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E aí, meus cinéfilos queridos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, com a segunda parte do nosso especial Christopher Nolan, trazendo a resenha do filme que lançou o diretor para o estrelato. Aperfeiçoando os métodos de narrativa não-linear apresentados em “Following”, o filme em questão é outro quebra-cabeça para os espectadores montarem, mas que vale cada segundo, consolidando Christopher Nolan como um diretor notável. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Amnésia”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, with the second part of our Christopher Nolan special post, which is the review of the film responsible for launching him into stardom. Perfecting his non-linear narrative methods introduced in “Following”, the film I'm about to review is yet another puzzle the viewer has to put together, but it's worth every second, consolidating Christopher Nolan as a remarkable director. So, without further ado, let's talk about “Memento”. Let's go!)
O filme conta a história de Leonard (Guy Pearce), um homem que sofre de perda de memória recente após um acidente que resultou na morte de sua esposa, o que o impede de criar lembranças novas, fazendo-o esquecer de fatos que aconteceram há poucos minutos. Mesmo com essa dificuldade, Leonard não perde a determinação em procurar o homem que estuprou e matou sua esposa.
(The film tells the story of Leonard (Guy Pearce), a man who suffers from short-term memory loss after an accident that resulted in the death of his wife, which prevents him from creating new memories, making him forget facts that happened minutes ago. Even with that obstacle, Leonard doesn't lose determination in looking for the man who raped and murdered his wife.)
Aí vai um fato, que acho que muitos irão concordar: os primeiros filmes de Christopher Nolan são menos “viajados” do que os mais recentes. Como na época de “Following” e desse filme, o diretor não era tão renomado quanto nos dias de hoje, ele investia mais em narrativas que tinham muita ambição e genialidade por trás, mas que eram relativamente mais fáceis de serem compreendidas. Não estou dizendo que os filmes mais recentes dele são incompreensíveis (tanto que existem dezenas de vídeos explicando “A Origem” e “Interestelar”), mas ao fim dessas obras, algumas perguntas não são necessariamente respondidas, o que é meio frustrante por parte do espectador. Em “Amnésia”, Christopher Nolan aperfeiçoa o método de narrativa não-linear estabelecido em seu primeiro filme, “Following”, criando duas narrativas separadas que, de pouco a pouco, vão se fundindo em uma ordem cronológica e linear. É uma obra significativamente mais ambiciosa do que seu filme de estreia, tomando como base o conto “Memento Mori”, escrito por seu irmão Jonathan (criador da série Westworld), para criar um quebra-cabeça que entrega literalmente todas as peças que o espectador precisa para entender o filme por completo. O roteiro escrito pelo diretor é ambicioso e brilhante, como todo roteiro original deveria ser, merecendo a indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original. Outro ponto positivo do roteiro é o fato de estabelecer o protagonista, Leonard, como um narrador (ou um “herói”) não-confiável, por ele sofrer de perda de memória recente. O roteiro nos dá todas as razões para torcer por ele e acreditar que ele tem razão no início, aí o diretor vem e faz a gente ficar de queixo caído e questionar literalmente tudo que o personagem fez durante todo o percurso do filme no ato final. Outra coisa que Nolan faz muito bem no roteiro é a distinção das duas narrativas das quais a trama é composta. Uma das narrativas anda em ordem reversa, e a outra é praticamente um monólogo do protagonista confinado em um quarto de hotel, onde ele conta histórias que complementam o enredo principal do filme, dando origem à uma única história, a qual é ambiciosa, original e rica em conteúdo. O interessante de “Amnésia” é que, além de montar uma narrativa não-linear de mistério muito bem construída, ele levanta várias questões interessantes sobre perspectiva, diferentes pontos de vista, a veracidade e a confiabilidade das memórias, luto e auto-decepção. Pelo fato de ser engajante, complexo, e até reflexivo, este é definitivamente um dos melhores trabalhos de Christopher Nolan em termos de roteiro.
(There goes a fact, which I think many will agree: Christopher Nolan's early films are less trippy than his most recent ones. As at the time he made both “Following” and this one, he wasn't as renowned as he is right now, he invested more in narratives that were both ambitious and brilliant, but that were relatively easier to comprehend. I'm not saying his most recent films are incomprehensible (as there are dozens of videos explaining “Inception” and “Interstellar”), but when those movies end, not all the questions are necessarily answered, which turns out to be a bit frustrating, for the viewer. In “Memento”, Christopher Nolan perfects the non-linear narrative methods established in his directorial debut, “Following”, creating two separate narratives that, little by little, merge themselves into one chronological, linear order. It's a significantly more ambitious work than his first film, being inspired by the short story “Memento Mori”, written by his brother Jonathan (who created the TV show Westworld), to create an intricate puzzle that literally gives the viewer all the pieces needed to understand the film as a whole. The screenplay, written by Nolan himself, is ambitious and brilliant, as every original screenplay should be, earning its nomination for the Oscar for Best Original Screenplay. Another positive point in the screenplay is the fact that it establishes its protagonist, Leonard, as an unreliable narrator (or “hero”), because he suffers from short-term memory loss. The script gives us all the reasons to root for him and to believe that he's right at first, and then the director leaves our collective jaws dropped and makes us question literally everything the character did throughout the film by the final act. Another thing that Nolan is great at this particular script is how he distinguishes the two narratives the film is composed by. One of them is walking in a reverse order, and the other is practically a monologue by the protagonist, who is confined to a hotel room, where he tells stories that complement the film's main plot, giving birth into a single story, which is ambitious, original and rich in content. The interesting thing about “Memento” is that, besides building a well-constructed mystery non-linear narrative, it also raises some interesting questions about perception, different points of view, the reliability of memories, grief and self-deception. Because it's engaging, complex, and even thought-provoking, this is definitely one of Christopher Nolan's finest work, in terms of screenplay.)
Assim como aconteceu em seu primeiro filme, o elenco aqui também é bem reduzido, se comparado aos elencos estelares de “A Origem” e “Interestelar”, mas isso não significa que não seja um bom elenco. Pelo contrário, o Guy Pearce dá o que eu acho que seja a melhor atuação da carreira dele aqui. É notável a diferença que o personagem dele exibe nas duas narrativas nas quais o filme é dividido: na narrativa principal, a narração em voice-over dele, que é até cômica, às vezes, nos dá a impressão de que ele sabe muita pouca coisa sobre o que ele está fazendo; na narrativa-monólogo, ele fala tanta coisa e demonstra tanto conhecimento que faz a gente questionar se ele e o protagonista da narrativa principal são realmente a mesma pessoa. No elenco coadjuvante, temos a Carrie-Anne Moss, que é uma das personagens mais manipuladoras e intrigantes do filme, e o Joe Pantoliano, que à primeira vista, parece que vai ser o alívio cômico quase que insignificante da trama, mas que acaba ganhando muito mais importância ao final dela. Outro destaque fica com o Stephen Tobolowsky, que acaba roubando a cena como um personagem que parece não ser necessário, mas que acaba sendo de crucial importância para a compreensão do filme como um todo.
(Just like it happened with his first feature, the cast here is also pretty reduced, if compared to the stellar casts of “Inception” and “Interstellar”, but that doesn't mean it's not a good cast. On the contrary, Guy Pearce gives what I think is the greatest performance of his career here. The difference his character exhibits in the two narratives the film is composed of is remarkable: in the main narrative, his voice-over narration, which is even comical, at times, gives us the impression that he knows very little about what he's doing; in the monologue-narrative, he speaks so much stuff and demonstrates so much knowledge that it makes us wonder if he and the protagonist of the main narrative are actually the same person. In the supporting cast, we have Carrie-Anne Moss, who is one of the most manipulative and intriguing characters in the film, and Joe Pantoliano, who at first, looks like an insignificant comic relief, but he ends up being a whole lot more important by the end of the plot. Another highlight stays with Stephen Tobolowsky, who ends up stealing the scene as a character that looks unimportant, but ends up being completely necessary to understand the film as a whole.)
Nos aspectos técnicos, vemos uma melhora significativa na sofisticação dos mesmos, se comparado à “Following”. A direção de fotografia fica com Wally Pfister (que iria trabalhar novamente com o diretor na trilogia do Cavaleiro das Trevas e, mais notavelmente, em “A Origem”, pelo qual ele levou o Oscar de Melhor Fotografia), e pode-se ver que ele tem total controle da câmera, algo que ele só iria aperfeiçoar ao longo de sua parceria com Nolan. Outro aspecto que merece reconhecimento aqui é a edição. O filme é montado de maneira extraordinária, transitando entre as duas narrativas com perfeição, permitindo que o espectador vá organizando as cenas do filme em uma ordem cronológica e linear, e evitando que ele se perca no processo. Outra indicação ao Oscar merecidíssima. A trilha sonora do David Julyan novamente dá aquela impressão Lynchiana, estabelecida em “Following”, o que intensifica o tom de mistério que envolve a trama. A direção de arte é crucial na distinção das duas narrativas que compõem o roteiro do filme: a estética de preto-e-branco da narrativa-monólogo dá uma vibe de film noir para o filme em geral, o que eu achei bem legal.
(In the technical aspects, we see a significant improvement in their sophistication, if compared to “Following”. The cinematography is shot by Wally Pfister (who would later work with the director in the Dark Knight trilogy, and, most notably, in “Inception”, which won him the Oscar for Best Cinematography), and you can see he has total control over the camera, something he would only improve at throughout his partnership with Nolan. Another aspect that deserves recognition here is the editing. The film is put together in an extraordinary way, transitioning between the two narratives with perfection, allowing the viewer to organize the film's scenes in a chronological and linear order, and avoiding that he loses his train of thought in the process. Another very well deserved Oscar nomination. David Julyan's score yet again gives that Lynchian impression, established in “Following”, which intensifies the tone of mystery that the plot revolves around. The art direction is crucial in distinguishing the two narratives the film is composed by: the black-and-white aesthetic of the monologue-narrative gives the film as a whole a film noir vibe, which I thought it was really cool.)
Resumindo, “Amnésia” é um triunfo. Sendo significativamente mais ambicioso que seu primeiro filme, Christopher Nolan se consolida como um diretor notável fazendo uso de um roteiro brilhante, um elenco talentoso, e aspectos técnicos que auxiliam na compreensão do filme.
Nota: 10 de 10!!
É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, “Memento” is a triumph. Being significantly more ambitious than his first film, Christopher Nolan consolidates himself as a remarkable director by using a brilliant script, a talented cast, and technical aspects that help understand the film.
I give it a 10 out of 10!
That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)