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segunda-feira, 21 de junho de 2021

"Em um Bairro de Nova York": uma celebração da cultura latina nos EUA (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre o lançamento mais recente nos cinemas! Sendo uma verdadeira celebração da influência da cultura latina nos Estados Unidos, o filme em questão conta uma história necessária, estimulante e socialmente relevante sobre perseguição e realização de sonhos, a herança e o legado que alguém deixará para o mundo e a resistência de uma cultura prestes a desaparecer. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Em Um Bairro de Nova York”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about one of the most recent releases in theaters (and on HBO Max)! As a true celebration of the influence of Latino culture in the United States, the film I'm about to analyze tells a necessary, uplifting and socially relevant story about chasing and fulfilling dreams, the inheritance and legacy someone will leave to the world and the resistance of a culture that's close to fading away. So, without further ado, let's talk about “In the Heights”. Let's go!)



Ambientado no bairro de Washington Heights, em Nova York, o filme conta a história de Usnavi de la Vega (Anthony Ramos), um jovem dono de uma loja de conveniência, que sonha em juntar dinheiro o suficiente para comprar a antiga casa de seu pai na República Dominicana. Ele e seus amigos Benny (Corey Hawkins), Vanessa (Melissa Barrera) e Nina (Leslie Grace) estão em constante perseguição de seus sonhos, mas um iminente apagão, um bilhete de loteria premiado e eventos inesperados prometem virar a vida do bairro de cabeça para baixo.

(Set in the neighborhood of Washington Heights, in New York City, the film tells the story of Usnavi de la Vega (Anthony Ramos), a young owner of a small bodega, who dreams of gathering enough money to purchase his father's old house in the Dominican Republic. He and his friends Benny (Corey Hawkins), Vanessa (Melissa Barrera) and Nina (Leslie Grace) are constantly pursuing their dreams, but an imminent blackout, a prizewinning lottery ticket and unexpected events promise to turn the block's life upside down.)



Bom, quem vem seguindo o blog desde o final de 2019 e o início de 2020 sabe o quanto eu estava animado para ver “Em um Bairro de Nova York”. As minhas expectativas estavam centradas em um ponto bem específico: o fato de ter sido baseado em um musical co-escrito pelo Lin-Manuel Miranda. Para aqueles que ainda não conhecem a obra desse verdadeiro gênio, Miranda é conhecido pelo público infantil por suas colaborações para a trilha sonora de “Moana”; mas a maioria dos fãs de musicais o conhecem por ele ter criado a obra-prima que é “Hamilton”, um premiado musical de teatro que conta a história dos Pais Fundadores dos EUA através de números musicais de hip-hop. O fenômeno criado pela obra de Miranda foi tão grande que gerou o lançamento de uma performance gravada com o elenco original em 2020, disponível no Disney+ (você pode ler minha resenha aqui:).

O filme em questão é baseado no musical “In the Heights”, co-escrito por Miranda e Quiara Alegría Hudes, lançado na Broadway em 2008, que até ganhou montagem no Brasil. Miranda começou a escrever o musical na faculdade, em 1999, determinado a mostrar ao público a sua vida no bairro Washington Heights, ambientação da obra. Mesmo com a história em si não sendo baseada em fatos reais, pode-se dizer com tranquilidade que “In the Heights” tem uma importância bem pessoal para seu co-criador. Minhas expectativas estavam bem altas para assistir à adaptação cinematográfica por três principais razões: 1) o envolvimento próximo de Miranda na produção; 2) a roteirista do musical, Quiara Alegría Hudes, retornaria para escrever a adaptação e 3) o filme em si seria filmado na ambientação real da obra, ou seja, o bairro Washington Heights. Então, com estas coisas em mente, fui assistir ao filme ontem com meus pais no cinema. E fico muito feliz em dizer que não me decepcionei, apesar de ter algumas ressalvas.

Ok, vamos falar do roteiro. Adaptando dos palcos para a tela, a roteirista do musical tinha uma tarefa bem difícil: expandir os horizontes do cenário minimalista da obra original para a grandeza inerente de um bairro de Nova York. Eu adorei como Hudes foi capaz de, ao mesmo tempo, capturar o espírito movimentado da cidade grande e transformar a ambientação em um lugar bem íntimo, concentrando toda a ação do robusto, mas energético tempo de duração de 2 horas e 23 minutos em um local muito específico, o que é ótimo. Eu gostei bastante do desenvolvimento do grande elenco de personagens. Um dos pontos positivos do tempo de duração ser bem extenso é que Hudes encontra tempo o suficiente para fazer o espectador se importar com a jornada de cada uma das figuras principais do filme. Há, no mínimo, quatro subtramas aqui envolvendo os diferentes personagens do filme, e todas estas linhas narrativas são muito bem trabalhadas.

A roteirista não deixa nenhum buraco na trama, é tudo muito bem amarrado. Há um equilíbrio muito uniforme entre partes com diálogo e os números musicais, há um uso bem calculado de quebra da quarta parede e narrações em voice-over que ajudam o espectador a não se perder no desenrolar dos eventos do filme. Uma coisa que eu achei bem interessante foi a inserção de diálogos em espanhol, e não só apenas expressões simples como “¿Cómo estás?” ou “Gracias”. Há algumas partes onde quase uma troca de diálogos inteira é em espanhol. Essa escolha criativa permite que um grau verídico de autenticidade seja imprimido ao filme, o que apenas reforça uma das mensagens que ele deseja passar. Isto mostra o forte controle que Miranda e Hudes ainda têm em relação à obra que criaram, o que é excelente.

Mas o que há de mais mágico em “Em um Bairro de Nova York” é a possibilidade de diferentes espectadores terem diferentes visões sobre o filme. Para quem não é latino, é uma história clássica sobre pessoas que trabalham duro para perseguirem seus sonhos, sobre as dificuldades de achar o seu lugar no mundo, e funciona perfeitamente sendo só isso. Mas para quem faz parte da comunidade latina, em especial nos EUA, é uma reafirmação e celebração da cultura latina. Vários personagens fazem reflexões sobre as vidas de seus descendentes, as dificuldades enfrentadas e sacrifícios que eles tiveram que fazer para que pudessem dar uma vida boa para os filhos. Há muitas cenas onde vários personagens latinos de diferentes nacionalidades se unem com um objetivo em comum, o que é bem bonito de se ver.

E, assim como em “Hamilton”, o conceito de legado é muito bem explorado aqui. “O que é um legado?”, pergunta o personagem-título de “Hamilton”. “É plantar sementes em um jardim que você nunca terá a chance de ver.” Ou, como diz uma das melhores personagens deste filme: “Pequenos detalhes que mostram ao mundo que não somos invisíveis”. E, devido às ações e decisões de vários dos personagens, o conceito de legado é utilizado para guiá-los pelos seus respectivos arcos narrativos, através da criação de conflitos e do estabelecimento da resolução destes conflitos. Eu gostei bastante destes paralelos que consegui detectar entre as duas obras de Miranda.

Há um subtexto político em relação ao preconceito contra imigrantes hispânicos que é muito bem trabalhado na trama. Ele começa como algo secundário e acaba achando um lugar principal no percurso narrativo do filme. Eu sinceramente acho que ele teria mais efeito se o longa tivesse sido lançado durante a presidência do Donald Trump nos EUA. Claro, o preconceito ainda é um tema extremamente relevante nos dias de hoje, mas se tivesse sido lançado em 2020, como originalmente planejado, “Em um Bairro de Nova York” poderia ter funcionado tranquilamente como um filme-protesto.

No geral, é um filme muito bom. Devido ao tempo de duração, ele tem bastante energia para gastar. Mas eu sinceramente achei um pouco esticado demais. Eu sei que, com os idealizadores do musical na produção, eles iriam querer fazer uma adaptação bem fiel. Mas algumas das músicas são tão curtas que parecem até vinhetas de transição de uma cena para a outra. No meu ponto de vista, essas músicas mais curtas deram um tom mais teatral para uma coisa que deveria ser cinematográfica, e por isso, eu acho que elas poderiam ter sido aparadas ou removidas completamente do corte final, o que poderia até ter ajudado o espectador a acompanhar melhor os eventos do filme. Tirando isso, “Em um Bairro de Nova York” é um filme muito estimulante e emocionante que merece ser visto na maior e melhor qualidade possível.

(Well, those who have been following my blog since the end of 2019 and the beginning of 2020 know how excited I was to watch “In the Heights”. My expectations were centered on a very specific point: the fact it was based on a stage musical co-written by Lin-Manuel Miranda. For those who aren't familiar with the work of this true genius, Miranda is known by children all around the world for his collaborations to the soundtrack of “Moana”; but most musical fans know him for creating the absolute masterpiece that is “Hamilton”, a heavily-awarded stage musical that tells the story of the Founding Fathers of the United States through hip-hop musical numbers. The phenomenon created by Miranda's work was so big, that it generated the release of a filmed performance with the original Broadway cast in 2020, which is available on Disney+ (you can read my review on it here:).

The film analyzed here is based on the musical of the same name, co-written by Miranda and Quiara Alegría Hudes, which opened on Broadway in 2008, gaining multiple international productions in the process. Miranda started writing the musical in 1999, determined to show the audience his life in the Washington Heights neighborhood, where it is set in. Even if the story itself isn't based on true events, you can safely say that “In the Heights” has a very personal importance to its co-creator. My expectations were really high to watch the film adaptation for three main reasons: 1) Miranda's close involvement with the production; 2) the musical's book writer, Quiara Alegría Hudes, would return to pen the adaptation and 3) the film itself would be shot in the original work's real-life setting, meaning, the actual Washington Heights neighborhood. So, with these things in mind, I watched the film in theaters yesterday with my parents. And I'm really glad to say I wasn't disappointed, despite a few exceptions.

Okay, let's talk about the screenplay. Adapting from the stage to screen, the book writer had a very difficult task to accomplish: expand the horizons of the original work's minimalist setting towards the inherent greatness of a New York City neighborhood. I loved how Hudes was able to, simultaneously, capture the crowded spirit of the big city and transform the setting into a very intimate location, which ends up directioning all the action in the robust yet energetic runtime of 2 hours and 23 minutes to a very specific place, which is great. I really enjoyed the development of its large cast of characters. One of the positive points about the runtime is that Hudes finds enough time to make the viewer care about every main character's journey. There are, at least, four subplots here involving its various characters, and all these narrative plotlines are very good.

The screenwriter leaves no hole in the plot, everything is very well polished. There's a very uniform balance between dialogue scenes and musical numbers, there's a very well calculated use of fourth-wall breaking and voice-over narrating, which helps the viewer keep track of what's happening onscreen. One thing I found particularly interesting was the insertion of dialogue in Spanish, and not only simple expressions such as “¿Cómo estás?” or “Gracias”. There are a few parts where an entire dialogue exchange is done in Spanish. That creative choice allows that a true amount of authenticity is injected into the film, which only reinforces one of the messages it is trying to transmit. This shows the tight control that Miranda and Hudes still have over their work, which is excellent.

But perhaps the most magical thing about “In the Heights” is the possibility that different viewers might have different points of view about the film. For those who aren't Latino, this is a classic story about hard-working people chasing their dreams, about the difficulty of finding your own place in the world, and it works perfectly as just that. But to those who are part of the Latino community, especially in the US, it is a reaffirmation and celebration of Latino culture. Several characters reflect on the lives of their forefathers, the difficulties they faced and the sacrifices they had to make in order to give their children a good life. There are several scenes where multiple Latino characters from different nationalities come together while chasing one single goal, which is something really beautiful to behold.

And, just like in “Hamilton”, the concept of legacy is very well explored here. “What is a legacy?”, asks the title character of “Hamilton”. “It's planting seeds in a garden you'll never get to see”. Or, in the words of one of the best characters in this film: “Little details that show the world we are not invisible”. And, due to the characters' actions and decisions, the concept of legacy is used to guide them through their respective narrative arcs, through the creation of conflicts and the establishment of resolutions to those conflicts. I really enjoyed these parallels I was able to capture between Miranda's two works.

There's a political subtext regarding the prejudice towards Hispanic immigrants which is very well worked upon in the plot. It starts off as something secondary and ends up finding a main spot in the film's narrative course. I honestly think it would've been more effective if the film had been released during Donald Trump's presidency in the US. Sure, prejudice is still an extremely relevant theme in today's times, but if it had been released in 2020, as originally planned, “In the Heights” could've safely worked as a protest movie.

Generally, it's a really good film. Due to the runtime, it has plenty of energy to spend. But I honestly thought it felt a bit stretched out. I know that, with the creators of the original musical involved in the production, they would want to make it as faithful as possible to the source material. But some of the songs are so short, they end up feeling like transition vignettes from one scene to another. In my point of view, these shorter songs gave a more theatrical feel to something that should've felt cinematic, and because of that, I think they could've been trimmed down or totally removed from the final cut, which might've ended up helping the viewer to better follow the film's events. Apart from that, “In the Heights” is a very uplifting, emotional film that deserves to be seen in the best quality possible.)



Quando a adaptação foi inicialmente anunciada, com a direção de Kenny Ortega (diretor da trilogia “High School Musical”), o plano era escalar celebridades latinas de alto nível, como Jennifer Lopez e Shakira, para estrelarem o filme. Agora, sob a direção de Jon M. Chu, e o envolvimento de Miranda e Hudes na produção, nenhum grande nome acabou fazendo parte do elenco. A maioria das pessoas acharia isso um ponto negativo, mas no meu ponto de vista, é uma oportunidade de apresentar novos talentos aos olhos do público.

Além do próprio co-criador do musical, não há ninguém mais perfeito para interpretar o Usnavi do que o Anthony Ramos. Quem lembra da performance dupla dele como John Laurens e Philip Hamilton em “Hamilton” vai saber o porquê dele encaixar tão bem no papel. Ele é literalmente um Lin-Manuel Miranda mais jovem. Ele é carismático, muito convincente e, como a cereja do bolo, tem uma voz perfeita e é um verdadeiro pé de valsa. Nas canções mais agitadas, ele consegue encaixar direitinho nas harmonias criadas por Miranda e mantém uma qualidade bastante uniforme nas músicas mais lentas. Eu adorei a performance dele. Devido a todo esse conjunto de habilidades demonstrado aqui, acho que possa ser material para Oscar. A química dele com a personagem da Melissa Barrera é crível, quase palpável, e os dois atores fazem um maravilhoso trabalho de ir construindo essa dinâmica de pouco a pouco, até ela explodir no ato final de forma extremamente satisfatória.

Eu fui apresentado ao trabalho do Corey Hawkins devido à sua fantástica performance como Dr. Dre no filme “Straight Outta Compton”, e fiquei bem satisfeito com o desempenho dele em músicas que têm um estilo diferente do rap. Assim como Ramos tem uma química com Barrera, Hawkins tem uma dinâmica excelente com a personagem da Leslie Grace, cuja subtrama é a que os espectadores podem mais se identificar. Grace também é fantástica no seu papel, e consegue imprimir as dificuldades e desafios de sua personagem com muita honestidade e autenticidade, especialmente através do relacionamento dela com seu pai, interpretado por Jimmy Smits. Eu adorei o papel do Gregory Diaz IV. A princípio, o espectador pensa que o personagem dele será um alívio cômico, mas ele acaba assumindo perspectivas sociopolíticas ao longo da trama, e fiquei impressionado com o quanto as temáticas exploradas em um musical de 2008 ainda continuam relevantes nos dias de hoje.

A dinâmica entre a Daphne Rubin-Vega, a Stephanie Beatriz e a Dascha Polanco é uma das principais fontes de alívio cômico da trama, e funciona perfeitamente. Agora, se tem uma performance que precisa ser seriamente considerada como uma das possíveis indicadas ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, é a da Olga Merediz. Interpretando a “avó” do bairro, Merediz é a estrela principal de um dos melhores números musicais do filme. É simplesmente incrível como Miranda foi capaz de encaixar tanta história em uma canção de cinco minutos, uma capacidade que ele só iria aprimorar em “Hamilton”. E Merediz rouba toda cena em que ela aparece, devido à doçura e ao tom acolhedor de sua personagem. Em uma ponta quase simbólica, temos uma cena hilária com o próprio Lin-Manuel Miranda, onde os fãs de “Hamilton” irão surtar em conjunto devido ao contexto. Fiquem ligados na cena pós-créditos!

(When the adaptation was initially announced, with the direction of Kenny Ortega (director of the “High School Musical” trilogy), the plan was to cast high-level Latino celebrities, such as Jennifer Lopez and Shakira, to star in the film. Now, under the direction of Jon M. Chu, and the involvement of Hudes and Miranda in the production, no big name ended up on the cast. Most people would find that to be a negative point, but in my point of view, it's a great opportunity to showcase some new talents to the general audience.

Besides the musical's co-creator himself, there's no one more perfect to portray Usnavi than Anthony Ramos. Those who remember his dual performance as John Laurens and Philip Hamilton in “Hamilton” will know why he fits into the part so well. He's literally a younger Lin-Manuel Miranda. He's charismatic, very convincing, and as the cherry on top of that cake, he has a perfect voice and showstopping dance abilities. In the faster-paced songs, he manages to fit right into the melodies Miranda has created and mantains a pretty uniform quality in the slower pieces of music. I loved his performance. Due to all the abilities displayed by him here, I believe that his performance could be Oscar-material. His chemistry with Melissa Barrera's character is believable, almost palpable, and both actors do an outstanding job in building up the dynamic slowly, piece by piece, until it explodes in a very satisfying way towards the conclusion.

I was introduced to Corey Hawkins's work due to his fantastic performance as Dr. Dre in the film “Straight Outta Compton”, and I was really satisfied with his singing abilities when it comes to singing show tunes. Just as Ramos has chemistry with Barrera, Hawkins has an excellent dynamic with Leslie Grace's character, whose subplot is likely the most relatable one to the viewer. Grace is also fantastic in her role, and manages to inject her character's difficulties and challenges with a lot of honesty and authenticity, especially through her relationship with her father, portrayed by Jimmy Smits. I loved Gregory Diaz IV's role here. At first, one might think his character will be some sort of comic relief, but he ends up assuming sociopolitical perspectives throughout the plot, and I was impressed on how the themes explored in a 2008 musical still hold up as relevant in today's times.

The dynamic between Daphne Rubin-Vega, Stephanie Beatriz and Dascha Polanco is one of the film's main sources of comic relief, and it works perfectly. Now, if there's a performance that needs to be seriously considered as a likely contender to the Oscar for Best Supporting Actress, it's Olga Merediz's. Playing the neighborhood's “grandmother”, Merediz plays a central part in one of the film's most memorable musical numbers. It's simply amazing how Miranda manages to pack so much story into a 5-minute song, a quality he would only improve upon in “Hamilton”. And Merediz steals every scene she's in, due to her character's sweetness and welcoming personality. In an almost symbolic cameo, we have a hilarious scene featuring Lin-Manuel Miranda himself, where “Hamilton” fans will squeal in unison due to its context. Stay tuned for the post-credit scene!)



O uso extremamente sábio dos aspectos técnicos transforma “Em um Bairro de Nova York” em uma experiência muito dinâmica. A direção de fotografia da Alice Brooks é simplesmente perfeita. Em um modus operandi bem similar à câmera de “Cruella”, Brooks está sempre em movimento aqui. Durante os números musicais, que são bem mais animados e energéticos, esses movimentos nos ajudam a visualizar um ambiente mais largo, de modo que conseguimos ver todos aqueles que estão participando da cena. Há um número musical em especial que é feito em uma única tomada contínua, a qual é executada de maneira bem fluida. A montagem milimétrica do Myron Kerstein trabalha em conjunto com Brooks para transformar cada número musical em seu próprio videoclipe, em algo realmente cinematográfico.

Como toda adaptação musical baseado em espetáculos da Broadway, “Em um Bairro de Nova York” tem um trabalho de coreografia impecável, misturando o ritmo urbano do breakdance com o gingado e a sensualidade dos gêneros musicais latinos. As sequências envolvendo a coreografia são bem ágeis, nos impressionando com a proeza técnica das habilidades de dança do elenco. O trabalho feito nesse filme ganharia um Oscar de Melhor Coreografia, se tal categoria existisse. Há um uso fantástico e inventivo de efeitos visuais aqui, algo que eu realmente não esperava de um musical. Há uma sequência em particular envolvendo os personagens de Corey Hawkins e Leslie Grace que me lembrou MUITO de uma das cenas mais memoráveis de “A Origem”, de Christopher Nolan. Acho que pode receber uma indicação à Melhores Efeitos Visuais ano que vem.

E, é claro, temos a peça-chave de um musical: a trilha sonora, composta inteiramente por Lin-Manuel Miranda. Já podemos ver aqui alguns vestígios das habilidades de composição que Miranda iria evoluir em “Hamilton”: a agilidade na dicção dos versos, a presença predominante do rap e hip-hop, a diversidade nos gêneros musicais, a inserção de um andamento específico para cada personagem. Eu, particularmente, achei poucas músicas realmente memoráveis, mas creio que posso mudar de opinião ao escutá-las novamente. Mas no geral, são músicas muito gostosas de ouvir.

(The extremely wise use of the technical aspects transforms “In the Heights” into a very dynamic experience. Alice Brooks's cinematography is simply perfect. In a modus operandi that's quite similar to the camera work in “Cruella”, Brooks is always moving here. During the musical numbers, which are really agile and upbeat, these movements help us see the bigger picture, in a way we manage to see everyone who's participating in it. There's a particular musical number that's filmed in one continuous shot, which is executed in a very fluid way. Myron Kerstein's surgical editing works hand in hand with Brooks in order to transform every musical number into its own music video, into something really cinematic.

Just like every musical adaptation of a Broadway spectacle, “In the Heights” has a flawless amount of choreography, which mixes the urban rhythm of breakdancing and the swaying and sensuality of Latin music genres. The sequences involving choreography are quite agile, making an enormous impression on us with the cast's technical prowess in dancing abilities. The work done in this film would win an Oscar for Best Choreography, if that category existed. There's a fantastic, inventive use of visual effects here, something I totally didn't expect from a musical. There's a particular sequence involving Corey Hawkins and Leslie Grace's characters that reminded me A LOT of one of the most memorable scenes from Christopher Nolan's “Inception”. I think it can be nominated for Best Visual Effects next year.

And, of course, we have the key aspect of a musical: the soundtrack, which was entirely composed by Lin-Manuel Miranda. We are already able to see here some traces of the composing abilities that Miranda would improve upon in “Hamilton”: the agility in the verses' diction; the predominant presence of rap and hip-hop, the diversity in the musical genres, the insertion of a specific tempo for each character. I, particularly, found only a few songs to be truly memorable, but I believe I can change my mind after giving them another listen. But generally, these are very crowd-pleasing songs.)



Resumindo, “Em um Bairro de Nova York” é mais uma prova da genialidade de Lin-Manuel Miranda. Contando com uma história necessária, esperançosa e tematicamente relevante; performances extremamente dedicadas de seu diverso elenco; e um uso dinâmico e extraordinariamente bem calculado de seus aspectos técnicos, o filme é uma carta de amor, reafirmação e celebração da cultura latina nos EUA. Vejam na maior tela possível.

Nota: 9,0 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, “In the Heights” is further proof of Lin-Manuel Miranda's genius. Relying on a necessary, uplifting and thematically relevant story; extremely dedicated performances by its diverse cast; and a dynamic and extraordinarily well calculated use of its technical aspects, the film is a true love letter of reaffirmation and celebration of the Latino culture in the United States. See it in the biggest screen you can find.

I give it a 9,0 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)


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