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terça-feira, 12 de maio de 2020

"The Eddy": uma celebração da diversidade cultural em Paris (Bilíngue)


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E aí, meus cinéfilos queridos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre uma minissérie lançada recentemente no catálogo original da Netflix. Escrita por Jack Thorne (Harry Potter e a Criança Amaldiçoada), produzida por Damien Chazelle (diretor de La La Land), e com músicas originais escritas por Glen Ballard e Randy Kerber, a minissérie em questão celebra a diversidade cultural na Paris do século XXI. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “The Eddy”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about a miniseries that was recently released in Netflix's original catalog. Written by Jack Thorne (Harry Potter and the Cursed Child), produced by Damien Chazelle (director of La La Land), and with original songs composed by Glen Ballard and Randy Kerber, this miniseries celebrates the cultural diversity in the 21st century Paris. So, without further ado, let's talk about “The Eddy”. Let's go!)



“The Eddy” conta a história de Elliot Udo (André Holland), que é dono de um clube de jazz em Paris chamado The Eddy. Com a visita inesperada de sua filha distante, Julie (Amandla Stenberg), eventos chocantes começam a colocar o futuro do clube em xeque.
(“The Eddy” tells the story of Elliot Udo (André Holland), who owns a jazz club in Paris called The Eddy. With the unexpected visit of his distant daughter, Julie (Amandla Stenberg), shocking events begin to jeopardize the club's future.)



Acredito que me senti atraído por essa minissérie pelo mesmo motivo que muita gente: pelo fato dela ter sido produzida pelo Damien Chazelle, diretor vencedor do Oscar por “La La Land”, que comanda dois dos oito episódios do projeto. E ao ver pelo enredo da minissérie, que gira em torno de um clube de jazz, pode-se ver que realmente é a cara do Chazelle dirigir uma história dessas. Mas já vou logo avisando: se você espera que essa série tenha a mesma vibe do que “La La Land”, onde os personagens, do nada, começam a cantar e dançar aonde quer que eles estejam, essa pode não ser a série para você. “The Eddy” tem muito mais a ver com “Whiplash” do que com “La La Land”, em termos de tom. Ao invés de ser um musical extremamente bem produzido e coreografado, essa minissérie é um drama familiar com alguns toques de suspense que usa a música para movimentar a trama e tornar mais compreensível a mensagem que a história deseja transmitir. Vamos começar falando do roteiro. Eu não lembro de um roteiro do Jack Thorne que foi ruim. Ele é um ótimo roteirista, tanto de filmes (“Extraordinário”) quanto de séries (“His Dark Materials”), e “The Eddy”, felizmente, não é uma exceção. Um dos maiores prós do roteiro de Thorne foi a decisão de dedicar um episódio para cada personagem crucial para a trama, e mesmo assim, movimentar as outras subtramas de forma palatável e compreensível. Isso resulta em uma trama que não é tão complexa quanto parece, com personagens muito bem desenvolvidos, que ganham a simpatia do espectador ao longo da temporada. Devido a essa decisão, alguns espectadores podem sentir que a história tem um passo mais lento, mas aqueles que tiverem a paciência de assistir os 8 episódios de 50 minutos cada serão ricamente recompensados. Pode-se dizer que “The Eddy” quer transmitir várias mensagens, e as que eu consegui captar foram transmitidas de forma bem compreensível: a minissérie celebra a diversidade cultural em Paris, ou seja, cada personagem nessa trama tem uma história pessoal para contar, e isso, pra mim, foi muito tocante; e ela também fala sobre o poder que a música tem de unir as pessoas e superar qualquer tipo de obstáculo que impeça que tais pessoas se unam. Pode até parecer um pouco clichê, mas acreditem em mim, a minissérie consegue comover o espectador através dessas mensagens. Com um roteiro bem escrito, e personagens muito bem desenvolvidos, “The Eddy” é mais uma prova do quão boa a Netflix é em criar tramas episódicas contidas de qualidade, depois dos sucessos de “Olhos que Condenam”, “Maniac” e “A Maldição da Residência Hill”.
(I believe that I felt attracted by this miniseries for the same reason as many people did: because of the fact that it was produced by Damien Chazelle, the Oscar-winning director of “La La Land”, who helms two of this project's 8 episodes. And by reading its synopsis, which has a jazz club in its core, you can see that the story fits Chazelle's filmmaking style. But here's an early warning: if you're expecting this series to have the same vibe as “La La Land”, where characters, out of nowhere, start singing and dancing wherever they are, this may not be the show for you. “The Eddy” is much more similar to “Whiplash” than “La La Land”, in terms of tone. Instead of being a full-fledged musical with well-produced musical numbers and well-rehearsed choreography, this miniseries is a family drama with a little bit of thriller thrown into the mix that uses music to move the plot forward and to make the story's message easier to comprehend. Let's start with the script. I have never seen a bad Jack Thorne script. He's a fantastic writer, for both movies (“Wonder”) and TV shows (“His Dark Materials”), and “The Eddy”, fortunately, is not an exception. One of the biggest pros in the script is the decision of dedicating each episode to one of the plot's crucial characters, while also developing the other subplots in a palatable, comprehensible way. This results in a plot that's not as complex as it sounds, with really well-developed characters, who gain the viewer's sympathy throughout the season. Due to this decision, some viewers might feel that the story has a slower pace, but those who possess the patience to watch all 8 50-minute episodes will be richly rewarded in the end. It can be said that “The Eddy” wishes to transmit a lot of messages, and the ones I could get were transmitted in a really comprehensible way: it celebrates the cultural diversity of Paris, which means that every character has their own personal story to tell, and at least for me, that was very touching; and it also deals with the power that music has to unite people and overcome every obstacle that may stop the unity of those people. It may sound a little cliché, but believe me, this miniseries is able to emotionally move its viewers through these messages. With a well-written script, and really well-developed characters, “The Eddy” is just another proof of how good Netflix is in creating contained episodic plots with quality, after the successes of “When They See Us”, “Maniac” and “The Haunting of Hill House”.)



Assim como seu roteirista, o elenco de “The Eddy” esbanja talento. Nos papéis principais, temos André Holland e Amandla Stenberg como pai e filha, e os dois trabalham muito bem, especialmente Stenberg, que amadureceu bastante desde seu curto, mas significativo papel em “Jogos Vorazes” como Rue. Não vai ser uma surpresa se ela for indicada a prêmios por essa performance, que, na minha opinião, é a melhor que a atriz teve a oferecer até agora. Em papéis recorrentes, temos a polonesa Joanna Kulig, que ganhou meu coração com “Guerra Fria” e me conquistou ainda mais com esse papel; e a francesa Leïla Bekthi, que é crucial para o desenvolvimento do personagem de Holland. Como os membros da banda do clube, temos performances muito boas de Damian Nueva Cortes, Lada Obradovic, Randy Kerber, Ludovic Louis e Jowee Omicil, mas as performances mais memoráveis nesse elenco coadjuvante são as de Cortes e Obradovic. As histórias pessoais desses dois personagens são extremamente tocantes e é quase impossível não sentir simpatia por eles. Por último, mas não menos importante, temos o Adil Dehbi, que interpreta o barman do clube, e ele tem uma química excelente com Stenberg, o que nos faz torcer para que os dois se tornem um casal ao final da trama.
(Just like its screenwriter, the cast of “The Eddy” is extraordinarily talented. In the main roles, we have André Holland and Amandla Stenberg as father and daughter, and they are both great here, especially Stenberg, who has matured a lot since her short, but significant role in “The Hunger Games” as Rue. It won't be a surprise if she ends up being nominated for awards because of this performance, which, in my opinion, is the best one she had to offer so far. In recurring roles, we have Joanna Kulig, a Polish actress who won my heart over with “Cold War”, and captured me even more with this role; and Leïla Bekthi, a French actress who plays a crucial role for the development of Holland's character. As the club's band members, we have really good performances by Damian Nueva Cortes, Lada Obradovic, Randy Kerber, Ludovic Louis and Jowee Omicil, but the most memorable performances in this supporting cast belong to Cortes and Obradovic. The personal stories of both these characters are extremely touching and it's almost impossible not to feel sympathy for them. At last, but not least, we have Adil Dehbi, who plays the club's bartender, and he has an excellent chemistry with Stenberg, which makes us wish for them to become a couple by the end of the plot.)



Assim como aconteceu com os projetos anteriores de Damien Chazelle, os aspectos técnicos são praticamente impecáveis. A fotografia tem planos-sequência muito bem elaborados, o que serve como reflexo à já icônica sequência inicial de “La La Land”, o que eu achei bem legal. A direção de arte aposta em tons mais sombrios e cinzas do que as cores vibrantes de outros projetos ambientados em Paris, com o objetivo de mostrar algo mais realista, o que a série faz perfeitamente. É uma trama muito bem dirigida, não só por Chazelle, mas também pela francesa Houda Benyamina, pela marroquina Laïla Marrakchi e pelo americano Alan Poul, e todos eles movimentam a trama de forma muito orgânica, o que só reforça a mensagem de diversidade cultural que a série deseja passar. A trilha sonora do Glen Ballard e do Randy Kerber é digna de Oscar. É composta quase que inteiramente por músicas originais de jazz, e todas iriam ser dignas de serem tocadas no Seb's, o clube de jazz de Sebastian, um dos protagonistas de “La La Land”. E um detalhe que me deixou chocado foi a habilidade musical dos atores, que são extremamente talentosos, tanto em aspectos de atuação, como expliquei acima, quanto nos instrumentos que cada personagem toca. Sério, não irá me surpreender se esses “atores” fossem músicos profissionais que fizeram bico de ator para essa série.
(Just like it happened with Damien Chazelle's previous projects, the technical aspects are practically flawless. The cinematography has some very elaborate continued shots, which reflects the already iconic opening sequence of “La La Land”, and I thought that was pretty cool. The art direction bets on darker, grayer tones rather than the vibrant colors in other Paris-set projects, with the objective of showing something that's more realistic, and the show does so perfectly. It's a really well-directed plot, not only by Chazelle, but also by French director Houda Benyamina, Morrocan director Laïla Marrakchi and American director Alan Poul, and all of them move the plot forward in a very organic way, which only reinforces the cultural diversity message that the show wishes to transmit. Glen Ballard and Randy Kerber's score is Oscar-worthy. It's almost entirely composed by original jazz songs, and all of them would've been worthy of being played in Seb's, the jazz club owned by Sebastian, one of the main characters in “La La Land”. And one detail that left me shocked was the actors' musical abilities, as they are extremely talented, both in acting, as explained above, and in the instruments that every character plays. Seriously, I won't be surprised if these “actors” were actually professional musicians who played the role of an actor for this show.)



Resumindo, “The Eddy” é só mais uma prova do quão boa a Netflix é em criar minisséries de qualidade. É uma série bem escrita, com personagens muito bem desenvolvidos, um elenco extraordinariamente talentoso, e aspectos técnicos praticamente impecáveis. Mas, acima de tudo, “The Eddy” é uma celebração da diversidade cultural na Cidade-Luz, e um lembrete do poder que a música tem de unir as pessoas.

Nota: 9,5 de 10!

É isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “The Eddy” is just another proof of how good Netflix is in creating quality miniseries. It's a well-written show, with well-developed characters, an extraordinarily talented cast, and practically flawless technical aspects. But, above all, “The Eddy” is a celebration of the cultural diversity in the City of Lights, and a reminder of the power that music has to unite people.

I give it a 9,5 out of 10!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)



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