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sexta-feira, 20 de março de 2020

"Heathers": uma versão bem diferente do original, porém relevante nos dias de hoje (Bilíngue)


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Minhas saudações e cumprimentos, meus caros cinéfilos! Estou de volta, para entregar a terceira e última parte dessa postagem especial sobre todas as obras baseadas no roteiro de “Heathers”, ou “Atração Mortal”. E nessa postagem, falarei sobre a ovelha negra no catálogo de “Heathers”, algo que foi bastante criticado quando foi anunciado e juntou uma boa dose de polêmicas antes de seu lançamento oficial. Pode não ser o mesmo “Heathers” que os fãs do filme e do musical queriam, mas é o “Heathers” que é mais relevante e atual para a presente geração. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre a minissérie de 2018 de “Heathers”. Vamos lá!
(Greetings and salutations, my dear film buffs! I'm back, in order to deliver the third and final part of this special post on all of the work based on the screenplay for “Heathers”. And in this post, I'll be talking about the black sheep in the “Heathers” catalog, something that was really criticized when it was announced, and gathered a good amount of controversy before its official release. It may not be the same “Heathers” that movie and musical fans wanted, but it's the most relevant, current “Heathers” for the present generation. So, without further ado, let's talk about the 2018 miniseries of “Heathers”. Let's go!)



Baseado no filme de 1988, a minissérie de “Heathers” transporta a trama para os dias atuais, e segue Veronica Sawyer (Grace Victoria Cox), uma adolescente de 17 anos que está tentando se descobrir na vida. Ela é a ovelha negra em uma panelinha em seu colégio conhecida como “as Heathers”, e diante dos atos maléficos de bullying e manipulação cometidos pelas Heathers, Veronica junta forças com um novato, JD (James Scully), para tirar a panelinha da hierarquia da escola.
(Based on the 1988 film, the “Heathers” miniseries transports the plot into the present day, and follows Veronica Sawyer (Grace Victoria Cox), a 17-year-old who's trying to find herself in life. She's the black sheep in a school clique known as “the Heathers”, and because of the evil bullying and manipulation acts committed by the Heathers, Veronica joins forces with a new kid, JD (James Scully), to take the clique out of the school hierarchy.)



Muitas pessoas, especialmente fãs da obra original, vem criticando essa adaptação em particular, pelo fato de alguns de seus aspectos serem diferentes do filme de 1988, especialmente quando se trata da aparência das Heathers: enquanto no filme, as Heathers eram patricinhas magérrimas; na minissérie, a Heather Chandler é acima do peso, a Heather Duke é um adolescente gay chamado Heath, mas que prefere ser chamado de Heather; e a Heather McNamara é negra e lésbica. As pessoas se perguntavam, quando o trailer da minissérie foi lançado: como as Heathers conseguiram se tornar aquilo que elas mais criticavam no filme original? Pode ser um artifício para tornar o enredo politicamente correto? Até pode, mas acho que a explicação mais clara é que a sociedade escolar mudou drasticamente de 1988 para cá, e a minissérie queria aplicar essas mudanças no enredo de “Heathers”. Só que aí está o maior problema: a maioria dos fãs nem se importou em realmente ver a adaptação para ver se realmente presta. Como esse não foi o meu caso, vamos falar do roteiro. O roteiro da minissérie de “Heathers” foi encabeçado por Jason Micallef, showrunner do programa, que contou com a ajuda de co-roteiristas em 8 dos 10 episódios. Eu realmente gostei do conceito que a minissérie teve de trazer o enredo para os dias atuais, para a época onde tudo viraliza em questão de segundos na Internet. E é justamente por causa dessa ambientação no presente que faz dessa adaptação de “Heathers” a mais relevante para a realidade de hoje. As pessoas estão sempre conectadas, sabendo de tudo em um instante ou em um clique, realmente é um aspecto que uma versão atual de “Heathers” precisava. Uma coisa que eu realmente gostei na execução dessa série foi o número de reviravoltas (sendo a maioria delas, quase que completamente inesperadas) que ela tem em relação ao original. Se você é fã do filme de 1988 ou do musical, as reviravoltas ao longo desses 10 episódios vão fazer você se importar com a caracterização dos personagens cada vez menos. Coisas que acontecem no filme original podem não acontecer aqui e vice-versa. É diferente, é violenta, eu vejo porque a minissérie causou tanta polêmica nos EUA, mas os temas que ela aborda são necessários para que ela consiga transmitir sua mensagem de forma clara. Um aspecto que me agradou bastante foi a ousadia de ir além dos temas que são discutidos no filme original (que ainda são discutidos aqui) e lidar com temas que são muito presentes nos dias atuais, em especial o assédio sexual e o domínio de nossas vidas sociais pela tecnologia. A minissérie tem um senso de humor bem atualizado, contendo piadas sobre filtros de fotos, a cultura pop atual, tudo que você esperaria de uma série adolescente no nível de “Riverdale” e “Scream Queens”. O roteiro tem uma grande quantidade de mistério envolvendo os personagens, e também preenche alguns vazios que não foram propriamente explicados nas outras propriedades que levam o nome “Heathers”. E o final dessa minissérie não é nada parecido com o que vimos no filme original ou no musical. É algo que me surpreendeu positivamente, pela grande quantidade de ousadia que os produtores dessa adaptação tiveram para fazer o final daquele jeito.
(A lot of people, especially fans of the original work, have been criticizing this adaptation in particular, because some of its aspects are different from the 1988 film, especially when it comes to the Heathers's appearances: while in the film, they are skinny queen bees; in the miniseries, Heather Chandler is overweight; Heather Duke is a gay teenager named Heath, but that prefers to be called Heather; and Heather McNamara is black and lesbian. People wondered, when the trailer for the miniseries was released: how could the Heathers manage to become the type of people they criticized in the original film? Could it be a device to make the plot politically correct? Maybe, but I think that the clearest explanation is that school societies have changed from 1988 until today, and the show wanted to apply those changes into the plot of “Heathers”. But there's the bigger problem: most fans didn't even care to actually watch the show to see if any good came out of it. As that's not my case, let's talk about the script. The script for the “Heathers” miniseries was written by Jason Micallef, who was also showrunner, and got a little help from co-writers in 8 of the 10 episodes. I really liked the concept that it had to bring the plot into the present days, to the time where everything goes viral in a matter of seconds on the Internet. And it's precisely because of this setting that makes this adaptation of “Heathers” the most relevant one for today's reality. People are always connected, knowing about everything in an instant or in a click, it really was an aspect that a modern-day version of “Heathers” needed. One thing I really liked in this plot's execution was the number of plot twists (most of them being completely unexpected) it has, if compared to the original script. If you're a fan of the 1988 film or the musical, the plot twists throughout these 10 episodes will make you care with the characters' appearances less and less. Things that happened in the original film may not happen here and vice-versa. It's different, it's violent, I could see why it gathered so much controversy in the US, but the themes it deals with are necessary for the message to be transmitted more clearly. One aspect I particularly enjoyed was the boldness to go beyond the themes discussed in the original film (which are still discussed here) and deal with themes that are way more present in recent times, especially sexual harassment and the domination technology has over our lives. The miniseries has a very current sense of humor, containing jokes about photo filters, pop culture, everything you'd expect from a teen series like “Riverdale” or “Scream Queens”. The script carries a huge amount of mystery on its characters, and also fills some gaps that weren't properly explained in the other properties that carry the “Heathers” name. And the ending of this miniseries is nothing like the original film's ending or the musical's ending. It's something that positively surprised me, especially because of the boldness the show's producers had to make the ending that way.)



No elenco, encontramos alguns dos maiores trunfos da minissérie, mas nem todos se sobressaem tão bem. A Grace Victoria Cox faz uma boa Veronica. Não é uma Winona Ryder, mas eu gostei bastante da quantidade de mistério e das atitudes que essa Veronica tem, se comparado à outras versões da personagem. Muitas das surpresas do enredo tem a ver com ela, mas sem spoilers aqui. O James Scully é mais parecido com o JD do filme do que com o JD do musical, mas o ator nem tenta ser carismático. Ele entrega suas falas da forma mais apática possível, o que seria até adequado para um psicopata, mas ele não tem a personalidade que o Christian Slater ou que os roteiristas do musical deram para o personagem. Nas Heathers, encontramos surpresas, tanto gratas quanto desagradáveis. A Melanie Field é a Heather Chandler mais desenvolvida, em termos de caráter, no cânone de “Heathers”. Gostei muito da atuação dela. O Brendan Scannell me fez rir bastante como a Heather Duke. Diferente das outras obras, a Heather Duke traz a maior quantidade de humor para o programa. E confesso que o desenvolvimento da Heather McNamara, interpretada pela Jasmine Mathews, me decepcionou bastante, se comparado a como a personagem foi tratada nas outras versões do roteiro. A maior surpresa para mim ficou com a Nikki SooHoo como a Betty Finn, que é a melhor amiga da Veronica no filme original e na minissérie. Ela tem bem mais personalidade, carisma e desenvolvimento do que a Betty do filme. Eu adorei como os adultos foram tratados aqui, como pessoas gravemente alienadas, que não se importam com o que acontece ao redor deles, especialmente quando se trata dos pais da Veronica, que sempre estão com os olhos grudados no tablet em toda cena em que aparecem. Fãs do original ficarão bem felizes com as aparições da Shannen Doherty, que interpreta a Heather Duke no filme de 1988, e que aqui, interpreta a mãe do JD, e recebemos muito desenvolvimento a respeito de sua misteriosa morte, que é somente mencionada no filme e no musical.
(In the cast, we find some of the show's biggest wild cards, but not all of them are that good. Grace Victoria Cox is a good Veronica. She's no Winona Ryder, but I really liked the amount of mystery and some of the attitudes of this Veronica, if compared to other versions of the character. Lots of the plot's surprises have to do with her, but no spoilers here. James Scully is more similar to Movie JD than Musical JD, but the actor doesn't even try to be charismatic. He delivers his lines in the most apathetic way possible, which would be adequate for a psychopath, but he doesn't have the personality that Christian Slater or the musical's writers gave to the character. In the Heathers, we have surprises, both pleasant and unpleasant. Melanie Field is the most well-developed Heather Chandler, in terms of character, in the “Heathers” canon. I really liked her performance. Brendan Scannell made me laugh a lot as Heather Duke. Unlike what happened in the other versions, Heather Duke brings the largest amount of humor into the show. And I confess that Heather McNamara, portrayed by Jasmine Mathews, was a huge letdown for me, if compared to how the character was treated in other versions of the script. The biggest surprise for me was Nikki SooHoo as Betty Finn, Veronica's best friend in the original film and in the miniseries. She has way more personality, charisma and character development than movie Betty. I loved how grownups are portrayed here, as hugely alienated people, who don't care about what happens around them, especially when it comes to Veronica's parents, who always have their eyes glued to a tablet, in every scene they're in. Fans of the original work will be very pleased with the appearances by Shannen Doherty, who played Heather Duke in the 1988 film, and who plays JD's mom here, and we get much more development regarding her mysterious death, which is only mentioned in the movie and in the musical.)



Os aspectos técnicos da minissérie são o que há de menos problemático. A fotografia é bem dinâmica, há um episódio que é inteiramente sob o ponto de vista de um dos personagens, o que eu achei bem interessante. A direção de arte mistura a veia oitentista do filme e do musical com um tom mais neon que comunica mais com a atualidade de modo perfeito, e faz o máximo possível para fazer um enorme número de referências ao filme original, seja por meio do uso das cores, ou por meio de recriação de cenas, falas e tomadas do filme de 1988, ou por meio da trilha sonora, e para falar a verdade, essas referências serão um verdadeiro deleite para quem é fã de carteirinha das obras de “Heathers” que vieram antes dessa. Há um uso constante de flashbacks, e gostei bastante de como eles conseguiram diferenciar as duas épocas através dos aspectos técnicos. Há um uso eficiente de efeitos práticos, e o impacto desses efeitos é acentuado pelos jogos de câmera, o que eu achei bem legal.
(The technical aspects are what's less problematic about the miniseries. The cinematography is quite dynamic, there's an episode that's entirely under the point of view of one of the characters, which I found to be rather interesting. The art direction mixes the 80s vibe of the film and the musical with something more of a neon tone that communicates more with today perfectly, and does the best it can to make an enormous amount of references to the original film, through the use of color, through the recreation of scenes, lines or takes in the 1988 film, or through the soundtrack, and to tell the truth, these references will be a true delight for the “Heathers” diehards out there. There is a constant use of flashbacks, and I really liked how they managed to differentiate the two settings through the technical aspects. There is an efficient use of practical effects, and the impact of these effects is heightened by the camera movements, which I thought it was pretty cool.)



Resumindo, a minissérie de “Heathers” é bem diferente de todas as obras que tomaram como base o roteiro de Daniel Waters, possuindo várias reviravoltas, se comparado ao filme original, mas devido à sua ambientação no presente, à sua abordagem de temas discutidos tanto nos anos 1980 quanto na atualidade, e à personalidade de alguns de seus personagens, essa acaba sendo a versão mais relevante para os dias de hoje. Recomendo bastante para os fãs do filme original ou do musical!

Nota: 9,0 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, the “Heathers” miniseries is pretty different from everything that was based on Daniel Waters's script, with several plot twists, if compared to the original film, but due to its present-day setting, its dealing of themes discussed both in the 1980 and in the present, and the personality of some of its characters, this ends up being the most relevant version for today. I highly recommend it for the fans of the original film or the musical!

I give it a 9,0 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)



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