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E aí, meus queridos cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para listar os meus 10 filmes prediletos de 2022! Tivemos MUITOS filmes bons este ano, dos mais variados gêneros, e também tivemos alguns que, infelizmente, passaram por debaixo do radar de muita gente, especialmente pela infinidade de conteúdos disponíveis nos serviços de streaming atualmente. Então, eu juntei aqui 10 dos filmes que mais me marcaram este ano, reunindo aqueles que a maioria pode conhecer com algumas pérolas do cinema internacional e independente que valem a pena procurar. Então, sem mais delongas, vamos começar!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to list my 10 favorite films of 2022! We've had A LOT of good films this year, in a wide variety of genres, and also we've had some that, unfortunately, went under many people's radar, especially because of the multitude of content available in streaming services nowadays. So, I've gathered here 10 of the films that made the biggest mark on me this year, reuniting those the great majority may recognize along with some pearls of international and independent cinema that are worth looking out for. So, without further ado, let's begin!)
“BATMAN”, dirigido por Matt Reeves – Disponível na HBO Max
(“THE BATMAN”, directed by Matt Reeves – Available on HBO Max)
Já vou logo avisando: este é o único filme de super-heróis nessa lista, simplesmente por ser o único filme que desviou da fórmula predominante no gênero na atualidade. Aqui temos uma história do Batman em formação, pegando como influência obras como “O Longo Dia das Bruxas”, em uma estrutura muito bem construída de filmes de investigação policial, na veia de “Se7en” e “Zodíaco”. O resultado é um épico noir que, sob a direção inteligente de Matt Reeves (“Deixe-Me Entrar”), insere personagens amplamente conhecidos em uma trama mais amadurecida, densa e sombria, imergindo o espectador completamente em sua ambientação realista pelo tempo de duração de quase 3 horas. O elenco é simplesmente espetacular, com Robert Pattinson mostrando perfeitamente as imperfeições do personagem-título, e Paul Dano sendo um formidável vilão para o vigilante de Gotham City. A Marvel pode ter lançado mais obras em 2022, mas nenhuma delas chegou ao nível de qualidade do primeiro (e melhor) filme que a DC lançou este ano.
(Here's a fair warning: this is the only superhero film on this list, simply because it's the only film that deviated from the predominant formula in the genre nowadays. Here, we have a story with a Batman that's in formation, taking influence from works like “The Long Halloween”, in a very well-built structure of police investigation films, such as “Se7en” and “Zodiac”. The result is a noir epic that, under the intelligent direction of Matt Reeves (“Let Me In”), inserts widely known characters in a more matured, dense, somber plot, immersing the viewer completely in its realistic setting over the runtime of almost 3 hours. The cast is simply spectacular, with Robert Pattinson perfectly displaying the title character's imperfections, and Paul Dano being a formidable villain for Gotham City's vigilante. Marvel may have released more works in 2022, but none of them reached the level of quality of DC's first (and finest) film released this year.)
“ARGENTINA, 1985”, dirigido por Santiago Mitre – Disponível na Amazon Prime Video
(“ARGENTINA, 1985”, directed by Santiago Mitre – Available on Amazon Prime Video)
Eu nunca fui muito fã de filmes de julgamento, porque às vezes eles podem parecer meio monótonos. Mas bastou um crítico de cinema brasileiro (Dalenogare) falar que este filme tinha sido seu filme favorito de 2022 e, pronto: “Argentina, 1985” entrou no meu radar. Tendo como base o Julgamento das Juntas, evento de 1985 que julgava aqueles responsáveis pelo governo autoritário do Processo de Reorganização Nacional, que durou de 1976 à 1983, o filme de Santiago Mitre consegue trabalhar seus dois protagonistas (os procuradores-gerais que acusam os réus) de forma sublime, analisando muito bem suas histórias de vida diferentes, assim como as constantes ameaças que ambos recebiam por terem assumido o caso, misturando um realismo aterrorizante com um senso de humor satírico perfeito para descontrair um pouco. Ainda mais surpreendente é a inclusão de jovens na investigação para descobrir provas concretas que poderiam condenar os réus. Este filme é um pedaço da História dramatizado de maneira impecável e envolvente, complementada por uma performance sensacional do sempre ótimo Ricardo Darín. Certamente vai ser um dos indicados a Melhor Filme Internacional no Oscar ano que vem.
(I've never been a fan of films involving judgement trials, because sometimes they may come off as monotonous. But all it took was a Brazilian movie critic to say that this film had been his favorite film of 2022 and, presto: “Argentina, 1985” entered my radar. Based on the Trial of the Juntas, an event in 1985 that judged those responsible for the authoritarian government of the Proceso de Reorganización Nacional, which lasted from 1976 to 1983, Santiago Mitre's film manages to develop its two protagonists (the prosecutors that accuse the defendants) in a sublime way, superbly analyzing their different life stories, as well as the constant threats both of them received for taking on the case, mixing a terrifying realism with a satirical sense of humor that's perfect for a little distraction. What's even more surprising is the inclusion of young people in the investigation for concrete evidence that may convict the defendants. This film is a piece of History dramatized in a flawless and involving way, complemented by a sensational performance by the always great Ricardo Darín. It's certainly on its way to being nominated for Best International Feature Film at next year's Oscars.)
“A MENINA SILENCIOSA”, dirigido por Colm Bairéad
(“THE QUIET GIRL”, directed by Colm Bairéad)
Tá aí um filme que eu não esperava absolutamente nada. Só tinha visto que ele tinha sido um dos filmes mais bem-avaliados de 2022 no Letterboxd (aplicativo onde o usuário consegue montar várias listas dos filmes que assistiu ou quer assistir, dando uma nota de 0,5 a 5 estrelas), então, por esse simples fato, coloquei “A Menina Silenciosa” na minha lista de filmes a assistir em 2022. O filme de Colm Bairéad é o representante oficial da Irlanda na corrida ao Oscar de Melhor Filme Internacional, e, ambientado na década de 1980, acompanha uma menina introvertida que é enviada por sua família disfuncional para viver com um casal de parentes distantes e idosos no interior do país. Lentamente, um sentimento de conforto vai levando a menina a se abrir com o casal. Porém, um segredo ameaça colocar em risco o futuro dela na casa. É uma história de amadurecimento extremamente sensível, com mensagens importantíssimas e atemporais sobre adoção, família, luto e pertencimento, complementada por uma ambientação imensamente aconchegante. É um filme para sorrir e chorar ao mesmo tempo. Até o momento, ele só foi exibido em festivais, mas fiquem de olho, porque ele pode ter um lançamento nos cinemas por causa do Oscar.
(Now there's a film where I didn't expect absolutely nothing about it. I had only seen it'd been one of the most well-reviewed films of 2022 on Letterboxd (an app where the user can put together lists of films they watched or want to watch, rating them on a scale of half to 5 stars), so, simply because of that, I put “The Quiet Girl” on my list of films to watch in 2022. Colm Bairéad's film is Ireland's official submission in the race to the Oscar for Best International Feature Film, and, set in the 1980s, follows an introverted girl who is sent away by her dysfunctional family to live with a couple of distant, elderly relatives in the inner country. Slowly, a feeling of comfort motivates the girl in opening herself up to the couple. However, a secret threatens to put her future in the house at risk. It's an extremely sensitive coming-of-age story, with really important and timeless messages on adoption, family, grief and belonging, complemented by an immensely comforting setting. It's a film you simultaneously find yourself smiling and crying throughout it. Look out for some limited screenings near you, so that you can watch it before the Oscars.)
“TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO”, dirigido por Daniel Kwan e Daniel Scheinert
(“EVERYTHING EVERYWHERE ALL AT ONCE”, directed by Daniel Kwan and Daniel Scheinert)
Por onde começar a falar da nova empreitada da dupla responsável pelo filme que tem Daniel Radcliffe como um cadáver flatulento (“Um Cadáver para Sobreviver”)? Primeiro: ele é extremamente divertido. Segundo: ele trabalha infinitamente melhor o conceito de multiverso do que uma certa produtora de filmes de super-heróis. Terceiro: ele fica ainda melhor quando você assiste ele pela segunda vez, onde, por baixo de toda a bizarrice, há mensagens sobre niilismo, identidade, família e saúde mental. Quarto: ele é tecnicamente impecável, misturando várias técnicas de fotografia, direção de arte e efeitos visuais para criar um verdadeiro espetáculo psicodélico para os olhos do espectador. Quinto: o elenco, encabeçado pelos futuros indicados (ou seria vencedores?) ao Oscar Michelle Yeoh e Ke Huy Quan, é excelente e tem uma química maravilhosa em tela. E sexto: é, de longe, o filme mais original, inventivo e cheio de imaginação de 2022, usando todo o seu potencial para contar uma história que, por mais viajada que seja, tem seus dois pés fincados na realidade. Mal posso esperar para ver esse filme fazer história no Oscar ano que vem.
(Where should I begin talking about the new endeavor by the duo responsible for the film that has Daniel Radcliffe as a flatulent corpse (“Swiss Army Man”)? First off: it is extremely fun. Secondly: it develops the concept of multiverse in an infinitely better way than a certain producer of super-hero films. Thirdly: it gets even better on a second watch, where, underneath all its bizarreness, there are messages on nihilism, identity, family and mental health. In fourth place: it is technically flawless, mixing several cinematography, production design and visual effects techniques in order to create a real psychedelic spectacle for the viewer's eyes. In fifth place: the cast, led by future Oscar nominees (or is it winners?) Michelle Yeoh and Ke Huy Quan, is excellent and has a wonderful chemistry onscreen. And in sixth place: it is, by far, the most original, inventive, imaginative film 2022 has to offer, using its full potential to tell a story that, as trippy as it may seem, has its two feet grounded in reality. I can't wait to see this film make Oscar history next year.)
“ATÉ OS OSSOS”, dirigido por Luca Guadagnino
(“BONES AND ALL”, directed by Luca Guadagnino)
Luca Guadagnino dirigindo um road movie sobre um casal apaixonado de jovens canibais que viaja pelo país à procura de respostas. Preciso dizer mais? Misturando terror e romance de uma maneira surpreendentemente homogênea, o diretor italiano responsável por “Me Chame pelo Seu Nome” consegue trabalhar o assunto tabu do canibalismo de uma maneira simultaneamente comercial (ou seja, para atrair público) e metafórica, como um símbolo da situação que os personagens se encontram na ambientação controversa da América de Ronald Reagan. Nos aspectos técnicos, o filme é brilhantemente íntimo e minimalista, contando com uma direção de arte realista e natural, mas é no elenco que “Até os Ossos” encontra seu verdadeiro trunfo. Encabeçado pela impecável dupla composta por Timothée Chalamet e Taylor Russell, que têm uma química explosiva em tela como o casal protagonista de canibais, a nova obra de Guadagnino ainda conta com uma performance coadjuvante arrepiante do vencedor do Oscar Mark Rylance, que rouba cada cena em que seu personagem aparece, sendo ele a maior chance que o filme possui de atrair a atenção do Oscar. O que era para ser um dos filmes mais controversos do ano acabou sendo um dos melhores, e, por isso, “Até Os Ossos” merece a sua atenção.
(Luca Guadagnino directing a road movie about a passionate couple of young cannibals who travel across the country looking for answers. Need I say more? Blending horror and romance in a surprisingly uniform way, the Italian filmmaker responsible for “Call Me By Your Name” manages to develop the taboo subject of cannibalism in a simultaneously commercial (meaning, to draw an audience) and metaphorical way, as a symbol of the situation the chatacters find themselves in in its controversial setting of Ronald Reagan's America. In its technical aspects, the film is brilliantly intimate and minimalistic, relying on a realistic and natural production design, but it's in the cast that “Bones and All” finds its greatest strength. Led by the flawless duo composed by Timothée Chalamet and Taylor Russell, who have explosive onscreen chemistry as the leading couple of cannibals, Guadagnino's new work still has a spine-chilling supporting performance by Oscar winner Mark Rylance, who steals every single scene his character is in, with his performance being the film's biggest shot in getting the Oscars' attention. What was meant to be one of the year's most controversial films ended up being one of its best, and, for that, “Bones and All” deserves your attention.)
“DECISÃO DE PARTIR”, dirigido por Park Chan-wook – 05 de Janeiro nos Cinemas
(“DECISION TO LEAVE”, directed by Park Chan-wook)
O filme mais romântico do ano foi feito pelas mãos do sul-coreano Park Chan-wook, responsável por obras-primas contemporâneas como “Oldboy” e “A Criada”. Após uma estreia prestigiada em Cannes, onde levou o Prêmio de Melhor Direção do Festival, “Decisão de Partir” foi escolhido como o representante oficial da Coréia do Sul ao Oscar de Melhor Filme Internacional, e com razão. O filme conta a história de um policial sul-coreano que está prestes a se aposentar, quando um novo caso de assassinato, impossível de ser explicado, surge em sua frente, sendo a principal suspeita a esposa chinesa da vítima. O policial passa, então, a acompanhar a mulher, criando uma gradual obsessão com ela. Chan-wook consegue criar aqui uma trama extremamente inteligente, que, assim como “A Criada”, subverte (e muito) as expectativas do espectador, contando com aspectos técnicos dinâmicos e performances marcantes de Park Hae-il e Tang Wei, que dominam a tela com uma química inegável. Se a competição não fosse tão acirrada, a Coréia do Sul teria outro sucesso no nível de “Parasita” em suas mãos com “Decisão de Partir”. Fica aqui a esperança desse crítico que a Academia veja esse filme para além da categoria de Melhor Filme Internacional, porque iria ser muito, mas muito merecido.
(The year's most romantic film was made from the hands of South-Korean filmmaker Park Chan-wook, who's responsible for contemporary masterpieces like “Oldboy” and “The Handmaiden”. After a buzzy premiere in Cannes, where it won the Festival's Best Director Award, “Decision to Leave” was chosen as South Korea's official submission to the Oscar for Best International Feature Film, and rightfully so. The film tells the story of a South Korean police officer who's about to retire, when a new murder case, which is impossible to be explained, comes into scene, with the main suspect being the victim's Chinese wife. The officer, then, begins to follow the woman's daily life, creating a gradual obsession towards her. Here Chan-wook manages to create an extremely clever plot, which, just like “The Handmaiden”, subverts the viewer's expectations (a lot), relying on kinetic technical aspects and memorable performances by Park Hae-il and Tang Wei, who own the screen with their undeniable chemistry. If the competition wasn't this tight, South Korea would've had another hit in the level of “Parasite” on their hands with “Decision to Leave”. Here's to hoping the Academy sees this film beyond the category of Best International Feature Film, because it would've been really, really deserving.)
“PEARL”, dirigido por Ti West
(“PEARL”, directed by Ti West)
O segundo filme de Ti West lançado em 2022 é um prólogo do também ótimo “X – A Marca da Morte”, acompanhando a vilã do primeiro filme, Pearl, durante sua juventude na época da Primeira Guerra Mundial. Se vendo presa pelos seus pais na fazenda onde moram juntos, Pearl nutre um sonho de se tornar uma verdadeira estrela do cinema, ao mesmo tempo que novos conhecidos começam a mudar a sua vida do jeito mais aterrorizante possível. Trocando a direção de arte mais realista e a vibe de slasher de “X” por um visual vibrante em tecnicolor e uma abordagem mais psicológica do terror, “Pearl” é um estudo de personagem em sua melhor forma, tendo como principal ingrediente a performance arrebatadora de Mia Goth, que entrega a melhor atuação do ano como a personagem-título. Se o Oscar fosse justo, ela seria ao menos indicada ao Oscar de Melhor Atriz. (Mas, levando em consideração a não-indicação de performances aclamadas em filmes de terror, como a de Toni Collette em “Hereditário”, infelizmente, acho pouco provável.) Narrativamente, o filme consegue ser independente de “X”, ou seja, é possível entender “Pearl” sem ter conhecimento prévio de “X”, mas essa é uma abordagem que eu não recomendo. Para sentir o verdadeiro impacto de “Pearl”, assistir “X” antes não é só recomendado, como também necessário, porque acaba abrindo um novo leque de interpretações que conectam os dois filmes pelas suas temáticas de uma maneira absolutamente brilhante. E além disso, há um terceiro filme nessa cronologia prestes a ser lançado, então vale (muito) a pena ver os dois filmes antes do terceiro lançar.
(Ti West's second film released in 2022 is a prologue to the also great “X”, following the first film's villain, Pearl, during her youth in the time of World War I. Seeing herself trapped by her parents in the farm they live in together, Pearl nurtures a dream of becoming a real movie star, at the same time new introductions start to change her life in the most terrifying way. Trading in the realistic production design and the slasher vibes of “X” for a vibrant technicolor visual and a more psychological approach to its horror, “Pearl” is a character study in its finest form, with its main ingredient being the showstopping performance by Mia Goth, who delivers the best acting of the year as the title character. If the Oscars were fair, she would be at least nominated to the Oscar for Best Actress. (But, considering their snubbing of acclaimed performances in horror films, such as Toni Collette's in “Hereditary”, unfortunately, I think it's less likely.) Narratively, the film manages to be independent from “X”, meaning, you can understand “Pearl” without having previous knowledge of “X”, but that's an approach I do not recommend. In order to feel the true impact of “Pearl”, watching “X” before it is not only recommended, but also necessary, as it opens up a whole new batch of interpretations that connect both films through their themes in an absolutely brilliant way. And besides, there's a third film in this chronology that's bound to be released, so I (highly) recommend watching both films before the third one releases.)
“NADA DE NOVO NO FRONT”, dirigido por Edward Berger – Disponível na Netflix
(“ALL QUIET ON THE WESTERN FRONT”, directed by Edward Berger – Streaming on Netflix)
Ainda é cedo demais para coroar “Nada de Novo no Front” como o vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional ano que vem? Porque ao meu ver, pela quantidade incrível de reconhecimento em várias premiações além das categorias óbvias, “Nada de Novo no Front” é o filme internacional com mais capacidade de repetir o feito de “Parasita” e “Drive My Car” e marcar presença nas categorias principais, em especial Melhor Filme. Servindo como uma espécie de antítese à abordagem blockbuster da Primeira Guerra Mundial em “1917”, a adaptação alemã do livro de Erich Maria Remarque dirigida por Edward Berger é essencialmente brutal e, muitas vezes, chocante em seu retrato da violência durante a guerra, ao mesmo tempo que coloca em reflexão quantas decisões estúpidas e claramente suicidas foram tomadas por ambos os lados. O equilíbrio entre as cenas de combate e de diplomacia é muito bem calculado, dedicando tempo o suficiente para que o espectador se sinta envolvido nas duas abordagens do conflito. Tecnicamente, o filme é uma obra-prima à parte. As cenas ambientadas no front contam com uma combinação extraordinária de fotografia, montagem, direção de arte, efeitos visuais, maquiagem e som para aproveitar o máximo potencial de imersão do espectador nestas sequências, e na minha opinião, todos estes aspectos técnicos são dignos de reconhecimento da Academia. “Nada de Novo no Front” é um filme tão épico, tão envolvente, tão impactante e tão emocionante que, para mim, o único filme de guerra que, ao menos, se equipara a ele ao retratar um conflito armado é “O Resgate do Soldado Ryan”. É isso.
(Is it too soon to crown “All Quiet on the Western Front” as next year's Oscar winner for Best International Feature Film? Because the way I see it, for its incredible amount of awards recognition in several ceremonies going beyond the obvious categories, “All Quiet on the Western Front” is the international film with the highest capacity of repeating the feats of “Parasite” and “Drive My Car” and marking their presence in the main categories, especially Best Picture. Serving as a sort of antithesis to the blockbuster approach of World War I in “1917”, the German adaptation of Erich Maria Remarque's novel directed by Edward Berger is essentially brutal and, frequently, shocking in its portrayal of violence during war, at the same time it reflects on how many stupid and clearly suicidal decisions were made from both sides. The balance between combat and diplomatic scenes is very well-calculated, dedicating enough time for the viewer to feel involved with both approaches of the conflict. Technically, the film is a particular masterpiece. The scenes set in the front rely on an extraordinary combination of cinematography, editing, production design, visual effects, makeup and sound in order to make the most immersive possible experience for the viewer, and in my opinion, all of these technical aspects are worthy of Oscar recognition. “All Quiet on the Western Front” is a film that's so epic, so involving, so impactful and so emotional that, to me, the only war film that, at least, equals it in portraying an armed conflict is “Saving Private Ryan”. Period.)
“AFTERSUN”, dirigido por Charlotte Wells – Nos cinemas, e 06 de janeiro no MUBI
(“AFTERSUN”, directed by Charlotte Wells)
Eu nunca pensaria que uma cineasta estreante iria transformar uma simples viagem de férias entre pai e filha em uma obra-prima extraordinariamente bem construída sobre memória, identidade, família e saúde mental. Este é um daqueles filmes onde você consegue sentir, em cada cena, em cada quadro, o quanto aquela história importa para quem a está realizando. E é esse caráter pessoal e autobiográfico que eleva “Aftersun” acima de outros filmes que são considerados autobiográficos de seus cineastas. A direção de fotografia é bem natural, a montagem é propositalmente enganosa, e é um filme que basicamente não tem enredo, sendo um quebra-cabeças onde a diretora entrega quase todas as peças para o espectador ir montando por conta própria, podendo levar a várias interpretações do que está sendo retratado em tela. O Paul Mescal e a Frankie Corio (que, a propósito, são EXTREMAMENTE parecidos com o pai da diretora e a própria cineasta, quando criança, respectivamente) entregam performances excelentes aqui, com Mescal expondo todos os dilemas e imperfeições do seu personagem de uma maneira absurdamente emocionante, e Corio, em sua primeira atuação, mostrando uma segurança e uma confiança impressionante na frente da câmera. Porém, o verdadeiro destaque fica com a direção da Charlotte Wells, que, em seu PRIMEIRO FILME, já consegue mostrar um controle e uma certeza incríveis sobre aquilo que ela está fazendo, algo que muitos diretores só alcançam ao longo de suas carreiras. Por favor, que “Aftersun” seja indicado ao Oscar de Melhor Filme... Por favor, que “Aftersun” seja indicado ao Oscar de Melhor Filme...
(I would've never thought that a debuting filmmaker would turn a simple vacation trip between father and daughter into an extraordinarily well-built masterpiece on memory, identity, family and mental health. This is one of those films where you can feel, in every scene, in every frame, how much that story matters to who's making it. And it's that personal, autobiographical approach that elevates “Aftersun” above other films that are considered autobiographical to their filmmakers. The cinematography is really natural, the editing is purposefully misleading, and it's a film that basically has no plot, being a puzzle where the director gives away almost every piece for the viewer to put together for themselves, which may lead to several interpretations to what's being portrayed onscreen. Paul Mescal and Frankie Corio (who, by the way, look EXTREMELY alike the director's father and the filmmaker herself as a child, respectively) deliver excellent performances here, with Mescal exposing every one of his character's dilemmas and imperfections in an absurdly devastating way, and Corio, in her first performance, displaying an impressive security and confidence in front of the camera. However, the true spotlight shines on Charlotte Wells's direction, who, in her FIRST FEATURE FILM, can already show an amazing control and certainty on what she's doing, something that many filmmakers only achieve throughout their careers. Please, may “Aftersun” be an Oscar nominee for Best Picture... Please, may “Aftersun” be an Oscar nominee for Best Picture...)
“PINÓQUIO POR GUILLERMO DEL TORO”, dirigido por Guillermo del Toro – Disponível na Netflix
(“GUILLERMO DEL TORO'S PINOCCHIO”, directed by Guillermo del Toro – Streaming on Netflix)
A versão de “Pinóquio” dirigida por Guillermo del Toro era o meu filme mais esperado de 2022 por duas razões específicas: era um dos projetos que o cineasta mais desejava realizar, com del Toro desenvolvendo-o desde 2008; e o fato de ser uma animação musical em stop-motion que trocava a ambientação ambígua de outras adaptações por uma bem delimitada: a Itália de Benito Mussolini, que não só conectava a história com suas raízes, como também o cineasta com as temáticas trabalhadas em obras anteriores dele. O resultado é uma verdadeira obra-prima atemporal que pode muito bem ser a melhor adaptação da história de Carlo Collodi desde a animação da Disney lançada em 1940. O roteiro faz a escolha inteligente de trocar o holofote para o Gepeto ao invés do Pinóquio em si, levando a história a abordar temáticas sobre a efemeridade da vida, o impacto da morte e da perda, e o significado do tempo que nós passamos com as pessoas que amamos. É uma abordagem que consegue equilibrar seu lado mais sombrio e filosófico com uma inocência cativante, especialmente através do personagem-título. Del Toro junta um elenco de vozes original invejável, com nomes como Cate Blanchett, Tilda Swinton, Christoph Waltz, Ewan McGregor e David Bradley dando vida aos personagens do longa. E a animação em stop-motion é um verdadeiro deleite, cheia de detalhes e nuances extraordinárias, conseguindo reter as características visuais de um filme de Guillermo del Toro e entregando um verdadeiro espetáculo visual para o espectador. Resumindo, “Pinóquio por Guillermo del Toro” é o melhor filme do ano, é o melhor filme lançado pela Netflix em 2022, e um dos melhores, se não o melhor filme de animação dos últimos tempos. Se a Academia tivesse a coragem de incluir este filme entre os 10 indicados à categoria de Melhor Filme no Oscar ano que vem, ficaria com um sorriso enorme no rosto.
(The Guillermo del Toro-directed version of “Pinocchio” was my most anticipated film of 2022 for two specific reasons: it was one of the filmmaker's most long-gestating projects, with del Toro developing it since 2008; and the fact of being a stop-motion animated musical that traded the ambiguous setting of other adaptations for a well-adjusted one: Benito Mussolini's Italy, which not only connected the story to its original roots, but also connected the filmmaker with the themes dealt with in his previous work. The result is a truly timeless masterpiece that might as well be the best adaptation of Carlo Collodi's story since the Disney animated film, released in 1940. The script makes the clever choice of switching the spotlight towards Geppetto instead of Pinocchio himself, leading the story in dealing with themes on the briefness of life, the impact of death and loss, and the meaning of the time we spend with the people we love. It's an approach that manages to balance its darker, more philosophical side with a captivating innocence, especially through the title character. Del Toro gathers an enviable voice cast here, with names like Cate Blanchett, Tilda Swinton, Christoph Waltz, Ewan McGregor and David Bradley giving life to some of the film's characters. And the stop-motion animation is a true delight, filled with extraordinary details and nuances, managing to retain the visual characteristics of a Guillermo del Toro film and delivering a real visual spectacle to the viewer. In a nutshell, “Guillermo del Toro's Pinocchio” is the best film of the year, it's the best film Netflix released in 2022, and it's one of the best, if not the best animated film in recent times. If the Academy had the courage to include this film among their 10 nominees to the Oscar for Best Picture, I'd have a huge smile on my face.)
É isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)
Ótimo gosto, mas o Batman estaria na minha opinião em segundo lugar 😀
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