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quinta-feira, 19 de março de 2020

"Heathers: O Musical": uma versão mais bem trabalhada, divertida e impactante do filme original (Bilíngue) [SPOILERS]


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Minhas saudações e cumprimentos, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para dar continuidade à postagem especial em três partes sobre todas as obras que tomaram como base o roteiro de “Heathers”, ou “Atração Mortal”, escrito por Daniel Waters. Então, nessa segunda parte, vamos falar sobre uma versão mais leve, mais adequada para os dias atuais, mas que possui o mesmo impacto da obra original. Vamos falar sobre “Heathers: O Musical”. Vamos lá!
(Greetings and salutations, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to continue this special 3-part post about every piece of work that was based on the screenplay of “Heathers”, written by Daniel Waters. So, in this second part, let's talk about a lighter, more adequate version for today's times, but that still holds the same amount of impact as the original work. Let's talk about “Heathers: The Musical”. Let's go!)



Baseado no filme de 1988, o musical conta a história de Veronica Sawyer, a ovelha negra em uma panelinha de patricinhas valentonas conhecidas como “as Heathers”. Certo dia, Veronica conhece JD, um novato leitor de Baudelaire que acaba de ser transferido de outra escola. Diante dos atos maléficos de bullying cometidos pelas Heathers, Veronica e JD bolam um plano para tirar a panelinha da hierarquia da escola.
(Based on the 1988 film, the musical tells the story of Veronica Sawyer, the black sheep in a school clique of bully mean girls known as “the Heathers”. One day, Veronica meets JD, a Baudelaire-reading new kid who just got transferred from another school. Because of the evil bullying acts committed by the Heathers, Veronica and JD come up with a plan to take the clique out of the school hierarchy.)



Como o enredo do musical é quase igual ao enredo do filme, essa postagem será menos uma crítica do musical e mais uma comparação das duas obras. (Então, caso você ainda não tenha lido a resenha crítica do filme “Heathers”, e especialmente, se você não viu o filme (o qual eu postei ao final da crítica), recomendo que faça essas duas coisas antes de seguir em frente lendo essa postagem, porque terão alguns SPOILERS, tanto do filme quanto do musical.) Como não vi o musical (que inclusive, tem montagem brasileira, e estou aceitando qualquer convite para ir assistir em São Paulo quando estrear... [Risos]), pretendo dividir essa postagem em três partes: um parágrafo explicando as diferenças no roteiro do musical, se comparado ao filme; outro explicando um pouco sobre o desenvolvimento dos personagens; e um último parágrafo falando sobre a trilha sonora. Então, vamos começar com o roteiro. “Heathers” é um filme bem peculiar para ser transformado em um musical. Uma pessoa mal consegue imaginar como transformar um filme que fala sobre a banalização do suicídio em um musical. Mas os autores da adaptação, Laurence O'Keefe e Kevin Murphy, que não só escreveram o roteiro do musical, mas também todas as músicas presentes nele, fizeram esse musical funcionar nos dias de hoje. Primeiramente, eles conseguiram manter o enredo na época do filme original (ou seja, assim como no filme, o musical é ambientado nos anos 1980). Em segundo lugar, eles mantiveram a essência da obra original, com um senso de humor negro que funciona e não fica estranho nos dias de hoje. Em terceiro lugar, eles deram mais importância a personagens que não receberam tanta atenção no filme original (mas discutiremos isso mais adiante). Em quarto lugar, eles transformaram essa história de algo mais adulto, para algo mais “jovem adulto”. É bem mais energético, engraçado, jovial, divertido, e por incrível que pareça, impactante do que o filme escrito por Waters. É uma adaptação que toma algumas liberdades para tornar o enredo mais digerível e leve, mas que ainda mantém a enorme carga emocional que um tema pesado como o suicídio carrega. E as mudanças no enredo (que nem são tantas) conseguem consertar todas as partes do filme que ficariam estranhas de processar nos dias de hoje. Por exemplo, na cena do refeitório, onde o Kurt e o Ram intimidam o JD: no filme, o assunto é resolvido quando JD, do nada, puxa uma pistola do sobretudo dele e atira (balas de festim) na direção dos dois; no musical, o assunto é resolvido através de uma luta em câmera lenta entre JD e os dois valentões, enquanto Veronica canta um solo expressando sua admiração pelo futuro namorado pelo fato dele estar lutando com pessoas que já a intimidaram. Veem como tudo ficou mais leve e menos estranho de processar? Por causa dessas mudanças, o enredo do musical é algo bem mais adequado para os dias atuais, especialmente para a geração pós-Columbine, o que colabora para uma melhor compreensão da história e da mensagem que a obra deseja transmitir.
(As the plot of the musical is almost the same as the film's, this post will be less of a review of the musical, and more of a comparison between the two pieces of work. (So, if you haven't read my review of the original “Heathers” film, or more importantly, if you haven't watched the movie (which I posted at the end of that review), I recommend you do both those things before continuing to read this post, because there will be SPOILERS, both from the movie and the musical.) As I haven't seen the musical on stage, I intend to divide this post into 3 parts: one paragraph explaining the differences between the musical and the movie, in terms of plot; another paragraph explaining more about the development of the characters; and one last paragraph talking about the soundtrack. So, let's start with the book of the musical. “Heathers” is a pretty peculiar movie to be transformed into a musical. One can barely imagine how can one transform a movie about the banalization of suicide into a musical. But the authors of the adaptation, Laurence O'Keefe and Kevin Murphy, who not only wrote the book, but also all the songs in it, made this musical work in today's times. Firstly, they maintained the plot in the time where the movie was released (meaning that, as it happens with the film, the musical is also set in the 1980s). In second place, they maintained the essence of the original work, with a dark sense of humor that actually works today, and that doesn't get weird. In third place, they gave more importance to characters that didn't make that much of a difference in the original film (but we'll discuss that later). In fourth place, they transformed this story from something more mature to something more “young adult”-ish. It's way more energetic, funny, jovial, enjoyable, and as hard as it may seem, impactful than the film written by Waters. It's an adaptation that takes certain liberties in order to make the plot lighter and more digestible, but it still contains the enormous amount of emotional baggage that a serious subject as suicide carries. And the plot changes (which aren't that many) fix everything in the original movie that would be weird to process today. For example, in the cafeteria scene, where Kurt and Ram intimidate JD: in the film, the issue is settled when JD, out of nowhere, pulls out a gun off his trenchcoat and fires (blanks) in their direction; in the musical, the issue is settled through a slow-motion fight between JD and the two bullies, while Veronica sings a solo expressing her admiration for her future boyfriend because he's fighting people that bullied her. See how everything got lighter and less weird to process? Because of these changes, the musical's plot is something far more adequate for today's times, especially for the post-Columbine generation, which collaborates for an easier comprehension of the story and of the message it wishes to transmit.)



Quando se trata dos personagens, é possível dizer que o musical os desenvolve de uma forma bem mais profunda do que no filme. A começar pela Veronica, que aqui, se direciona à plateia frequentemente para expressar seus pensamentos e apresentar personagens. Nós somos como o “diário” dela no filme. Ela tem diálogos mais engraçados, sarcásticos, e requer uma voz poderosa para as performances musicais. E acima de tudo, no musical, ela é uma protagonista cuja personalidade atrai o espectador de uma maneira mais significativa do que no filme. Eu gostei bastante das mudanças que o musical fez no JD, que no filme, é um psicopata sem coração, e a gente se sente bem quando algo de ruim acontece com ele. Não se enganem: ele ainda é um psicopata aqui, mas o enredo e as músicas dessa adaptação permitem que nós venhamos a compreender mais de sua história de fundo e suas motivações, além de incluir um verdadeiro relacionamento entre ele e Veronica, ao invés de somente ver o personagem manipulando-a. O desenvolvimento das Heathers foi algo bem interessante, porque, diferente do filme, o fantasma de Heather Chandler aparece várias vezes após a morte por envenenamento. E através dessas aparições, temos direito à diálogos bem engraçados e sarcásticos por parte da personagem. A Heather Duke é a que tem menos novidades no desenvolvimento, é quase a mesma coisa do filme, mas ela fica mais sádica e se torna a personagem que os espectadores vão odiar mais (sim, mais do que o JD). A verdadeira novidade aqui fica com a Heather McNamara, que ganha mais importância através de um solo, onde ela expressa suas emoções e sentimentos diante do “suicídio” da melhor amiga (Heather Chandler) e do ex-namorado (Kurt). Outra personagem cujo desenvolvimento é bem diferente do filme é Martha Dunnstock, que aqui, é a melhor amiga de Veronica, substituindo Betty Finn. Ela tem muito mais personalidade (no filme, ela só tem uma fala), e a música solo dela é algo de cortar o coração. O Kurt e o Ram possuem a personalidade de dois bobalhões, e a maioria do alívio cômico que o musical tem vem deles. As duas músicas que os dois cantam são simplesmente hilárias.
(When it comes to the characters, you can say that the musical develops them in a deeper way, if compared to the film. Starting with Veronica, who here, directions herself to the audience frequently in order to express her feelings and introduce characters. We are like her “diary” in the film. She has funnier, more sarcastic dialogues, and requires a powerful singing voice for the musical performances. And above all, in the musical, she is a protagonist whose personality is more attractive to the viewer than it is in the film. I really liked the changes the musical made to JD, who, in the movie, is a heartless psychopath, and you feel good every time something bad happens to him. Don't be mistaken: he's still a psychopath here, but the plot and the songs in this adaptation allow us to further comprehend his backstory and motivations, besides including a real relationship between him and Veronica, which is different from just seeing him manipulate her. The development of the Heathers was something interesting to see, because, unlike the film, the ghost of Heather Chandler shows up several times after her death by poisoning. And through these appearances, we get to witness very funny, sarcastic dialogues from her. Heather Duke is the one who doesn't have much new things to further her development, it's basically the same as the film, but she gets more sadistic here and becomes the most hateful character in the plot (yes, more than JD). The real new thing here stands with Heather McNamara, who is way more important to the plot, through a solo where she expresses her emotions and feelings towards the “suicide” of her best friend (Heather Chandler) and her ex-boyfriend (Kurt). Another character whose development is far different from the film is Martha Dunnstock, who is Veronica's best friend here, replacing Betty Finn. She has way more personality (in the film, she only has one line of dialogue), and her solo song is heartbreaking. Kurt and Ram have the personality of two goofballs here, and most of the comic relief the musical provides comes from these two characters. The two songs they headline are hilarious.)



E por último, mas não menos importante, vamos falar do aspecto que faz um musical ser um musical: a trilha sonora. A trilha sonora de “Heathers: O Musical” é composta de músicas originais escritas pelos roteiristas (Laurence O'Keefe e Kevin Murphy), e a grande maioria segue um gênero mais voltado para o rock (tanto que a adaptação é promovida como um musical de rock). E é uma trilha sonora bem legal. Claro, não chega no nível de um “Hamilton” ou um “Chicago”, mas o contraste entre a jovialidade das melodias e o caráter sombrio e adulto das letras em algumas músicas é o que torna esse musical diferente entre uma infinidade de musicais de palco. O número musical que inicia o enredo (“Beautiful”) tem mais de 8 minutos de duração, e não fica entediante em nenhum momento. Há músicas mais animadas (“Candy Store”, “Big Fun”), músicas mais sentimentais (“Seventeen”), músicas de cortar o coração e torcer a faca várias vezes (“Lifeboat”, “Kindergarten Boyfriend”), músicas que nos fazem entender mais sobre os personagens (“Freeze Your Brain”), e músicas que servem primordialmente para alívio cômico (“Blue”, “My Dead Gay Son”). Tem um pouco pra todo mundo aqui. Vou deixar aqui embaixo a playlist da trilha sonora completa no YouTube para vocês darem uma olhada. É genial.
(And at last, but not least, let's talk about the aspect that makes a musical a musical: the soundtrack. The soundtrack for “Heathers: The Musical” is composed by original songs written by the writers of the book (Laurence O'Keefe and Kevin Murphy), and most of them follow a genre that's more rock-ish (as the adaptation is promoted as a rock musical). And it's a pretty nice soundtrack. Sure, it's not a “Hamilton” or a “Chicago”, but the contrast between the upbeat sound of the melodies and the dark, adult aspect of the lyrics of some songs is what makes this musical different among an endless quantity of stage musicals. The musical number that starts us off (“Beautiful”) is over 8 minutes long, and it doesn't get boring at any moment. There are more pop-ish songs (“Candy Store”, “Big Fun”), more sentimental songs (“Seventeen”), heart-wrenching “repeated knife-twisting in open wound” songs (“Lifeboat”, “Kindergarten Boyfriend”), songs that make us understand more things about characters (“Freeze Your Brain”), and songs that are primarily there for comic relief (“Blue”, “My Dead Gay Son”). There's a little bit for everyone here. I'll leave a playlist of the complete soundtrack on YouTube for you guys to check it out. It's a work of genius.)



Resumindo, “Heathers: O Musical” conserta tudo o que ficou estranho de processar do filme nos dias de hoje, transformando o enredo em algo mais leve e fácil de digerir, mas que ainda mantém o peso emocional de um assunto sério como o suicídio. A adaptação consegue desenvolver seus personagens de uma forma mais profunda, seja através de diálogos ou através da genial trilha sonora. Alguém, por favor, faça um filme desse musical!

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até amanhã, com a terceira e última parte dessa postagem!
João Pedro

(In a nutshell, “Heathers: The Musical” fixes everything that got weird to process in the original film today, transforming the plot into something lighter and easier to digest, but that still maintains the emotional weight of a serious subject like suicide. The adaptation manages to develop its characters in a deeper way, both through dialogue and the genius soundtrack. Someone, please, make a movie out of this musical!

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you tomorrow, with the third and final part in this post!
João Pedro)



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