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E aí, meus cinéfilos
queridos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, com a primeira parte
de uma postagem muito especial. No início dessa semana, fiz uma
enquete no meu Instagram, perguntando para os meus seguidores qual
diretor que eles queriam que eu abordasse a filmografia aqui no blog:
dei 2 opções de diretores com 10 filmes no currículo (Guillermo
del Toro e Christopher Nolan). O vencedor foi Christopher Nolan,
então, pelas próximas 10 semanas, irei postar uma resenha por
semana de um filme do Nolan, em preparação para a aguardada estreia
de seu novo filme, “Tenet”. Então, vamos começar com o primeiro
filme do diretor, um filme pouco conhecido, mas tão bem elaborado
quanto suas obras mais sofisticadas. Vamos falar sobre “Following”.
Vamos lá!
(What's up, my dear
film buffs! How are you guys doing? I'm back, with the first part of
a very special post. Earlier this week, I made a poll in my
Instagram, asking my followers which director they'd like to see
their filmography reviewed in the blog: I gave 2 options of directors
with 10 films on their resumé (Guillermo del Toro and Christopher
Nolan). The winner was Christopher Nolan, so, for the next 10 weeks,
I'll post a review of a Nolan film per week, in preparation for the
awaited release of his new movie, “Tenet”. So, let's start off
with his directorial debut, a not that well-known film, yet it's
just as elaborate as his most sophisticated work. Let's talk about
“Following”. Let's go!)
O filme acompanha um
jovem aspirante a escritor (Jeremy Theobald) que, para servir de
inspiração para seu primeiro livro, começa a seguir estranhos
pelas ruas de Londres. O jovem rapidamente vê sua vida virar de
cabeça para baixo quando um homem que ele seguia (Alex Haw) tenta
convencê-lo a investir em uma vida de crimes.
(The film follows a
young wannabe writer (Jeremy Theobald) who, in order to get
inspiration for his first book, starts following strangers through
the streets of London. The young man quickly sees his life turn
upside down when a man he followed (Alex Haw) tries to draw him into
a life of crime.)
Para falar a verdade,
eu nem sabia que esse filme existia. Sempre pensei que o filme de
estreia de Christopher Nolan tinha sido “Amnésia”, que foi
lançado 2 anos após “Following”. E, olhando em retrospectiva
aos filmes mais recentes do diretor, como “A Origem”,
“Interestelar” e até “Dunkirk”, o filme de estreia de Nolan
tem diferenças gritantes, se comparado às obras mencionadas acima:
o orçamento dele é um dos mais baratos que eu já vi em um filme
(US$6 mil dólares), é totalmente em preto e branco, e tem uma
duração extremamente curta de 1h10 minutos, o que é um
curta-metragem, se comparado às 2h50 minutos de “Interestelar”.
Mas isso não significa que o filme não seja bom. Não, muito pelo
contrário, “Following” é um dos melhores filmes de estreia que
eu já vi, junto com “Pura Adrenalina”, de Wes Anderson, e “Cães
de Aluguel”, de Quentin Tarantino. É simplesmente fascinante como
Nolan consegue fazer em 1h10, com um orçamento minúsculo, e com o
diretor também ocupando as posições de roteirista, diretor de
fotografia e editor, algo que ele só aperfeiçoou com o passar do
tempo, de forma mais sofisticada, mas tão eficiente quanto. Já em
seu primeiro filme, Nolan usa o recurso recorrente em sua filmografia
da narrativa não-linear (ou seja, o filme não tem um começo, meio
e fim bem definidos), fazendo do filme um grande quebra-cabeça para
o espectador montar. Para algumas pessoas, o uso de uma ordem
não-cronológica em um filme pode fazer ele parecer confuso, mas
acreditem em mim, Nolan faz um uso perfeito desse recurso em
“Following”, e esse tipo de narrativa melhorou mais ainda em seu
próximo projeto, “Amnésia”, mas vamos deixar esse filme para
depois. O roteiro de Nolan é curto, preciso, e muito bem escrito.
Ele faz uso de reviravoltas e imagens que podem parecer estranhas e
confusas à primeira vista, mas ao começarem os créditos finais,
você fica maravilhado com o quanto que o diretor pensou bem ao
escrever essa história. O filme vai e volta no tempo diversas vezes,
e ao contrário do que acontece com muitos filmes, “Following”
não te confunde com esse aspecto, só te faz ter mais curiosidade
sobre pra onde o enredo vai a partir daquela cena. Para os fãs
devotos de Christopher Nolan, “Following” pode parecer um lugar
estranho para começar uma filmografia, mas aqueles que gostam de uma
boa história e de “montar” cenas de filmes como um quebra-cabeça
terminarão de ver o filme com um sorriso no rosto, testemunhando
algo que o diretor só iria aperfeiçoar com o passar do tempo.
(To tell the truth, I
didn't even know this film existed. I've always thought that
Christopher Nolan's directorial debut was “Memento”, which was
released 2 years after “Following”. And, looking back at Nolan's
more recent films, such as “Inception”, “Interstellar”, and
even “Dunkirk”, Nolan's directorial debut has huge differences,
if compared to the movies mentioned above: its budget is one of the
cheapest ones I've ever seen (US$6,000), it's totally filmed in
black-and-white, and has an extremely short running time of 1 hour
and 10 minutes, which is a short film, if compared to
“Interstellar”'s 2 hours and 50 minutes. But that doesn't mean
the film isn't good. No, on the contrary, “Following” is one of
the best directorial debuts I've ever seen in my life, along with Wes
Anderson's “Bottle Rocket” and Quentin Tarantino's “Reservoir
Dogs”. It's simply fascinating how Nolan manages to make with 70
minutes, a shoestring budget, and multiple functions (Nolan is the
director, writer, cinematographer, and editor of this film),
something he would only perfect as time went by, in a more
sophisticated, yet just as effective, way. Already in his first film,
Nolan uses the recurring resource in his filmography of a non-linear
narrative (meaning it doesn't have a well-defined beginning, middle
or ending), making the film a huge puzzle for the viewer to put
together. To some people, the use of a non-chronological order in a
film may make it a bit confusing, but don't be mistaken, Nolan makes
a perfect use of this resource in “Following”, and this type of
narrative turned out to be an even better fit for his next project,
“Memento”, but that's a whole other story. Nolan's script is
short, precise, and very well-written. It makes use of plot twists
and imagery that may look weird and confusing at first, but when the
final credits start rolling, you wonder how the director had a good
train of thought while writing this story. The film goes forwards and
backwards in time several times, and unlike what happens with a lot
of movies, “Following” doesn't leave you confused with this
aspect, it just leaves you more curious to know what happens after
each scene. For the devout fans of Christopher Nolan, “Following”
may seem a strange place to start a filmography, but those who like a
good story and like to put together movie scenes like a puzzle will
finish watching it with a smile on their faces, witnessing something
the director would only perfect as time went by.)
O elenco principal
desse filme é composto por apenas 4 pessoas, e todas elas trabalham
muito bem. O desenvolvimento do personagem do Jeremy Theobald é o
mais evidente de se ver, o ator trabalha muito bem transitando entre
uma natureza mais inocente e outra mais consciente. O Alex Haw
interpreta um vilão muito bem construído, que tem um nome bem
parecido com um outro personagem do diretor. A personagem da Lucy
Russell foi a que mais me impressionou no filme, porque ela começa
como uma mulher inocente, mas com o passar do filme, você só sabe
que tem alguma coisa a mais rolando com aquela personagem. E por fim,
temos o John Nolan, que é tio do diretor, que faz um bom trabalho
narrando o filme junto com o protagonista. É importante notar que
todos os atores desse filme são desconhecidos, o que dá um ponto a
mais para o diretor, por ser capaz de achar talentos não
consolidados, mas que trabalham muito bem com o que é dado a eles.
(The main cast in this
film is composed by only 4 actors, and all of them work really well.
The development of Jeremy Theobald's character is the most evident
one to see, he works really well with transitioning from a more naive
nature to a more conscious one. Alex Haw portrays a well-developed
villain, who shares his name with another character in a Nolan film.
Lucy Russell's character was the one that impressed me the most in
the film, as she starts off as an innocent woman, but as the film
moves forward, you just know that there's something else going on
with that character. And at last, we have John Nolan, the director's
uncle, who does a good job narrating the film along with the main
character. It's important to note that all the actors in this film
are not well-known, which only marks another score for the director,
for being able to find talents who aren't famous, but that work
really well with what's given to them.)
Agora, nos aspectos
técnicos, é onde Christopher Nolan brilha, de forma até
inesperada. Como o diretor de fotografia do filme, Nolan faz as
escolhas sábias de rodar o filme em preto e branco e em 16
milímetros, o que reflete e fortalece a crueza e o mistério do
enredo, pertencente ao gênero film noir, conhecido por contar
histórias dramáticas sobre crimes, o que combinou perfeitamente com
a proposta que “Following” quis trazer. Outro fato interessante
sobre a fotografia do filme é que, pelo fato do orçamento ser curto
demais, a iluminação foi completamente natural. Outro triunfo
técnico do diretor aqui é a montagem, que é significativamente
mais difícil de fazer com uma narrativa não-linear, mas Nolan
acerta em cheio na ordem que as cenas do filme são apresentadas ao
espectador, e as pequenas pausas entre uma cena e outra dão tempo
suficiente para o espectador ir organizando as cenas em uma ordem
linear e cronológica, o que é uma das melhores coisas sobre o
filme, esse ato de “montar” o roteiro como se fosse um
quebra-cabeça, algo que o diretor só iria melhorar com a prática
em seus próximos projetos. Eu achei a trilha sonora do David Julyan
bem interessante, foi algo bem parecido com os trabalhos do Angelo
Badalamenti para os filmes do David Lynch, em especial “Cidade dos
Sonhos”, que, assim como “Following”, é pertencente ao gênero
film noir.
(Now, in the technical
aspects, is where Christopher Nolan shines, in a surprisingly
unexpected way. As the film's cinematographer, Nolan makes the wise
choices of filming it in black-and-white and in 16mm, which reflects
and strengthens the rawness and the mystery of the script, which
belongs to the film noir genre, known for telling dramatic crime
stories, which fits perfectly with the proposition that “Following”
wanted to bring. Another interesting fact about the film's
cinematography is that, as the budget was too short, they used only
available lighting. Another technical triumph by the director here is
the editing, which is significantly harder to do with a non-linear
narrative, but Nolan knocks it out of the park in the order in which
the scenes are presented to the viewer, and the small pauses between
one scene and another give the viewer enough time to organize the
scenes in a linear and chronological order, which is one of the best
things about the film, this act of “putting” the script
“together” like a puzzle, something Nolan would only get better
at in his next projects. I found David Julyan's score to be quite
interesting, it reminded me a lot of Angelo Badalamenti's scores to
the works of David Lynch, especially “Mulholland Drive”, which,
as well as “Following”, belongs to the film noir genre.)
Resumindo, “Following”
é mais uma prova de que não é preciso de um orçamento gigantesco
e atores de primeira linha para contar uma boa história. Christopher
Nolan faz uso de um roteiro muito bem escrito, talentos bons não
consolidados, e aspectos técnicos que fazem de seu filme de estreia
um verdadeiro quebra-cabeça para os espectadores, e um presente para
os fãs devotos do diretor.
Nota: 9,5 de 10!
É isso, pessoal!
Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell,
“Following” is yet another proof that you don't need a gigantic
budget and A-list actors to tell a good story. Christopher Nolan
makes use of a very well-written script, good non-consolidated
talents, and technical aspects that make his directorial debut a real
puzzle for viewers to put together, and it's one hell of a treat for devout Nolan fans.
I give it a 9,5 out of
10!!
That's it, guys! I hope
you liked it! See you next time,
João Pedro)
Vocês podem assistir
ao filme completo legendado no vídeo abaixo:
(You can watch the full
movie with Portuguese subtitles in the video below:)
Sensacional!!!
ResponderExcluirMuito bacana! Parabéns!
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