Translate

sábado, 13 de novembro de 2021

"Life is Strange 2": uma sequência narrativamente mais amadurecida e realista (Bilíngue)

E não se esqueçam de curtir e seguir o blog nas redes sociais:

(And don't forget to like and follow the blog in social medias:)

Facebook: https://www.facebook.com/NoCinemaComJoaoPedroBlog/

Twitter: @nocinemacomjp2

Instagram: @nocinemacomjp


E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para fazer algo que não tenho feito desde ano passado: trazer uma resenha de videogame para o blog! E preparem-se, porque haverão muitas destas resenhas em um futuro próximo. Mas vamos ao que interessa: mesmo que o jogo em questão não alcance o caráter eletrizante, inventivo e único de seu aclamado (e já icônico) antecessor, a obra consegue compensar com uma história de amadurecimento extremamente cativante, personagens que se encontram em constante transformação ao longo do jogo, e um caráter sociopolítico essencialmente relevante, levando em conta sua época de lançamento. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Life is Strange 2”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to do something I haven't done as much since last year: to bring a review of a videogame to the blog! And get ready, because there will be many of these reviews in the near future. But let's get to the point: even though the game I'm about to review doesn't reach the thrilling, inventive and unique feel of its acclaimed (and iconic) predecessor, the work manages to compensate with an extremely captivating coming-of-age story, characters who find themselves in constant change throughout the game, and an essentially relevant sociopolitical vein, considering its time of release. So, without further ado, let's talk about “Life is Strange 2”. Let's go!)



Ambientado no mesmo universo do primeiro jogo de “Life is Strange”, a sequência acompanha os irmãos latino-americanos Sean (voz original de Gonzalo Martin) e Daniel Diaz (voz original de Roman Dean George), que se tornam fugitivos da lei, devido à um acidente causado pelos poderes telecinéticos recém-descobertos de Daniel, o irmão mais novo, ao testemunhar a morte do pai por um policial. Juntos, Sean e Daniel viajam pela Costa Oeste dos EUA, reencontrando familiares distantes, fazendo amizades e novas descobertas, enquanto tentam manter os poderes de Daniel como um segredo, para evitar chamar a atenção da polícia.

(Set in the same universe as the first game in the “Life is Strange” series, the sequel follows Latin American brothers Sean (voiced by Gonzalo Martin) and Daniel Diaz (voiced by Roman Dean George), who become fugitives of the law, due to an accident caused by Daniel's recently discovered telekinetic abilities, after he witnesses his father's murder by a police officer. Together, Sean and Daniel travel across the US West Coast, reuniting with distant family members, making friends and new discoveries, while trying to keep Daniel's powers a secret, in order to avoid attracting the police's attention.)



Ok, para começo de conversa, eu AMO o primeiro jogo da série “Life is Strange”. Inclusive, já fiz um texto aqui no blog sobre o game (se quiserem, podem lê-lo aqui: https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2018/03/life-is-strange-uma-experiencia-de.html). Para quem não sabe, o primeiro jogo de “Life is Strange” conta a história de Max Caulfield, uma estudante aspirante à fotógrafa que, certo dia, testemunha o assassinato de uma velha amiga por outro estudante. Ao reagir, Max descobre que possui a habilidade de voltar no tempo para consertar erros passados e, por consequência, mudar o futuro.

É um jogo baseado inteiramente em escolhas, onde as escolhas do jogador irão impactar a trama do jogo de maneira significativa, de forma bem parecida com os jogos da Telltale, como “The Walking Dead”, com a função Rewind (Rebobinar, em tradução livre) sendo o verdadeiro diferencial do jogo em relação aos outros que seguem a mesma estratégia. Então, vocês podem imaginar o quanto as minhas expectativas diminuíram em relação à sequência quando descobri que ela não teria a função que tornou o primeiro jogo uma experiência tão única para mim, razão do porquê eu também não havia jogado (e ainda não joguei) o prólogo de “Life is Strange”, intitulado “Before the Storm” (Antes da Tempestade, em referência à um evento-chave do primeiro jogo).

Antes da sequência em si ter sido lançada, eu joguei uma demonstração liberada gratuitamente pela Square Enix chamada “As Aventuras Iradas de Captain Spirit”, em 2018. Nela, assumimos o papel de Chris, um garoto que usa os poderes de sua imaginação para lidar com a perda recente da mãe em um acidente automobilístico e com o alcoolismo do pai, causado pela tragédia. Eu achei bem interessante a apresentação da nova trama, mesmo com Chris não sendo o protagonista da sequência, e gostei bastante da nova perspectiva de ver os eventos do jogo pelos olhos inocentes de uma criança. Admito que jogar a demo aumentou minhas expectativas um pouco para jogar “Life is Strange 2”, mas não compraria o jogo até 2021, após ler algumas matérias citando as vantagens da obra em relação ao game original.

E devo dizer que me surpreendi positivamente em relação à muitos aspectos do jogo, mesmo que ele não seja 100% perfeito. Ok, vamos falar do roteiro. Escrito por Christian Divine e Jean-Luc Cano (os mesmos roteiristas do primeiro jogo), a narrativa de “Life is Strange 2” já chama atenção por ser muito mais realista do que seu antecessor. Isto se dá diretamente ao fato da sequência não contar com a presença da função Rewind, que permitia a viagem no tempo característica do primeiro jogo, mas o realismo da trama elaborada por Divine e Cano se dá por vários outros aspectos, que acabam por aprofundar a obra de maneira impressionante.

Aqui, assumimos o papel de Sean, o irmão mais velho, que não tem nenhum poder especial, ao contrário de Max, protagonista do jogo original. Mesmo que essa escolha criativa tenha tirado o teor dinâmico da jogabilidade de “Life is Strange”, ela ao mesmo tempo permitiu que a sequência fosse inteiramente baseada em interações, as quais acabam revelando muitas coisas sobre os personagens que encontramos ao longo do caminho, seja através de diálogos compartilhados com estes personagens ou de documentos, cartas, fotos e referências que dissertam sobre o passado deles.

E falando neles, temos aqui uma variedade impressionante de personagens extremamente carismáticos e aprofundados, em termos de desenvolvimento. O mais interessante sobre os jogos de “Life is Strange” é como o desenvolvimento de seus personagens é diretamente dependente das escolhas feitas pelo jogador. Dependendo das alternativas que você escolher ao longo da jogatina, os relacionamentos do protagonista com aqueles ao seu redor podem tomar rumos completamente diferentes um do outro, podendo aproximá-los ou afastá-los do jogador.

Outro destaque que gostaria de fazer sobre a sequência é o aumento do alcance de suas ambientações. Ao contrário do primeiro jogo, cujos 5 episódios são estritamente ambientados na cidade de Arcadia Bay, uma vibe deliciosa de road movie é aplicada em “Life is Strange 2”, permitindo que cada episódio tenha uma ambientação completamente diferente da outra. A trama do jogo, como um todo, é literalmente uma viagem, onde os protagonistas vão visitando lugares novos, conhecendo pessoas e enfrentando obstáculos juntos. Esta pluralidade nas ambientações foi um dos meus aspectos narrativos preferidos de “Life is Strange 2”.

Outra escolha criativa brilhante feita pelos roteiristas diz respeito aos temas abordados na obra, que são extremamente relevantes, especialmente considerando a época em que os episódios foram lançados, entre 2018 e 2019. Não há nenhuma menção explícita ao assunto, mas fica bem claro que o jogo, como um todo, é ambientado nos EUA, enquanto o país é governado por Donald Trump. Esta escolha, adicionada ao fato de que os dois protagonistas são latino-americanos e filhos de um imigrante mexicano, permite que a sequência aborde temas relevantes como imigração, racismo, preconceito, ideologias distorcidas e xenofobia.

Algumas escolhas feitas pelo jogador são diretamente relacionadas à estes temas, contando com alternativas que tornam o ato de escolher cada vez mais difícil, com o risco do resultado levar à violência e até à humilhação. Há uma parte em particular no quarto capítulo que foi o equivalente emocional à uma facada no coração, completa com algumas torcidas, para mim. Enquanto o primeiro jogo se preocupou em trabalhar com temas recorrentes no público adolescente, como suicídio, bullying, depressão e abuso, “Life is Strange 2” dá um passo a frente e consegue se tornar um verdadeiro depoimento sociopolítico sobre como foi viver como um imigrante nos EUA durante o governo de Trump, com esta escolha de temas aprofundando a relevância e a urgência da obra de uma maneira impressionante.

Uma curiosidade é que, assim como os poderes de Max no primeiro jogo, a origem dos poderes de Daniel é algo incerto. Para aqueles que esperam uma explicação lógica do porquê do personagem possuir tais habilidades, sinto muito, mas vocês vão se decepcionar. Contudo, a ausência de uma explicação lógica permite que o jogador aplique uma origem metafórica para estas habilidades. Coincidentemente, os poderes dos dois personagens foram descobertos quando eles testemunharam o assassinato injusto de alguém próximo a eles. Então, pode-se dizer que os poderes sejam uma ferramenta que os personagens possam usar para retirar a injustiça do mundo, ou algo do tipo, o que eu acho bem interessante.

A única ressalva que gostaria de fazer em respeito à narrativa é a escolha do personagem jogável. Como dito anteriormente, controlamos Sean, o irmão mais velho, que não tem habilidades especiais. Mesmo que o protagonista seja muito bem desenvolvido, e os relacionamentos forjados e fortalecidos por ele sejam bem cativantes, a escolha de fazer com que o jogador tenha que controlar alguém que não tem nenhum diferencial, em termos de jogabilidade, pode fazer com que a jogatina seja um tanto repetitiva, pois, como já disse, a sequência é baseada inteiramente em interações e relacionamentos.

Na minha opinião, pelo menos, teria sido bem melhor (e bem mais fiel às mecânicas inventivas do primeiro jogo) se o personagem jogável de “Life is Strange 2” fosse o Daniel, o irmão mais novo, que possui habilidades telecinéticas. Esta escolha não só teria replicado o dinamismo da jogabilidade do game original, como também teria se mantido fiel à nova perspectiva apresentada na demonstração da sequência, “As Aventuras Iradas de Captain Spirit”, na qual controlamos um garoto da mesma idade de Daniel. E se a perspectiva principal do jogo fosse a de uma criança da idade de Daniel e Chris, isso colaboraria ainda mais para a vibe de coming-of-age (amadurecimento) presente ao longo da trama, talvez oferecendo as escolhas de se tornar cada vez mais independente ou dependente do irmão mais velho, ao mesmo tempo que aborda temas como a perda da inocência e a responsabilidade de fazer escolhas difíceis.

(Okay, for starters, I LOVE the first game in the “Life is Strange” series. As a matter of fact, I've even written a text about it right here, on the blog (if you'd like, you could read it here: https://nocinemacomjoaopedro.blogspot.com/2018/03/life-is-strange-uma-experiencia-de.html). For those who don't know, the first “Life is Strange” game tells the story of Max Caulfield, a student and aspiring photographer who, one day, witnesses the murder of an old friend by another student. By reacting to it, Max discovers she has the ability of going back in time in order to fix past mistakes and, consequently, change the future.

It's a game based entirely on choices, where the player's choices will make a significant impact to the game's plot, in a way that's similar to the videogames released by Telltale, such as “The Walking Dead”, with its Rewind function being the game's true difference when compared to other games that follow the same strategy. So, you can imagine how much my expectations dropped for the sequel when I found out that it wouldn't have the function that made the first one such a unique experience for me, the same reason why I still haven't played the prologue to “Life is Strange”, titled “Before the Storm” (in reference to a key event from the first game).

Before the sequel itself was released, I played a demo that was freely distributed by Square Enix called “The Awesome Adventures of Captain Spirit”, in 2018. In it, we assume the role of Chris, a boy who uses the powers of his imagination to deal with the recent loss of his mother due to a hit-and-run and with his father's alcoholism, which was caused by the tragedy. I thought that the presentation of the new plot was quite interesting, even with Chris not being the sequel's protagonist, and I really liked the new perspective of seeing the game's events through the innocent eyes of a child. I admit that playing the demo lifted my expectations a little higher to play “Life is Strange 2”, but I wouldn't buy the game until 2021, after reading a few Internet pieces highlighting its advantages in comparison to the original game.

And I must say I was positively surprised with many aspects of the game, even though it's not 100% perfect. Okay, let's talk about the script. Written by Christian Divine and Jean-Luc Cano (the same writers as the first game), the narrative for “Life is Strange 2” already gets our attention for being way more realistic than its predecessor. This is directly due to the fact that the sequel doesn't have the Rewind function, which allowed the first game's inventive use of time travel, but the realism in the plot elaborated by Divine and Cano is apparent through various other aspects, which end up making the game something impressively deeper than expected.

Here, we take on the role of Sean, the older brother, who doesn't have any special ability, unlike Max, the first game's protagonist. Even though this creative choice has taken away the dynamic tone of the gameplay in “Life is Strange”, it simultaneously allowed the sequel to be based entirely on interactions, which end up revealing many things about the characters we find along the way, either through dialogue we share with these characters, or through documents, letters, photographs and references that tell us more about their pasts.

And speaking of which, we have an astounding variety of extremely charismatic and deepened characters, when it comes to their development. The most interesting thing about the “Life is Strange” games is how the development of its characters is directly dependent on the choices made by the player. Depending on the alternatives that you choose throughout your gameplay, the protagonist's relationships with those around him could take completely different paths, being able to bring them closer or pull them apart from the player.

Another highlight I'd like to make on the sequel is the enhancement on the range of its settings. Unlike the first game, where its 5 episodes are strictly set in the fictional town of Arcadia Bay, a delightful road movie vibe is applied to “Life is Strange 2”, allowing each episode to have a setting that's completely different from the previous one. The plot of the game, as a whole, is literally a road trip, where the main characters travel and visit new places, meet new people, acquaintances and friends, and face obstacles together. This plurality in the settings was one of my favorite narrative aspects in “Life is Strange 2”.

Another brilliant creative choice made by the writers pays respect to the themes their work deals with, which are extremely relevant, especially considering the time in which the episodes were released, between the years of 2018 and 2019. There isn't any explicit mention to it, but it becomes quite clear that the game, as a whole, is set in the United States, as when the country had Donald Trump as its president. This choice, added to the fact that the two protagonists are Latin-American and sons of a Mexican immigrant, allows the sequel to deal with relevant themes, such as immigration, racism, prejudice, distorted ideologies and xenophobia.

Some of the choices made by the player are directly related to those themes, relying on alternatives that make the act of choosing between them harder as the game goes on, with the risk of its result leading to violence and even humiliation. There's a particular part in the fourth chapter that's the emotional equivalent of a stab to the heart, complete with a few twists in the knife, for me. While the first game worried in dealing with themes that were frequent among the teenage audience, such as suicide, bullying, depression and abuse, “Life is Strange 2” takes one step forward and manages to become a true sociopolitical statement on how it was to live as an immigrant in the US during Trump's administration, with this choice of themes deepening the work's relevance and urgency in an impressive way.

One fun fact is that, like Max's powers in the first game, the origin of Daniel's powers is something uncertain. For those who expect a logical explanation of why the character has those abilities, I'm sorry, but you will be let down by these games. However, the absence of a logical explanation allows the player to apply a metaphorical origin to these abilities. Coincidently, both of these characters' powers were discovered when they witnessed the unfair murder of someone close to them. So, it can be said that the powers could be a tool that the characters can use to take injustice out of the equation, or something like that, which I think is really interesting.

The only setback that I'd like to make when it comes to the narrative is the choice of the playable character. As previously stated, we control Sean, the older brother, who doesn't have any special abilities. Even though the protagonist is really well-developed, and the relationships he forges and strengthens are really captivating, the choice of making the player control someone who doesn't have anything different, when it comes to gameplay mechanics, can make the player's walkthrough a tad too repetitive, now that, as previously stated, the sequel is entirely based on interactions and relationships.

In my opinion, at least, it would've been way better (and way more faithful to the inventive mechanics in the first game) if the playable character of “Life is Strange 2” were to be Daniel, the younger brother, who has telekinetic abilities. That choice not only would've replicated the dynamic tone of the original game's gameplay, but also would maintain the game faithful to the new perspective introduced in the sequel's demonstration, “The Awesome Adventures of Captain Spirit”, in which we control a boy that's the same age as Daniel. And if the game's main perspective was that of a child in the same age as Daniel and Chris, it would collaborate even more to the coming-of-age vibe present throughout the plot, maybe offering the choices to become more independent or dependent of your older brother, at the same time it deals with themes like the loss of innocence and the responsibility of making difficult choices.)



Como dito na seção anterior, a trama de “Life is Strange 2” é povoada por uma variedade de personagens incríveis, mas não há dúvidas que o centro emocional da narrativa seja a relação entre os dois irmãos protagonistas. Vamos por partes, começando com o nosso personagem jogável. Eu adorei a amálgama de emoções pelas quais vemos o Sean passar ao longo do jogo, como um todo. Ele começa como um adolescente revoltado e rebelde, podendo ser capaz de roubar suprimentos para uma festa; mas aí, depois da morte do pai, ele vê uma série de responsabilidades que ele irá ter que assumir como o único familiar próximo do irmão mais novo, e estas novas funções que ele terá que cumprir acabam por colaborar para um amadurecimento impressionante por parte do personagem. É algo realmente incrível, e ainda mais maduro e significativo do que o desenvolvimento da protagonista do primeiro jogo.

O Daniel, o irmão mais novo, é outro personagem incrivelmente amadurecido, para alguém da idade dele, e este amadurecimento (assim como o de Sean) ocorre de maneira gradual, especialmente quando se diz respeito aos seus poderes. Assim como no crescimento de uma criança, a demonstração dos poderes de Daniel inicialmente ocorre quando ele está sob imensa pressão, onde um turbilhão de emoções o atinge de uma vez só, permitindo assim que seus poderes sejam mais destrutivos e descuidados. Ao longo dos 5 episódios, Sean acaba treinando Daniel a controlar e canalizar seus poderes, o que pode ser uma conexão metafórica ao amadurecimento das emoções do personagem com o passar dos anos.

Os personagens coadjuvantes também são muito bem desenvolvidos. Eu gostei de como, a princípio, o jogo nos leva a acreditar que alguns deles não serão confiáveis, mas que, ao decorrer da jogatina, o desenrolar da trama nos mostra que não haveriam pessoas melhores para os protagonistas confiarem do que aquelas. O interesse amoroso de Sean aqui é alguém que é impossível o jogador não se apaixonar também. Ela é literalmente uma versão hippie da Chloe, do primeiro “Life is Strange”, e tem o mesmo espírito livre da personagem icônica do jogo original. Há alguns personagens maravilhosos relacionados à família dos protagonistas, os quais não serão aprofundados nesse texto, para não entrar em território de spoiler.

Os vilões de “Life is Strange 2” são a principal maneira que os roteiristas encontram de trabalhar os temas abordados na trama. E o interessante é que nem todos seguem o estereótipo de serem homens brancos racistas, o que é bem revigorante. Há mulheres, pessoas negras e até latinas que assumem papéis de vilões ao longo dos episódios. A antagonista do quarto capítulo foi a que mais me chamou a atenção, por ser extremamente parecida com uma das melhores personagens da minissérie “Missa da Meia-Noite”, que foi uma das melhores coisas que eu vi em 2021 até agora.

(As said in the previous section, the plot of “Life is Strange 2” is populated by a variety of amazing characters, but there's no doubt that the narrative's emotional core is indeed the relationship between its two sibling protagonists. Let's do this by parts, starting off with our playable character. I loved the collection of emotions which we see Sean go through in the game, as a whole. He starts off as a revolted and rebellious teenager, being able to even steal supplies from his house for a party; but then, after his father's death, he sees a series of responsibilities that he'll have to take charge as his younger brother's only next of kin, and these new functions that he'll have to fulfill end up collaborating for the character's impressive coming-of-age throughout the plot. It's something really amazing, and even more mature and significant than the development of the first game's protagonist.

Daniel, the younger brother, is yet another character who's incredibly mature, for someone his age, and his coming of age (like Sean's) happens in a gradual manner, especially when it comes to his powers. Just as it happens on the growth of a child, the demonstration of Daniel's powers initially happens when he's under immense pressure, when a whirlwind of emotions hits him all at once, allowing his powers to become more destructive and reckless. Throughout the five episodes, Sean ends up training Daniel to control and channel his powers, which could be a metaphorical connection of the character's more mature emotions with the passage of years.

The supporting characters are also really well developed. I liked how, at first, the game leads us to believe that some of these characters won't be reliable, but that, throughout the gameplay, the plot's unraveling shows us there aren't any better people for the protagonists to trust than those characters. Sean's love interest here is someone the player can't help falling in love with as well. She's basically a hippie version of Chloe, from the first “Life is Strange”, and she has the same free spirit as the iconic character from the original game. There are some wonderful characters related to the protagonists' family, which will not be dealt with here on a deeper level in order to avoid treading into spoiler territory.

The villains of “Life is Strange 2” are the main way the writers use to work with the themes that are dealt with in the plot. And the interesting thing is that not all of them take on the stereotype of being racist white men, which is really refreshing. There are women, Black people, and even Latino people who take on the role of villains throughout the episodes. The antagonist in the fourth chapter caught my particular attention, as her portrayal is extremely similar to one of the best characters in the limited series “Midnight Mass”, which was one of the best things I've watched in 2021 so far.)



Tecnicamente, “Life is Strange 2” tem seus altos e baixos. Os gráficos melhoraram bastante desde o lançamento do primeiro jogo em 2015, é possível ver que há muito mais textura nas ambientações e nos personagens; permitindo, assim, que a sequência seja visualmente mais realista. Eu gostei bastante de como o visual conseguiu trabalhar as diferentes ambientações do jogo, e permitiu que cada uma delas fosse o mais crível possível. A única ressalva no visual da sequência, para mim, fica na sincronização dos movimentos labiais e corporais dos personagens nos momentos de jogabilidade por diálogo, como se os lábios dos personagens não estivessem dizendo o que os atores queriam dizer. Não polui o jogo por completo, mas, assim como no primeiro “Life is Strange”, é uma falha notável, considerando a diferença de 3 anos entre os dois jogos principais da franquia.

A jogabilidade, como dito anteriormente, pode ser meio repetitiva, por ser inteiramente baseada em interações, sem nenhum diferencial que adicione um dinamismo à jogatina, como a função Rewind no primeiro jogo. Mas isso, assim como o visual citado acima, colabora para um maior realismo à jogabilidade da sequência, o que é uma mudança extremamente bem-vinda, no meu ponto de vista. E, do mesmo jeito, na grande maioria das vezes, é o próprio Sean que fala para Daniel usar seus poderes, então, de certo modo, o jogador também controla as ações do irmão mais novo.

E, por último, mas não menos importante, assim como no primeiro jogo, a trilha sonora de “Life is Strange 2” é composta de faixas instrumentais originais do compositor Jonathan Morali, vocalista da banda de rock indie Syd Matters. O trabalho dele aqui me lembrou bastante das melhores partes instrumentais da trilha do primeiro “Life is Strange”, o que é muito bom. Já na trilha sonora compilada, temos algumas canções incríveis de artistas e bandas independentes e alternativos como Sufjan Stevens, Phoenix, Gorillaz e Mt. Wolf, o que pode colaborar para a descoberta de novos artistas musicais pelo público-alvo da franquia.

(Technically, “Life is Strange 2” has its ups and downs. The graphics have improved a lot ever since the first game's release in 2015, it's possible to see that's there's a lot more texture in the settings and in the characters; allowing that the sequel is visually more realistic and down-to-earth. I really enjoyed how the visuals managed to work with the game's different settings, and allowed that each one of them is as believable and as real as they can be. The only setback on the sequel's visuals stay with the characters' lip-synching and body language in the moments of gameplay by dialogue, as if the characters' lips aren't actually saying what the voice actors wanted to say. It doesn't pollute the game as a whole, but, just like in the first “Life is Strange”, it's a notable flaw, especially considering the 3-year difference between the two main games in the franchise.

The gameplay, as previously stated, can come out as a bit repetitive, as the sequel is entirely based on interactions, without any difference that could add a dynamic tone to the walkthrough, such as the Rewind function in the first game. But that, like the visuals mentioned above, collaborates for a larger sense of realism to the sequel's gameplay, which is an extremely welcome change of pace, in my point of view. And, as a matter of fact, in a great majority of times, it's Sean himself who tells Daniel when to use his powers, so, in a way, the player is also controlling the younger brother's actions.

And, at last, but not least, in a similar manner to the first “Life is Strange” game, the soundtrack of “Life is Strange 2” is composed by original instrumental tracks by songwriter Jonathan Morali, who's the frontman of the indie rock band Syd Matters. His work here reminded me a lot of the best instrumental parts in the first game's original score, which is really good. And when it comes to a compiled soundtrack, we have a collection of amazing songs by independent and alternative artists and bands, such as Sufjan Stevens, Phoenix, Gorillaz and Mt. Wolf, which may collaborate for the discovery of new musical artists by the franchise's target audience.)



Resumindo, mesmo que a jogabilidade não tenha o caráter dinâmico e inventivo de seu antecessor, “Life is Strange 2” consegue compensar com uma história de amadurecimento extremamente cativante, personagens incrivelmente aprofundados e uma abordagem sociopolítica impressionante de temas relevantes como a imigração e o preconceito, a qual ajuda os roteiristas Christian Divine e Jean-Luc Cano a manterem a narrativa da sequência fincada na realidade, e a transformarem em um verdadeiro depoimento sobre como foi viver como imigrante na América de Donald Trump. Podem comprar sem medo para a plataforma preferida de vocês (PC, PS4 ou Xbox One), porque vale a pena, especialmente se forem fãs do primeiro jogo!

Nota: 9,0 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, even if its gameplay fails to retain its predecessor's dynamic and inventive feel, “Life is Strange 2” manages to compensate with an extremely captivating coming-of-age story, incredibly layered and developedd characters and an impressive sociopolitical approach of relevant themes such as immigration and prejudice, which helps writers Christian Divine and Jean-Luc Cano mantain the sequel's narrative grounded to reality, and transform it into a true statement on how it was to live as an immigrant in Donald Trump's America. You can trust me when I tell you to buy it for your favorite platform (PC, PS4 or Xbox One), because it's worth it, especially if you're a fan of the first game!

I give it a 9,0 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)


Um comentário: