com
algumas cenas sendo, ao mesmo tempo, completamente viajadas, mas
visualmente impressionantes, capturando a nossa atenção somente com
o que estamos vendo na tela. A montagem é muito eficiente. Como
mencionei acima, a série transita entre linhas temporais e pontos de
vista diferentes de uma maneira orgânica e criativa. A trilha sonora
também é muito boa, sendo, na maioria das vezes, algo bem
melancólico, para prender o enredo da série na parte humanizada da
história.
(But, if there's
something that's completely impressive about “Undone”, that
something is the visual aspect of it. Again, because of the capacity
of imagination rotoscoping offers. Thanks to the visuals (and that
includes cinematography, art direction, makeup, hairstyling and
costume design), we have this feeling that we're watching something
unique, that we've never seen before, something that looks like a
dream. This was something that Netflix, which has been in the market
longer than Amazon Prime Video, was never capable of doing with its
original content. The use of special effects is also really well
done, with some scenes being, at the same time, completely trippy,
yet visually astounding, capturing our attention only with what we're
seeing on-screen. The editing is really efficient. As I've said
before, the series moves through different timelines and points of
view in an organic, creative way. The soundtrack is also really good,
being, at most of the times, something pretty melancholic, to
restrain the plot of the series to the human part of the story.)
Resumindo, “Undone”
é a melhor série nova de 2019 até agora. É uma obra
narrativamente complexa, mas profundamente humana. Ela possui um
elenco talentoso, e um visual que encanta e captura a atenção do
espectador. Uma série para ver, rever, comentar e interpretar.
Nota: 10 de 10!
É isso, pessoal!
Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell,
“Undone” is the best new TV show of 2019 so far. It's a
narratively complex, yet deeply human story. It makes use of a
talented cast, and visuals that will enchant and capture the viewer's
attention. A TV show that you can watch, rewatch, talk about, and
interpret in many ways.
I give it a 10 out of
10!
That's it, guys! I hope
you liked it! See you next time,
João Pedro)