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sábado, 24 de abril de 2021

"Falcão e o Soldado Invernal": uma abordagem básica, porém tematicamente relevante da fórmula da Marvel (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre a segunda série da Marvel Studios, feita exclusivamente para o Disney+! Fugindo da proposta única de “WandaVision”, a minissérie em questão repete a fórmula Marvel de contar histórias com sucesso, investindo em mais cenas de ação, mais desenvolvimento para seus personagens-título, e fazendo um aprofundamento surpreendente de temas relevantes para a atualidade. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Falcão e o Soldado Invernal”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about Marvel Studios's second TV show, made exclusively for Disney+! Running away from the unique proposal of “WandaVision”, the miniseries I'm about to analyze successfully repeats Marvel's storytelling formula, investing in more action scenes, more development for its title characters, and making a deeper approach on themes that are relevant for today's times. So, without further ado, let's talk about “The Falcon and the Winter Soldier”. Let's go!)



Ambientada após os eventos decisivos de “Vingadores: Ultimato”, a minissérie acompanha Sam Wilson/Falcão (Anthony Mackie) e Bucky Barnes/Soldado Invernal (Sebastian Stan), que se unem com o objetivo de impedir uma organização terrorista de supersoldados, conhecida como os Apátridas, de matar pessoas inocentes. Para isso, eles contarão com a ajuda de um aliado improvável no vilão Helmut Zemo (Daniel Brühl), e com Sharon Carter (Emily VanCamp), uma agente renegada da SHIELD, enquanto tentam agir fora do alcance de um novo Capitão América (Wyatt Russell).

(Set after the decisive events of “Avengers: Endgame”, the miniseries follows Sam Wilson/Falcon (Anthony Mackie) and Bucky Barnes/Winter Soldier (Sebastian Stan), who team up with the objective of preventing a terrorist organization of supersoldiers, known as the Flag-Smashers, from killing innocent people. To do that, they'll rely on the aid of an unlikely ally in villain Helmut Zemo (Daniel Brühl), and on Sharon Carter (Emily VanCamp), a renegade SHIELD agent, while they try to take action outside the range of a new Captain America (Wyatt Russell).)



Antes de começar a falar sobre a série em si, gostaria de falar um pouco sobre os planos originais da Disney de lançamento das séries da Marvel, e minhas expectativas para o projeto. Bem, originalmente, antes da pandemia acontecer, “Falcão e o Soldado Invernal” seria a primeira produção da Marvel lançada exclusivamente para o Disney+, e, comparando o estilo dessa série com o de “WandaVision”, essa estratégia faz bastante sentido. Principalmente pelo fato de “Falcão” ter um enredo e uma atmosfera com as quais já viemos a nos acostumar com obras do estúdio. Com o lançamento original em mente, poderia-se dizer que a Marvel só iria inovar em termos de originalidade, levando em conta “WandaVision” e “Loki”, que promete ser até mais original do que a série da Feiticeira Escarlate. Mas o COVID-19 aconteceu, as filmagens de “Falcão” foram paralisadas, e “WandaVision” ficou pronta antes. Eu, sinceramente, acho que essa estratégia atual foi meio falha, porque, considerando o escopo e a originalidade de “WandaVision”, a minissérie em questão seria um passo para trás, em termos de inovação na fórmula da Marvel, ao ser lançada depois. Com isso dito, minhas expectativas estavam altas para assistir “Falcão e o Soldado Invernal”. Não tão altas, como no nível de “WandaVision”, mas ainda assim, bem altas. Pelos trailers, dava pra ver que era uma proposta bem “pé-no-chão”, se comparado com a “viajada” da série anterior da Marvel, com muitas cenas de ação, e até uma vibe de espionagem e conflitos sociopolíticos, como em “Capitão América: O Soldado Invernal”. Eu realmente queria saber para onde estes dois personagens iriam, porque em todas as aparições que eles fizeram no Universo Cinematográfico da Marvel, eles só viviam na sombra do Capitão América de Steve Rogers. Então, para mim, essa série representaria a criação de uma identidade própria para estes personagens, fora da relação dos dois com o Capitão. E foi exatamente isso que aconteceu. Supervisionada pelo Malcolm Spellman, conhecido por roteirizar projetos sobre relações raciais nos EUA, “Falcão e o Soldado Invernal” faz um trabalho maravilhoso ao aprofundar no desenvolvimento de seus personagens título, ao mesmo tempo que lida com temas surpreendentemente relevantes para os dias de hoje. Acima de tudo, o roteiro se preocupa em criar uma identidade para o personagem do Falcão, que se mostra incerto quanto à decisão de assumir o manto de Capitão América, dado a ele no final de “Vingadores: Ultimato”. Dentro desta perspectiva, os roteiristas conseguem abordar com sucesso temas raciais que, até então, não eram tão presentes neste universo cinematográfico. A injustiça social, o racismo institucional, a incerteza do herói em respeito à possível reação da população ao se revelar como o Capitão América. Tudo isso é abordado na parte narrativa dedicada ao Falcão, que ganha um impacto extra graças à presença de um personagem surpresa, interpretado pelo Carl Lumbly. Há também uma comparação interessante a ser feita entre o personagem-título de Anthony Mackie e o John Walker de Wyatt Russell, em respeito ao modus operandi de cada um deles. Enquanto o Falcão, que antes de se tornar um Vingador, era um consultor para veteranos de guerra traumatizados, tenta resolver as coisas através do diálogo; Walker, membro condecorado do exército americano, resolve as coisas através da violência. Através dessa comparação, o espectador consegue entender o porquê de Steve Rogers ter escolhido o personagem-título para assumir o manto de Capitão América. Eu também gostei bastante da parte narrativa dedicada ao Soldado Invernal. Desde o desenvolvimento mais aprofundado dele em “Capitão América: Guerra Civil”, eu considero ele como um dos personagens que mais sofreram nesse Universo Cinematográfico, junto com Wanda Maximoff. Assim como em “WandaVision”, há um episódio em particular que aborda o trauma que assombra o personagem de uma forma mais direta, mas mesmo através dos pequenos fragmentos nos outros episódios, o espectador consegue ver que ele está tentando corrigir os erros que ele cometeu enquanto sofria lavagem cerebral como o Soldado Invernal. Eu, particularmente, gosto muito quando obras convencionais abordam um tema tão delicado como a saúde mental, e tanto “WandaVision” quanto “Falcão” fazem isso de maneira extremamente cativante. Uma coisa que também me impressionou bastante foi como os roteiristas abordaram os vilões da minissérie, os Apátridas. Olhando pelo ponto de vista do governo dos EUA, eles não passam de terroristas que querem desestabilizar a estrutura sociopolítica mundial. Mas há muitos momentos em que vemos tudo pelo ponto de vista dos próprios Apátridas, o que permite que possamos entender as motivações dessas pessoas em fazer o que elas fazem. E, especialmente através da personagem da Erin Kellyman, o roteiro nos faz simpatizar com eles. Eles são imigrantes, em sua maioria, que encontraram seus lares durante a janela temporal de 5 anos entre o estalar do Thanos e o ato final de “Vingadores: Ultimato”. Durante esse tempo, os Apátridas foram capazes de obter suprimentos e sustentar a si mesmos. Com a volta de 50% da população, essas pessoas foram retiradas de seus lares, e levadas a lugares com condições horríveis. Resumindo, o objetivo dos Apátridas é obter a igualdade social. E o roteiro, ao mesmo tempo que nos faz simpatizar com estas pessoas, nos choca ao ver o nível em que eles chegam para obter essa igualdade. Eu gostei do fato dos roteiristas manterem estes personagens em uma área cinza gigantesca, de modo que eles não são necessariamente vilões e têm boas motivações, mas a maneira que eles usam para lidar com os seus problemas beira ao extremo. Eu adorei o aprofundamento que os roteiristas fizeram em todos estes personagens, que está perfeitamente equilibrado com as cenas de ação presentes na série. Contando com 2 episódios escritos pelo roteirista de “John Wick”, “Falcão e o Soldado Invernal” compensa a quase completa falta de ação em “WandaVision” com sequências de luta de tirar o fôlego. O equilíbrio entre o frenesi da ação e a seriedade dos temas abordados é perfeito. O passo da história é muito bem calculado. Temos aqui 6 episódios de 50 minutos cada, e cada bloco de 2 episódios é uma representação quase exata de um dos três atos da trama. Eu realmente gostei do final, e do terreno que ele prepara. Não vou dar spoilers aqui, mas estou bem animado para o já confirmado quarto filme do Capitão América.

(Before I start talking about the show itself, I'd like to say a few words on Disney's original release plan for its Marvel shows, as well as my expectations towards it. Well, before the pandemic happened, “The Falcon and the Winter Soldier” was supposed to be the first Marvel production to be exclusively released on Disney+, and, if we compare the style of this show with that of “WandaVision”, this strategy makes a lot of sense. Mainly because “Falcon” has both a plot and an atmosphere that we've come to expect from something Marvel-like. With this original release plan in mind, it could be said that Marvel would only improve in terms of originality, considering “WandaVision” and “Loki”, which promises to be even more original than the Scarlet Witch-led show. But COVID-19 stepped in, the shooting for “Falcon” was paralyzed, and “WandaVision” finished up production first. I honestly think that this current strategy was kind of flawed, because, considering the scope and originality of “WandaVision”, the miniseries analyzed here would be a step back, in terms of innovation in Marvel's storytelling formula, as it was released afterwards. With that said, I had high expectations to watch “The Falcon and the Winter Soldier”. Not as “WandaVision” high, but still. From the trailers and promotional material, it seemed like a more grounded approach, if compared to the previous show's trippy vibe, with action scenes aplenty, and even a espionage, sociopolitical conflicts vibe, like in “Captain America: The Winter Soldier”. I really wanted to know where were these two characters going, because in every appearance they made in the Marvel Cinematic Universe, they only lived in the shadow of Steve Rogers's Captain America. So, for me, this show would represent the creation of a proper identity for both these characters, regardless of their relationship with Cap. And that was exactly what happened. Led by Malcolm Spellman, who's known for writing works about race relations in America, “The Falcon and the Winter Soldier” does a wonderful job in taking its title characters' development on a deeper level, at the same time it deals with surprisingly relevant themes for today's times. Above everything, the screenplay concerns itself on creating an identity for the Falcon, who feels uncertain about taking on the mantle for Captain America, which was given to him in the ending for “Avengers: Endgame”. Inside that perspective, the screenwriters manage to explore racial themes that, until then, weren't as present in this cinematic universe. Social injustice, institutional racism, the hero's uncertainty about the public's reaction to his reveal as Captain America. All of that is dealt with in the narrative part dedicated to the Falcon, which gains an extra impact thanks to the presence of a surprise character, portrayed by Carl Lumbly. There's also an interesting comparison to be made between Anthony Mackie's title character and Wyatt Russell's John Walker, regarding the modus operandi used by each of them. While Falcon, who was a trauma counselor for war veterans before he became an Avenger, tries to sort things out through dialogue; Walker, a decorated member of the U.S. Army, finds a solution through violent conflict. Through this comparison, the viewer is able to understand why Steve Rogers chose the title character to take on the mantle for Captain America. I also really enjoyed the narrative part dedicated to the Winter Soldier. Ever since his further development in “Captain America: Civil War”, I consider him to be one of the characters who suffered the most in this cinematic universe, along with Wanda Maximoff. As it happens in “WandaVision”, there's a particular episode that deals directly with the trauma that haunts the character, but even through the small moments sprinkled in each episode, the viewer is able to see that he's trying to right the wrongs he caused while being brainwashed as the Winter Soldier. I, particularly, really enjoy when conventional works of fiction deal with such a delicate theme as mental health, and both “WandaVision” and “Falcon” do that in an extremely captivating way. One thing that also really impressed me was the screenwriters' approach to the miniseries's villains, the Flag-Smashers. Looking through the perspective of the US government, they're nothing but terrorists who wish to destabilize the world's sociopolitical structure. But there are several moments where we see everything through their point of view, which allows us to understand their motivations for why they do what they do. And, especially through Erin Kellyman's character, the screenplay makes us sympathize with them. They're (mostly) immigrants, who have found their home in the 5-year gap between Thanos's snap and the final act of “Avengers: Endgame”. During that time, they were able to find supplies and sustain themselves. With the return of 50% of the population, these people were taken from their homes, and put inside places with horrible conditions. To sum it up, the goal of the Flag-Smashers is to obtain social equality. And the screenplay, at the same time it makes us sympathize with them, also shocks us because of their means to obtain that goal. I liked how the screenwriters put these characters inside a gigantic grey area, in a way that they aren't necessarily villains and have good motivations, but the means they use to deal with their problems reach an extreme level. I loved the depth the screenwriters showed with these characters, which is perfectly balanced with the action scenes in the show. With 2 episodes written by the guy that wrote “John Wick”, “The Falcon and the Winter Soldier” compensates the almost complete lack of action in “WandaVision” with breathtaking fight sequences. The balance between the action's fast pace and the themes' seriousness is perfect. The story's pacing is very well calculated. We have here 6 50-minute episodes, and every 2-episode block is an almost exact representation of each of the story's three acts. I really enjoyed the ending, and the ground it sets up. I won't spoil anything here, but I'm really excited for the already-confirmed fourth Captain America movie.)



Assim como em “WandaVision”, alguns personagens do Universo Cinematográfico da Marvel retornam, ao mesmo tempo que novas faces são introduzidas. Ao contrário das outras aparições do Falcão, eu gostei muito da performance do Anthony Mackie aqui, especialmente porque essa série é a história do personagem dele, principalmente. Podemos ver um pouco da vida pessoal dele, e de um pouco de seus antecedentes, o que permite que o espectador crie uma conexão emocional mais profunda com ele. Uma vantagem das séries do Disney+ é que elas permitem que os atores tenham mais capacidade de expandir suas habilidades de atuação. Isso aconteceu com a Elizabeth Olsen e com o Paul Bettany em “WandaVision”, e acontece o mesmo aqui com os dois protagonistas. No caso de Mackie, há um discurso que o personagem dele faz no último episódio que pode até ser interpretado como um depoimento do próprio ator, em relação à reação do público à passagem do escudo de Capitão América em “Vingadores: Ultimato”. Esse momento foi absolutamente sensacional. Mackie também tem uma química cativante com a Adepero Oduye, que interpreta a irmã de seu personagem, que serve como uma espécie de exposição para a história do Falcão. Pode-se dizer que a atuação do Sebastian Stan nessa minissérie é o retrato com mais nuances do Soldado Invernal desde “Guerra Civil”. Ele consegue ser engraçado para descontrair um pouco, mas não tem medo de entrar em um território mais sério. Há uma cena no quarto episódio que é muito impactante e triste, levando em conta os antecedentes do personagem, sendo o equivalente emocional à uma cena crucial na reta final de “WandaVision”. E é claro, assim como em todas as aparições dos dois em tela, a química entre Mackie e Stan tem carisma de sobra. Desde “Guerra Civil”, o Falcão e o Soldado Invernal têm uma relação de amor e ódio hilária, roubando algumas das melhores cenas do longa. E essa relação é levada a outro nível aqui. Mesmo que ainda tenha alguns momentos engraçados, os roteiristas aproveitam para mergulhar os personagens em discussões sobre luto, perda, trauma, e as lembranças do amigo que eles tinham em comum. Eu amei o personagem do Wyatt Russell, especialmente pelo fato dele ser tão fisicamente parecido com o Chris Evans, mas ainda assim sendo o oposto moral do Capitão América de Steve Rogers. Há uma cena em particular no quarto episódio envolvendo o personagem de Russell que faz um paralelo chocante com os tempos atuais nos EUA. O Barão Zemo de Daniel Brühl é um dos meus vilões favoritos da Marvel, principalmente por ele ter sido um dos únicos que realmente alcançaram seu objetivo na trama. Então, quando soube que ele estava de volta, fiquei bastante animado. Brühl rouba literalmente toda cena em que ele aparece, seja falando sobre álbuns de hip-hop ou dançando em uma boate. Eu realmente espero que ele apareça em projetos futuros da Marvel. A Emily VanCamp entrega uma vibe totalmente diferente de sua personagem, mas que funciona tão bem quanto. Ela protagoniza uma das melhores cenas de ação da série, e promete ser uma personagem central no vindouro quarto filme do Capitão América. E, por último, temos a Erin Kellyman, que interpreta a líder dos Apátridas. Ela consegue equilibrar perfeitamente a força física e a brutalidade de sua personagem com a sensibilidade e o peso de quem já passou por muita coisa. É muito interessante ver as atitudes da personagem dela se tornando cada vez mais intensas e extremas a cada episódio. Já em um papel mais coadjuvante, mas que domina toda cena em que ele está presente, temos o Carl Lumbly, cujo personagem abre os olhos do Falcão para a realidade em que eles se encontram. Há pelo menos duas cenas envolvendo os dois personagens que eu considero como algumas das melhores da série. Eu veria tranquilamente um projeto solo do personagem de Lumbly no estilo de “Watchmen”. E, por fim, fazendo aparições competentes que desenvolvem os personagens mais centrais, temos performances de Danny Ramirez, Don Cheadle, Florence Kasumba (que protagoniza a melhor cena de ação da série), Clé Bennett e Julia Louis-Dreyfus.

(Just like in “WandaVision”, some characters from the Marvel Cinematic Universe make their return, at the same time as new faces are introduced. Unlike other Falcon appearances, I really liked Anthony Mackie's performance here, especially because this show is mainly his character's story. We're able to see more of his personal life, and a little more about the character's past history before he became an Avenger, and those moments allow us to create a deeper emotional connection with him. One advantage that Disney+ shows have is that they allow the actors to have a larger capacity to expand their acting abilities. That happened with Elizabeth Olsen and Paul Bettany in “WandaVision”, and the same happens here with the two main characters. In Mackie's case, there's a speech his character makes in the last episode that could be interpreted as a statement by the actor himself, regarding the audience's reaction to the passing of the Captain America shield in “Endgame”. That moment was absolutely amazing. Mackie also has a captivating chemistry with Adepero Oduye, who plays his character's sister, who serves as a kind of exposition for the Falcon's backstory. It can be said that Sebastian Stan's performance here is the most nuanced portrayal of the Winter Soldier since “Civil War”. He manages to be funny to loosen things up a bit, but isn't afraid to delve into deeper territory. There's a particular scene in the fourth episode that is really impactful and sad, considering the character's backstory, being the emotional equivalent to one crucial scene in the final episodes of “WandaVision”. And of course, as it happened with every film they've been in together, Mackie and Stan's chemistry overflows with charisma. Since “Civil War”, the Falcon and the Winter Soldier have a hilarious love-hate relationship, stealing some of the film's best scenes. And here, they take this relationship to another level. Even if they do have some funny moments, the screenwriters take a chance to take these characters on discussions about grief, loss, trauma, and memories from their friend in common. I loved Wyatt Russell's character, mainly because he's so physically similar to Chris Evans, but still his character is the moral opposite to Steve Rogers. There's a particular scene in the fourth episode that makes a shocking parallel connection with America today. Daniel Brühl's Baron Zemo is one of my favorite Marvel villains, especially because he's one of the only villains who actually reached their goal in the plot. So, when I knew he was back, I got really excited. Brühl literally steals every scene he's in, whether if he's talking about hip-hop albums or dancing in a nightclub. I really hope he shows up in future Marvel projects. Emily VanCamp delivers a completely different vibe from her character, but it works in an equally efficient way. She's a main figure in one of the show's best action scenes, and promises to be a central character in the upcoming fourth Cap movie. And, at last, we have Erin Kellyman, who portrays the leader of the Flag-Smashers. She manages to balance her character's physical strength and brutality with the sensibility and burden of someone who's been through a lot perfectly. It's really interesting to see her character's attitudes get more intense at each episode. In a more supporting role, but that steals every scene he's in, we have Carl Lumbly, whose character opens up Falcon's eyes to the reality they're living in. There are at least two scenes involving their characters that I consider to be some of the series's best. I'd gladly watch a solo project starring Lumbly's character in a “Watchmen” vibe. And, lastly, making competent appearances that develop the more central characters, we have performances by Danny Ramirez, Don Cheadle, Florence Kasumba (who's a central figure in the best action scene in the show), Clé Bennett and Julia Louis-Dreyfus.)



Em respeito aos aspectos técnicos, tudo aqui cumpre os mesmos pré-requisitos de qualquer projeto que seguisse a fórmula básica da Marvel, ou seja, tecnicamente, “Falcão e o Soldado Invernal” é uma série impecável. A direção de fotografia do P.J. Dillon é muito dinâmica, especialmente durante as cenas de ação, que são bem frenéticas. É uma série muito bem montada, com a edição em si ajudando bastante na composição de algumas das sequências mais bem elaboradas da trama, ocultando partes mais explícitas, mas acompanhando toda a ação de perto. A trilha sonora do Henry Jackman consegue evocar aquela aura épica das faixas que o Alan Silvestri fez para “Vingadores: Guerra Infinita” e “Ultimato”, e do seu próprio trabalho para “Capitão América: O Soldado Invernal” e “Guerra Civil”. Eu gostei do esforço que as equipes de efeitos visuais fizeram para fazer com que as lutas pareçam legítimas e fincadas na realidade. Há pouco uso realmente visível de CGI aqui, já que nenhum desses personagens tem um superpoder mágico ou místico. São sequências baseadas primeiramente em força física bruta, o que leva a equipe a lidar com vários efeitos práticos, o que me agradou bastante. Falando em lutas, há aqui uma coreografia física muito bem elaborada nas cenas de ação, que me fez lembrar bastante de filmes como “John Wick” e “Atômica”.

(Regarding the technical aspects, everything here fulfills the same requirements we've come to expect from any project that follows Marvel's basic formula of storytelling, meaning that, technically, “The Falcon and the Winter Soldier” is a flawless show. P.J. Dillon's cinematography is very dynamic, especially during the action scenes, which are really fast-paced. It's a show that is really well put together, with the editing itself helping a lot in composing some of the most elaborate sequences in the plot, occulting more explicit parts, but following the action up close. Henry Jackman's score manages to evoke that epic aura from the tracks Alan Silvestri made for “Avengers: Infinity War” and “Endgame”, and from his own work for “Captain America: The Winter Soldier” and “Civil War”. I enjoyed the effort that the visual effects teams made to make the fights seem legit and grounded in reality. There's a really small visible use of CGI here, as none of these characters has a magical or mystical superpower. These are sequences based primarily in brute physical force, which leads the team into dealing with several practical effects, which pleased me a lot. Speaking of fights, there's also a very well elaborate physical coreography in the action scenes, which reminded me a lot of films like “John Wick” and “Atomic Blonde”.)



Resumindo, “Falcão e o Soldado Invernal” faz uma abordagem “de volta ao básico” após a originalidade de “WandaVision”, mas a equipe de roteiristas liderada por Malcolm Spellman consegue aprofundar o desenvolvimento de seus dois personagens-título, ao mesmo tempo que lida com temas surpreendentemente relevantes que, até então, não eram tão presentes no Universo Cinematográfico da Marvel. A minissérie conta com as melhores performances de seus dois protagonistas, um elenco principal e secundário extremamente competente, e aspectos técnicos que conseguem fincar as várias cenas de ação nos limites da realidade. Mal posso esperar pra ver o que Spellman tem guardado para nós no quarto filme do Capitão América!

Nota: 9,5 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, “The Falcon and the Winter Soldier” makes a back to basics approach after the originality displayed in “WandaVision”, but the writers' team led by Malcolm Spellman manages to deepen the development of its two title characters, at the same time they deal with surprisingly relevant themes that, until then, weren't as present in the Marvel Cinematic Universe. The miniseries has the finest portrayals of its two protagonist, an extremely competent central and secondary cast, and technical aspects that manage to ground its various action scenes into the boundaries of reality. I can't wait to see what Spellman has in store for us in the fourth Captain America movie!

I give it a 9,5 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)

sábado, 17 de abril de 2021

"Amor e Monstros": uma comédia pós-apocalíptica com um coração pulsante (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre um dos lançamentos mais recentes no catálogo original da Netflix! Munido de uma performance altamente carismática de seu protagonista, o filme em questão é uma comédia pós-apocalíptica com um coração pulsante, que, se analisada mais a fundo, revela paralelos realmente surpreendentes com o período em que vivemos hoje. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Amor e Monstros”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about one of the most recent releases in Netflix's original catalog (or VOD, if you live in the US)! Armed with a highly charismatic performance by its protagonist, the film I'm about to analyze is a post-apocalyptic comedy with a beating heart, which, if analyzed on a deeper level, reveals really surprising parallels with the period we're living in today. So, without further ado, let's talk about “Love and Monsters”. Let's go!)



Ambientado sete anos após o surgimento de monstros apocalípticos a partir de uma emissão acidental de compostos químicos, o filme segue Joel (Dylan O'Brien), um jovem azarado e levemente covarde que se encontra deslocado no bunker subterrâneo onde vive. Quando ele descobre que sua namorada, Aimee (Jessica Henwick), está em uma colônia à 135km de distância, Joel pega os suprimentos necessários e embarca em uma jornada perigosa de sete dias para reencontrar seu amor.

(Set seven years after the rising of apocalyptic monsters from an accidental emission by chemical compounds, the film follows Joel (Dylan O'Brien), an unlucky, slightly cowardly young man who finds himself out of place in the underground bunker where he lives in. When he finds out that his girlfriend, Aimee (Jessica Henwick), is in a colony that's 85 miles away, Joel takes all the necessary supplies and embarks on a dangerous seven-day journey in order to reunite with his high-school sweetheart.)



Eu já tinha assistido à “Amor e Monstros” quando foi originalmente lançado nos EUA em 2020, mas decidi fazer a resenha agora pelo fato de ter sido lançado para um público maior (literalmente todo outro país além dos EUA) através da Netflix. Eu lembro ter gostado bastante. É uma comédia muito agradável e aconchegante, que tem como sua maior força a performance do Dylan O'Brien, mas que não tem medo de abordar temas sérios. Mas quando assisti ao filme novamente ontem com meu pai, uma gama enorme de possibilidades e aspectos que eu não tinha percebido na primeira vez se abriu para mim. Com isso dito, vamos falar do roteiro. Escrito por Brian Duffield, responsável pelo roteiro de “A Babá” e por escrever e dirigir o maravilhoso “Spontaneous” (ainda inédito no Brasil), e Matthew Robinson, o enredo de “Amor e Monstros” já tem um ponto positivo nos primeiros minutos de projeção. Contendo uma narração do protagonista, que explica como o mundo foi parar na situação onde os personagens se encontram, os roteiristas acertam por apostarem em uma alternativa realmente plausível como a razão de tudo “ir pro brejo”. Essa razão acaba por dar uma profundidade inesperada para o texto, mas abordarei esses aspectos mais para a frente. Falando de aspectos mais “superficiais”, é um filme levemente descompromissado, e funciona por causa disso. Se eu fosse comparar com outras obras, “Amor e Monstros” seria “Cidades de Papel”, adicionando o senso de humor de “Zumbilândia” e a ambientação de “The Last of Us”. Uma das principais razões do funcionamento do roteiro é o desenvolvimento do seu protagonista, que encaixa perfeitamente no arquétipo do “pateta adorável”, normalmente encontrado em filmes do tipo. O percurso do Joel ao longo da história segue de forma bem fiel o conceito de jornada do herói, estabelecido por Joseph Campbell e Christopher Vogler, onde um protagonista com o qual o público se identifica aprende, através de provações e “empurrãozinhos”, a enfrentar seus medos e ajudar as pessoas próximas a ele, de acordo com todo o conhecimento obtido ao longo da jornada. Por seguir essa estrutura bem básica, o filme funciona de forma eficiente como puro entretenimento. É um filme engraçado, com piadas recorrentes, personagens cativantes, e cenas de ação muito bem elaboradas. Há um uso constante de narrações em voice-over, feito pelo protagonista, com o objetivo de inteirar o espectador sobre o que está passando pela cabeça dele naquele momento. Mas, além dos monstros, da jornada do herói e do carisma dos personagens, há um aspecto que realmente me impressionou no roteiro, me pegando até de surpresa. Mesmo tendo um ar mais leve e frenético por causa do entretenimento que o filme propõe, “Amor e Monstros” faz um uso perfeitamente estratégico de flashbacks, para lentamente permitir que o espectador saiba de toda a história nos momentos certos. Com isso, somos apresentados à uma nova camada do roteiro, que sempre estava lá desde o início. Assim como várias obras ambientadas em um cenário pós-apocalíptico, é uma história sobre perda, luto, sobrevivência, e o roteiro não tem medo de aprofundar nesses temas, adicionando uma carga emocional necessária para o enredo. Esse aprofundamento temático permite que nós, como espectadores, possamos nos aproximar mais dos personagens, que passaram pelas mesmas coisas que nós iremos passar um dia. Há algo que eu sempre espero quando vou ver um filme ambientado em um cenário pós-apocalíptico ou distópico: ao longo da trama, há sempre um momento onde o roteiro aperta o freio no percurso narrativo e investe em uma sequência mais contemplativa, para que o espectador, assim como o próprio protagonista, aprecie a beleza escondida daquela ambientação que, até aquele ponto, só se mostrava como altamente perigosa. E o roteiro de “Amor e Monstros” acerta em cheio nesse momento, que é um dos mais cativantes do filme. Além dos temas abordados e da beleza da ambientação, existe aqui uma metáfora brilhante que faz um paralelo surpreendente com o período em que vivemos atualmente. (Obrigado, papai, por ter esclarecido isso para mim.) Vamos olhar pelo enredo em geral: um cara vive trancado (e aparentemente seguro) em um bunker subterrâneo, para se proteger de monstros. Mas não demora muito para ele perceber que, mesmo em um abrigo, ele está exposto à essas criaturas, talvez tão exposto quanto ele estaria lá fora. Motivado pela vontade de reencontrar uma pessoa que ele não via há muito tempo, ele sai do abrigo, disposto a evitar e lutar contra todos os monstros para finalmente chegar ao seu destino. Ao estar lá fora, ele percebe que o exterior não era tão perigoso como faziam ele parecer, e que era possível sobreviver naquele ambiente, se todos os protocolos e regras fossem seguidos. Parece familiar? Olhando por esse lado, “Amor e Monstros” foi um filme que chegou na hora certa, e que faz um paralelo bem melhor com o período em que estamos vivendo através da metáfora dos monstros, ao contrário de outras obras que abordaram a pandemia do COVID-19 de uma forma mais direta. Resumindo, o roteiro de “Amor e Monstros” funciona perfeitamente como uma fonte de puro entretenimento, mas encontra suas maiores forças em uma profundidade temática impressionante e em um paralelo brilhante com a época em que vivemos atualmente.

(I had already watched “Love and Monsters” when it was originally released in the US in 2020, but I've decided to write the review now, as it is available for a much wider audience (literally every other country) through Netflix. I remember enjoying it a lot. It's a very crowd-pleasing, cozy comedy, which has Dylan O'Brien's performance as its biggest strength, but that also doesn't flinch when dealing with more serious themes. But when I watched the film again yesterday with my father, a whole new array of possibilities and narrative aspects I didn't notice the first time around opened itself for me. With that out of our way, let's talk about the screenplay. Written by Brian Duffield, who's responsible for Netflix's “The Babysitter” and for writing and directing the wonderful “Spontaneous”, and Matthew Robinson, the plot of “Love and Monsters” already has a positive point in its first minutes. Containing a voice-over narration by the protagonist, who explains how the world ended up in the situation the characters find themselves in, the screenwriters already have the upper hand for coming up with an actually plausible alternative as the reason why everything went wrong. This reason ends up giving the text an unexpected amount of depth, but I'll deal with these aspects later on. Talking about more “superficial” aspects, it's a slightly uncompromised film, which works because of its apparent lack of compromise. If I were to compare it to other similar works, “Love and Monsters” would be “Paper Towns”, adding the sense of humor from “Zombieland” and the setting for “The Last of Us”. One of the main reasons why the screenplay works is the development of its main character, who perfectly fits the “adorable goofball” archetype, which is common in films with the same vibe. Joel's journey throughout the plot faithfully follows the concept of the hero's journey, established by Joseph Campbell and Christopher Vogler, where a relatable main character learns, through several trials and “little pushes” by other people, to face their fears and help those who are close to them, according to all the knowledge obtained throughout the journey. Because it follows this very basic structure, the film efficiently works as pure entertainment. It's a funny film, with recurring gags, captivating characters and well-elaborate action scenes. There's a constant use of voice-over narrations, made by the protagonist, with the objective of keeping the viewer up to date with what's happening inside his head at the moment. But, besides the monsters, the hero's journey and the charismatic characters, there's an aspect that really impressed me about the screenplay, and even caught me by surprise. Even though it has a slightly light and fast-paced tone because of the entertainment it offers, “Love and Monsters” makes a perfectly strategic use of flashbacks, in order to slowly allow the viewer to see the entire picture at the right moments. With that, we are introduced to a whole new layer of the plot, which was already there the entire time. As it happens with several other works of fiction set in post-apocalyptic scenarios, it's a story about grief, loss, survival, and the screenplay isn't afraid to deal with these themes on a deeper level, adding a necessary amount of emotional weight to the plot. This thematic depth allows us, as viewers, to get closer to these characters, who went through the same things we will, one day. There's something I've always come to expect when I watch a film set in a post-apocalyptic or dystopian scenario: throughout the plot, there's always one moment in which the screenplay pulls its narrative forces to a full stop, and invests in a more contemplative sequence, in order for the viewer, as well as the protagonist, to enjoy the hidden beauty in that setting which, until that point, only showed itself as highly dangerous. And the screenplay for “Love and Monsters” nails it in that scene, which is one of the film's best. Besides the themes it deals with and the beauty of its setting, there's a brilliant metaphor here that makes a surprising parallel comparison with the time we're currently living in. (Thanks, Dad, for clarifying that to me.) Let's look at the general plot: a guy lives locked up (and apparently safe) in an underground bunker, to protect himself from monsters. It doesn't take long for him to realize that, even in a shelter, he's still exposed to these creatures, maybe as exposed as he would be out there. Motivated by the will to reunite with someone he doesn't see in a long time, he comes out of the shelter, willing to fight and avoid the monsters in order to reach his final destination. By being outside, he ends realizing that the outer world isn't as dangerous as everyone else made it look like, and that it is highly possible to survive outside, if all the rules and protocols are followed. Sounds familiar? Looking through that lens, “Love and Monsters” was a film that arrived at the right time, and that makes a much better connection with the time we're currently living in through the monster metaphor, unlike other works of fiction that dealt with the COVID-19 pandemic in a more straightforward manner. To sum it up, the screenplay for “Love and Monsters” works perfectly as a source of pure entertainment, but it finds its biggest strengths in an impressive thematic depth and in a brilliant parallel connection with the time we're currently living in.)



Grande parte do combustível que faz “Amor e Monstros” funcionar vem do carisma do elenco, que faz um trabalho excelente com o texto, injetando uma vida e personalidade diferenciadas de obras que seguem o mesmo rumo. A primeira menção, claramente, fica com o Dylan O'Brien. Ele interpreta aqui uma mistura entre o Q de “Cidades de Papel” e o Columbus de “Zumbilândia”. Para falar a verdade, quase todo personagem “principal” nesse filme segue um dos quatro arquétipos dos protagonistas de “Zumbilândia”, mas vou falar disso mais tarde. É impossível não sentir simpatia pelo personagem de O'Brien, ele é um daqueles protagonistas que conquista o espectador nos primeiros momentos em tela, especialmente por causa da personalidade dele. Assim como o Columbus, o protagonista de “Amor e Monstros” se direciona ao público através de narrações em voice-over, as quais são descontraídas e eficientes. O personagem de O'Brien tem uma química incrível com um cachorro, uma dinâmica que me lembrou muito de “Eu Sou A Lenda”, que é muito cativante. A personagem da Jessica Henwick, de modo similar, é uma mistura entre a Margo de “Cidades de Papel” e a Wichita de “Zumbilândia”, ou seja, ela é forte e independente, ao mesmo tempo que aparece muito pouco em tela, e mesmo assim, a atriz consegue exalar uma aura de mistério e importância, que acaba motivando o protagonista em seguir em frente com sua jornada. Os personagens do Michael Rooker e da Ariana Greenblatt são, de longe, os melhores do filme. Seguindo os mesmos passos de Tallahassee e Little Rock de “Zumbilândia”, os dois roubam todas as cenas em que aparecem, ao mesmo tempo que fazem boas adições à carga emocional do roteiro. O personagem do Dan Ewing me lembrou muito dos irmãos Hemsworth (Chris, Luke e Liam), principalmente pelo fato que os quatro são australianos. Ele me deixou pensando se um dos três irmãos teria um desempenho melhor no papel. Interpretando papéis mais secundários, temos aparições competentes de Ellen Hollman, Tre Hale, Pacharo Mzembe, Senie Priti, Amali Golden, Te Kohe Tuhaka, Tasneem Roc, Thomas Campbell e Melanie Zanetti, com esta última interpretando a voz de uma das melhores personagens do filme. Eu gostei tanto dos personagens desse filme que adoraria ver uma sequência ou um spin-off ambientado no mesmo universo fictício. E considerando que o filme terá uma maior visibilidade na Netflix, não desconsideraria uma possível franquia baseada em “Amor e Monstros”.

(A great part of the fuel that keeps “Love and Monsters” running comes from the charisma of the cast, which does a terrific job with the text, injecting life and personality into these characters in order to make the film different from other similar works of fiction. The first mention, clearly, goes to Dylan O'Brien. He plays here a mix between Q from “Paper Towns” and Columbus from “Zombieland”. To tell the truth, almost every “main” character in this movie follows one of the archetypes from the four protagonists of “Zombieland”, but more about that later on. It's impossible not to feel sympathy for O'Brien's character, he's one of those main characters who catch the viewer's attention from their first moments onscreen, mainly because of his personality. Just like Columbus, the protagonist of “Love and Monsters” addresses the audience through voice-over narrations, which are uncompromised yet efficient. O'Brien's character has an amazing chemistry with a dog, a dynamic that reminded me a lot of “I Am Legend”, which is really captivating. Jessica Henwick's character, likewise, is a mix between Margo from “Paper Towns” and Wichita from “Zombieland”, meaning that she's strong and independent, at the same time she appears for a short amount of screen time, and even so, the actress manages to exhale an aura of mystery and importance, which ends up motivating the main character towards continuing his journey. Michael Rooker and Ariana Greenblatt's characters are, by far, the best ones in the film. Following in the same footsteps as Tallahassee and Little Rock from “Zombieland”, the duo steals every scene they're in, at the same time they make good additions to the screenplay's emotional weight. Dan Ewing's character reminded me a lot of the Hemsworth brothers (Chris, Luke and Liam), mainly because of the fact all four of them are Australians. He made me wonder if one of the three brothers would play the role a little more convincingly. In more secondary parts, we have competent performances by Ellen Hollman, Tre Hale, Pacharo Mzembe, Senie Priti, Amali Golden, Te Kohe Tuhaka, Tasneem Roc, Thomas Campbell and Melanie Zanetti, with the latter also lending her voice to one of the film's best characters. I liked all of the film's characters so much, that I wouldn't mind seeing them again in a sequel or a spin-off set in the same fictional universe. And considering that the film will have a bigger visibility on Netflix, I wouldn't rule out a possible franchise based off “Love and Monsters”.)



Contando com um orçamento de apenas US$30 milhões, o que é uma pechincha, se comparado aos blockbusters da Marvel, fiquei impressionado com a sofisticação dos aspectos técnicos de “Amor e Monstros”. Grande parte disso deve vir do envolvimento do Shawn Levy, responsável por filmes como “Uma Noite no Museu”, “Gigantes de Aço” e séries como “Stranger Things”. Ele sabe como fazer um conceito ser visualmente agradável, e consegue adicionar um certo frenesi à uma proposta narrativa que pode ser enfadonha. A direção de fotografia do Lachlan Milne, conhecido pelo seu trabalho em “Minari” e na terceira temporada de “Stranger Things”, encontra seus melhores momentos ao focar no ambiente que cerca os personagens, que é inegavelmente lindo. É um trabalho bem dinâmico em cenas com um passo mais apressado, mas também consegue ser mais contemplativo em sequências mais lentas. A direção de arte faz um trabalho extremamente criativo no design dos monstros. Certas criaturas são desenhadas com o propósito de serem assustadoras, já outras possuem o aspecto “fofura” de alguns personagens monstruosos recentes, como os trolls de “Caçadores de Trolls”. A trilha sonora original do Marco Beltrami e do Marcus Trumpp segue as mesmas batidas de filmes como “Zumbilândia”, investindo em sons que expressam uma maior intensidade nas cenas de ação. Os efeitos visuais indicados ao Oscar são maravilhosos, adicionando uma textura quase realista para os monstros titulares, e trazendo um tom realmente vistoso e agradável para um ambiente que, na teoria, seria tudo menos isso.

(Relying on a budget of only US$30 million, which is a real bargain, if you compare it to Marvel-level blockbusters, I was impressed with how sophisticated the technical aspects for “Love and Monsters” are. A great part of that must come from Shawn Levy's involvement, who's best known for his work in films like “Night at the Museum”, “Real Steel” and TV shows like “Stranger Things”. He knows how to make a concept something visually appealing, and manages to add a fast pace to a likely tiresome narrative proposal. The cinematography by Lachlan Milne, known for his work in “Minari” and in season 3 of “Stranger Things”, finds its best moments when focusing in the environment that surrounds the characters, which is undeniably beautiful. It's a pretty dynamic work in scenes with a faster pace, but it also manages to be more contemplative in scenes that are slower-paced. The art direction does an extremely creative job when designing the monsters. Some creatures are drawn with the main objective of being scary, yet others have the “cute” aspect of some recent monstruous characters, such as the trolls from “Trollhunters”. Marco Beltrami and Marcus Trumpp's original score follows the same beats as in films such as “Zombieland”, investing in sounds that express a larger intensity in the action scenes. The Oscar-nominated visual effects are marvelous, adding an almost-realistic texture to the titular monsters, and bringing a really sumptuous, pleasant tone to an environment that, theoretically, would be anything but that.)



Resumindo, “Amor e Monstros” é uma comédia pós-apocalíptica com um coração pulsante. Funcionando como puro entretenimento, mas também abrindo portas para interpretações brilhantes, o filme encontra suas maiores forças na profundidade temática e no teor metafórico da história, além de contar com um elenco mega carismático e aspectos técnicos extremamente sofisticados. Realmente espero que a Netflix e a Paramount se reúnam pra transformar esse filme em uma franquia!

Nota: 9,5 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, “Love and Monsters” is a post-apocalyptic comedy with a beating heart. Working as a source of pure entertainment, but also opening doors for brilliant interpretations, the film finds its biggest strengths in the story's thematic depth and metaphorical tone, and it also relies on a cast that overflows with charisma and highly sophisticated technical aspects. I really hope that Netflix and Paramount consider turning this film into a full-fledged franchise!

I give it a 9,5 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)


sábado, 10 de abril de 2021

Oscar 2021: Os indicados a Melhor Filme, ranqueados (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para trazer para vocês o meu ranking anual dos indicados ao Oscar de Melhor Filme! Desde 2018, marcado como o primeiro ano em que consegui assistir a todos os indicados à categoria principal da premiação mais importante do mercado cinematográfico, estive fazendo estes rankings, e este ano, temos um diferencial significativo, já que todos os filmes indicados têm sua própria resenha no blog! Então, sem mais delongas, vamos falar sobre os indicados a Melhor Filme no Oscar 2021! Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to bring you my annual ranking of the nominees for the Oscar for Best Picture! Since 2018, marked as the first year I've managed to watch every nominee to the main category in the most important award ceremony for the filmmaking market, I've been writing these rankings, and this year, we have a significant turning point, as every film nominated has its own review right here, in the blog! So, without further ado, let's talk about the nominees for Best Picture at the 93rd Academy Awards! Let's go!)



Bom, para começo de conversa, na minha opinião, todos os filmes indicados este ano são, no mínimo, bons. Não há nenhum que eu completamente descartaria aqui. O grande destaque nessa edição em particular é que a grande maioria dos indicados foi lançada em serviços de streaming nos EUA, como “Nomadland” (Hulu) e “Judas e o Messias Negro” (HBO Max), juntamente com os filmes já originais de serviços como Netflix e Amazon Prime Video. No geral, acho que foi uma categoria bem justa. Há algo pra todo mundo aqui. E, como cada filme indicado tem sua própria resenha no blog, deixarei o link abaixo de cada comentário que fizer. Claro, houveram grandes filmes esse ano que nem foram indicados à categoria principal. Então, após o ranking propriamente dito, farei uma seção de filmes que deveriam ter sido indicados, com o objetivo de preencher a cota máxima de 10 longas-metragens concorrendo à categoria de Melhor Filme. Então, vamos começar!

(Well, for starters, in my opinion, all the nominated films this year are, at least, good. There isn't any film here I'd completely discard. The big highlight in this particular edition is that the great majority of the nominees was released in streaming services in the US, such as “Nomadland” (Hulu) and “Judas and the Black Messiah” (HBO Max), along with the original programming films from services such as Netflix and Amazon Prime Video. Generally, I think it was a very fair category. There's something for everyone here. And, as every nominated film has its own review on the blog, I'll leave the link below every comment I make. Sure, there were great films this year that didn't even get nominated to the main category. So, after the ranking itself, I'll make an extra section containing films that should've been nominated, in order to fill the maximum quota of 10 features running against each other for the Best Picture category. So, let's begin!)



  1. MANK” (2020), dirigido por David Fincher – Original Netflix – Indicado a 10 Oscars

    (“MANK” (2020), directed by David Fincher – Netflix Original Film – Nominated for 10 Oscars)

Não me entendam errado, eu adorei o novo filme de David Fincher. Há muito do que gostar aqui. O compromisso técnico que o cineasta mostrou para recriar a época que ele queria retratar é altamente admirável. As granulações na fotografia em preto-e-branco, a direção de arte extremamente fiel à Hollywood dos anos 1930, o design de som feito em mono ao invés de estéreo, a trilha sonora de Trent Reznor e Atticus Ross usando apenas instrumentos disponíveis na época retratada. Já de cara, posso dizer com tranquilidade que “Mank” é o principal concorrente em grande parte das categorias técnicas, como Melhor Direção de Arte, Fotografia e Som. Foi uma indicação merecida à Melhor Direção para David Fincher. Esse compromisso é complementado por primorosas performances de Gary Oldman e Amanda Seyfried, ambos indicados a Melhor Ator e Atriz Coadjuvante, respectivamente. Com isso dito, “Mank” é o filme menos acessível indicado na categoria principal. O espectador precisa cumprir certos pré-requisitos para mergulhar fundo na odisseia que o cineasta criou, sendo o principal desses pré-requisitos um conhecimento ao menos básico de “Cidadão Kane”, filme de 1941 que é um ponto narrativo principal no enredo de “Mank”. É um filme bem lento para o espectador comum, e pode testar a sua paciência. Mas, para aqueles que adoraram a obra-prima de Orson Welles, há um estudo fascinante sobre a mente inspirada de um roteirista na composição de sua melhor obra aqui, complementada por comparações fantásticas entre eventos da vida real e o decorrer da narrativa de “Cidadão Kane”.

Link para a resenha: https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2020/12/mank-uma-viagem-fascinante-pela-mente.html

(Don't get me wrong, I loved David Fincher's new film. There's a lot to like here. The technical commitment the filmmaker showed in order to recreate the time he wanted to portray is highly admirable. The little granulations in its black-and-white cinematography, the extremely faithful production design to 1930s Hollywood, the sound design made in mono instead of stereo, Trent Reznor and Atticus Ross's score using only instruments that were available at the time the film's set in. Right off the bat, I can safely say that “Mank” is the film to beat in a great part of the technical categories, such as Best Production Design, Cinematography and Sound. David Fincher earned a worthy nomination for Best Director. This commitment is complemented by wonderful performances by Gary Oldman and Amanda Seyfried, both nominated for Best Actor and Supporting Actress, respectively. With that said, “Mank” is the least accessible film nominated in the main category. The viewer needs to fulfill certain requirements to dive deeper into the odyssey the filmmaker has created, the main of them being a superficial, basic knowledge of “Citizen Kane”, a 1941 film that plays a major narrative part in the plot of “Mank”. It's a really slow-paced film for the average viewer, and it may test your patience. But, to those who adored Orson Welles's masterpiece, there's a fascinating study on the inspired mind of a screenwriter while composing his finest work here, complemented by fantastic comparisons between real-life events and the unraveling of the narrative of “Citizen Kane”.

Link for the review: https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2020/12/mank-uma-viagem-fascinante-pela-mente.html)



  1. OS 7 DE CHICAGO” (2020), dirigido por Aaron Sorkin – Original Netflix – Indicado a 6 Oscars

    (“THE TRIAL OF THE CHICAGO 7” (2020), directed by Aaron Sorkin – Netflix Original Film – Nominated for 6 Oscars)

Não tem como: a Academia AMA Aaron Sorkin. E como não amar? Os diálogos surpreendentemente dinâmicos, afiados e cativantes, o desenvolvimento primoroso de seus personagens, o passo friamente calculado de suas histórias. Se não fosse por um filme que irei mencionar posteriormente, tranquilamente daria o Oscar de Melhor Roteiro Original para Sorkin. Liderado por um dos melhores elencos conjuntos dos últimos anos, o qual inclui nomes como Sacha Baron Cohen, Joseph Gordon-Levitt, Frank Langella, Michael Keaton e Eddie Redmayne, “Os 7 de Chicago” funciona perfeitamente como um “filme-protesto”, fazendo uso eficiente de eventos reais do passado para se comunicar com temas ainda presentes nos tempos atuais. Mesmo que não tenha a urgência de outro indicado a Melhor Filme, o roteiro de Sorkin resulta em um filme pesado, relevante e necessário para os dias atuais. Também acho que “Os 7 de Chicago” não irá sair de mãos vazias, sendo o principal concorrente à Melhor Montagem, a qual é absolutamente necessária para o filme funcionar, levando em conta o teor dinâmico do roteiro de Sorkin. Assistam ao filme. Garanto que não irão se decepcionar.

Link para a resenha: https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2020/10/os-7-de-chicago-usando-o-passado-para.html

(There's no excuse: the Academy LOVES Aaron Sorkin. And what's not to love? His surprisingly dynamic, razor-sharp, captivating dialogues, the wonderful development of his characters, the coldly calculated pacing of his stories. If it wasn't for a film I'll discuss a little further, I'd easily hand the Oscar for Best Original Screenplay to Sorkin. Led by one of the best ensemble casts in recent memory, which includes names such as Sacha Baron Cohen, Joseph Gordon-Levitt, Frank Langella, Michael Keaton and Eddie Redmayne, “The Trial of the Chicago 7” works perfectly as a “protest movie”, making an effective use of past real-life events to communicate with themes that are still present in our days. Even if it doesn't have the urgency of another Best Picture-nominee, Sorkin's screenplay results in a heavy, relevant and necessary film for today's times. I also think that “The Trial of the Chicago 7” won't leave the ceremony empty-handed, being the main contender for Best Film Editing, which is absolutely necessary for the film to work, due to the dynamic tone of Sorkin's screenplay. Watch this movie. I guarantee you won't be disappointed.

Link for the review: https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2020/10/os-7-de-chicago-usando-o-passado-para.html)



  1. BELA VINGANÇA” (2020), dirigido por Emerald Fennell – 09 de abril nos cinemas – Indicado a 5 Oscars

    (“PROMISING YOUNG WOMAN” (2020), directed by Emerald Fennell – Available on VOD and Blu-ray – Nominated for 5 Oscars)

O mais próximo que teremos de um “filme de gênero” na categoria esse ano, “Bela Vingança” é um suspense tenso, realista e, principalmente, relevante para os dias atuais. Um trabalho autoral primoroso da diretora estreante Emerald Fennell, que fez história como uma das duas mulheres indicadas ao prêmio de Melhor Direção, o roteiro investe em uma veia mais original na fórmula dos thrillers de vingança, injetando uma dose ácida de humor negro e fazendo uma escolha crucial que diferencia o modus operandi de sua protagonista do resto das personagens principais de filmes que seguem o mesmo enredo. Por causa dessa escolha, Fennell consegue criar uma aura sufocante de tensão, fazendo o espectador roer as unhas e, ao mesmo tempo, refletir sobre a situação que motiva a protagonista. É um roteiro afiado, relevante, original e reflexivo, que certamente começará discussões necessárias, e por isso, acho que “Bela Vingança” é o principal concorrente ao Oscar de Melhor Roteiro Original. Além da engenhosidade do roteiro, temos aqui a melhor performance da Carey Mulligan, que concorre com grandes nomes como Viola Davis e Frances McDormand ao prêmio de Melhor Atriz. Ela consegue misturar perfeitamente o aspecto vingativo e frio que a personalidade da personagem dela requer com uma sensibilidade fantástica, a qual permite que o espectador crie empatia com a protagonista. Foi uma das melhores performances do ano passado, e mesmo concorrendo com grandes nomes, não descartaria a vitória de Mulligan na categoria.

Link para a resenha: https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2021/01/bela-vinganca-um-suspense-tenso-e.html

(The closest we'll be of having a “genre film” being nominated this year, “Promising Young Woman” is a tense, realistic and, mainly, relevant thriller for today's times. A wonderful authoral work by debut writer-director Emerald Fennell, who made history as one of the two women nominated for Best Director, the screenplay invests in a more original twist in the revenge thriller formula, injecting an acid dose of dark humor and making a crucial choice that differs its protagonist's modus operandi from the rest of main characters of movies that follow the same script pages. Because of that choice, Fennell manages to create a suffocating aura of tension, making the viewer bite their nails and, at the same time, reflect on the situation that motivates the protagonist. It's a razor-sharp, relevant, original and thought-provoking screenplay, which will certainly spark some necessary discussions, and because of that, I think that “Promising Young Woman” is the main contender for the Oscar for Best Original Screenplay. Besides the screenplay's ingenious nature, we have the best performance from Carey Mulligan here, who competes with big names such as Viola Davis and Frances McDormand for the Best Actress award. She manages to perfectly mix the cold, vindictive aspect that her character's personality requires with a fantastic sensibility, which allows the viewer to create empathy for the protagonist. It was one of the best performances from last year, and even though she's running with big names, I wouldn't discard Mulligan's win in this category.

Link for the review: https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2021/01/bela-vinganca-um-suspense-tenso-e.html)



  1. O SOM DO SILÊNCIO” (2020), dirigido por Darius Marder – Original Amazon Prime Video – Indicado a 6 Oscars

    (“SOUND OF METAL” (2020), directed by Darius Marder – Amazon Prime Video Original Film – Nominated for 6 Oscars)

Eu sinceramente me arrependi de não ter visto esse filme na época de lançamento. Provavelmente o melhor filme original do catálogo da Amazon Prime Video, “O Som do Silêncio” é um tremendo estudo de personagem. O roteirista e diretor Darius Marder consegue nos inserir dentro da cabeça de seu protagonista com primor, com o espectador vendo a história através dos olhos dele. Esse estudo é liderado por performances fantásticas de Riz Ahmed e Paul Raci, ambos merecedores de suas indicações à Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante, respectivamente. Mas o real destaque em “O Som do Silêncio” fica, ironicamente (ou não), no design de som, o qual é maravilhoso. Como o filme conta a história de um baterista que fica gradualmente surdo, o som interpreta um papel de grande importância no enredo de Marder. O contraste que é feito entre os primeiros minutos, que propositalmente são os mais barulhentos do longa, e o que vem depois é perfeito. É literalmente coisa de gênio. E a jornada de auto-aceitação e adaptação a essa nova realidade que seguimos juntamente com o protagonista é altamente cativante. Há uma troca de diálogos feita entre os personagens de Ahmed e Raci que diz muito sobre a situação que as pessoas com problemas auditivos enfrentam diariamente, enxergando sua surdez não como uma deficiência, mas um novo modo de ver o mundo. E eu amei isso. Com isso dito, acho que “O Som do Silêncio” certamente leva o Oscar de Melhor Som (unificando Edição e Mixagem de Som em uma só categoria), e que não descartaria as vitórias de Ahmed e Raci em suas respectivas categorias, mesmo com uma competição pesada.

Link para a resenha: https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2021/02/o-som-do-silencio-uma-experiencia.html

(I honestly regretted not watching this film when it was released. Probably the greatest original film in Amazon Prime Video's catalog, “Sound of Metal” is a tremendous character study. Writer-director Darius Marder manages to successfully put us inside his protagonist's head, with the viewer seeing the entire story through his eyes. That study is led to greater heights by fantastic performances by Riz Ahmed and Paul Raci, both earning their nominations for Best Actor and Supporting Actor, respectively. But the real highlight in “Sound of Metal” relies, ironically (or not), in the sound design, which is wonderful. As the film tells the story of a drummer that gradually becomes deaf, sound plays a major, important role in Marder's plot. The contrast made between the first minutes, which are purposefully the most noisy ones in the film, and what comes next is perfect. It's literally genius stuff. And the journey of self-acceptance and adaptation to a new reality that we follow along with the protagonist is highly captivating. There's an exchange of dialogue between Ahmed and Raci's characters that says a lot about the situation that people with hearing issues face on a daily basis, seeing their deafness not as a disability, but as a new way to see the world. And I loved that. With that said, I think “Sound of Metal” will certainly take home the Oscar for Best Sound (which puts Sound Editing and Mixing in a single category), and that I wouldn't fully discard Ahmed and Raci's wins in their respective categories, even if they're facing heavy competition.

Link for the review: https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2021/02/o-som-do-silencio-uma-experiencia.html)



  1. MEU PAI” (2020), dirigido por Florian Zeller – Disponível em plataformas de aluguel e compra digital – Indicado a 6 Oscars

    (“THE FATHER” (2020), directed by Florian Zeller – Available on VOD – Nominated for 6 Oscars)

A verdadeira surpresa entre os 8 indicados, “Meu Pai” é aquele filme que, à primeira vista, você pode pensar em vários filmes que poderiam ter entrado no lugar, mas que, quando você realmente assiste o filme, você não consegue imaginar ele fora da competição. Fui assistir ao filme com zero expectativas, e no final, o diretor Florian Zeller e companhia tiraram o meu fôlego com o que eles fizeram aqui. Temos nesse filme, assim como em “O Som do Silêncio”, um estudo de personagem. Mas Zeller e o co-roteirista Christopher Hampton pegam esse teor imersivo da história e o usam ao seu favor, nos inserindo na cabeça de um homem idoso, cuja mente se encontra em constante deterioração. Essas condições permitem que os roteiristas nos levem em uma viagem fascinante, surreal e propositalmente confusa pela mente desse personagem, e é bem provável que essa viagem faça você derramar uma lágrima ou duas. Todo o teor emocional do filme é centrado na performance magistral do Anthony Hopkins, já que nós, como espectadores, vemos o desenrolar da história inteiramente pelos olhos do personagem dele. Há partes mais leves, onde Hopkins injeta um senso de humor sarcástico no protagonista, e partes onde ele literalmente desaba a chorar. Nessas partes, nós não conseguimos nos segurar e acabamos chorando junto com ele, tamanho o carisma do ator e o nosso investimento emocional com o personagem dele. A performance de Hopkins é complementada por um dos melhores papéis da Olivia Colman, cuja personagem se encontra em um constante dilema, e a atriz lida com essa situação de maneira muito humana. E, por último, como o filme é uma adaptação de uma peça de teatro, há um trabalho maravilhoso de construção de cenários na direção de arte que, devido à limitação de ambientações do roteiro, injeta muita vida e personalidade em um apartamento. A atuação do Anthony Hopkins foi a minha favorita do ano passado, e mesmo com o Chadwick Boseman merecidamente vencendo muitos dos prêmios de Melhor Ator dessa temporada, estou torcendo muito pelo eterno Hannibal Lecter para vencer o Oscar. Também não descartaria possíveis vitórias em Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Direção de Arte!

Link para a resenha: https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2021/04/meu-pai-um-estudo-de-personagem.html

(The real surprise among the 8 nominees, “The Father” is that film that, at first, you can think of several films that could've taken its place, but that, when you actually watch it, you just can't imagine it being out of competition. I watched it with zero expectations, and in the end, director Florian Zeller and his crew took my breath away with what they've done here. We have in this film, as we do in “Sound of Metal”, a character study. But Zeller and co-writer Christopher Hampton take this immersive vein of the story and use it in their favor, putting us inside the head of an elderly man, whose mind finds itself in constant deterioration. These conditions allow the screenwriters to take us on a fascinating, surreal and purposefully confusing journey through this character's mind, and it's highly likely this journey will make you shed a tear or two. All of the film's emotional strength is centered around Anthony Hopkins's masterful performance, as we, as viewers, see the story unravel entirely through his character's eyes. There are some lighter parts, where Hopkins injects a sarcastic sense of humor into the protagonist, and also moments where he literally breaks down crying. During these parts, we can't help but cry together with him, due to the actor's enormous charisma and our emotional investment with his character. Hopkins's performance is complemented by one of Olivia Colman's finest roles. She plays someone who finds herself in a constant dilemma, and the actress is able to deal with this situation in a very human way. And, at last, as the film is a stage play adaptation, there's a wonderful work in set design in the art direction which, due to the screenplay's limited setting, injects lots of life and personality into an apartment. Anthony Hopkins's performance was the best one I've seen from last year, and although Chadwick Boseman is deservingly winning most of the Best Actor awards in this season, I'm really rooting for our eternal Hannibal Lecter to win the Oscar. I also wouldn't discard possible wins for Best Adapted Screenplay and Best Production Design!

Link for the review: https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2021/04/meu-pai-um-estudo-de-personagem.html)



  1. JUDAS E O MESSIAS NEGRO” (2021), dirigido por Shaka King – Disponível nos cinemas – Indicado a 6 Oscars

    (“JUDAS AND THE BLACK MESSIAH” (2021), directed by Shaka King – Now playing in theaters – Nominated for 6 Oscars)

Assim como “Os 7 de Chicago”, “Judas e o Messias Negro” é um “filme-protesto”. Mas aí vai o diferencial do filme de Shaka King: é dirigido, escrito, produzido e protagonizado inteiramente por pessoas negras. Assim como o filme de Aaron Sorkin, “Judas” faz um uso extremamente eficiente de eventos passados da vida real para falar sobre temas que ainda são relevantes nos tempos atuais. E, ao contrário do filme de Sorkin, King não coloca nenhum filtro no seu retrato das questões raciais nos EUA. É um filme visceral, pesado, que incomoda e provoca o espectador com as brutalidades mostradas em tela, mas King e sua equipe de roteiristas fazem isso para se manterem fiéis à realidade dos eventos retratados, ao mesmo tempo que injetam um efeito dramático crescente à trama. A história do assassinato repentino de Fred Hampton é uma que ainda perdura nos dias de hoje. Uma história de injustiça, de luta, de resistência. E, por causa de todos os temas abordados, creio que seja um dos principais indicados à Melhor Filme. O enredo é trazido à vida pelas duas performances maravilhosas de Lakeith Stanfield e Daniel Kaluuya, ambos indicados ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Na performance de Stanfield, temos uma demonstração primorosa do potencial que o ator tem de se mostrar incerto sem emitir uma só palavra. E Daniel Kaluuya incorpora Fred Hampton com fidelidade, vigor e respeito, exalando a vivacidade e a força de seu personagem ao fazer discursos em frente à protestantes. São duas performances incríveis de dois dos melhores atores da nossa geração, e olhando as estatísticas, é altamente provável que Kaluuya merecidamente leve a estatueta para casa.

Link para a resenha: https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2021/02/judas-e-o-messias-negro-um-chamado.html

(Just like “The Trial of the Chicago 7”, “Judas and the Black Messiah” is a “protest movie”. But there goes the different thing about Shaka King's movie: it is directed, written, produced and portrayed almost entirely by Black people. As it happens with Aaron Sorkin's film, “Judas” makes an extremely efficient use of past real-life events to talk about themes that are still relevant in today's times. And, unlike Sorkin's film, King doesn't put any filter over his portrayal of racial issues in America. It is a visceral, hard-hitting film, that bothers and provokes the viewer with the brutalities shown onscreen, but King and his writing crew do that to keep themselves faithful to the reality of the events portrayed here, at the same time they inject a growing dramatic effect to the plot. The story of Fred Hampton's sudden murder is one that still endures to this day. A story of injustice, of struggles, of resistance. And, because of all the themes it deals with, I believe it is one of the main nominees for Best Picture. The plot is brought to life by the two wonderful performances by Lakeith Stanfield and Daniel Kaluuya, with both of them being nominated for the Oscar for Best Supporting Actor. In Stanfield's performance, we have a tremendous demonstration of the actor's potential of showing uncertainty without saying a single word. And Daniel Kaluuya embodies Fred Hampton with faithfulness, vigor and respect, exhaling the liveliness and strength of his character while making speeches in front of a crowd of protesters. These are two amazing performances by two of the best actors in our generation, and by looking at the statistics, it's highly likely that Kaluuya deservingly takes this one home.

Link for the review: https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2021/02/judas-e-o-messias-negro-um-chamado.html)



  1. MINARI – EM BUSCA DA FELICIDADE” (2020), dirigido por Lee Isaac Chung – 22 de abril nos cinemas – Indicado a 6 Oscars

    (“MINARI” (2020), directed by Lee Isaac Chung – Available on VOD – Nominated for 6 Oscars)

As campanhas que a A24 fez para a promoção de “Minari” na presente temporada de premiações destacavam o teor universal da história, caracterizando-o como “um filme para todo mundo”. E realmente é. Eu sei que na resenha individual que fiz do filme, eu dei uma nota menor do que muitos dos que estão citados aqui. Mas, ao aprender mais sobre a história por trás da inspiração do roteirista e diretor Lee Isaac Chung para o filme, vi ele novamente, o que acabou despertando em mim uma admiração pelo retrato que o diretor fez da própria família aqui. É um filme sobre pessoas que, inicialmente, se encontram com problemas de aceitação de sua nova realidade, e que, ao longo do enredo, conseguem encontrar soluções para esses problemas. Se alguém te pedir um filme que defina o que a maioria das pessoas considera como o “sonho americano”, recomende “Minari” para essa pessoa. É um filme onde pessoas lutam por seus sonhos, e enfrentam todo tipo de adversidade e obstáculo que tenta impedi-los de alcançarem seus destinos. Uma coisa que me cativou, particularmente, foi o retrato do cristianismo. Como cristão, fico bem feliz que alguém teve a iniciativa de retratar a igreja de uma forma que não seja crítica, debochada ou satírica. Temos aqui performances muito competentes de um elenco muito talentoso, o qual inclui o indicado ao Oscar de Melhor Ator Steven Yeun, o ator mirim Alan S. Kim (que rouba toda cena onde ele está presente) e a Yuh-jung Youn, que é a minha favorita para o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante. “Minari” realmente é um filme para todo mundo. É um filme sobre família, sobre os dias bons e difíceis que ela enfrenta, equilibrando perfeitamente momentos leves e aconchegantes com cenas mais dramáticas, que acabam desenvolvendo os personagens e levando-os à conclusão de seus arcos narrativos. Não irei me surpreender nem me decepcionar se esse filme tirar a estatueta do favorito, que se encontra em primeiro lugar nessa lista.

Link para a resenha: https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2021/02/minari-uma-historia-universal-sobre.html

(The campaigns that A24 made to promote “Minari” during this award season highlighted the universal tone of the story, calling it “a film for everyone”. And it actually is. I know that in my individual review of the film, I gave it a lower grade than many of the films I've mentioned here. But, when I learned a bit more about the story behind writer-director Lee Isaac Chung's inspiration for the film, I watched it again, which ended up sparking in me an admiration for the portrait the director made of his own family here. It's a film about people who, initially, find themselves having difficulties to accept their new reality, and who, throughout the story, manage to find solutions for these problems. If anyone asks you for a film that defines what most people consider to be the “American dream”, recommend “Minari” to that person. It's a film where people fight for their dreams, and face every kind of difficulty and obstacle that's preventing them of achieving their goals. One thing that, particularly, captivated me was its portrayal of Christianity. As a Christian, I'm really happy to see that someone had the inspiration to portray the Christian church in a way that isn't critical, satirical or debauched. We have here very competent performances from a very talented cast, which includes Best Actor-nominee Steven Yeun, child actor Alan S. Kim (who steals every scene he's in), and Yuh-jung Youn, who is my favorite nominee in the Best Supporting Actress category. “Minari” really is a film for everyone. It's a film about family, about the good and the hard days they face, perfectly balancing light and cozy moments with more dramatic scenes, which end up developing its chaacters and bringing them closer to the conclusion of their respective narrative arcs. I won't be surprised nor disappointed if this film steals the award from the season's favorite, which finds itself in first place in this list.

Link for the review: https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2021/02/minari-uma-historia-universal-sobre.html)



  1. NOMADLAND” (2020), dirigido por Chloé Zhao – 15 de abril nos cinemas – Indicado a 6 Oscars

    (“NOMADLAND” (2020), directed by Chloé Zhao – Available on Hulu – Nominated for 6 Oscars)

Alguém esperava que qualquer outro filme ocupasse o primeiro lugar na minha lista a não ser o favorito da temporada, que já acumula mais de 130 vitórias em múltiplas categorias, fazendo de sua roteirista e diretora, a chinesa Chloé Zhao, a cineasta mais premiada em uma única temporada de premiações? Eu também não. Vencedor do Leão de Ouro do Festival de Veneza e do Prêmio do Público do Festival de Toronto, “Nomadland” serve como um holofote fascinante, que ilumina um estilo de vida muito presente, mas pouco retratado na cultura americana. Liderado por uma performance impactante e eletrizante de Frances McDormand, que se encontra cada vez mais perto de ganhar seu terceiro Oscar de Melhor Atriz, o novo filme de Chloé Zhao está destinado a fazer história no dia 25 de abril. Uma exploração sobre as consequências e efeitos colaterais que o luto e a perda têm sobre a vida de uma pessoa, a diretora utiliza a protagonista como a interlocutora entre o espectador e os vários nômades da vida real aqui retratados. Cada pequeno momento, diálogo e interação nesse filme são de extrema importância. Nenhuma cena aqui é descartável, tamanho o domínio que Zhao teve sobre seu filme, assumindo os papéis de direção, roteiro e montagem da obra, com a cineasta sendo indicada a 4 prêmios por todo o seu desempenho na produção do longa. E eu não vou ficar surpreso se ela acabar levando todos os quatro, porque realmente dá pra ver o controle que ela teve sobre “Nomadland”. Cada depoimento emitido por cada um dos nômades que contracenam com McDormand é injetado com uma dose de honestidade, humanidade e realismo que realmente permitem que nós, como espectadores, possamos saber as razões do porquê essas pessoas levam este estilo de vida em particular. É um filme tão cru, tão lindo e tão tecnicamente natural (inclusive, que trabalho de fotografia LINDO!), que se não fosse uma história de ficção, poderia ser classificado como um documentário. É um jeito da cineasta dizer: “Essa é a realidade como ela é”, e Zhao consegue fazer isso com primor. “Nomadland” é o cinema em sua forma mais pura e natural, mostrando uma cineasta sob total controle de sua obra, e por isso, é o principal concorrente (e meu favorito) ao Oscar de Melhor Filme.

Link para a resenha: https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2021/02/nomadland-um-retrato-cultural.html

(Did anyone expect any other film to occupy first place in my list, if not the season's favorite, which is already stacking up a total of over 130 awards in several categories, making its writer and director, Chinese filmmaker Chloé Zhao, the most-awarded filmmaker in a single award season? Me neither. Winner of the Venice Film Festival's Golden Lion and the Toronto Film Festival's People's Choice Award, “Nomadland” serves as a fascinating spotlight, which shines a light upon a lifestyle that's very present, but isn't portrayed enough in American culture. Led by an impactful, electrifying performance by Frances McDormand, who finds herself closer to winning her third Oscar for Best Actress, Chloé Zhao's new film is destined to make history in April 25th. An exploration on the consequences and side effects that grief and loss have on a person's life, the director uses the main character as an interlocutor between the viewer and the several real-life nomads portrayed here. Every small moment, dialogue and interaction in this film is absolutely important. There isn't a single disposable scene here, due to the immense domination Zhao had over her work, taking over the duties of directing, writing and editing, with the filmmaker earning four nominations for all her work in the film's production. And I won't be surprised if she ends up winning all four of them, as you can really see the control she had over “Nomadland”. Every statement made by each one of the nomads that share the screen with McDormand is injected with a dose of honesty, humanity and realism that really allow us, as viewers, to know the reasons why these people live in this particular lifestyle. It's a film that's so raw, so beautiful and so technically natural (by the way, what a GORGEOUS cinematography work!), that if it wasn't a fictional story, it could be classified as a documentary. It's a way the filmmaker finds of saying: “This is reality as it is”, and Zhao manages to do that masterfully. “Nomadland” is cinema in its most pure and natural way, showcasing a filmmaker in complete control of her craft, and therefore, it is the main contender (and my personal favorite) to the Oscar for Best Picture.

Link for the review: https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2021/02/nomadland-um-retrato-cultural.html)



FILMES QUE PODERIAM TER SIDO INDICADOS PARA PREENCHER AS DUAS VAGAS RESTANTES NA CATEGORIA:

(FILMS THAT COULD'VE BEEN NOMINATED IN ORDER TO FILL OUT THE TWO REMAINING SPOTS IN THE CATEGORY:)


  • A VOZ SUPREMA DO BLUES” (2020), dirigido por George C. Wolfe – Original Netflix – Indicado a 5 Oscars

    (“MA RAINEY'S BLACK BOTTOM” (2020), directed by George C. Wolfe – Netflix Original Film – Nominated for 5 Oscars)

Link para a resenha (Link for the review): https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2020/12/a-voz-suprema-do-blues-uma-celebracao.html



  • UMA NOITE EM MIAMI” (2020), dirigido por Regina King – Original Amazon Prime Video – Indicado a 3 Oscars

    (“ONE NIGHT IN MIAMI” (2020), directed by Regina King – Amazon Prime Video Original Film – Nominated for 3 Oscars)

Link para a resenha (Link for the review): https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2021/01/uma-noite-em-miami-um-chamado-mudanca.html



  • SOUL” (2020), dirigido por Pete Docter e Kemp Powers – Original Disney+ - Indicado a 3 Oscars

    (“SOUL” (2020), directed by Pete Docter and Kemp Powers – Disney+ Original Film – Nominated for 3 Oscars)

Link para a resenha (Link for the review): https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2020/12/soul-o-filme-mais-ambicioso-e-reflexivo.html



  • THE FORTY-YEAR-OLD VERSION” (2020), dirigido por Radha Blank – Original Netflix

    (“THE FORTY-YEAR-OLD VERSION” (2020), directed by Radha Blank – Netflix Original Film)

Link para a resenha (Link for the review): https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2020/10/the-forty-year-old-version-um-honesto.html



  • ESTOU PENSANDO EM ACABAR COM TUDO” (2020), dirigido por Charlie Kaufman – Original Netflix

    (“I'M THINKING OF ENDING THINGS” (2020), directed by Charlie Kaufman – Netflix Original Film)

Link para a resenha (Link for the review): https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2020/09/estou-pensando-em-acabar-com-tudo-o.html



É isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)