E não se esqueçam de
curtir e seguir o blog nas redes sociais:
(And don't forget to
like and follow the blog in social medias:)
Twitter:
@nocinemacomjp2
Instagram:
@nocinemacomjp
Minhas saudações e
cumprimentos, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de
volta, e essa quarentena não vai parar o blog! Estou aqui para falar
de uma franquia multimídia que surgiu nos anos 1980 e percorreu até
os dias atuais, juntando uma dose carregada de polêmicas ao longo
desses 30 anos. Vocês podem ter ouvido do filme original de 1988, da
adaptação musical de 2014, ou da minissérie reboot de 2018. E, ao
longo de 3 dias, irei estar discutindo cada obra baseada nessa
mitologia fictícia. Então, para começar, vamos falar sobre
“Heathers”, o filme de 1988, mais conhecido no Brasil como
“Atração Mortal”. Vamos lá!
(Greetings and
salutations, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back,
and this quarantine is not stopping this blog! I'm here to discuss a
multimedia franchise that originated itself in the 1980s and is still
present to this day, gathering a loaded dose of controversy
throughout these 30 years. You may have heard of the 1988 original
movie, or of the 2014 musical adaptation, or of the 2018 reboot
miniseries. And, in the course of 3 days, I'll be discussing every
piece of work based on this fictional mythology. So, for starters,
let's talk about “Heathers”, the 1988 film, the one that started
it all. Let's go!)
O filme conta a
história de Veronica Sawyer (Winona Ryder), uma adolescente de 17
anos, que é a ovelha negra de uma panelinha em sua escola conhecida
como “as Heathers”, onde todas as componentes do grupo (menos
Veronica) se chamam Heather: Chandler (Kim Walker); Duke (Shannen
Doherty); e McNamara (Lisanne Falk). Certo dia, Veronica conhece um
novato transferido de outro colégio, Jason Dean, mais conhecido como
JD (Christian Slater). E diante dos atos maléficos de bullying
cometidos pelas Heathers, Veronica e JD bolam um plano para tirar a
panelinha da hierarquia da escola. Só que nem tudo vai conforme o
planejado.
(The film tells the
story of Veronica Sawyer (Winona Ryder), a 17-year-old, who is the
black sheep in a school clique known as “the Heathers”, where all
the components of the group (except for Veronica) are named Heather:
Chandler (Kim Walker); Duke (Shannen Doherty); and McNamara (Lisanne
Falk). One day, Veronica meets a new kid who's been transferred from
another school, Jason Dean, mostly known as JD (Christian Slater).
And because of the terrible bullying acts committed by the Heathers,
Veronica and JD come up with a plan to take them out of the school
hierarchy. But not everything goes as planned.)
Vai ser bem difícil
falar sobre esse filme de uma maneira sucinta sem falar de spoilers,
porque preciso falar de algumas coisas que fazem o filme funcionar
nos dias atuais, e de outras coisas que envelheceram bem mal, diante
de eventos que ocorreram após o lançamento do filme. Mas irei fazer
o meu melhor para não dar muitos spoilers. Então, vamos começar
com o roteiro. O roteiro de “Heathers” é escrito pelo Daniel
Waters, que, por completa coincidência, é irmão do Mark Waters,
que foi diretor de um filme com um conceito bem parecido, lançado
nos anos 2000: “Meninas Malvadas”. De forma bem tosca, pode-se
dizer que “Heathers” é uma versão sombria, violenta e
distorcida de “Meninas Malvadas”. Mas o que faz desse filme tão
brilhante é a forma como ele subverte todos os clichês
estabelecidos pelos filmes adolescentes de sua época, especialmente
quando se trata dos filmes do John Hughes (“Clube dos Cinco”,
“Curtindo a Vida Adoidado”, “Gatinhas e Gatões”). Tais
filmes tratam o ensino médio como uma época perfeita, onde os
adultos se importam e onde você precisa aproveitar esse momento ao
máximo, porque senão ele vai embora muito rápido. De forma
subversiva, “Heathers” retrata o ensino médio como um lugar
infernal, onde a hierarquia das panelinhas é mais importante que
tudo, e onde os adolescentes são mais malvados e repressivos do que
qualquer adulto. Mas muitos filmes também retratam o ensino médio
dessa forma. O diferencial de “Heathers” é a quantidade de temas
bem pesados que ele aborda ao longo do filme, em especial o bullying,
de forma bem extrema; e a banalização do suicídio. Se vocês
pararem pra pensar, quase nenhum filme adolescente dessa época
aborda o suicídio de maneira tão direta. O filme mostra como uma
coisa tão ruim como o suicídio pode contaminar uma sociedade
escolar, a ponto dele se tornar algo “popular”. Mas mesmo com
“Heathers” abordando esse tema de maneira direta, ele não faz
apologia ao suicídio, de maneira alguma. Pelo contrário, ele mostra
que o suicídio não é a solução para se tornar popular, já que
toda tentativa de suicídio presente no filme falha miseravelmente.
Mas, ao trazer esse filme dos anos 1980 para os dias atuais, alguns
dos aspectos narrativos dele não caem tão bem, especialmente quando
se trata do personagem de Christian Slater, JD. O filme é promovido
como uma comédia de humor negro, e devido a certas tragédias que
aconteceram após o lançamento do filme, algumas cenas que eram pra
ser engraçadas não funcionam tão bem hoje quanto funcionaram na
época de lançamento. Não vou dar nenhum spoiler (deixarei o filme
completo no YouTube ao final da postagem para vocês assistirem e
ligarem os pontos), mas finalizo essa parte dizendo que “Heathers”
não é o típico filme adolescente dos anos 1980: é bem sério, bem
pesado, e bem necessário nos dias de hoje, assim como o musical e a
série baseadas no filme.
(It'll be pretty hard
to talk about this film in a succint way without going into spoiler
territory, because I need to talk about certain things that make the
movie work in recent times, and other things that didn't age well,
because of certain tragedies that happened after the film's release.
But I'll do my best to not talk a lot of spoilers. So, let's start
with the script. The script for “Heathers” was written by Daniel
Waters, who, coincidentally, is the brother of Mark Waters, who
directed a film with a similar concept, released in the 2000s: “Mean
Girls”. In a cheesy way, one can say that “Heathers” is a dark,
violent, twisted version of “Mean Girls”. But what makes this
film brilliant is how it subverts every single cliché established by
teen films of its time, especially when it comes to John Hughes films
(“The Breakfast Club”, “Ferris Bueller”, “Sixteen
Candles”). Such films portray high school as a perfect time, where
grown-ups care and where you have to enjoy every moment of it, or
else you'll miss it. In a subversive way, “Heathers” goes the
other way around and portrays high school as a hellish place, where
the clique hierarchy stands above it all, and where teenagers are way
more evil and repressive than any other grown-up. But many films
portray high school that way. The difference that “Heathers” has
among other 80s teen films is the quantity of really heavy themes it
deals with throughout the film, especially bullying, portrayed in an
extreme way; and the banalization of suicide. If you stop and think
about it, no other 80s teen film deals with suicide in such a direct
way. It shows how a horrible thing like suicide can contaminate a
school society, to the point that it becomes “popular”. But even
with “Heathers” dealing with that theme in a direct way, it's not
pro-suicide, in any way. On the contrary, it shows that suicide is
not the recipe to become popular, as every suicide attempt in this
film fails miserably. But, bringing this 80s film to the present
days, some of its narrative aspects don't land as solidly as they
should, especially when it comes to Christian Slater's character, JD.
The film is promoted as a dark comedy, and due to certain tragedies
that happened after the movie's release, some of its “meant to be
funny” scenes aren't that funny anymore today as they possibly were
in 1988. I won't spoil it or anything (I'll leave the embed film on
YouTube at the end of this review for you guys to watch it and
connect the dots), but I'll finish this part by saying that
“Heathers” is no ordinary 80s teen film: it is quite serious, it
is really heavy, and it's quite necessary, for today's time, as it
also happens with the musical and the TV show that came after it.)
Como os adultos são
pouco importantes na trama, “Heathers” é um filme que encontra
no elenco adolescente o foco da narrativa. E já de cara, temos dois
talentos enormes, nas peles de Winona Ryder e Christian Slater. Eu
gostei bastante do desenvolvimento da personagem de Ryder,
especialmente no contraste entre a relação dela com as Heathers e a
relação dela com o JD. O espectador vê que ela não se sente nada
confortável convivendo com as Heathers, e ela encontra um tipo de
“refúgio” com o JD, mas de forma bem curta, porque as coisas
ficam bem sombrias e malucas em um curto período de tempo. No
personagem de Slater, encontramos o perfeito sociopata anarquista que
odeia e manipula todo mundo. Por causa das atitudes de JD, a segunda
metade do filme possui algumas semelhanças incrivelmente trágicas
com um dos maiores desastres cometidos pelo homem (de novo, sem
spoilers aqui, mas dá pra ver pra onde estou caminhando). Como
coadjuvantes, temos Kim Walker, Shannen Doherty e Lisanne Falk como
as 3 Heathers, e elas trabalham muito bem com o que é dado a cada
uma, mesmo com algumas tendo mais tempo de tela, e consequentemente,
mais conteúdo do que outras. No elenco adulto, o único destaque
fica com Penelope Milford, que aqui interpreta uma professora que
deseja que os alunos “se curem” da grande onda de suicídios que
vem atormentando a escola, e que acaba atraindo a atenção da mídia,
banalizando o suicídio ainda mais na trama.
(As grown-ups have
little importance in the plot, “Heathers” is a film that finds
its narrative focus in its teen cast. And right off the bat, we have
two huge talents, in the form of Winona Ryder and Christian Slater. I
really liked the development of Ryder's character, especially when it
comes to the contrast between her relationship with the Heathers and
her relationship with JD. The viewer sees that she's not comfortable
at all with the Heathers, and that she finds some sort of “safe
haven” with JD, but it's a really short feeling, because things get
very dark and crazy really fast. In Slater's character, we find the
perfect sociopath that hates and manipulates everyone. Because of
JD's attitudes, the second half of the movie has some incredibly
tragic similarities with one of the biggest disasters ever committed
by man (again, no spoilers here, but you can see where I'm going with
this). As supporting characters, we have Kim Walker, Shannen Doherty
and Lisanne Falk as the 3 Heathers, and they work really well with
what's given to each of them, even with some receiving more screen
time, and consequently, more content than others. In the adult cast,
the only highlight stays with Penelope Milford, who plays a teacher
that wishes to “heal” the students from the great wave of
suicides that's been tormenting the school, and that ends up
attracting the attention of the media, making suicide even more banal
in the plot.)
Nos aspectos técnicos,
encontramos uma maneira bem interessante de explorar as
personalidades dos personagens através da escolha e do uso de cores
feita pela direção de arte. Por exemplo, a cor mais presente em
Veronica é o azul, que, de acordo com a psicologia das cores, é
percebida como uma cor fria, representando como Veronica está fora
de lugar junto com as Heathers, que são representadas por cores mais
vibrantes (Chandler = vermelho, representando a paixão e a tomada de
decisões, já que ela é a líder; Duke = verde, representando a
inveja que ela tem da liderança de Heather Chandler; McNamara =
amarelo, representando o otimismo e a inocência que ela tem perante
as outras Heathers). E isso também se faz presente ao representar a
personalidade de JD com a cor preta, que pode representar a dureza e
o poder, o que faz muito sentido quando o espectador vê o
desenvolvimento do personagem no filme. A fotografia é bem
trabalhada, o design de som causa um impacto que você não espera de
um filme adolescente dos anos 80, há um uso brilhante de efeitos
práticos, e a trilha sonora foi muito bem selecionada, especialmente
quando se trata da música tocada nos créditos iniciais, “Que
Sera, Sera (Whatever Will Be, Will Be)”, popularizada por Doris
Day, que representa o conceito do filme de forma perfeita.
(In the technical
aspects, we find a really interesting way of exploring the
personalities of the characters through the choice and the use of
color made by the production designers. For example, the color that
stands out in Veronica is blue, which, according to the psychology of
colors, is perceived as a cold, distant color, representing how
Veronica is out of place along with the Heathers, who are represented
by more vibrant colors (Chandler = red, representing the passion and
the decision-making, as she is the leader; Duke = green, representing
the envy she has of Heather Chandler's leadership; McNamara = yellow,
representing the optimism and innocence she has, if compared to the
other Heathers). And that also fits when representing JD's
personality with black, which may represent harshness and power,
which makes a lot of sense when the viewer sees his character
development in the film. The cinematography is very well done, the
sound design causes an impact you usually don't expect from an 80s
teen film, there is a brilliant use of practical visual effects, and
the soundtrack was really well chosen, especially when it comes to
the song played in the initial credits, “Que Sera, Sera (Whatever
Will Be, Will Be)”, which was popularized by Doris Day and
represents the concept of this film perfectly.)
Resumindo, “Atração
Mortal/Heathers” pode ter alguns aspectos narrativos que não
funcionem tão bem atualmente, mas o filme continua causando um
impacto com sua subversão de clichês do gênero, com seu ponto de
vista mais dark e distorcido do ensino médio, e com a abordagem de
temas controversos que se fazem muito presentes nos dias de hoje.
Nota: 9,5 de 10!!
É isso, pessoal!
Espero que tenham gostado! Vou deixar o filme aqui embaixo para que,
no caso de você, caro cinéfilo, não ter assistido esse filme
ainda, você possa assisti-lo! Até amanhã, com a segunda parte
dessa postagem!
- João Pedro
(In a nutshell,
“Heathers” may have some narrative aspects that don't work that
well in today's times, but it still manages to cause an impression
with its subversion of genre clichés; its dark, twisted point of
view on high school; and its dealing of controversial themes that are
really present in today's reality.
I give it a 9,5 out of
10!!
That's it, guys! I hope
you liked it! I'll leave the film down below so that you, dear film
buff who hasn't watched it yet, get the chance to watch it! See you
tomorrow, with the second part of this post!
- João Pedro)
Nenhum comentário:
Postar um comentário