Translate

sábado, 14 de março de 2020

"Stargirl": uma história familiar com carisma de sobra (Bilíngue)


E não se esqueçam de curtir e seguir o blog nas redes sociais:
(And don't forget to like and follow the blog in social medias:)
Twitter: @nocinemacomjp2
Instagram: @nocinemacomjp


E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para trazer a crítica de um filme necessário na época que estamos enfrentando hoje. Não porque ele aborda temas muito presentes (apesar de trazer uma mensagem bem bonita), mas porque a atmosfera dele cria um contraste muito necessário com a desesperada e bagunçada realidade em que estamos vivendo agora. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Stargirl”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to review a film that's necessary in these times we're facing today. Not because it deals with really recent themes (although it brings a rather beautiful message), but because its atmosphere creates a much needed contrast with the desperate, messy reality we're living in right now. So, without further ado, let's talk about “Stargirl”. Let's go!)



Baseado no livro “A Extraordinária Garota Chamada Estrela”, escrito por Jerry Spinelli, o filme conta a história de Leo (interpretado por Graham Verchere), um menino de 16 anos que vive com a mãe viúva (interpretada por Darby Stanchfield) em uma pacata cidade no estado do Arizona, nos EUA. Certo dia, sua vida vira de cabeça para baixo quando uma garota otimista e de espírito-livre, Stargirl (interpretada por Grace VanderWaal), é transferida para a sua escola e começa a mudar todos dentro dela.
(Based on the novel of the same name, written by Jerry Spinelli, the film tells the story of Leo (portrayed by Graham Verchere), a 16-year-old boy who lives with his widowed mother (portrayed by Darby Stanchfield) in a quiet town in the state of Arizona, in the US. One day, his life turns upside down when an optimistic, free-spirited girl, Stargirl (portrayed by Grace VanderWaal), gets transferred to his school and starts to change everyone in it.)



Quando ouvi falar desse filme, nunca tinha ouvido falar do livro em que ele foi baseado, mas acredito que ele capturou minha atenção pelo mesmo motivo que muitas pessoas: o fato da personagem-título ter sido interpretada pela Grace VanderWaal, que foi a vencedora do programa America's Got Talent em 2016. E, mesmo não tendo lido o livro, posso ver porque VanderWaal foi escalada para esse papel. Mas, agora, vamos falar do roteiro. Não há nada de relativamente novo ou original aqui. Esse é um daqueles filmes que o espectador sabe exatamente para onde o enredo vai, mas o diferencial dele é o charme, algo que esse filme tem de sobra, graças ao carisma dos atores. Os personagens são bem desenvolvidos, mesmo com alguns recebendo mais reconhecimento do que outros. O roteiro faz com que nós venhamos a nos importar com os protagonistas (Leo e Stargirl) em seus primeiros momentos de tela. Isso porque, assim como a maioria dos filmes ambientados em escolas, o tema frequente do bullying é abordado aqui, de forma bem superficial, mas eficiente. Eu realmente gostei da caracterização da personagem Stargirl, que possui uma aura fantasiosa em cada cena que ela aparece. Ela é tão cativante que, nos momentos onde ela não está em tela, o espectador sente que aquela cena está faltando alguma coisa, o que foi algo bem similar ao que a Leslie, de “Ponte para Terabítia”, nos fez sentir ao assistir as cenas onde ela não está presente. Parte de mim está satisfeito que o livro tenha sido adaptado na forma de longa-metragem, mas para um desenvolvimento mais aprofundado dos personagens (especialmente os coadjuvantes e os adultos) e para desacelerar um pouco o passo, a outra parte de mim acha que o formato de série teria sido mais adequado para a trama. Na introdução, mencionei que o filme trazia uma mensagem bem bonita, a qual, no caso, seria a da auto-aceitação, algo do tipo “Seja você mesmo, mesmo que a sociedade tente te moldar à vontade dela.”. E “Stargirl” lida com essa mensagem e a entrega de uma forma bem bonita e poética, até. É um filme bem inspirador e motivacional, especialmente para o público-alvo principal dele, composto por adolescentes que estão tentando se encontrar no mundo. E além disso, é um filme bem leve, cativante, agridoce, e totalmente adequado para toda a família, o que faz dele algo bem apropriado para assistir na época turbulenta em que vivemos hoje.
(When I first heard about this film, I had never even heard about the book that it was based upon, but I believe that it has captured my attention because of the same reason that it captured other people's: the fact that the title character is portrayed by Grace VanderWaal, who won America's Got Talent, in 2016. And, even though I haven't read the book, I could see why VanderWaal got cast for this role. But now, let's talk about the script. There's nothing relatively new or original here. This is one of those films where you know exactly where it's going, but what makes it different is the charm it carries, and that is something “Stargirl” has to spare, thanks to the actors' charisma. The characters are well-developed, even with some getting more recognition than others. The script makes us care about the main characters (Leo and Stargirl) from their first moments on-screen. That happens because, just like most school-set films, the frequent theme of bullying is dealt with here, in a very superficial, but efficient way. I really liked the characterization of the character Stargirl, who has a fantasy-ish aura all around her in every scene she's in. She's so captivating that, in the moments where she's not on-screen, the viewer feels that scene is missing something, which is similar to what Leslie, from “Bridge to Terabithia”, made us feel in every scene she's not in. Part of me is satisfied that this was adapted in feature-length form, but in order to give supporting and adult characters some more depth and to slow down the pace a bit, the other part believes it would've turned out a little better in a limited series format. In the introduction, I mentioned that it carried a beautiful message, which, in this case, would be that of self-acceptance, something like “Be yourself, even though society tries to mold you their way”. And “Stargirl” deals with and delivers that message in a very beautiful and poetic way, even. It's a really inspiring and motivational film, especially for its main target audience, composed by teenagers who want to find themselves in the world. And besides that, it's a light, captivating, bittersweet film that's fit for the whole family, which makes it appropriate to watch during the turbulent times we're living in today.)



O elenco trabalha muito bem com o que é dado a cada um. Eu gostei bastante da atuação do Graham Verchere, ele consegue transmitir muito bem todos os sentimentos que um adolescente apaixonado por alguém transmite. A química dele com VanderWaal é praticamente instantânea. Os melhores momentos do filme são aqueles onde os dois estão em tela juntos. Ainda prefiro a atuação dele em “Summer of '84”, mas ele faz um ótimo trabalho aqui. A Grace VanderWaal literalmente dá vida ao filme. Achei a performance dela impressionante para uma estreante. O talento musical dela é usado aqui de forma que complementa a atuação dela com diálogos perfeitamente. Assim como disse no parágrafo anterior, a personagem (e por consequência, a atriz) tem tanto carisma, que nas cenas onde ela não está presente, nós sentimos que algo está faltando. Nas cenas musicais, VanderWaal injeta nelas uma aura bem fantasiosa e lúdica, o que colabora com um sentimento de mistério que surge no público, quando se trata de sua personagem, o que é intensificado pelo uso dos aspectos técnicos, mas falaremos disso depois. Eu gostei muito da performance do Karan Brar, conhecido por interpretar o Chirag na série de filmes “Diário de um Banana”. É adequado dizer que foi uma evolução bem visível, porque em “Diário...”, o personagem dele era extremamente estereotipado e limitado a trejeitos que serviriam de alívio cômico. Aqui, ele também serve como alívio cômico, mas é possível ver que ele está bem mais à vontade com seu personagem, o que eu, particularmente, acho muito bom. Eu queria ter visto mais da Darby Stanchfield, que fez um ótimo trabalho em “Locke & Key” recentemente (também interpretando uma mãe viúva), mas em “Stargirl”, ela é bem distante de Leo, diferente do que aconteceu com a Sra. Locke e os filhos. Talvez em formato de série, a personagem dela poderia ter sido desenvolvida de forma mais eficiente. O Giancarlo Esposito faz um bom trabalho em expor informações e colaborar para o desenvolvimento de Leo e de seu relacionamento com Stargirl. Não é um papel tão importante assim (temos aqui outro caso de personagem cujo desenvolvimento seria melhor numa série), mas ele tem muito carisma.
(The cast works really well with what's given to each of them. I really enjoyed Graham Verchere's performance, he manages to transmit all the feelings that a teenager in love goes through really well. His chemistry with VanderWaal is practically instant. The best moments in the film are those in which the two are on-screen together. I still think his performance in “Summer of '84” is a little better, but he does a really good job here. Grace VanderWaal literally gives life to the film. I personally thought her performance was impressive, for a debut acting performance. Her musical talent is used here as a perfect complement to her dialogue work. Like I said in the previous paragraph, the character (and consequently, the actress) is so charismatic, that during the scenes she's not in, we can't help but feel they're missing something. In the musical scenes, VanderWaal injects them with a fantasy atmosphere, which collaborates with the feeling of mystery the viewer has regarding her character, and that's heightened through the technical aspects, but we'll get to that later. I really liked Karan Brar's performance, who is known for playing Chirag in the “Diary of a Wimpy Kid” movie series. It's proper to say that this was a visible evolution, because his character in “Diary...” was highly stereotyped and limited to certain attitudes that would serve for comic relief. Here, he's also the comic relief, but it's visible that he's way more comfortable with this role, which I, particularly, think it's really good. I wanted to see more of Darby Stanchfield, who did a great job in “Locke & Key” recently (also playing a widowed mother), but in “Stargirl”, she's more distant from Leo, unlike what happened with Mrs. Locke and her kids. Maybe in a series format, her character could've been developed in a more efficient way. Giancarlo Esposito does a good job in exposing information and collaborating for the development of Leo and his relationship with Stargirl. It's not a very important role (we have here another case of character whose development would've been better in a series), but he has a lot of charisma.)



E, por último, mas não menos importante, temos os aspectos técnicos. A fotografia não demonstra nada de novo, mas é bem operante. A montagem faz algo bom e algo ruim ao mesmo tempo: nos números musicais, a edição é dinâmica e confere uma veia mais de videoclipe às cenas, tornando tudo mais “perfeito” e colaborando ainda mais para o mistério da personagem Stargirl; mas certos cortes fazem tudo ficar um pouco apressado, o que interfere no desenvolvimento de alguns personagens e no passo da história. A trilha sonora foi muito bem escolhida, sendo a maioria covers de músicas famosas de bandas como The Beach Boys, Big Star e The Go-Go's, e VanderWaal injeta uma nova identidade mais acústica a elas, o que é bem legal. A trilha sonora instrumental de Rob Simonsen também é bem agradável de se ouvir, mantendo o tom acústico do trabalho de VanderWaal, e construindo a identidade de alguns dos personagens a partir das melodias.
(And at last, but not least, we have the technical aspects. The cinematography doesn't show anything new, but it's really operative. The editing does something good and something bad at the same time: in the musical numbers, the editing is dynamic and it gives the scenes a music video-ish vein, making everything more “perfect” and collaborating even more for the mystery of Stargirl's character; but some cuts make everything feel a little rushed, which interferes in the development of some characters and in the story's pacing. The soundtrack was really well chosen, with most of the songs being covers of famous songs by bands like The Beach Boys, Big Star and The Go-Go's, and VanderWaal injects them with a new, more acoustic identity, which is pretty cool. Rob Simonsen's score is also really pleasant to hear, maintaining the acoustic tone of VanderWaal's work, and building the identity of some of the characters through the melodies.)



Resumindo, “Stargirl” é o tipo de filme que deveria fazer mais presença na época turbulenta em que estamos vivendo hoje. Não é uma história totalmente original, mas ele consegue transmitir uma mensagem de uma forma bonita, e é carregado pelo carisma de seus atores e pelo enorme talento de Grace VanderWaal.

Nota: 8,5 de 10!

É isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Stargirl” is the type of film that should be more present in these turbulent times we're living today. It's not a totally original story, but it manages to transmit a message in a beautiful way, and is carried by the charisma of its actors and by Grace VanderWaal's enormous talent.

I give it an 8,5 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)



Um comentário: