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Minhas saudações e
cumprimentos, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de
volta, para dar continuidade à postagem especial em três partes
sobre todas as obras que tomaram como base o roteiro de “Heathers”,
ou “Atração Mortal”, escrito por Daniel Waters. Então, nessa
segunda parte, vamos falar sobre uma versão mais leve, mais adequada
para os dias atuais, mas que possui o mesmo impacto da obra original.
Vamos falar sobre “Heathers: O Musical”. Vamos lá!
(Greetings and
salutations, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in
order to continue this special 3-part post about every piece of work
that was based on the screenplay of “Heathers”, written by Daniel
Waters. So, in this second part, let's talk about a lighter, more
adequate version for today's times, but that still holds the same
amount of impact as the original work. Let's talk about “Heathers:
The Musical”. Let's go!)
Baseado no filme de
1988, o musical conta a história de Veronica Sawyer, a ovelha negra
em uma panelinha de patricinhas valentonas conhecidas como “as
Heathers”. Certo dia, Veronica conhece JD, um novato leitor de
Baudelaire que acaba de ser transferido de outra escola. Diante dos
atos maléficos de bullying cometidos pelas Heathers, Veronica e JD
bolam um plano para tirar a panelinha da hierarquia da escola.
(Based on the 1988
film, the musical tells the story of Veronica Sawyer, the black sheep
in a school clique of bully mean girls known as “the Heathers”.
One day, Veronica meets JD, a Baudelaire-reading new kid who just got
transferred from another school. Because of the evil bullying acts
committed by the Heathers, Veronica and JD come up with a plan to
take the clique out of the school hierarchy.)
Como o enredo do
musical é quase igual ao enredo do filme, essa postagem será menos
uma crítica do musical e mais uma comparação das duas obras.
(Então, caso você ainda não tenha lido a resenha crítica do filme
“Heathers”, e especialmente, se você não viu o filme (o qual eu
postei ao final da crítica), recomendo que faça essas duas coisas
antes de seguir em frente lendo essa postagem, porque terão alguns
SPOILERS, tanto do filme quanto do musical.) Como não vi o musical
(que inclusive, tem montagem brasileira, e estou aceitando qualquer
convite para ir assistir em São Paulo quando estrear... [Risos]),
pretendo dividir essa postagem em três partes: um parágrafo
explicando as diferenças no roteiro do musical, se comparado ao
filme; outro explicando um pouco sobre o desenvolvimento dos
personagens; e um último parágrafo falando sobre a trilha sonora.
Então, vamos começar com o roteiro. “Heathers” é um filme bem
peculiar para ser transformado em um musical. Uma pessoa mal consegue
imaginar como transformar um filme que fala sobre a banalização do
suicídio em um musical. Mas os autores da adaptação, Laurence
O'Keefe e Kevin Murphy, que não só escreveram o roteiro do musical,
mas também todas as músicas presentes nele, fizeram esse musical
funcionar nos dias de hoje. Primeiramente, eles conseguiram manter o
enredo na época do filme original (ou seja, assim como no filme, o
musical é ambientado nos anos 1980). Em segundo lugar, eles
mantiveram a essência da obra original, com um senso de humor negro
que funciona e não fica estranho nos dias de hoje. Em terceiro
lugar, eles deram mais importância a personagens que não receberam
tanta atenção no filme original (mas discutiremos isso mais
adiante). Em quarto lugar, eles transformaram essa história de algo
mais adulto, para algo mais “jovem adulto”. É bem mais
energético, engraçado, jovial, divertido, e por incrível que
pareça, impactante do que o filme escrito por Waters. É uma
adaptação que toma algumas liberdades para tornar o enredo mais
digerível e leve, mas que ainda mantém a enorme carga emocional que
um tema pesado como o suicídio carrega. E as mudanças no enredo
(que nem são tantas) conseguem consertar todas as partes do filme
que ficariam estranhas de processar nos dias de hoje. Por exemplo, na
cena do refeitório, onde o Kurt e o Ram intimidam o JD: no filme, o
assunto é resolvido quando JD, do nada, puxa uma pistola do
sobretudo dele e atira (balas de festim) na direção dos dois; no
musical, o assunto é resolvido através de uma luta em câmera lenta
entre JD e os dois valentões, enquanto Veronica canta um solo
expressando sua admiração pelo futuro namorado pelo fato dele estar
lutando com pessoas que já a intimidaram. Veem como tudo ficou mais
leve e menos estranho de processar? Por causa dessas mudanças, o
enredo do musical é algo bem mais adequado para os dias atuais,
especialmente para a geração pós-Columbine, o que colabora para
uma melhor compreensão da história e da mensagem que a obra deseja
transmitir.
(As the plot of the
musical is almost the same as the film's, this post will be less of a
review of the musical, and more of a comparison between the two
pieces of work. (So, if you haven't read my review of the original
“Heathers” film, or more importantly, if you haven't watched the
movie (which I posted at the end of that review), I recommend you do
both those things before continuing to read this post, because there
will be SPOILERS, both from the movie and the musical.) As I haven't
seen the musical on stage, I intend to divide this post into 3 parts:
one paragraph explaining the differences between the musical and the
movie, in terms of plot; another paragraph explaining more about the
development of the characters; and one last paragraph talking about
the soundtrack. So, let's start with the book of the musical.
“Heathers” is a pretty peculiar movie to be transformed into a
musical. One can barely imagine how can one transform a movie about
the banalization of suicide into a musical. But the authors of the
adaptation, Laurence O'Keefe and Kevin Murphy, who not only wrote the
book, but also all the songs in it, made this musical work in today's
times. Firstly, they maintained the plot in the time where the movie
was released (meaning that, as it happens with the film, the musical
is also set in the 1980s). In second place, they maintained the
essence of the original work, with a dark sense of humor that
actually works today, and that doesn't get weird. In third place,
they gave more importance to characters that didn't make that much of
a difference in the original film (but we'll discuss that later). In
fourth place, they transformed this story from something more mature
to something more “young adult”-ish. It's way more energetic,
funny, jovial, enjoyable, and as hard as it may seem, impactful than
the film written by Waters. It's an adaptation that takes certain
liberties in order to make the plot lighter and more digestible, but
it still contains the enormous amount of emotional baggage that a
serious subject as suicide carries. And the plot changes (which
aren't that many) fix everything in the original movie that would be
weird to process today. For example, in the cafeteria scene, where
Kurt and Ram intimidate JD: in the film, the issue is settled when
JD, out of nowhere, pulls out a gun off his trenchcoat and fires
(blanks) in their direction; in the musical, the issue is settled
through a slow-motion fight between JD and the two bullies, while
Veronica sings a solo expressing her admiration for her future
boyfriend because he's fighting people that bullied her. See how
everything got lighter and less weird to process? Because of these
changes, the musical's plot is something far more adequate for
today's times, especially for the post-Columbine generation, which
collaborates for an easier comprehension of the story and of the
message it wishes to transmit.)
Quando se trata dos
personagens, é possível dizer que o musical os desenvolve de uma
forma bem mais profunda do que no filme. A começar pela Veronica,
que aqui, se direciona à plateia frequentemente para expressar seus
pensamentos e apresentar personagens. Nós somos como o “diário”
dela no filme. Ela tem diálogos mais engraçados, sarcásticos, e
requer uma voz poderosa para as performances musicais. E acima de
tudo, no musical, ela é uma protagonista cuja personalidade atrai o
espectador de uma maneira mais significativa do que no filme. Eu
gostei bastante das mudanças que o musical fez no JD, que no filme,
é um psicopata sem coração, e a gente se sente bem quando algo de
ruim acontece com ele. Não se enganem: ele ainda é um psicopata
aqui, mas o enredo e as músicas dessa adaptação permitem que nós
venhamos a compreender mais de sua história de fundo e suas
motivações, além de incluir um verdadeiro relacionamento entre ele
e Veronica, ao invés de somente ver o personagem manipulando-a. O
desenvolvimento das Heathers foi algo bem interessante, porque,
diferente do filme, o fantasma de Heather Chandler aparece várias
vezes após a morte por envenenamento. E através dessas aparições,
temos direito à diálogos bem engraçados e sarcásticos por parte
da personagem. A Heather Duke é a que tem menos novidades no
desenvolvimento, é quase a mesma coisa do filme, mas ela fica mais
sádica e se torna a personagem que os espectadores vão odiar mais
(sim, mais do que o JD). A verdadeira novidade aqui fica com a
Heather McNamara, que ganha mais importância através de um solo,
onde ela expressa suas emoções e sentimentos diante do “suicídio”
da melhor amiga (Heather Chandler) e do ex-namorado (Kurt). Outra
personagem cujo desenvolvimento é bem diferente do filme é Martha
Dunnstock, que aqui, é a melhor amiga de Veronica, substituindo
Betty Finn. Ela tem muito mais personalidade (no filme, ela só tem
uma fala), e a música solo dela é algo de cortar o coração. O
Kurt e o Ram possuem a personalidade de dois bobalhões, e a maioria
do alívio cômico que o musical tem vem deles. As duas músicas que
os dois cantam são simplesmente hilárias.
(When it comes to the
characters, you can say that the musical develops them in a deeper
way, if compared to the film. Starting with Veronica, who here,
directions herself to the audience frequently in order to express her
feelings and introduce characters. We are like her “diary” in the
film. She has funnier, more sarcastic dialogues, and requires a
powerful singing voice for the musical performances. And above all,
in the musical, she is a protagonist whose personality is more
attractive to the viewer than it is in the film. I really liked the
changes the musical made to JD, who, in the movie, is a heartless
psychopath, and you feel good every time something bad happens to
him. Don't be mistaken: he's still a psychopath here, but the plot
and the songs in this adaptation allow us to further comprehend his
backstory and motivations, besides including a real relationship
between him and Veronica, which is different from just seeing him
manipulate her. The development of the Heathers was something
interesting to see, because, unlike the film, the ghost of Heather
Chandler shows up several times after her death by poisoning. And
through these appearances, we get to witness very funny, sarcastic
dialogues from her. Heather Duke is the one who doesn't have much new
things to further her development, it's basically the same as the
film, but she gets more sadistic here and becomes the most hateful
character in the plot (yes, more than JD). The real new thing here
stands with Heather McNamara, who is way more important to the plot,
through a solo where she expresses her emotions and feelings towards
the “suicide” of her best friend (Heather Chandler) and her
ex-boyfriend (Kurt). Another character whose development is far
different from the film is Martha Dunnstock, who is Veronica's best
friend here, replacing Betty Finn. She has way more personality (in
the film, she only has one line of dialogue), and her solo song is
heartbreaking. Kurt and Ram have the personality of two goofballs
here, and most of the comic relief the musical provides comes from
these two characters. The two songs they headline are hilarious.)
E por último, mas não
menos importante, vamos falar do aspecto que faz um musical ser um
musical: a trilha sonora. A trilha sonora de “Heathers: O Musical”
é composta de músicas originais escritas pelos roteiristas
(Laurence O'Keefe e Kevin Murphy), e a grande maioria segue um gênero
mais voltado para o rock (tanto que a adaptação é promovida como
um musical de rock). E é uma trilha sonora bem legal. Claro, não
chega no nível de um “Hamilton” ou um “Chicago”, mas o
contraste entre a jovialidade das melodias e o caráter sombrio e
adulto das letras em algumas músicas é o que torna esse musical
diferente entre uma infinidade de musicais de palco. O número
musical que inicia o enredo (“Beautiful”) tem mais de 8 minutos
de duração, e não fica entediante em nenhum momento. Há músicas
mais animadas (“Candy Store”, “Big Fun”), músicas mais
sentimentais (“Seventeen”), músicas de cortar o coração e
torcer a faca várias vezes (“Lifeboat”, “Kindergarten
Boyfriend”), músicas que nos fazem entender mais sobre os
personagens (“Freeze Your Brain”), e músicas que servem
primordialmente para alívio cômico (“Blue”, “My Dead Gay
Son”). Tem um pouco pra todo mundo aqui. Vou deixar aqui embaixo a
playlist da trilha sonora completa no YouTube para vocês darem uma
olhada. É genial.
(And at last, but not
least, let's talk about the aspect that makes a musical a musical:
the soundtrack. The soundtrack for “Heathers: The Musical” is
composed by original songs written by the writers of the book
(Laurence O'Keefe and Kevin Murphy), and most of them follow a genre
that's more rock-ish (as the adaptation is promoted as a rock
musical). And it's a pretty nice soundtrack. Sure, it's not a
“Hamilton” or a “Chicago”, but the contrast between the
upbeat sound of the melodies and the dark, adult aspect of the lyrics
of some songs is what makes this musical different among an endless
quantity of stage musicals. The musical number that starts us off
(“Beautiful”) is over 8 minutes long, and it doesn't get boring
at any moment. There are more pop-ish songs (“Candy Store”, “Big
Fun”), more sentimental songs (“Seventeen”), heart-wrenching
“repeated knife-twisting in open wound” songs (“Lifeboat”,
“Kindergarten Boyfriend”), songs that make us understand more
things about characters (“Freeze Your Brain”), and songs that are
primarily there for comic relief (“Blue”, “My Dead Gay Son”).
There's a little bit for everyone here. I'll leave a playlist of the
complete soundtrack on YouTube for you guys to check it out. It's a
work of genius.)
Resumindo, “Heathers:
O Musical” conserta tudo o que ficou estranho de processar do filme
nos dias de hoje, transformando o enredo em algo mais leve e fácil
de digerir, mas que ainda mantém o peso emocional de um assunto
sério como o suicídio. A adaptação consegue desenvolver seus
personagens de uma forma mais profunda, seja através de diálogos ou
através da genial trilha sonora. Alguém, por favor, faça um filme
desse musical!
Nota: 10 de 10!!
É isso, pessoal!
Espero que tenham gostado! Até amanhã, com a terceira e última
parte dessa postagem!
João Pedro
(In a nutshell,
“Heathers: The Musical” fixes everything that got weird to
process in the original film today, transforming the plot into
something lighter and easier to digest, but that still maintains the
emotional weight of a serious subject like suicide. The adaptation
manages to develop its characters in a deeper way, both through
dialogue and the genius soundtrack. Someone, please, make a movie out
of this musical!
I give it a 10 out of
10!!
That's it, guys! I hope
you liked it! See you tomorrow, with the third and final part in this
post!
João Pedro)
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