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sábado, 30 de maio de 2020

Especial Nolan - "Amnésia": uma narrativa original, complexa e rica em conteúdo (Bilíngue)

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E aí, meus cinéfilos queridos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, com a segunda parte do nosso especial Christopher Nolan, trazendo a resenha do filme que lançou o diretor para o estrelato. Aperfeiçoando os métodos de narrativa não-linear apresentados em “Following”, o filme em questão é outro quebra-cabeça para os espectadores montarem, mas que vale cada segundo, consolidando Christopher Nolan como um diretor notável. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Amnésia”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, with the second part of our Christopher Nolan special post, which is the review of the film responsible for launching him into stardom. Perfecting his non-linear narrative methods introduced in “Following”, the film I'm about to review is yet another puzzle the viewer has to put together, but it's worth every second, consolidating Christopher Nolan as a remarkable director. So, without further ado, let's talk about “Memento”. Let's go!)



O filme conta a história de Leonard (Guy Pearce), um homem que sofre de perda de memória recente após um acidente que resultou na morte de sua esposa, o que o impede de criar lembranças novas, fazendo-o esquecer de fatos que aconteceram há poucos minutos. Mesmo com essa dificuldade, Leonard não perde a determinação em procurar o homem que estuprou e matou sua esposa.

(The film tells the story of Leonard (Guy Pearce), a man who suffers from short-term memory loss after an accident that resulted in the death of his wife, which prevents him from creating new memories, making him forget facts that happened minutes ago. Even with that obstacle, Leonard doesn't lose determination in looking for the man who raped and murdered his wife.)



Aí vai um fato, que acho que muitos irão concordar: os primeiros filmes de Christopher Nolan são menos “viajados” do que os mais recentes. Como na época de “Following” e desse filme, o diretor não era tão renomado quanto nos dias de hoje, ele investia mais em narrativas que tinham muita ambição e genialidade por trás, mas que eram relativamente mais fáceis de serem compreendidas. Não estou dizendo que os filmes mais recentes dele são incompreensíveis (tanto que existem dezenas de vídeos explicando “A Origem” e “Interestelar”), mas ao fim dessas obras, algumas perguntas não são necessariamente respondidas, o que é meio frustrante por parte do espectador. Em “Amnésia”, Christopher Nolan aperfeiçoa o método de narrativa não-linear estabelecido em seu primeiro filme, “Following”, criando duas narrativas separadas que, de pouco a pouco, vão se fundindo em uma ordem cronológica e linear. É uma obra significativamente mais ambiciosa do que seu filme de estreia, tomando como base o conto “Memento Mori”, escrito por seu irmão Jonathan (criador da série Westworld), para criar um quebra-cabeça que entrega literalmente todas as peças que o espectador precisa para entender o filme por completo. O roteiro escrito pelo diretor é ambicioso e brilhante, como todo roteiro original deveria ser, merecendo a indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original. Outro ponto positivo do roteiro é o fato de estabelecer o protagonista, Leonard, como um narrador (ou um “herói”) não-confiável, por ele sofrer de perda de memória recente. O roteiro nos dá todas as razões para torcer por ele e acreditar que ele tem razão no início, aí o diretor vem e faz a gente ficar de queixo caído e questionar literalmente tudo que o personagem fez durante todo o percurso do filme no ato final. Outra coisa que Nolan faz muito bem no roteiro é a distinção das duas narrativas das quais a trama é composta. Uma das narrativas anda em ordem reversa, e a outra é praticamente um monólogo do protagonista confinado em um quarto de hotel, onde ele conta histórias que complementam o enredo principal do filme, dando origem à uma única história, a qual é ambiciosa, original e rica em conteúdo. O interessante de “Amnésia” é que, além de montar uma narrativa não-linear de mistério muito bem construída, ele levanta várias questões interessantes sobre perspectiva, diferentes pontos de vista, a veracidade e a confiabilidade das memórias, luto e auto-decepção. Pelo fato de ser engajante, complexo, e até reflexivo, este é definitivamente um dos melhores trabalhos de Christopher Nolan em termos de roteiro.

(There goes a fact, which I think many will agree: Christopher Nolan's early films are less trippy than his most recent ones. As at the time he made both “Following” and this one, he wasn't as renowned as he is right now, he invested more in narratives that were both ambitious and brilliant, but that were relatively easier to comprehend. I'm not saying his most recent films are incomprehensible (as there are dozens of videos explaining “Inception” and “Interstellar”), but when those movies end, not all the questions are necessarily answered, which turns out to be a bit frustrating, for the viewer. In “Memento”, Christopher Nolan perfects the non-linear narrative methods established in his directorial debut, “Following”, creating two separate narratives that, little by little, merge themselves into one chronological, linear order. It's a significantly more ambitious work than his first film, being inspired by the short story “Memento Mori”, written by his brother Jonathan (who created the TV show Westworld), to create an intricate puzzle that literally gives the viewer all the pieces needed to understand the film as a whole. The screenplay, written by Nolan himself, is ambitious and brilliant, as every original screenplay should be, earning its nomination for the Oscar for Best Original Screenplay. Another positive point in the screenplay is the fact that it establishes its protagonist, Leonard, as an unreliable narrator (or “hero”), because he suffers from short-term memory loss. The script gives us all the reasons to root for him and to believe that he's right at first, and then the director leaves our collective jaws dropped and makes us question literally everything the character did throughout the film by the final act. Another thing that Nolan is great at this particular script is how he distinguishes the two narratives the film is composed by. One of them is walking in a reverse order, and the other is practically a monologue by the protagonist, who is confined to a hotel room, where he tells stories that complement the film's main plot, giving birth into a single story, which is ambitious, original and rich in content. The interesting thing about “Memento” is that, besides building a well-constructed mystery non-linear narrative, it also raises some interesting questions about perception, different points of view, the reliability of memories, grief and self-deception. Because it's engaging, complex, and even thought-provoking, this is definitely one of Christopher Nolan's finest work, in terms of screenplay.)



Assim como aconteceu em seu primeiro filme, o elenco aqui também é bem reduzido, se comparado aos elencos estelares de “A Origem” e “Interestelar”, mas isso não significa que não seja um bom elenco. Pelo contrário, o Guy Pearce dá o que eu acho que seja a melhor atuação da carreira dele aqui. É notável a diferença que o personagem dele exibe nas duas narrativas nas quais o filme é dividido: na narrativa principal, a narração em voice-over dele, que é até cômica, às vezes, nos dá a impressão de que ele sabe muita pouca coisa sobre o que ele está fazendo; na narrativa-monólogo, ele fala tanta coisa e demonstra tanto conhecimento que faz a gente questionar se ele e o protagonista da narrativa principal são realmente a mesma pessoa. No elenco coadjuvante, temos a Carrie-Anne Moss, que é uma das personagens mais manipuladoras e intrigantes do filme, e o Joe Pantoliano, que à primeira vista, parece que vai ser o alívio cômico quase que insignificante da trama, mas que acaba ganhando muito mais importância ao final dela. Outro destaque fica com o Stephen Tobolowsky, que acaba roubando a cena como um personagem que parece não ser necessário, mas que acaba sendo de crucial importância para a compreensão do filme como um todo.

(Just like it happened with his first feature, the cast here is also pretty reduced, if compared to the stellar casts of “Inception” and “Interstellar”, but that doesn't mean it's not a good cast. On the contrary, Guy Pearce gives what I think is the greatest performance of his career here. The difference his character exhibits in the two narratives the film is composed of is remarkable: in the main narrative, his voice-over narration, which is even comical, at times, gives us the impression that he knows very little about what he's doing; in the monologue-narrative, he speaks so much stuff and demonstrates so much knowledge that it makes us wonder if he and the protagonist of the main narrative are actually the same person. In the supporting cast, we have Carrie-Anne Moss, who is one of the most manipulative and intriguing characters in the film, and Joe Pantoliano, who at first, looks like an insignificant comic relief, but he ends up being a whole lot more important by the end of the plot. Another highlight stays with Stephen Tobolowsky, who ends up stealing the scene as a character that looks unimportant, but ends up being completely necessary to understand the film as a whole.)



Nos aspectos técnicos, vemos uma melhora significativa na sofisticação dos mesmos, se comparado à “Following”. A direção de fotografia fica com Wally Pfister (que iria trabalhar novamente com o diretor na trilogia do Cavaleiro das Trevas e, mais notavelmente, em “A Origem”, pelo qual ele levou o Oscar de Melhor Fotografia), e pode-se ver que ele tem total controle da câmera, algo que ele só iria aperfeiçoar ao longo de sua parceria com Nolan. Outro aspecto que merece reconhecimento aqui é a edição. O filme é montado de maneira extraordinária, transitando entre as duas narrativas com perfeição, permitindo que o espectador vá organizando as cenas do filme em uma ordem cronológica e linear, e evitando que ele se perca no processo. Outra indicação ao Oscar merecidíssima. A trilha sonora do David Julyan novamente dá aquela impressão Lynchiana, estabelecida em “Following”, o que intensifica o tom de mistério que envolve a trama. A direção de arte é crucial na distinção das duas narrativas que compõem o roteiro do filme: a estética de preto-e-branco da narrativa-monólogo dá uma vibe de film noir para o filme em geral, o que eu achei bem legal.

(In the technical aspects, we see a significant improvement in their sophistication, if compared to “Following”. The cinematography is shot by Wally Pfister (who would later work with the director in the Dark Knight trilogy, and, most notably, in “Inception”, which won him the Oscar for Best Cinematography), and you can see he has total control over the camera, something he would only improve at throughout his partnership with Nolan. Another aspect that deserves recognition here is the editing. The film is put together in an extraordinary way, transitioning between the two narratives with perfection, allowing the viewer to organize the film's scenes in a chronological and linear order, and avoiding that he loses his train of thought in the process. Another very well deserved Oscar nomination. David Julyan's score yet again gives that Lynchian impression, established in “Following”, which intensifies the tone of mystery that the plot revolves around. The art direction is crucial in distinguishing the two narratives the film is composed by: the black-and-white aesthetic of the monologue-narrative gives the film as a whole a film noir vibe, which I thought it was really cool.)



Resumindo, “Amnésia” é um triunfo. Sendo significativamente mais ambicioso que seu primeiro filme, Christopher Nolan se consolida como um diretor notável fazendo uso de um roteiro brilhante, um elenco talentoso, e aspectos técnicos que auxiliam na compreensão do filme.

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, “Memento” is a triumph. Being significantly more ambitious than his first film, Christopher Nolan consolidates himself as a remarkable director by using a brilliant script, a talented cast, and technical aspects that help understand the film.

I give it a 10 out of 10!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)



quarta-feira, 27 de maio de 2020

Especial Nolan - "Following": o impressionante filme de estreia de Christopher Nolan (Bilíngue)


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E aí, meus cinéfilos queridos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, com a primeira parte de uma postagem muito especial. No início dessa semana, fiz uma enquete no meu Instagram, perguntando para os meus seguidores qual diretor que eles queriam que eu abordasse a filmografia aqui no blog: dei 2 opções de diretores com 10 filmes no currículo (Guillermo del Toro e Christopher Nolan). O vencedor foi Christopher Nolan, então, pelas próximas 10 semanas, irei postar uma resenha por semana de um filme do Nolan, em preparação para a aguardada estreia de seu novo filme, “Tenet”. Então, vamos começar com o primeiro filme do diretor, um filme pouco conhecido, mas tão bem elaborado quanto suas obras mais sofisticadas. Vamos falar sobre “Following”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, with the first part of a very special post. Earlier this week, I made a poll in my Instagram, asking my followers which director they'd like to see their filmography reviewed in the blog: I gave 2 options of directors with 10 films on their resumé (Guillermo del Toro and Christopher Nolan). The winner was Christopher Nolan, so, for the next 10 weeks, I'll post a review of a Nolan film per week, in preparation for the awaited release of his new movie, “Tenet”. So, let's start off with his directorial debut, a not that well-known film, yet it's just as elaborate as his most sophisticated work. Let's talk about “Following”. Let's go!)



O filme acompanha um jovem aspirante a escritor (Jeremy Theobald) que, para servir de inspiração para seu primeiro livro, começa a seguir estranhos pelas ruas de Londres. O jovem rapidamente vê sua vida virar de cabeça para baixo quando um homem que ele seguia (Alex Haw) tenta convencê-lo a investir em uma vida de crimes.
(The film follows a young wannabe writer (Jeremy Theobald) who, in order to get inspiration for his first book, starts following strangers through the streets of London. The young man quickly sees his life turn upside down when a man he followed (Alex Haw) tries to draw him into a life of crime.)



Para falar a verdade, eu nem sabia que esse filme existia. Sempre pensei que o filme de estreia de Christopher Nolan tinha sido “Amnésia”, que foi lançado 2 anos após “Following”. E, olhando em retrospectiva aos filmes mais recentes do diretor, como “A Origem”, “Interestelar” e até “Dunkirk”, o filme de estreia de Nolan tem diferenças gritantes, se comparado às obras mencionadas acima: o orçamento dele é um dos mais baratos que eu já vi em um filme (US$6 mil dólares), é totalmente em preto e branco, e tem uma duração extremamente curta de 1h10 minutos, o que é um curta-metragem, se comparado às 2h50 minutos de “Interestelar”. Mas isso não significa que o filme não seja bom. Não, muito pelo contrário, “Following” é um dos melhores filmes de estreia que eu já vi, junto com “Pura Adrenalina”, de Wes Anderson, e “Cães de Aluguel”, de Quentin Tarantino. É simplesmente fascinante como Nolan consegue fazer em 1h10, com um orçamento minúsculo, e com o diretor também ocupando as posições de roteirista, diretor de fotografia e editor, algo que ele só aperfeiçoou com o passar do tempo, de forma mais sofisticada, mas tão eficiente quanto. Já em seu primeiro filme, Nolan usa o recurso recorrente em sua filmografia da narrativa não-linear (ou seja, o filme não tem um começo, meio e fim bem definidos), fazendo do filme um grande quebra-cabeça para o espectador montar. Para algumas pessoas, o uso de uma ordem não-cronológica em um filme pode fazer ele parecer confuso, mas acreditem em mim, Nolan faz um uso perfeito desse recurso em “Following”, e esse tipo de narrativa melhorou mais ainda em seu próximo projeto, “Amnésia”, mas vamos deixar esse filme para depois. O roteiro de Nolan é curto, preciso, e muito bem escrito. Ele faz uso de reviravoltas e imagens que podem parecer estranhas e confusas à primeira vista, mas ao começarem os créditos finais, você fica maravilhado com o quanto que o diretor pensou bem ao escrever essa história. O filme vai e volta no tempo diversas vezes, e ao contrário do que acontece com muitos filmes, “Following” não te confunde com esse aspecto, só te faz ter mais curiosidade sobre pra onde o enredo vai a partir daquela cena. Para os fãs devotos de Christopher Nolan, “Following” pode parecer um lugar estranho para começar uma filmografia, mas aqueles que gostam de uma boa história e de “montar” cenas de filmes como um quebra-cabeça terminarão de ver o filme com um sorriso no rosto, testemunhando algo que o diretor só iria aperfeiçoar com o passar do tempo.
(To tell the truth, I didn't even know this film existed. I've always thought that Christopher Nolan's directorial debut was “Memento”, which was released 2 years after “Following”. And, looking back at Nolan's more recent films, such as “Inception”, “Interstellar”, and even “Dunkirk”, Nolan's directorial debut has huge differences, if compared to the movies mentioned above: its budget is one of the cheapest ones I've ever seen (US$6,000), it's totally filmed in black-and-white, and has an extremely short running time of 1 hour and 10 minutes, which is a short film, if compared to “Interstellar”'s 2 hours and 50 minutes. But that doesn't mean the film isn't good. No, on the contrary, “Following” is one of the best directorial debuts I've ever seen in my life, along with Wes Anderson's “Bottle Rocket” and Quentin Tarantino's “Reservoir Dogs”. It's simply fascinating how Nolan manages to make with 70 minutes, a shoestring budget, and multiple functions (Nolan is the director, writer, cinematographer, and editor of this film), something he would only perfect as time went by, in a more sophisticated, yet just as effective, way. Already in his first film, Nolan uses the recurring resource in his filmography of a non-linear narrative (meaning it doesn't have a well-defined beginning, middle or ending), making the film a huge puzzle for the viewer to put together. To some people, the use of a non-chronological order in a film may make it a bit confusing, but don't be mistaken, Nolan makes a perfect use of this resource in “Following”, and this type of narrative turned out to be an even better fit for his next project, “Memento”, but that's a whole other story. Nolan's script is short, precise, and very well-written. It makes use of plot twists and imagery that may look weird and confusing at first, but when the final credits start rolling, you wonder how the director had a good train of thought while writing this story. The film goes forwards and backwards in time several times, and unlike what happens with a lot of movies, “Following” doesn't leave you confused with this aspect, it just leaves you more curious to know what happens after each scene. For the devout fans of Christopher Nolan, “Following” may seem a strange place to start a filmography, but those who like a good story and like to put together movie scenes like a puzzle will finish watching it with a smile on their faces, witnessing something the director would only perfect as time went by.)



O elenco principal desse filme é composto por apenas 4 pessoas, e todas elas trabalham muito bem. O desenvolvimento do personagem do Jeremy Theobald é o mais evidente de se ver, o ator trabalha muito bem transitando entre uma natureza mais inocente e outra mais consciente. O Alex Haw interpreta um vilão muito bem construído, que tem um nome bem parecido com um outro personagem do diretor. A personagem da Lucy Russell foi a que mais me impressionou no filme, porque ela começa como uma mulher inocente, mas com o passar do filme, você só sabe que tem alguma coisa a mais rolando com aquela personagem. E por fim, temos o John Nolan, que é tio do diretor, que faz um bom trabalho narrando o filme junto com o protagonista. É importante notar que todos os atores desse filme são desconhecidos, o que dá um ponto a mais para o diretor, por ser capaz de achar talentos não consolidados, mas que trabalham muito bem com o que é dado a eles.
(The main cast in this film is composed by only 4 actors, and all of them work really well. The development of Jeremy Theobald's character is the most evident one to see, he works really well with transitioning from a more naive nature to a more conscious one. Alex Haw portrays a well-developed villain, who shares his name with another character in a Nolan film. Lucy Russell's character was the one that impressed me the most in the film, as she starts off as an innocent woman, but as the film moves forward, you just know that there's something else going on with that character. And at last, we have John Nolan, the director's uncle, who does a good job narrating the film along with the main character. It's important to note that all the actors in this film are not well-known, which only marks another score for the director, for being able to find talents who aren't famous, but that work really well with what's given to them.)



Agora, nos aspectos técnicos, é onde Christopher Nolan brilha, de forma até inesperada. Como o diretor de fotografia do filme, Nolan faz as escolhas sábias de rodar o filme em preto e branco e em 16 milímetros, o que reflete e fortalece a crueza e o mistério do enredo, pertencente ao gênero film noir, conhecido por contar histórias dramáticas sobre crimes, o que combinou perfeitamente com a proposta que “Following” quis trazer. Outro fato interessante sobre a fotografia do filme é que, pelo fato do orçamento ser curto demais, a iluminação foi completamente natural. Outro triunfo técnico do diretor aqui é a montagem, que é significativamente mais difícil de fazer com uma narrativa não-linear, mas Nolan acerta em cheio na ordem que as cenas do filme são apresentadas ao espectador, e as pequenas pausas entre uma cena e outra dão tempo suficiente para o espectador ir organizando as cenas em uma ordem linear e cronológica, o que é uma das melhores coisas sobre o filme, esse ato de “montar” o roteiro como se fosse um quebra-cabeça, algo que o diretor só iria melhorar com a prática em seus próximos projetos. Eu achei a trilha sonora do David Julyan bem interessante, foi algo bem parecido com os trabalhos do Angelo Badalamenti para os filmes do David Lynch, em especial “Cidade dos Sonhos”, que, assim como “Following”, é pertencente ao gênero film noir.
(Now, in the technical aspects, is where Christopher Nolan shines, in a surprisingly unexpected way. As the film's cinematographer, Nolan makes the wise choices of filming it in black-and-white and in 16mm, which reflects and strengthens the rawness and the mystery of the script, which belongs to the film noir genre, known for telling dramatic crime stories, which fits perfectly with the proposition that “Following” wanted to bring. Another interesting fact about the film's cinematography is that, as the budget was too short, they used only available lighting. Another technical triumph by the director here is the editing, which is significantly harder to do with a non-linear narrative, but Nolan knocks it out of the park in the order in which the scenes are presented to the viewer, and the small pauses between one scene and another give the viewer enough time to organize the scenes in a linear and chronological order, which is one of the best things about the film, this act of “putting” the script “together” like a puzzle, something Nolan would only get better at in his next projects. I found David Julyan's score to be quite interesting, it reminded me a lot of Angelo Badalamenti's scores to the works of David Lynch, especially “Mulholland Drive”, which, as well as “Following”, belongs to the film noir genre.)



Resumindo, “Following” é mais uma prova de que não é preciso de um orçamento gigantesco e atores de primeira linha para contar uma boa história. Christopher Nolan faz uso de um roteiro muito bem escrito, talentos bons não consolidados, e aspectos técnicos que fazem de seu filme de estreia um verdadeiro quebra-cabeça para os espectadores, e um presente para os fãs devotos do diretor.

Nota: 9,5 de 10!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Following” is yet another proof that you don't need a gigantic budget and A-list actors to tell a good story. Christopher Nolan makes use of a very well-written script, good non-consolidated talents, and technical aspects that make his directorial debut a real puzzle for viewers to put together, and it's one hell of a treat for devout Nolan fans.

I give it a 9,5 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)



Vocês podem assistir ao filme completo legendado no vídeo abaixo:
(You can watch the full movie with Portuguese subtitles in the video below:)



segunda-feira, 18 de maio de 2020

"Scooby! - O Filme": uma previsível, porém divertida introdução ao universo da Hanna-Barbera (Bilíngue)


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E aí, meus cinéfilos queridos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, trazendo comigo a resenha de uma das animações mais esperadas do ano. Mesmo com uma estrutura bem padrão e previsível, o filme em questão é uma divertida introdução a um possível universo cinematográfico baseado nas propriedades da Hanna-Barbera. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Scooby! - O Filme”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, and I'm here to bring to you the review for one of the most anticipated animated films of the year. Even though it has a pretty standard, predictable structure, the film I'm about to review is a fun introduction to a potential cinematic universe based on the properties by Hanna-Barbera. So, without further ado, let's talk about “Scoob!”. Let's go!)



Se sentindo reprimidos pela equipe da Mistério S.A., Norville “Salsicha” Rogers (voz original de Will Forte) e Scooby-Doo (voz original de Frank Welker) são recrutados pelos super-heróis Falcão Azul (voz original de Mark Wahlberg) e Bionicão (voz original de Ken Jeong) para impedir os planos de Dick Vigarista (voz original de Jason Isaacs) de abrir os portões do Submundo e soltar o apocalipse na Terra.
(Feeling repressed by the Mystery Inc. team, Norville “Shaggy” Rogers (voiced by Will Forte) and Scooby-Doo (voiced by Frank Welker) are recruited by superheroes Blue Falcon (voiced by Mark Wahlberg) and Dynomutt (voiced by Ken Jeong) to stop Dick Dastardly's (voiced by Jason Isaacs) plans to open the gates of the Underworld and unleash apocalypse on Earth.)



Devo admitir que não estava muito animado para ver esse filme. Devido ao fato de eu não ser tão familiar assim com o universo de Scooby-Doo (antes desse filme, só tinha visto os dois live-action escritos pelo James Gunn), e também por causa dos trailers, que promoveram um filme que parecia totalmente infantil. Mesmo com algumas ressalvas, fico feliz em estar enganado. Para os padrões da Warner Animation Group (mesma equipe responsável por “Uma Aventura LEGO” e “LEGO Batman: O Filme”), é um bom filme. Não ótimo, mas dá pra se divertir bastante assistindo-o com a família. Vamos começar com o roteiro. Começando pelos pontos fortes, o roteiro introduz de forma perfeita seus personagens nos primeiros 10 minutos do longa. O estilo clássico das narrativas do Scooby-Doo é resgatada e replicada de forma bem fiel nesse primeiro ato. Os problemas vêm com o que acontece depois dessa introdução, e no que eu considero os pontos fracos do roteiro, queria destacar 3 pontos principais: primeiro, quando se pensa em Scooby-Doo, o gênero mais óbvio associado ao personagem e sua mitologia é o mistério, o suspense, e até o terror, e esse filme transforma o que seria a história de origem da Mistério S.A. em uma trama típica de filmes de super-herói; segundo, “Scooby! - O Filme” teria sido feito para ser a introdução de um universo cinematográfico baseado nas propriedades da Hanna-Barbera, e eles perderam completamente a oportunidade de replicar o que a Marvel e a DC fizeram de forma bem-sucedida ao criar seus universos cinematográficos, que é dedicar os primeiros filmes para introduzir os personagens individualmente, para depois, juntá-los em um blockbuster épico. O filme erra nesse aspecto ao fazer uso de personagens como o Dick Vigarista e o Falcão Azul (que são personagens de outros programas da Hanna-Barbera) na trama, juntando esses personagens cedo demais, na minha opinião. Deviam ter feito esse crossover com a turma do Scooby-Doo depois de um filme da Corrida Maluca e do Bionicão, por exemplo. E terceiro, para uma mitologia cuja essência é o mistério, que tem a imprevisibilidade como um de seus maiores atributos, “Scooby!” é um filme bem previsível, o que já era de se esperar de uma animação para um público mais infantil. Outra coisa que me tirou do filme bastante foi o humor. Como aconteceu recentemente com uma produção da Warner Animation Group, “Uma Aventura Lego 2”, o humor é significativamente mais voltado para um público infantil, falhando em replicar os sucessos nostálgicos que “Uma Aventura LEGO” e “LEGO Batman: O Filme” foram para um público mais adulto. Resumindo, mesmo fugindo do gênero característico dos personagens, “Scooby!” tem um roteiro previsível, mas divertido e recomendado para toda a família.
(I must admit I wasn't so excited to watch this film. Due to the fact that I wasn't that familiar with the Scooby-Doo universe (before this movie, I had only watched the two live-action ones that had been written by James Gunn), and also because of the trailers, which promoted a film that looked totally childish. Even with a few caveats, I'm glad I was wrong. For the standards of Warner Animation Group (the same team that brought us “The LEGO Movie” and “The LEGO Batman Movie”), it's a good film. Not great, but you can have a good time watching it with your family. Let's start with the script. Starting with the strong points, the script perfectly introduces its characters in the film's first 10 minutes. The classic style of Scooby-Doo narratives is rescued and replicated in a very faithful way through this first act. The problems come with what happens after this introduction, and in what I consider to be the weak points, I'd like to highlight 3 main ones: first, when you think about Scooby-Doo, the first genre that comes into your mind is mystery, suspense and even horror, and this film transforms what would be the origin story of Mystery Inc. into a typical superhero film plot; second, “Scoob!” would've been made to be the introduction to a cinematic universe based on the properties by Hanna-Barbera, and they completely missed the opportunity of replicating what Marvel and DC successfully did to their own cinematic universes, that is, dedicating the first films to individually introduce the characters, to put them together afterwards in an epic blockbuster. The film misses that point in introducing Dick Dastardly and Blue Falcon (who belong to other Hanna-Barbera franchises) in the plot, putting these characters together way too early, in my opinion. They should've joined the Scooby-Doo gang after a Wacky Races film and a Dynomutt film, for example. And third, for a mythology that has mystery as an essence, which relies on unpredictability as one of its main attributes, “Scoob!” is a pretty predictable film, which you could already expect from an animated film targeted to children. Another thing that bothered me a lot was the humor. Much alike what happened with a recent production by Warner Animation Group, “The Lego Movie 2”, the humor is significantly turned to a younger audience, which fails in replicating the success that “The LEGO Movie” and “The LEGO Batman Movie” had with a more adult audience. In a nutshell, even though it runs away from its characteristic genre, “Scoob!” has a predictable, yet fun script, which the whole family can enjoy.)



Uma das maiores críticas a esse filme nos EUA foi a reescalação de novos nomes para a maioria do elenco de vozes ao invés de usar os dubladores originais e que já eram conhecidos por dublar os personagens de Scooby-Doo. Como eu só via coisas de Scooby-Doo dubladas, o elenco novo de vozes não me incomodou em nada. Eu gostei bastante do Zac Efron como o Fred, ele é bem engraçado, o que é algo que não esperava tanto do personagem. A voz da Amanda Seyfried combina perfeitamente com a Daphne, tendo aquele tom de doçura que faz dela uma personagem pela qual é impossível não se apaixonar. A Gina Rodriguez poderia ter tido um papel de mais destaque na trama como a Velma, mas a atriz faz um ótimo trabalho com o que a personagem tem a oferecer. A mina de ouro nesse elenco de vozes fica com o quarteto composto por Will Forte, Frank Welker, Mark Wahlberg e Jason Isaacs. O Will Forte consegue replicar de forma quase perfeita os maneirismos do Matthew Lillard, que interpretou o Salsicha nos filmes live-action escritos pelo James Gunn; o Frank Welker (sendo o único membro de elenco original da franquia Scooby-Doo desde 2002) faz um trabalho excepcional como o personagem-título; o Mark Wahlberg está hilário como um super-herói com um parafuso a menos; e o Jason Isaacs é exatamente como uma pessoa imaginaria que a voz do Dick Vigarista fosse.
(One of the biggest criticisms regarding this film in the US was the recasting of new names for most of the voice cast instead of using the original voice actors who were already known for voicing Scooby-Doo characters. As I only watched Scooby-Doo stuff dubbed in Portuguese, the new voice cast didn't bother me at all. I really liked Zac Efron as Fred, he's really funny, which is something I didn't expect from the character. Amanda Seyfried's voice perfectly fits Daphne, with that sweet tone in her voice that makes her impossible not to fall in love with. Gina Rodriguez could've had a larger role in the plot as Velma, but she does a great job with what the character has to offer. The gold mine in this voice cast is the quartet composed by Will Forte, Frank Welker, Mark Wahlberg and Jason Isaacs. Will Forte manages to replicate Matthew Lillard's (who played Shaggy in the live-action films written by James Gunn) mannerisms almost perfectly; Frank Welker (as the only original cast member from the Scooby-Doo franchise since 2002) does an exceptional job as the title character; Mark Wahlberg is hilarious as a superhero that has one cog less in their brain; and Jason Isaacs is exactly what a person would imagine the voice of Dick Dastardly sounded like.)



Outra coisa que me impressionou bastante no filme foram os aspectos técnicos, em especial a animação. Eu geralmente fico com um pé atrás quando algo que é tradicionalmente animado é transformado em CGI, mas no caso de “Scooby!”, a transição foi muito bem sucedida. O design dos personagens originais mudou muito pouco, e é uma animação bem fluida, energética e vibrante, o que inevitavelmente atrairá os olhos do espectador. Outro ponto forte dos aspectos técnicos é a manutenção da identidade visual sonora das propriedades do Scooby-Doo, ou seja, aqueles efeitos sonoros, como os do Salsicha e do Scooby correndo dos fantasmas, aquelas clássicas sequências de perseguição feitas para efeito cômico, e por aí vai. Outra coisa que pode servir de influência para um público mais adulto são as referências a outras propriedades tanto dentro quanto fora do universo de Scooby-Doo, que são bem legais e relativamente fáceis de encontrar. Se os outros filmes do possível universo cinematográfico da Hanna-Barbera (por favor, que tenha um filme da Corrida Maluca no estilo Mad Max) forem feitos com os mesmos traços usados nesse filme, pelo menos, temos uma certeza: a animação, ao mesmo tempo, introduzirá uma nova geração de espectadores a esses clássicos personagens e trará aquele irresistível sentimento de nostalgia para aqueles que cresceram assistindo os programas de televisão.
(Another thing that impressed me a lot in the film were the technical aspects, especially the animation. I usually take a step back when something that is traditionally animated is transformed into CGI, but in “Scoob!”'s case, that transition was really well-made. The design of the original characters changed very little, and its a fluid, energetic and vibrant type of animation, which will inevitably attract the eyes of the viewer. Another strong point in the technical aspects is the maintaining of the visual and sound identity of Scooby-Doo properties, meaning, those sound effects, like when Shaggy and Scooby run away from the ghosts, those classic chase sequences made for comic effect, and it goes further. Another thing that may serve as an influence for a more adult audience are the references to other properties that are both inside and outside the Scooby-Doo universe, which are really fun and relatively easy to find. If the other films in this potential Hanna-Barbera cinematic universe (please, let there be a Mad Max-styled Wacky Races film) were made in the same style as this one, at least, one thing's for sure: the animation, at the same time, will introduce a new generation of viewers to these classic characters and will bring that irresistible feeling of nostalgia to those who grew up watching these TV shows.)



Resumindo, “Scooby! - O Filme” tem uma estrutura formulaica e previsível, mas o elenco de vozes muito talentoso e o estilo de animação vibrante e energético, que resgata a essência desses personagens, agradará tanto o público-alvo quanto aqueles que cresceram vendo os programas originais.

Nota: 8,5 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Scoob!” has a formulaic and predictable structure, but the very talented voice cast and the vibrant and energetic animation style, which rescues the essence of these characters, will please both the audience this is targeted for and those who grew up watching the original shows.

I give it a 8,5 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)



quinta-feira, 14 de maio de 2020

Especial: Atores que Viraram Bons Diretores (Bilíngue)


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E aí, meus cinéfilos queridos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para trazer uma postagem especial para vocês. No texto de hoje, irei citar alguns atores e atrizes que encontraram uma nova e poderosa voz atrás das câmeras na direção, sem ordem de preferência. E sim, irei incluir aqueles diretores que só tem um filme até agora no currículo, pelo fato desse único filme ter aumentado substancialmente as expectativas do espectador para o próximo projeto deles. Então, sem mais delongas, vamos começar!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to bring a special post for you. In today's text, I'll list some actors and actresses that have found a new and powerful voice behind the cameras in directing, without an order of preference. And yes, I will include those directors who only have one film so far in their resumé, because of the fact that a single film substantially increased the viewer's expectations for their next projects. So, without further ado, let's begin!)

  • JORDAN PEELE (Filmes no currículo: “Corra!” (2017) e “Nós” (2019); Próximo projeto na direção: Desconhecido até o momento)
    (JORDAN PEELE (Films in his resumé: “Get Out” (2017) and “Us” (2019); Next project as director: Unknown at the moment)

Começando com uma das mais poderosas vozes no gênero de suspense e terror atualmente, Jordan Peele começou a carreira como comediante, como membro de elenco recorrente no programa de esquetes “Mad TV”, onde conheceu Keegan-Michael Key, com quem criou o aclamado programa de comédia “Key and Peele”. Antes de sua estreia como diretor em “Corra!”, que lhe rendeu o Oscar de Melhor Roteiro Original, Peele já fazia alguns experimentos com o terror psicológico e com críticas sociais em seu próprio programa de comédia. Depois do sucesso quase inesperado de seu primeiro filme, Peele se dedicou mais ao gênero de suspense e terror até o momento em seus projetos de roteiro e direção, e é seguro dizer que foi uma combinação perfeita. O diretor tem total controle da atmosfera que seus filmes tem, as reviravoltas e descobertas chocantes realmente causam um impacto no espectador, a ponto de ver o filme com uma mentalidade completamente diferente da primeira vez, quando forem assistidos novamente. Mal posso esperar pelo próximo filme dele.
(Starting off with one of the most powerful voices in the thriller-horror genre in recent times, Jordan Peele started off his career as a comedian, as a recurring cast member on the sketch show “Mad TV”, where he met Keegan-Michael Key, with whom he created the acclaimed comedy show “Key and Peele”. Before his debut as a director in “Get Out”, which led him to win the Oscar for Best Original Screenplay, Peele already experimented with psychological horror and social aspects in his own comedy show. After the almost unexpected success of his first film, Peele has dedicated himself more to the thriller-horror genre at the moment in his writing and directing projects, and it's safe to say that it was a perfect combination. Peele has total control over his films' atmospheres, the twists and shocking discoveries really cause one hell of an impact on the viewer, to the point where you see the film with a completely different mentality from the first time around, when you rewatch them. I can't wait for his next film.)



  • SOFIA COPPOLA (Filmes no currículo: “As Virgens Suicidas” (1999), “Encontros e Desencontros” (2003), “Maria Antonieta” (2006), “Um Lugar Qualquer” (2010), “Bling Ring: A Gangue de Hollywood” (2013), e “O Estranho que Nós Amamos” (2017); Próximo projeto na direção: “On the Rocks” (2020))
    (SOFIA COPPOLA (Films in her resumé: “The Virgin Suicides” (1999), “Lost in Translation” (2003), “Marie Antoinette” (2006), “Somewhere” (2010), “The Bling Ring” (2013), and “The Beguiled” (2017); Next project as director: “On the Rocks” (2020))

Um dos nomes mais conhecidos da extraordinariamente talentosa família Coppola, Sofia Coppola começou sua carreira como atriz com 1 ano de idade, em “O Poderoso Chefão” (1972), dirigido por seu pai, Francis Ford Coppola. Após sua estreia, Coppola interpretou mais papéis em filmes dirigidos por seu pai, como “Peggy Sue – Seu Passado a Espera” (1986), e “O Poderoso Chefão Parte III” (1990), onde interpretou a filha de Michael Corleone. Sua performance no capítulo final da trilogia épica de Francis Ford Coppola recebeu altas críticas, chegando a vencer os Framboesas de Ouro de Pior Atriz Coadjuvante e Pior Nova Estrela. Já que Coppola não queria especificamente criar uma carreira na atuação, 9 anos depois, fez sua estreia na direção com “As Virgens Suicidas”, que teve sua estreia mundial no renomado Festival de Cannes, onde foi aclamado pela crítica, juntamente com a direção de Coppola. Outros destaques em sua carreira incluem o espetacular “Encontros e Desencontros”, que fez de Sofia a terceira mulher a ser indicada ao Oscar de Melhor Direção, e que rendeu para ela o Oscar de Melhor Roteiro Original; “Um Lugar Qualquer”, que ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza (fazendo de Coppola a primeira mulher americana a ganhar o prêmio); e “O Estranho Que Nós Amamos”, que rendeu à diretora o prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes, fazendo dela a segunda mulher a ganhar essa honra. Seu próximo projeto, “On the Rocks”, promete ser mais um destaque em sua carreira, pelo fato de reunir a diretora com Bill Murray, que recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator por “Encontros e Desencontros”; e pelo fato de ser distribuído pela A24, uma das distribuidoras mais proeminentes no cinema independente atualmente.
(One of the most known names in the extraordinarily talented Coppola family, Sofia Coppola started off her career as an actress as a 1-year-old, in “The Godfather” (1972), directed by her father, Francis Ford Coppola. After her debut, Coppola played more roles in films directed by her father, such as “Peggy Sue Got Married” (1986), and “The Godfather Part III” (1990), where she played the daughter of Michael Corleone. Her performance in the final chapter of Francis Ford Coppola's epic trilogy was widely criticized, which ended up winning her the Golden Raspberries for Worst Supporting Actress and Worst New Star. As Coppola didn't specifically want to create an acting career, 9 years later, she made her directing debut with “The Virgin Suicides”, which had its world premiere in the renowned Cannes Film Festival, where it was widely acclaimed, along with Coppola's direction. Other highlights in her career include the remarkable “Lost in Translation”, which made Sofia the third woman to be nominated for the Oscar for Best Director, and won her the Oscar for Best Original Screenplay; “Somewhere”, which won the Golden Lion in the Venice Film Festival (making Coppola the first American woman to win the award); and “The Beguiled”, which won her the Best Director award in the Cannes Film Festival, making her the second woman to do so. Her next project, “On the Rocks”, promises to be another highlight in her career, because of the fact that it reunites Coppola and Bill Murray, who got nominated for an Oscar for Best Actor because of “Lost in Translation”; and because of the fact that it's distributed by A24, one of the most proeminent film distributors of independent cinema in recent years.)


  • BRADLEY COOPER (Filmes no currículo: “Nasce Uma Estrela” (2018); Próximo projeto na direção: Desconhecido até o momento)
    (BRADLEY COOPER (Films in his resumé: “A Star is Born” (2018); Next project as director: Unknown at the moment)

Antes de sua impressionante estreia como diretor da quarta versão de “Nasce uma Estrela”, Bradley Cooper já tinha se consolidado no campo da atuação: foi indicado 3 vezes ao Oscar e 1 vez ao Tony; fez parcerias duradouras com diretores como David O. Russell, Clint Eastwood e Todd Phillips; e ganhou papel de destaque no mundo dos super-heróis como a voz do guaxinim Rocket Raccoon no Universo Cinematográfico da Marvel, papel que ele interpreta até hoje. Quando “Nasce uma Estrela” estreou no Festival de Veneza em 2018, todo aspecto do filme que envolvia Cooper (atuação, direção, produção, roteiro, e trilha sonora) foi altamente aclamado pela crítica. E com razão, porque, assim como acontece com “Mulherzinhas”, livro de Louisa May Alcott que foi adaptado inúmeras vezes para o cinema e a TV, Cooper provou que a história de “Nasce uma Estrela” ainda tem gás. Dá pra sentir o controle que ele teve sobre o filme, especialmente nas cenas de performances musicais, que foram gravadas ao vivo de alguns dos maiores festivais de música do mundo, que dão uma vibe intimista de show mesmo para essas performances. Surpreendendo ninguém, Cooper foi indicado a 3 Oscars por causa do filme: Melhor Filme, Ator e Roteiro Adaptado, e mesmo não tendo ganho nenhum dos 3 (e mesmo tendo sido esnobado na categoria de Melhor Direção), ele ganhou um maior reconhecimento pelo seu trabalho na cadeira de diretor, e foi indicado mais uma vez ao Oscar de Melhor Filme pela produção em “Coringa”. Com o próximo filme dele sendo musical ou não, sendo original ou não, tendo a Lady Gaga ou não, já estou investido na carreira de Bradley Cooper.
(Before his astounding directorial debut in the fourth version of “A Star is Born”, Bradley Cooper was already consolidated on his acting career: he was nominated for 3 Oscars and a Tony Award; he made long-lasting partnerships with directors such as David O. Russell, Clint Eastwood and Todd Phillips; and had a recurring role in the superhero world as the voice of Rocket Raccoon in the Marvel Cinematic Universe, a role he plays to this day. When “A Star is Born” premiered in the Venice Film Festival in 2018, every aspect of the film that involved Cooper (acting, directing, producing, writing, and music) was highly acclaimed by critics. And rightfully so, because, just like it happens with Louisa May Alcott's book “Little Women”, which was adapted numerous times into films and TV shows, Cooper proved that the story of “A Star is Born” still has something to say. You can feel his control over the film, especially in the musical performance scenes, which were recorded live from some of the biggest music festivals in the world, and that aspect gives those scenes an intimate, concert-like vibe to these performances. Surprising no one, Cooper was nominated for 3 Oscars because of it: Best Picture, Actor and Adapted Screenplay, and even though he didn't win any of the 3 (and even though he was snubbed in the Best Director category), he got more recognition for his work on the director's chair, and was nominated for an Oscar one more time for his production in “Joker”. With his next film being a musical or not, being original or not, starring Lady Gaga or not, I'm already invested in Bradley Cooper's career.)


  • OLIVIA WILDE (Filmes no currículo: “Fora de Série” (2019); Próximo projeto na direção: “Don't Worry Darling” (Data a ser anunciada))
    (OLIVIA WILDE (Films in her resumé: “Booksmart” (2019); Next project as director: “Don't Worry Darling” (Date to be announced))

Assim como Bradley Cooper, Olivia Wilde já tinha uma carreira consolidada como atriz: tinha papéis recorrentes em séries como “The O.C.” e “House”, e estrelou em filmes como “Tron: O Legado” (2010), “Cowboys & Aliens” (2011) e “O Preço do Amanhã” (2011). Quando “Fora de Série”, a estreia de Wilde na direção, foi lançado no festival South by Southwest, os críticos, sem hesitarem, aclamaram o filme como um dos melhores do ano, e destacaram a direção de Wilde como uma das razões do porquê o filme funcionou tão bem. Não surpreendeu ninguém quando “Fora de Série” rendeu a Wilde o prêmio de Melhor Primeiro Filme no Independent Spirit Awards, que celebra o cinema independente. Em seu primeiro filme, a diretora já formou uma parceria com a roteirista Katie Silberman, responsável por revisar o roteiro final de “Fora de Série” e que já está contratada para roteirizar o próximo filme de Wilde, “Don't Worry Darling”, que está escalando nomes como Florence Pugh e Dakota Johnson para protagonizarem a película. Assim como Bradley Cooper, Olivia Wilde tem um futuro brilhante tanto na frente quanto atrás das câmeras, e eu mal posso esperar pelo próximo projeto dela.
(Just like Bradley Cooper, Olivia Wilde already had a consolidated career as an actress: she had recurring roles in shows like “The O.C.” and “House”, and starred in films like “Tron: Legacy” (2010), “Cowboys & Aliens” (2011) and “In Time” (2011). When “Booksmart”, Wilde's directorial debut, premiered on the South By Southwest Festival, the critics, without a hint of hesitation, acclaimed the film as one of the best movies of the year, and highlighted Wilde's direction as one of the reasons why the film worked so well. It didn't suprise anyone when “Booksmart” won Wilde the Best First Feature award in the Independent Spirit Awards, which celebrates independent cinema. In her first film, the director already formed a partnership with screenwriter Katie Silberman, who revised the screenplay for “Booksmart” and who is already hired to write the script for Wilde's next film, “Don't Worry Darling”, which is searching up names like Florence Pugh and Dakota Johnson to star in the movie. Just like Bradley Cooper, Olivia Wilde's got a bright future both in front of and behind the cameras, and I just can't wait for her next project.)


  • JOHN KRASINSKI (Filmes no currículo: “Breves Entrevistas com Homens Hediondos” (2009), “Família Hollar” (2016), “Um Lugar Silencioso” (2018); Próximo projeto na direção: “Um Lugar Silencioso – Parte II” (2020))
    (JOHN KRASINSKI (Films in his resumé: “Brief Interviews with Hideous Men” (2009), “The Hollars” (2016), “A Quiet Place” (2018); Next project as director: “A Quiet Place – Part II” (2020))

Tá aí uma coisa que ninguém pensaria: o Jim do “The Office” como diretor de um filme. Depois de ter dirigido e estrelado em dois filmes que não tiveram tanto conhecimento do público, entra em cena a obra-prima que é “Um Lugar Silencioso”, dirigida, co-escrita, e estrelada por Krasinski. E que evolução que ele sofreu de “The Office” pra cá. Dá pra ver que ele tem completo controle sobre o que ele faz, do design de som aos efeitos visuais desse filme de terror de 2018. Não foi novidade ou surpresa quando duas das maiores instituições de cinema dos EUA, o National Board of Review e o American Film Institute, nomearam “Um Lugar Silencioso” como um dos 10 melhores filmes de 2018. É um filme que te dá a sensação de que você está vendo um blockbuster, mas ele também tem um núcleo emocional bem forte. E que dedicação que Krasinski teve a esse filme, a ponto de levar o elenco inteiro a aprender língua de sinais para que eles pudessem entrar em seus personagens. Não há dúvidas de que “Um Lugar Silencioso” é um dos filmes de terror mais originais dos últimos tempos, e, de acordo com as reações iniciais à sequência, que teve sua estreia mundial em Nova York antes da pandemia do coronavírus, parece que Krasinski terá outro sucesso em suas mãos com “Um Lugar Silencioso – Parte II”, no qual ele retorna aos papéis de diretor, roteirista, e ator.
(Now, there's something no one would've expected: Jim from “The Office” as a film director. After directing and starring in two films that didn't get that much recognition from the audience, then entered the masterpiece that is “A Quiet Place”, directed, co-written and starred by Krasinski. And what an evolution he suffered from “The Office” to this. You can see that he has complete control over what he's doing, from the sound design to the visual effects of this 2018 horror film. It wasn't a surprise when two of the biggest film institutions in the US, the National Board of Review and the American Film Institute, named “A Quiet Place” as one of the 10 best films of 2018. It's a movie that gives you the feeling that you're watching a blockbuster, yet it still has a strong emotional core. And what a dedication that Krasinski had making this film, to the point of getting the entire cast to learn sign language for them to easily enter their characters. There's no doubt that “A Quiet Place” is one of the most original horror films in recent times, and, according to the initial reactions to the sequel, which had its world premiere in New York before the coronavirus pandemic, it looks like Krasinski will have another success in his hands with “A Quiet Place – Part II”, where he will reprise his role as director, writer and actor.)


  • GRETA GERWIG (Filmes no currículo: “Nights and Weekends” (2008), “Lady Bird” (2017), e “Adoráveis Mulheres” (2019); Próximo projeto na direção: Desconhecido até o momento)
    (GRETA GERWIG (Films in her resumé: “Nights and Weekends” (2008), “Lady Bird” (2017), and “Little Women” (2019); Next project as director: Unknown at the moment)

E fechando com chave de ouro, temos Greta Gerwig, que começou a carreira como atriz de um gênero conhecido como mumblecore, caracterizado pelos diálogos naturais, orçamentos minúsculos, maior importância dos diálogos sob o enredo, e um foco em relacionamentos pessoais de pessoas na casa dos 20 e 30 anos. Depois de criar uma parceria de 3 filmes com o diretor Joe Swanberg, com quem co-dirigiu “Nights and Weekends”, Gerwig consolidou uma parceria com o seu futuro marido, Noah Baumbach, com quem roteirizou “Frances Ha” (2012) e “Mistress America” (2015). Dois anos depois, em 2017, Gerwig iria dominar as conversas no Festival de Telluride com o lançamento de seu primeiro filme como diretora-solo, “Lady Bird”, que foi altamente aclamado pela crítica, e que rendeu 2 indicações ao Oscar para a diretora: Melhor Roteiro Original e Melhor Direção, sendo a quinta mulher a ser indicada ao último prêmio. Vi um vídeo na época de lançamento do filme que mostrava Gerwig guiando os atores Saoirse Ronan e Lucas Hedges na filmagem de uma cena e achei o método dela bem natural e fascinante. Dois anos após o sucesso de “Lady Bird”, Gerwig comandou a mais nova adaptação do livro “Mulherzinhas”, intitulada “Adoráveis Mulheres”, que indicou a diretora e roteirista ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. Ela diz que o próximo projeto dela pode ser um musical com sapateado, o que é um conceito bem interessante, e espero que ela siga em frente com essa proposta. Assim como Jordan Peele, Greta Gerwig é uma das vozes mais originais e interessantes no cinema atualmente, e não vai demorar tanto assim para ela ganhar o Oscar que ela merece.
(And to wrap it up on a high note, we have Greta Gerwig, who started off as an actress in a genre known as mumblecore, characterized by its natural dialogue, shoestring budgets, bigger importance on dialogue over plot, and a focus on personal relationships between people in their 20s and 30s. After creating a 3-film partnership with director Joe Swanberg, with whom she co-directed “Nights and Weekends”, Gerwig consolidated a partnership with her future husband, Noah Baumbach, with whom she wrote “Frances Ha” (2012) and “Mistress America” (2015). Two years later, in 2017, Gerwig would dominate every conversation in the Telluride Film Festival with the premiere of her solo directorial debut, “Lady Bird”, which was highly acclaimed, and gave the director 2 Oscar nominations: Best Original Screenplay and Best Director, making her the fifth woman to be nominated for the latter. I watched a video at the movie's release window that showed Gerwig guiding actors Saoirse Ronan and Lucas Hedges through the shooting of a scene and I found her method to be pretty natural and fascinating. Two years after the success of “Lady Bird”, Gerwig helmed the latest adaptation of “Little Women”, which nominated her for the Oscar for Best Adapted Screenplay. She says that her next project may be a musical with tap dancing, which is a pretty interesting concept, and I hope she moves forward with this proposal. Just like Jordan Peele, Greta Gerwig is one of the most original and interesting voices in modern-day cinema, and it won't be long for her to get the Oscar she deserves.)



Então, é isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(So, that's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)

terça-feira, 12 de maio de 2020

"The Eddy": uma celebração da diversidade cultural em Paris (Bilíngue)


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E aí, meus cinéfilos queridos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre uma minissérie lançada recentemente no catálogo original da Netflix. Escrita por Jack Thorne (Harry Potter e a Criança Amaldiçoada), produzida por Damien Chazelle (diretor de La La Land), e com músicas originais escritas por Glen Ballard e Randy Kerber, a minissérie em questão celebra a diversidade cultural na Paris do século XXI. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “The Eddy”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about a miniseries that was recently released in Netflix's original catalog. Written by Jack Thorne (Harry Potter and the Cursed Child), produced by Damien Chazelle (director of La La Land), and with original songs composed by Glen Ballard and Randy Kerber, this miniseries celebrates the cultural diversity in the 21st century Paris. So, without further ado, let's talk about “The Eddy”. Let's go!)



“The Eddy” conta a história de Elliot Udo (André Holland), que é dono de um clube de jazz em Paris chamado The Eddy. Com a visita inesperada de sua filha distante, Julie (Amandla Stenberg), eventos chocantes começam a colocar o futuro do clube em xeque.
(“The Eddy” tells the story of Elliot Udo (André Holland), who owns a jazz club in Paris called The Eddy. With the unexpected visit of his distant daughter, Julie (Amandla Stenberg), shocking events begin to jeopardize the club's future.)



Acredito que me senti atraído por essa minissérie pelo mesmo motivo que muita gente: pelo fato dela ter sido produzida pelo Damien Chazelle, diretor vencedor do Oscar por “La La Land”, que comanda dois dos oito episódios do projeto. E ao ver pelo enredo da minissérie, que gira em torno de um clube de jazz, pode-se ver que realmente é a cara do Chazelle dirigir uma história dessas. Mas já vou logo avisando: se você espera que essa série tenha a mesma vibe do que “La La Land”, onde os personagens, do nada, começam a cantar e dançar aonde quer que eles estejam, essa pode não ser a série para você. “The Eddy” tem muito mais a ver com “Whiplash” do que com “La La Land”, em termos de tom. Ao invés de ser um musical extremamente bem produzido e coreografado, essa minissérie é um drama familiar com alguns toques de suspense que usa a música para movimentar a trama e tornar mais compreensível a mensagem que a história deseja transmitir. Vamos começar falando do roteiro. Eu não lembro de um roteiro do Jack Thorne que foi ruim. Ele é um ótimo roteirista, tanto de filmes (“Extraordinário”) quanto de séries (“His Dark Materials”), e “The Eddy”, felizmente, não é uma exceção. Um dos maiores prós do roteiro de Thorne foi a decisão de dedicar um episódio para cada personagem crucial para a trama, e mesmo assim, movimentar as outras subtramas de forma palatável e compreensível. Isso resulta em uma trama que não é tão complexa quanto parece, com personagens muito bem desenvolvidos, que ganham a simpatia do espectador ao longo da temporada. Devido a essa decisão, alguns espectadores podem sentir que a história tem um passo mais lento, mas aqueles que tiverem a paciência de assistir os 8 episódios de 50 minutos cada serão ricamente recompensados. Pode-se dizer que “The Eddy” quer transmitir várias mensagens, e as que eu consegui captar foram transmitidas de forma bem compreensível: a minissérie celebra a diversidade cultural em Paris, ou seja, cada personagem nessa trama tem uma história pessoal para contar, e isso, pra mim, foi muito tocante; e ela também fala sobre o poder que a música tem de unir as pessoas e superar qualquer tipo de obstáculo que impeça que tais pessoas se unam. Pode até parecer um pouco clichê, mas acreditem em mim, a minissérie consegue comover o espectador através dessas mensagens. Com um roteiro bem escrito, e personagens muito bem desenvolvidos, “The Eddy” é mais uma prova do quão boa a Netflix é em criar tramas episódicas contidas de qualidade, depois dos sucessos de “Olhos que Condenam”, “Maniac” e “A Maldição da Residência Hill”.
(I believe that I felt attracted by this miniseries for the same reason as many people did: because of the fact that it was produced by Damien Chazelle, the Oscar-winning director of “La La Land”, who helms two of this project's 8 episodes. And by reading its synopsis, which has a jazz club in its core, you can see that the story fits Chazelle's filmmaking style. But here's an early warning: if you're expecting this series to have the same vibe as “La La Land”, where characters, out of nowhere, start singing and dancing wherever they are, this may not be the show for you. “The Eddy” is much more similar to “Whiplash” than “La La Land”, in terms of tone. Instead of being a full-fledged musical with well-produced musical numbers and well-rehearsed choreography, this miniseries is a family drama with a little bit of thriller thrown into the mix that uses music to move the plot forward and to make the story's message easier to comprehend. Let's start with the script. I have never seen a bad Jack Thorne script. He's a fantastic writer, for both movies (“Wonder”) and TV shows (“His Dark Materials”), and “The Eddy”, fortunately, is not an exception. One of the biggest pros in the script is the decision of dedicating each episode to one of the plot's crucial characters, while also developing the other subplots in a palatable, comprehensible way. This results in a plot that's not as complex as it sounds, with really well-developed characters, who gain the viewer's sympathy throughout the season. Due to this decision, some viewers might feel that the story has a slower pace, but those who possess the patience to watch all 8 50-minute episodes will be richly rewarded in the end. It can be said that “The Eddy” wishes to transmit a lot of messages, and the ones I could get were transmitted in a really comprehensible way: it celebrates the cultural diversity of Paris, which means that every character has their own personal story to tell, and at least for me, that was very touching; and it also deals with the power that music has to unite people and overcome every obstacle that may stop the unity of those people. It may sound a little cliché, but believe me, this miniseries is able to emotionally move its viewers through these messages. With a well-written script, and really well-developed characters, “The Eddy” is just another proof of how good Netflix is in creating contained episodic plots with quality, after the successes of “When They See Us”, “Maniac” and “The Haunting of Hill House”.)



Assim como seu roteirista, o elenco de “The Eddy” esbanja talento. Nos papéis principais, temos André Holland e Amandla Stenberg como pai e filha, e os dois trabalham muito bem, especialmente Stenberg, que amadureceu bastante desde seu curto, mas significativo papel em “Jogos Vorazes” como Rue. Não vai ser uma surpresa se ela for indicada a prêmios por essa performance, que, na minha opinião, é a melhor que a atriz teve a oferecer até agora. Em papéis recorrentes, temos a polonesa Joanna Kulig, que ganhou meu coração com “Guerra Fria” e me conquistou ainda mais com esse papel; e a francesa Leïla Bekthi, que é crucial para o desenvolvimento do personagem de Holland. Como os membros da banda do clube, temos performances muito boas de Damian Nueva Cortes, Lada Obradovic, Randy Kerber, Ludovic Louis e Jowee Omicil, mas as performances mais memoráveis nesse elenco coadjuvante são as de Cortes e Obradovic. As histórias pessoais desses dois personagens são extremamente tocantes e é quase impossível não sentir simpatia por eles. Por último, mas não menos importante, temos o Adil Dehbi, que interpreta o barman do clube, e ele tem uma química excelente com Stenberg, o que nos faz torcer para que os dois se tornem um casal ao final da trama.
(Just like its screenwriter, the cast of “The Eddy” is extraordinarily talented. In the main roles, we have André Holland and Amandla Stenberg as father and daughter, and they are both great here, especially Stenberg, who has matured a lot since her short, but significant role in “The Hunger Games” as Rue. It won't be a surprise if she ends up being nominated for awards because of this performance, which, in my opinion, is the best one she had to offer so far. In recurring roles, we have Joanna Kulig, a Polish actress who won my heart over with “Cold War”, and captured me even more with this role; and Leïla Bekthi, a French actress who plays a crucial role for the development of Holland's character. As the club's band members, we have really good performances by Damian Nueva Cortes, Lada Obradovic, Randy Kerber, Ludovic Louis and Jowee Omicil, but the most memorable performances in this supporting cast belong to Cortes and Obradovic. The personal stories of both these characters are extremely touching and it's almost impossible not to feel sympathy for them. At last, but not least, we have Adil Dehbi, who plays the club's bartender, and he has an excellent chemistry with Stenberg, which makes us wish for them to become a couple by the end of the plot.)



Assim como aconteceu com os projetos anteriores de Damien Chazelle, os aspectos técnicos são praticamente impecáveis. A fotografia tem planos-sequência muito bem elaborados, o que serve como reflexo à já icônica sequência inicial de “La La Land”, o que eu achei bem legal. A direção de arte aposta em tons mais sombrios e cinzas do que as cores vibrantes de outros projetos ambientados em Paris, com o objetivo de mostrar algo mais realista, o que a série faz perfeitamente. É uma trama muito bem dirigida, não só por Chazelle, mas também pela francesa Houda Benyamina, pela marroquina Laïla Marrakchi e pelo americano Alan Poul, e todos eles movimentam a trama de forma muito orgânica, o que só reforça a mensagem de diversidade cultural que a série deseja passar. A trilha sonora do Glen Ballard e do Randy Kerber é digna de Oscar. É composta quase que inteiramente por músicas originais de jazz, e todas iriam ser dignas de serem tocadas no Seb's, o clube de jazz de Sebastian, um dos protagonistas de “La La Land”. E um detalhe que me deixou chocado foi a habilidade musical dos atores, que são extremamente talentosos, tanto em aspectos de atuação, como expliquei acima, quanto nos instrumentos que cada personagem toca. Sério, não irá me surpreender se esses “atores” fossem músicos profissionais que fizeram bico de ator para essa série.
(Just like it happened with Damien Chazelle's previous projects, the technical aspects are practically flawless. The cinematography has some very elaborate continued shots, which reflects the already iconic opening sequence of “La La Land”, and I thought that was pretty cool. The art direction bets on darker, grayer tones rather than the vibrant colors in other Paris-set projects, with the objective of showing something that's more realistic, and the show does so perfectly. It's a really well-directed plot, not only by Chazelle, but also by French director Houda Benyamina, Morrocan director Laïla Marrakchi and American director Alan Poul, and all of them move the plot forward in a very organic way, which only reinforces the cultural diversity message that the show wishes to transmit. Glen Ballard and Randy Kerber's score is Oscar-worthy. It's almost entirely composed by original jazz songs, and all of them would've been worthy of being played in Seb's, the jazz club owned by Sebastian, one of the main characters in “La La Land”. And one detail that left me shocked was the actors' musical abilities, as they are extremely talented, both in acting, as explained above, and in the instruments that every character plays. Seriously, I won't be surprised if these “actors” were actually professional musicians who played the role of an actor for this show.)



Resumindo, “The Eddy” é só mais uma prova do quão boa a Netflix é em criar minisséries de qualidade. É uma série bem escrita, com personagens muito bem desenvolvidos, um elenco extraordinariamente talentoso, e aspectos técnicos praticamente impecáveis. Mas, acima de tudo, “The Eddy” é uma celebração da diversidade cultural na Cidade-Luz, e um lembrete do poder que a música tem de unir as pessoas.

Nota: 9,5 de 10!

É isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “The Eddy” is just another proof of how good Netflix is in creating quality miniseries. It's a well-written show, with well-developed characters, an extraordinarily talented cast, and practically flawless technical aspects. But, above all, “The Eddy” is a celebration of the cultural diversity in the City of Lights, and a reminder of the power that music has to unite people.

I give it a 9,5 out of 10!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)