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sábado, 28 de dezembro de 2019

O Melhor de 2019 (Bilíngue)


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E aí, meus cinéfilos queridos! Tudo bem com vocês? Eu estou de volta, mais cedo que o esperado, porque hoje é meu aniversário!!! E, nessa data especial, decidi dar um presente a vocês, meus leitores. Nesse ano, tivemos muitos filmes. Alguns tiveram resenhas postadas no blog, outros não. Então, minha proposta é fazer um ranking dos 5 melhores filmes de 2019. Após o top 5, farei uma seção de menções honrosas (ou seja, aqueles que chegaram bem perto de estar nos 5 melhores) e depois, uma parte lembrando todas as temporadas de séries que eu gostei mais nesse ano. Então, sem mais delongas, vamos começar!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, and sooner than expected, because today is my birthday! And, on this special day, I decided to give you, my readers, a gift. This year, we had a lot of films. Some of them got reviewed here, others didn't. So, my proposal is to make a ranking of the 5 best films of 2019. After the top 5, I'll make a section on honorable mentions (meaning, those who came close to being in the top 5), and after that, a small part remembering every TV show season I enjoyed the most this year. So, without further ado, let's start this!)


  1. HISTÓRIA DE UM CASAMENTO, dirigido por Noah Baumbach
(MARRIAGE STORY, directed by Noah Baumbach)
Um filme sensível, íntimo e emocionante. Tá aí algo que eu nunca imaginava que a Netflix seria capaz de fazer. Já sabendo o que esperar, fui ver esse filme com uma expectativa mediana, e acabei me surpreendendo bastante. O roteiro possui um teor dolorosamente realista, o que ajuda muito na carga emocional do filme. Os atores se entregam de corpo e alma aos papéis e aos diálogos que lhes são dados. Como dito na resenha do filme, o Adam Driver e a Scarlett Johansson dão um show, praticamente garantindo a indicação ao Oscar dos dois no processo. A Laura Dern interpreta um excelente papel coadjuvante, possuindo alguns dos diálogos mais inteligentes contidos no roteiro. A trilha sonora do Randy Newman faz um contraste perfeito com a atmosfera melancólica que o enredo propõe. Definitivamente, é um dos melhores filmes originais da Netflix, e “História de um Casamento”, com toda certeza, marcará presença no Oscar ano que vem, especialmente nas 5 categorias principais (Melhor Filme, Direção, Ator, Atriz e Roteiro Original).
(A sensitive, intimate, highly emotional film. Now, there's something I never imagined that Netflix was able to make. Already knowing what to expect, I watched this film with mild expectations, and I ended up being pleasantly surprised. The script has a painfully realistic tone, which helps a lot when it comes to emotionally charge the movie. The actors dedicate every inch of themselves to the roles and the dialogues that are given to them. As I stated in the review of the film, Adam Driver and Scarlett Johansson are utterly amazing, practically guaranteeing their Oscar nomination in the process. Laura Dern plays an excellent supporting role, possessing some of the smartest dialogues contained in the script. Randy Newman's score makes a perfect contrast with the melancholic atmosphere inserted in the plot. It's definitely one of the best Netflix original films ever, and “Marriage Story”, without a doubt, will make a presence in the Oscars next year, especially in the main 5 categories (Best Picture, Director, Actor, Actress, and Original Screenplay).)


  1. ROCKETMAN, dirigido por Dexter Fletcher
    (ROCKETMAN, directed by Dexter Fletcher)
Confesso que minha expectativa para esse filme não estava lá no alto, especialmente pelo fato de “Bohemian Rhapsody”, que foi finalizado pelo diretor desse filme, ter sido tão mediano. Mas, felizmente, Dexter Fletcher pega tudo que deu errado em “Bohemian” e acerta tudo em “Rocketman”. A começar pela verdadeira veia de musical que o filme possui. Ele não é uma biografia com algumas partes de show e talz, é um musical DE VERDADE, com coreografias bem trabalhadas, um teor de fantasia cativante e movimentos de câmera bem fluidos. Depois, a classificação etária. “Rocketman” tem um tom bem mais adulto, ele não suaviza nada da vida cheia de drogas e sexo que o Elton John teve nos anos iniciais de sua carreira, ao contrário do que “Bohemian” fez. E por último, mas não menos importante, temos a atuação do protagonista. O Taron Egerton incorpora o Elton John de uma maneira extraordinária. A fisionomia, os maneirismos, e ele realmente canta no papel, e canta muito bem, a propósito. Gostaria muito que esse filme fosse indicado à várias categorias no Oscar, como prova de que é muito mais digno de estatuetas do que “Bohemian”, mas parte de mim tem quase certeza que ele será ofuscado por filmes que farão mais presença ano que vem.
(I confess that my expectations for this film weren't sky high, especially because of the fact that “Bohemian Rhapsody”, which was finished by the director of “Rocketman”, was only kinda good. But, fortunately, Dexter Fletcher takes everything that went wrong in “Bohemian” and gets everything right in this film. Starting with the true musical vein the film has. It's not a biopic with some concert parts, it's a FULL-ON musical, with well-rehearsed coreography, a captivating fantasy tone, and very fluid camera movements. Then, we have the rating. “Rocketman” has a much more mature tone, it doesn't tone down anything from the sex-and-drugs-filled life that Elton John had in the initial years of his career. And, at last, but not least, we have the performance of the protagonist. Taron Egerton embodies Elton John in an extraordinary way. His physicalities, his mannerisms, and he actually sings in this, and he sings beautifully, by the way. I would really like this film to be nominated to several categories at the Oscars, as a proof that it's way more worthy of these awards than “Bohemian”, but part of me is almost sure that the spotlight will shine upon other films next year.)


  1. CORINGA, dirigido por Todd Phillips
    (JOKER, directed by Todd Phillips)
Se os vencedores futuros do Leão de Ouro forem tão bons quanto esse, os filmes exibidos no Festival de Veneza farão uma presença constante nas próximas listas de melhores do ano. A mudança de tom, se comparado aos filmes anteriores da DC, foi muito bem vinda. Um estudo de personagem sobre um dos vilões mais conhecidos do universo dos quadrinhos foi o approach certo para esse projeto. O roteiro é bem mais realista, sendo ambientado em uma Gotham City que parece ser real. O desenvolvimento de personagem do protagonista é feito de maneira sublime, não só através da atuação, mas também pela fotografia e pela direção de arte, que ficam gradualmente mais coloridas ao longo da trama. A violência não é estilizada, o que é bom, porque só reforça a proposta diferente que o filme tem. Mas o prato principal aqui é a atuação do Joaquin Phoenix. Se ele não ganhar o Oscar por esse papel, eu não sei quando ele vai ganhar, porque esse pode muito bem ser o papel mais dedicado dele. Eu fiquei chocado com o que ele fez pra atingir a fisionomia do Arthur. Ele passou fome, comeu muito pouco e estudou risadas patológicas na internet pra realmente entrar na mente do personagem. Isso é dedicação, e esse tipo de comprometimento merece o Oscar. A trilha sonora da Hildur Gudnadóttir é maravilhosa, é uma das coisas mais lindas do filme, pois ela trabalha a psicologia do Arthur muito bem. Pra terminar, eu digo uma coisa: vai demorar para que um filme baseado em quadrinhos atinja o nível de realismo que “Coringa” atingiu.
(If the future Golden Lion winners could be as good as this one, the films shown at the Venice Film Festival will make a constant presence in my next lists for the best movies of the year. The change of tone, if compared to DC's previous films, was very welcome. A character study on one of the most known villains in the comic book universe was the right approach for this project. The script is much more realistic, being set in a Gotham City that looks and feels real. The protagonist's character development is done in a sublime way, not only through acting, but also through the cinematography and the art direction, which, gradually, become more colorful, as the plot moves forward. The violence isn't stylized, which is good, because it only reinforces the different proposal it has. But the main course here is Joaquin Phoenix's performance. If he doesn't get an Oscar for this, I don't know when he will, because this one just may be his most dedicated role yet. I was shocked when I learned what he went through to achieve Arthur's fisionomy. He went through hunger, ate little amounts of food and studied pathological laughter on the internet to really enter the character's mind. That is dedication, and this kind of commitment deserves the Oscar. Hildur Gudnadóttir's score is wonderful, it's one of the most beautiful things about it, as it works with Arthur's psychology really well. To cap it off, I say this: it's going to take a very long time for a comic book movie to achieve the level of realism that “Joker” did.)


  1. ERA UMA VEZ EM HOLLYWOOD, dirigido por Quentin Tarantino
    (ONCE UPON A TIME IN HOLLYWOOD, directed by Quentin Tarantino)
Muita gente falou mal desse filme na época de lançamento, e eu sinceramente não sei porque. Eu tinha adorado na primeira vez que assisti, e posso dizer que ele só melhora na segunda vez. É um dos filmes mais gostosos de assistir do Tarantino, pra mim, porque é um filme sobre o cinema, sobre Hollywood, sobre o que acontece atrás das câmeras, e eu amo esse tipo de filme. Esse talvez seja o roteiro mais metalinguístico que o Tarantino já escreveu até agora, e pode ser um dos principais indicados a Melhor Roteiro Original ano que vem, com razão. O elenco desse filme é sensacional. O Leonardo DiCaprio e o Brad Pitt interpretam alguns de seus papéis mais engraçados dos últimos anos, e a metalinguagem deles sendo atores interpretando atores pode render indicações ao Oscar para os dois. A Margot Robbie incorpora a Sharon Tate de uma maneira bem simbólica, eu adorei a contribuição dela para a história. A trilha sonora desse filme é cheia de sucessos dos anos 1960, a direção de arte fielmente recria a época retratada, o que é ótimo. A única cena que tem violência nesse filme está justamente equiparada com o confronto contra os Crazy 88 em “Kill Bill” como as cenas mais estilizadas que o Tarantino já criou, e é uma das cenas mais gratificantes do filme inteiro. Então, aí vai minha dica: assistiu e não gostou? Assista de novo, porque melhora. Assistiu e gostou? Assista de novo também, pelos easter eggs e pela trilha sonora.
(A lot of people didn't like this film when it premiered, and I honestly don't know why. I had loved it the first time I watched it, and I can say that it only gets better the second time around. It's one of the coziest films Tarantino has ever made, for me, because it's a movie about movies, about Hollywood, about what happens when the camera isn't rolling, and I love this type of film. This may be the most metalinguistic script Tarantino has ever written so far, and it may be one of the main contenders for Best Original Screenplay next year, rightfully so. The cast is sensational. Leonardo DiCaprio and Brad Pitt play some of their funniest roles these years, and their metalanguage of them being actors playing actors may nominate both of them for Oscars. Margot Robbie embodies Sharon Tate in a very symbolic way, I loved her contribution to the plot. The soundtrack is filled with 1960s hits, the art direction faithfully recreates the setting of the film, which is great. The only scene that has violence in it is rightfully in the same place as the confrontation with the Crazy 88 in “Kill Bill” as the most stylized scenes Tarantino ever created, and it's one of the most gratifying scenes in the whole movie. So, here's my tip: you watched it and didn't like it? Watch it again, because it gets better. You watched it and you did like it? Watch it again too, because of the easter eggs and the soundtrack.)


  1. PARASITA, dirigido por Bong Joon-Ho
    (PARASITE, directed by Bong Joon-Ho)
Esse é um daqueles filmes que te pegam de surpresa, se você não tiver nenhum tipo de expectativa. Se você tiver alguma expectativa, é bem provável que “Parasita” irá atendê-la com prazer. Algo presente nesse filme que não fez tanta presença assim nos filmes citados acima (exceto “História de um Casamento”) é a capacidade da história de ser universal, de dialogar com as situações socioeconômicas de todo país, não só do país em que o filme é ambientado. Outra coisa que o roteiro faz muito bem é o comprometimento em não taxar os personagens como mocinhos ou vilões. Todos os personagens aqui são humanos, e é essa humanidade (e as consequências das condições sociais e financeiras de cada um) que é explorada aqui. As atuações do elenco são maravilhosas, e a direção de arte é extraordinária, porque ela explora o contraste entre as duas famílias de uma forma que a atuação não consegue fazer, pelo fato de todos os personagens serem tratados como seres humanos. “Parasita” é aquele raro filme estrangeiro que consegue ser mais relevante e necessário do que os filmes de Hollywood, devido ao tema abordado, à universalidade da história e a reflexão com a realidade em que vivemos. Estou torcendo para esse filme no Oscar com todas as minhas forças, e se tenho uma certeza nessa cerimônia, é essa: “Parasita” não sairá de mãos vazias. Um indicado certeiro a Melhor Filme, Direção, Roteiro Original, Direção de Arte, Fotografia, Trilha Sonora Original, e Melhor Filme Estrangeiro. Vejam “Parasita”. Se possível, nem vejam o trailer, só assistam e me agradeçam depois.
(This is one of those films that take you by surprise, if you don't have any expectations. If you do have expectations, it is likely that “Parasite” will certainly attend them, with pleasure. Something present in this film that didn't make much of a presence in these other films (except “Marriage Story”) is the story's capacity of being universal, of creating dialogue with the social-economic situations of any country, not only the one where the film is set. Another great thing the script did is the commitment in not making the characters either the good guys or the bad guys. Everyone is human here, and it's that humanity (and the consequences of each one's social and economic conditions) that is explored here. The cast's performances are wonderful, and the art direction is extraordinary, because it explores the contrast between the two families in a way that the performances can't, because of the fact that all characters are treated as human beings. “Parasite” is that rare foreign film that manages to be more relevant and necessary than Hollywood films, due to the theme it carries, to the universal tone of the story, and to the reflection it has to the reality we live in. I'm rooting for this film in the Oscars with all the strength I have, and if I'm sure about one thing in this cerimony, it's this: “Parasite” won't leave empty-handed. A certain nominee for Best Picture, Director, Original Screenplay, Production Design, Cinematography, Original Score and Best International Feature Film. Watch “Parasite”. If possible, don't even watch the trailer, just watch it and thank me later.)



MENÇÕES HONROSAS:
(HONORABLE MENTIONS:)

  • VINGADORES: ULTIMATO, dirigido por Joe e Anthony Russo
    (AVENGERS: ENDGAME, directed by Joe and Anthony Russo)

  • NÓS, dirigido por Jordan Peele
    (US, directed by Jordan Peele)

  • O IRLANDÊS, dirigido por Martin Scorsese
    (THE IRISHMAN, directed by Martin Scorsese)

  • IT: CAPÍTULO DOIS, dirigido por Andy Muschietti
    (IT: CHAPTER TWO, directed by Andy Muschietti)

  • DOUTOR SONO, dirigido por Mike Flanagan
    (DOCTOR SLEEP, directed by Mike Flanagan)

  • BONS MENINOS, dirigido por Gene Stupnitsky
    (GOOD BOYS, directed by Gene Stupnitsky)

  • ZUMBILÂNDIA: ATIRE DUAS VEZES, dirigido por Ruben Fleischer
    (ZOMBIELAND: DOUBLE TAP, directed by Ruben Fleischer)


O MELHOR DA TV/NETFLIX:
(THE BEST OF TV/NETFLIX:)

  • HIS DARK MATERIALS: TEMPORADA 1
    (HIS DARK MATERIALS: SEASON 1)

  • CHERNOBYL (MINISSÉRIE)
    (CHERNOBYL (MINISERIES))

  • FLEABAG: TEMPORADA 2
    (FLEABAG: SEASON 2)

  • NINGUÉM TÁ OLHANDO: TEMPORADA 1
    (NOBODY'S LOOKING: SEASON 1)

  • STRANGER THINGS: TEMPORADA 3
    (STRANGER THINGS: SEASON 3)

  • KILLING EVE: TEMPORADA 2
    (KILLING EVE: SEASON 2)

  • COBRA KAI: TEMPORADA 2
    (COBRA KAI: SEASON 2)


É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até ano que vem,
João Pedro

(That's it, guys! I hope you liked it! See you next year,
João Pedro)

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

"His Dark Materials": uma adaptação ambiciosa e extremamente fiel ao material fonte (Bilíngue)


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E aí, meus cinéfilos queridos! Tudo bem com vocês? Eu estou de volta, para trazer a última resenha crítica do ano. E dessa vez não se trata de um filme, mas sim de uma série. Sendo uma das obras audiovisuais mais esperadas do ano para mim, a série em questão consegue ser uma adaptação fiel ao material fonte, ao mesmo tempo que cria uma própria identidade para si. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre a primeira temporada de “His Dark Materials”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys? I'm back, with the last review of the year. And this time, it's not a review of a film, but of a TV show. As one of the most awaited TV productions of the year, for me, the show I'm about to discuss not only is a faithful adaptation to its source material, but it also creates its own, unique identity. So, without further ado, let's talk about the first season of “His Dark Materials”. Let's go!)



A série é ambientada em um mundo paralelo ao nosso, onde as pessoas são acompanhadas de seres conhecidos como daemons, que assumem a forma de animais que combinam com a personalidade da pessoa. A primeira temporada acompanha Lyra Belacqua (Dafne Keen), uma órfã que foge da universidade em que mora para procurar Roger (Lewin Lloyd), seu amigo, que desaparece durante uma estranha onda de sequestros de crianças. Durante sua jornada, Lyra recebe a ajuda de gípcios, feiticeiras, ursos de armadura, e aeróstatas, fazendo uso de um misterioso instrumento para guiar seu caminho.
(The show is set in a world that's parallel to ours, where people are accompanied by beings known as daemons, which assume the form of animals that match the person's personality. The first season follows Lyra Belacqua (Dafne Keen), an orphan who runs away from the college she lives in order to look for Roger (Lewin Lloyd), her friend, who disappears during a strange wave of child kidnappings. During her journey, Lyra relies on the aid of Gyptians, witches, armored bears and aeronauts, using a mysterious instrument to guide her path.)



Ok, antes de começar a falar da série em si, vou dedicar algumas linhas para falar da trilogia de livros em que ela é baseada: a trilogia Fronteiras do Universo, escrita por Philip Pullman, composta pelos livros “A Bússola de Ouro”, “A Faca Sutil” e “A Luneta Âmbar”. Inicialmente, essa trilogia foi promovida como uma obra infantil, o que foi uma jogada totalmente mal feita, porque os livros são muito complexos para uma criança de 8 anos, por exemplo. A melhor maneira de descrever a trilogia como um todo é essa: é complexa o suficiente para manter a curiosidade e a imaginação do leitor ativas, e auto-explicativa o suficiente para mantê-lo engajado e antenado na história e seus conceitos. O primeiro livro é basicamente uma introdução dos conceitos da trilogia, o segundo já injeta uma quantidade imensa de tensão, violência e realismo à trama principal, e o terceiro e último investe bastante na mitologia do universo fictício dos livros, transitando entre vários pontos de vista, para depois juntá-los de uma maneira concisa. Agora, com essa introdução dita, vamos à série. Pelo fato de ser uma co-produção da BBC com a HBO, minhas expectativas já estavam no alto, pois estamos falando de uma parceria entre a emissora responsável pela minha série favorita (Doctor Who), e a emissora responsável por uma das séries mais ambiciosas dos últimos tempos (Game of Thrones). E fico muito feliz em dizer que essa série atendeu a todas as minhas expectativas, como um fã da trilogia. É uma obra narrativamente muito rica, cheia de temáticas e subtextos muito interessantes e reflexivos. Como uma adaptação, é uma releitura muito fiel do material fonte, com um passo mais lento, o que muita gente pode reclamar, mas o livro também é assim, é bem descritivo e não é apressado. Claro, não é 100% igual ao livro, algumas liberdades foram tomadas aqui no processo de adaptar o material para a televisão, e algumas decisões são bem similares às que foram tomadas pelo filme “A Bússola de Ouro”, lançado há mais de 10 anos, que falhou em criar uma trilogia de filmes, pelas mãos da New Line, a mesma produtora de “O Senhor dos Anéis”. O mais interessante é que, para quem leu a saga, a série toma a liberdade de introduzir personagens e conceitos que só serão introduzidos ou mais explorados nos outros dois livros já na primeira temporada, o que é muito bom, pelo menos, no meu ponto de vista, porque aí, nas próximas temporadas, a trama já poderá partir para a ação sem precisar de muita explicação. Mas, como alguém que leu o livro e viu o filme, alguns aspectos deixaram a desejar, porque mesmo que a série tenha conseguido capturar a essência da trilogia de uma maneira melhor do que “A Bússola de Ouro”, o fator de emoção do livro (e, por consequência, do filme) foi suavizado um pouco, em uma jogada das emissoras para não chocar o público mais jovem que provavelmente se sentirá atraído pelo enredo. Mesmo com essa aproximação mais leve com os conteúdos mais pesados, a série aborda os temas que taxaram os livros como polêmicos de uma maneira bem sutil, se comparado ao material fonte, mas bem explícita, se comparado ao filme, que foi amplamente criticado por justamente não abordar esses temas, que fazem parte de um subtexto muito importante na trilogia Fronteiras do Universo.
(Ok, before I start talking about the show itself, I'm going to dedicate a few lines to talk about the book trilogy that it was based on: the His Dark Materials trilogy, written by Philip Pullman, composed by “The Golden Compass”, “The Subtle Knife” and “The Amber Spyglass”. Initially, this trilogy was marketed as children's literature, which was a bad move, because they are way too complex for an 8-year-old, for example. The best way to describe the trilogy as a whole is this one: it's complex enough to keep the reader's curiosity and imagination fully active, and it's self-explanatory enough to keep him (or her) invested in its story and concepts. The first book is basically an introduction of its concepts, the second one injects an impressive amount of tension, violence and realism to the main plot, and the third and final book invests on the universe's mythology, relying on multiple points of view, which come together in a very concise, comprehensible way by the novel's conclusion. Now, with that intro out of the way, let's talk about the show. As a BBC and HBO co-production, my expectations for this were already sky high, because we're talking about a partnership between the channel that makes my favorite TV show ever (Doctor Who) and the channel responsible for one of the most ambitious TV shows ever made (Game of Thrones). And I am so glad to say that it went exactly as I expected it to be, as a fan of the trilogy. It is a narratively rich fantasy work, filled with extremely interesting, yet though-provoking themes and subtexts. As an adaptation, it is really faithful to the source material. It is slower-paced, which may annoy a few viewers, but it's very much like the first book, which is very descriptive and doesn't rush its plot at any moment. Of course, it's not 100% like the novel, some liberties were taken in the process of adapting it to television, and some of the decisions were very similar to those present in the film “The Golden Compass”, released in 2007, which failed to generate a film trilogy, produced by New Line, the production company responsible for the Middle-earth film series, directed by Peter Jackson. The most interesting thing about the show is that, if you've read the books, some of the characters and concepts that will only be introduced or further explored in the last two novels are already introduced in the first season, which, in my opinion, is a really good choice, because in future seasons, we will get more action and less explanation in the main plot. But, as someone who has read the book and seen the movie, some aspects were a little underdeveloped, because even though the show managed to capture the essence of the books in a more successful way than “The Golden Compass”, the book's (and consequently, the movie's) emotional/thrill factor was toned down a little bit, so that it doesn't shock a younger audience that may feel attracted to its plot. Even with this lighter approach to the more violent, shocking content, the show deals with the themes that made the books controversial in a very subtle way, if compared to the source material, but much more explicit, if compared to the film, which was widely criticized because it didn't deal with these themes at all, which play a very important part in an essential subtext in the His Dark Materials trilogy.)



Assim como o roteiro da série, o elenco também faz um ótimo trabalho em adaptar as personalidades irretocáveis dos personagens às fisionomias de seus intérpretes. A Dafne Keen, conhecida por interpretar a X-23 em “Logan”, incorpora a Lyra de uma maneira impressionante, acertando em cheio na teimosia e na rebeldia que a personagem possui nos livros, mas deixando um pouco a desejar na emoção que ela precisa transmitir em algumas cenas. A Ruth Wilson está sensacional como a Sra. Coulter. É, de longe, a melhor atuação do programa. Ela transmite uma selvageria hipnotizante, algo que a Nicole Kidman não foi capaz de fazer no filme, o que faz a conexão com o daemon dela ainda mais complexa e interessante. Não será uma surpresa se ela for indicada a prêmios por causa dessa atuação. Fiquei surpreso positivamente com a perspectiva que foi dada à Mãe Costa, interpretada pela Anne-Marie Duff. Ela está muito mais guerreira do que eu imaginava, o que encaixa direitinho no modelo de vida dos gípcios. Dois personagens que eu não esperava que seriam tão desenvolvidos foram o Lorde Boreal, interpretado pelo Ariyon Bakare, que fará uma presença maior na já confirmada segunda temporada, e o Farder Coram, interpretado de uma maneira emocionante pelo James Cosmo. Eu não achava que iria gostar do Lin-Manuel Miranda como o Lee Scoresby, porque imaginava alguém bem mais velho no papel, mas ele é um ótimo alívio cômico e possui uma química bem legal com a Dafne Keen, assim como o Lewin Lloyd, que interpreta Roger. Como personagens menos desenvolvidos, mas muito memoráveis (e que serão importantes em futuras temporadas), temos Ruta Gedmintas, que interpreta a feiticeira Serafina Pekkala; e James McAvoy, que está ameaçador, como esperado, no papel de Lorde Asriel.
Além do elenco live-action, temos um excelente trabalho de voz por parte de Kit Connor, Helen McCrory e Cristela Alonzo, que interpretam os daemons de Lyra, Lorde Asriel e Lee Scoresby, respectivamente, e de Joe Tandberg, que injeta uma personalidade única em sua atuação como o urso de armadura Iorek Byrnison.
(Just like its script, the cast of the show also does a superb job in adapting the characters's flawless personalities to their performers's physical boundaries. Dafne Keen, known for portraying X-23 in “Logan”, embodies Lyra in an impressive way, getting the character's stubbornness and rebel personality right, but lacking a little bit in the emotion she needs to transmit in some scenes. Ruth Wilson is sensational as Mrs. Coulter. It is, by far, the best performance in the show. She channels a hypnotizing savagery in her performance, something that Nicole Kidman wasn't able to do in the film, which makes the connection with her daemon even more complex and interesting. I won't be surprised if she ends up getting nominated for awards because of this. I was positively surprised by the perspective that was given to Ma Costa, portrayed by Anne-Marie Duff. She's a lot more warrior-like than I imagined, which fits perfectly in the Gyptians's way of life. Two characters I didn't expect to be that much developed were Lord Boreal, portrayed by Ariyon Bakare, who will make a larger appearance in the already confirmed second season, and Farder Coram, portrayed in a very emotional, heartfelt way by James Cosmo. I didn't expect to like Lin-Manuel Miranda as Lee Scoresby, as I imagined someone much older playing him, but he's a great comic relief and has a noticeable chemistry with Dafne Keen, as Lewin Lloyd, who plays Roger, also does. As less developed, but very memorable characters (who will be important in future seasons), we have Ruta Gedmintas, who plays the witch Serafina Pekkala; and James McAvoy, who is threatening, as expected, in the role of Lord Asriel.
Besides the live-action characters, we have an excellent voice cast here through Kit Connor, Helen McCrory and Cristela Alonzo's performances as the daemons of Lyra, Lord Asriel and Lee Scoresby, respectively, and through Joe Tandberg, who injects an unique personality in his performance as armored bear Iorek Byrnison.)



Nos aspectos técnicos, a série é ambiciosa, em todos os sentidos. Lendo o livro, eu pensei que o visual do mundo da Lyra seria bem mais no estilo vitoriano, mas a aproximação da versão da série com a realidade foi muito bem-vinda, pois entendo que a equipe fez isso com o objetivo de retratar um mundo quase real. Como dito anteriormente, alguns conceitos de livros futuros já são introduzidos na primeira temporada, e o contraste entre os temas presentes na maioria da trama dessa leva e alguns que farão uma presença maior nas próximas temporadas é bem visível. O trabalho de efeitos especiais é maravilhoso e muito mais refinado do que o do filme. Os daemons e os ursos de armadura tem uma textura bem palpável, o que é bom, porque isso injeta personalidade aos personagens não-humanos. A trilha sonora do Lorne Balfe é épica, e faz presença em várias cenas, ditando o tom de cada uma delas. Por exemplo, em uma cena de luta, a trilha é mais ágil, energética, e tensa; já em cenas mais calmas, a trilha é mais doce, serena e agradável. A direção da série é incrível, sendo comandada por diretores como Tom Hooper (Os Miseráveis), Otto Bathurst, Euros Lyn e Jamie Childs (conhecidos por dirigir episódios de Doctor Who), que sabem muito bem o que fazem.
(In the technical aspects, the show is ambitious in every single way. Reading the book, I imagined Lyra's world to be somewhat Victorian-styled, but the show's version of it and its approximation to reality were very much welcome, as I understand that they made that choice in order to portray Lyra's world as close to ours. As I said before, some concepts of future novels are already introduced in the first season, and the contrast between the themes present in most of this season's plot, and some that will make a bigger presence in future seasons is pretty visible. The visual effects work is wonderful and way more sophisticated than the ones in the movie. The daemons and the armored bears have a very palpable texture, which is good, because it injects personality in the non-human characters. Lorne Balfe's score is epic, and it makes a presence in several scenes, dictating the tone of each of them. For example, in a fight scene, the music is more agile, energetic, and tense; and in scenes that are more calm, the music is sweeter, more serene and pleasant. The direction of this season is amazing, being helmed by directors like Tom Hooper (Les Miserables), Otto Bathurst, Euros Lyn and Jamie Childs (known for directing episodes of Doctor Who), who know what they're doing very well.)



Resumindo, a primeira temporada de “His Dark Materials” é uma adaptação maravilhosa e extremamente fiel ao material fonte, que faz uso de um elenco que esbanja talento e uma equipe técnica muito bem capacitada para apresentar conceitos muito interessantes e preparar o terreno para a já confirmada segunda temporada!

Nota: 10 de 10!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, the first season of “His Dark Materials” is a wonderful adaptation, which is extremely faithful to its source material. It makes use of a very talented cast and a marvelous technical crew in order to introduce really interesting concepts and to pave the way for the already confirmed second season!

I give it a 10 out of 10!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)




domingo, 22 de dezembro de 2019

"Star Wars: A Ascensão Skywalker": uma familiar, mas satisfatória conclusão para a saga Skywalker (Bilíngue)


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E aí, meus cinéfilos queridos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre uma das conclusões mais esperadas do ano. Desprezada pelos críticos e aceita pelos fãs, é um final familiar, mas satisfatório, tanto para a trilogia nova quanto para a saga de 9 filmes, que começou em 1977. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Star Wars: A Ascensão Skywalker”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, and I come here to talk about one of the most awaited conclusions of the year. Despised by critics and embraced by fans, it's a familiar yet satisfying ending to both the sequel trilogy and the 9-film saga, that started way back in 1977. So, without further ado, let's talk about “Star Wars: The Rise of Skywalker”. Let's go!)



Com o retorno do Imperador Palpatine (Ian McDiarmid), todos voltam a temer seu poder, e com isso, a Resistência toma a frente da batalha que ditará os rumos da galáxia. Treinando para se tornar uma completa Jedi, Rey (Daisy Ridley) ainda se encontra em conflito com seu passado e futuro, mas teme pelas respostas que pode conseguir a partir de sua complexa ligação com Kylo Ren (Adam Driver), que também se encontra em conflito pela Força.
(With the return of Emperor Palpatine (Ian McDiarmid), the whole galaxy is surrounded in fear of his power, and because of that, the Resistance takes the front stand in the battle that will decide the future of the galaxy. In training to become a full-fledged Jedi Knight, Rey (Daisy Ridley) still finds herself in conflict with her past and future, and fears for the answers she may get through her complex bond with Kylo Ren (Adam Driver), who also finds himself in conflict in the Force.)



Quando as primeiras reações a esse filme surgiram, fiquei meio chocado, pois foi o contrário do episódio anterior, Os Últimos Jedi. No caso do episódio VIII, os críticos adoraram, e os fãs odiaram. No caso desse episódio, os críticos desprezaram e os fãs tiveram uma reação mais positiva. Os críticos falam que esse filme é muito familiar, não é muito ousado, e é mais um filme pra fã, e os fãs falam que não é nada disso, que é um filme maravilhoso, uma conclusão épica, etc., etc., etc. Como parte dos dois públicos (crítica e fã de Star Wars), meu consenso fica no meio desses dois extremos. É um bom filme, não é o desastre que os críticos falam que é, nem a obra-prima que os fãs falam que é. É um filme que possui várias referências aos episódios anteriores, e algumas delas são divertidíssimas, mas não chega a ser corajoso e até ousado como Os Últimos Jedi foi. Não me levem a mal, Os Últimos Jedi não foi isento de problemas, mas foi um filme que atravessou a barreira entre o familiar, estabelecido em O Despertar da Força, e o inédito, que foi consolidado com Rogue One, que pra mim, ainda é o melhor filme de Star Wars feito após a compra da Lucasfilm pela Disney. O filme tem uma boa estrutura de roteiro, e conta com algumas reviravoltas, algumas são até boas, já outras são completamente bizarras, e algumas até desrespeitam o cânone da trilogia original. O desenvolvimento de personagens é feito de maneira distinta, dependendo do personagem. Os personagens mais desenvolvidos nesse filme são, sem dúvida, a Rey e o Kylo Ren, e o arco dos dois é fechado de uma maneira bem satisfatória. O JJ Abrams tinha um desafio nesse filme: não só estabelecer um final para uma trilogia, mas também para uma saga de 9 filmes que percorre há mais de 40 anos. Nesse aspecto, ele acerta parcialmente, porque, ao mesmo tempo que a maioria das perguntas tenha sido respondida, algumas perguntas cruciais para a compreensão desse filme (e da nova trilogia como um todo) não foram respondidas ao final da projeção. Parte de mim queria muito ver o que o Colin Trevorrow (diretor de Jurassic World, que originalmente iria dirigir esse filme) tinha planejado para a conclusão, porque mesmo que ele tenha feito algumas colaborações para o roteiro, a Disney jogou seguro e foi com o JJ Abrams, que dirigiu O Despertar da Força, que foi recebido muito bem pelos fãs. E por causa disso, recebemos um filme divertido, mas que sofre com reviravoltas sem sentido, inconsistências no cânone da saga Skywalker, e uma quase completa falta de carga emocional, que se fez presente nos dois episódios anteriores (sim, até n'Os Últimos Jedi). Eu, por exemplo, mudaria duas cenas perto do final do filme, porque em um caso, ficaria muito mais épico do jeito que eu imaginei após pensar bastante, e no outro, é um caso de não explicitar algo que ficaria bem melhor de modo implícito. E é isso que eu tenho a falar sobre o roteiro de “Star Wars: A Ascensão Skywalker”. Se alguém quiser saber mais sobre o que eu achei com spoilers, podem colocar nos comentários (só não esqueçam de avisar que o comentário terá spoiler, para não estragar o filme para aqueles que não viram ainda), que eu terei o prazer de responder e compartilhar meus pensamentos com vocês.
(When the first reactions to this movie arrived, they kinda shocked me, because it was the complete opposite of the previous episode, The Last Jedi. In Episode VIII's case, critics loved it and fans hated it. And in this movie's case, critics despised it and fans had a more positive reaction to it. Critics said that this movie wasn't bold, that it was very familiar and that it was based entirely on fan service, and the fans said that it was nothing like that, that it was wonderful, an epic conclusion, etc., etc., etc. As a part of both audiences (critic and Star Wars fan), my consensus stands right in the middle of these two extremes. It's a good movie, indeed, it's not the disaster critics say it is, and it's not the masterpiece fans say it is either. It's a movie that has a lot of references to previous installments, and some of them are quite fun, but it's not as bold and daring as The Last Jedi. Don't get me wrong, The Last Jedi has some issues, but at least, it was a film that crossed the barrier between familiar, like The Force Awakens, and new, which was consolidated with Rogue One, which is still the best Star Wars movie since Disney bought Lucasfilm, for me, at least. It has a good script structure, and has some plot twists; some of them are good, but others are really bizarre, and even disrespectful to the original trilogy's canon. The character development is done distinctly, depending on the character. The characters with the most development here are definitely Rey and Kylo Ren, and both their arcs are closed in a satisfying way. JJ Abrams faced a challenge with this movie: not only he had to create a movie that concluded the sequel trilogy, he also had to create a conclusion for the 9-film saga, which has been going on for over 40 years. In this aspect, he partially gets it right, because even if most of the questions do get answered, some essential questions for the comprehension of this film (and the sequel trilogy as a whole) are left unanswered by the time the credits roll. Part of me really wanted to see what Colin Trevorrow (the director of Jurassic World, who originally was going to direct this film) had in store for the conclusion, because even if he collaborated to the story, Disney played safe and went with JJ, who directed The Force Awakens, which was really well-received by fans. And because of that, we have a fun movie, but it suffers from senseless plot twists, inconsistencies in the Skywalker Saga's canon, and an almost complete lack of emotional charge, which was really present in the previous two episodes (yeah, even in The Last Jedi). I, for once, would change two scenes near the end of the film; in one case, it would've been a lot more epic with what I imagined after thinking about it for a while, and in the other, it's a case of not making things explicit when they could've been a lot better if they were implied. And that's all I have to say about the script of “The Rise of Skywalker”. If anyone wants to discuss it with spoilers, feel free to comment below (just don't forget to warn that your comment will contain a spoiler, so that you don't ruin the film for those that haven't watched it yet), and I will have the pleasure of answering and sharing my thoughts with you guys.)



Falando de modo curto e direto, o elenco, tanto o da nova trilogia quanto o das trilogias anteriores, já teve mais carisma. O trio principal constituído pela Daisy Ridley, John Boyega e Oscar Isaac possui apenas faíscas de química, se comparado à chama ardente que foi a química entre eles nos episódios anteriores. E o pior é que esse é o primeiro (e único) episódio em que os 3 são vistos em tela juntos pela maioria do tempo de duração, então a química entre eles tinha que ter sido mais evidente. Para uma personagem cuja intérprete já faleceu faz um tempo, a Princesa Leia teve um bom tempo de tela aqui, eu não pensei que o arco de personagem dela iria durar pelo tempo que durou, e sinceramente, eu gostei. Um personagem que ficou bem mais engraçado, se comparado aos episódios anteriores foi o C-3PO, e, mesmo que todas as piadas não tenham sido hilárias, ele é um bom alívio cômico. Eu queria muito ter visto mais do Billy Dee Williams como Lando, porque faz um tempão que nós não vemos ele, e ele tem tão pouco tempo de tela, o que não compensa pelos mais de 30 anos que se passaram desde O Retorno de Jedi. As personagens da Naomi Ackie e da Keri Russell são OK, elas não fazem tanta presença assim, mas também não atrapalham. A Kelly Marie Tran melhora um pouquinho como a Rose, mas a química dela com o John Boyega diminuiu drasticamente, e tem um momento que iria se equiparar no nível “WTF” com o desfecho do arco dos dois em Os Últimos Jedi se ele se concretizasse, mas não aconteceu, e eu estou feliz com isso. O Ian McDiarmid tem uma presença ameaçadora como Palpatine, mas ainda assim, algumas perguntas que justificariam o porquê dele estar nessa trama não foram respondidas. Agora, a única atuação que, pra mim, foi realmente agradável de se ver foi a do Adam Driver. Não sei se é porque de quase todos os atores principais da nova trilogia, ele seja o mais consagrado, mas eu realmente me interessei pelo lado do Kylo Ren da história, e o fechamento do arco dele foi o mais perto que esse filme teve de uma carga emocional.
(In a short, but direct way, in my opinion, the cast, both from the new trilogy and previous generations, had a lot more charisma than what happened here. The main trio composed by Daisy Ridley, John Boyega and Oscar Isaac has only a faint spark of chemistry, if compared to the roaring flame that was their chemistry in the previous films. And the worst thing is, this is the first (and only) film where the 3 of them are seen together for most of the running time, so their chemistry should've been more evident. For a character whose actor passed away quite some time ago, Princess Leia had an extended screen time here, I didn't expect her character arc to last as long as it actually did, and honestly, I liked it. A character that got a whole lot funnier, if compared to previous episodes, is C-3PO, and, even though all of his jokes don't fully land, he is a good comic relief. I really wanted to see more of Billy Dee Williams as Lando, because it's been a long time since we last saw him, and he has a really short screen time, which doesn't make up for the 35-ish-year gap between Return of the Jedi and this one. Naomi Ackie and Keri Russell's characters are OK, they don't get much presence, but they don't screw up either. Kelly Marie Tran did a little better as Rose, but her chemistry with John Boyega was drastically reduced, and there's a moment here that would pair up on the “WTF” scale with the closure of their arc on The Last Jedi if it actually happened, but it didn't and I'm happy for it. Ian McDiarmid has a threatening presence as Palpatine, but still, some questions that would justify why he's in the plot of the film weren't answered. Now, the only performance that, for me, was really pleasant to watch was Adam Driver's. I don't know if it's because, out of all the main actors of the new trilogy, he's the most established one, but I was really interested in Kylo Ren's side of the story, and the closure of his arc was the closest this movie came to an emotional charge.)



Enfim, chegamos à parte onde quase não há nada de negativo, os aspectos técnicos. Tudo é operante aqui, da fotografia e a direção de arte, até a trilha sonora magistral do John Williams e os efeitos especiais, mas novamente, até nos aspectos técnicos, o filme sofre pela familiaridade com os episódios anteriores, principalmente os da trilogia nova. Mas, mesmo com esse aspecto familiar, os visuais, as cenas de ação, e a trilha sonora nos mantém investidos no filme, de modo que a edição corta entre diferentes pontos de vista com pouca frequência, para nos manter focados no ponto principal da história, o que é bom, porque aí, não ficaria tão inchado e estufado como Os Últimos Jedi acabou ficando. É bem triste ver que a equipe técnica apenas apostou no familiar para fazer esse último filme da saga, porque, por ser o último filme de uma saga lendária de 40 anos de idade, poderia ter sido um filme grandioso, tanto narrativamente, quanto tecnicamente. Mas, mesmo com os aspectos técnicos sendo bons e operantes, faltou um pouco de ambição, dadas as circunstâncias.
(At last, we get to the part where there's almost nothing bad about it, the technical aspects. Everything is operative here, from the cinematography and the art direction, to John Williams's epic score and the visual effects, but again, even in the technical aspects, it suffers with the familiarity from the previous episodes, especially the ones in the new trilogy. But even with this familiar aspect to it, the visuals, the action scenes, and the score keep us invested in the film, and the editing cuts to different points of view with a very low frequency, to focus more on the main point of the story, which is good, because then, the film doesn't become a bloated, stuffed plot like The Last Jedi ended up becoming. It's pretty sad seeing the technical team just bet on the familiar to make this final film in the saga, because, due to the fact that this is the last film on a legendary 40-year saga, it could've been a masterful, ambitious film, both narratively and technically. But, even with the operant, good technical aspects, there was a small lack of ambition, due to the circumstances.)



Resumindo, “Star Wars: A Ascensão Skywalker” não é um filme ruim, não mesmo. É um filme que diverte tanto os fãs de longa data quanto os da nova trilogia, e entrega uma conclusão satisfatória para a saga de 9 filmes, mesmo que sofra com recursos narrativos sem sentido, uma falta quase completa de teor emocional, e por ser bastante familiar, tanto narrativamente quanto visualmente, aos episódios anteriores.

Nota: 7,5 de 10!

É isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Star Wars: The Rise of Skywalker” is not a bad film, not at all. It's a movie that entertains both the long-term fans and the new trilogy fans, and it delivers a satisfying conclusion to the 9-film saga, but it also suffers from senseless plot points, an almost complete lack of an emotional factor, and from being very familiar, both narratively and visually, to previous episodes.

I give it a 7,5 out of 10!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)




sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

"Encontros e Desencontros" e "Ela": a comunicação dialógica entre dois filmes sobre solidão [SPOILERS]

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E aí, meus cinéfilos queridos! Tudo bem com vocês? Estou aqui não para falar o que eu achei do novo Star Wars (a resenha sai esse final de semana, prometo), mas para compartilhar um artigo científico que fiz na faculdade. Para aqueles que ainda não sabem, eu sou estudante de Jornalismo, e no segundo período, tive a oportunidade de escrever um artigo científico na disciplina de Cibercultura, com o tema "Comunicação e Mídia". E é claro, o meu foco não podia ser outro a não ser o cinema, não é mesmo? (Risos) Então, fiz um artigo sobre a comunicação entre dois filmes que, à primeira vista, não parecem ter nada em comum: "Encontros e Desencontros", dirigido por Sofia Coppola, e "Ela", dirigido por Spike Jonze, analisando como a história de fundo do relacionamento entre os dois cineastas dá um significado muito mais profundo aos filmes deles. Fico muito feliz em dizer que tirei uma nota quase perfeita por esse artigo, que provavelmente é a melhor coisa que eu já escrevi na vida.
Como o artigo se trata de uma análise, e não uma crítica, haverão SPOILERS pesados da trama dos dois filmes, caso você, leitor, não tenha visto algum deles ainda.

Se vocês quiserem dar uma olhada, deixarei o link aqui



E para ter um componente mais visual, deixarei aqui algumas recomendações de vídeos que comparam os visuais e enquadramentos dos dois filmes:





É isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado do meu artigo! Até a próxima,
João Pedro

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

"História de um Casamento": um filme honesto, humano e dolorosamente realista (Bilíngue)


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E aí, meus cinéfilos queridos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, com a resenha de um filme que prova que ambição não é sinônimo de qualidade. Ao contrário de “O Irlandês”, de Martin Scorsese, essa produção da Netflix foi feita em uma escala menor, mais intimista, e consegue ser tão emocionante quanto o épico de máfia de Scorsese. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “História de um Casamento”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you doing? I'm back, with the review of a film that proves ambition doesn't always mean quality. Unlike Martin Scorsese's “The Irishman”, this Netflix production was made on a smaller, more intimate scale, and it manages to be just as emotional as Scorsese's mafia epic. So, without further ado, let's talk about “Marriage Story”. Let's go!)



O filme conta a história de um casal, Nicole (Scarlett Johansson) e Charlie (Adam Driver), que está passando por muitos problemas, e os dois, então, decidem se divorciar. Eles tinham concordado em não contratar advogados para tratar do divórcio, mas Nicole muda de ideia após receber a indicação de Nora Fanshaw (Laura Dern), especialista no assunto. Surpreso com a decisão da ex-esposa, Charlie agora precisa de um advogado para tratar da custódia do filho deles, Henry (Azhy Robertson).
(The film tells the story of a couple, Nicole (Scarlett Johansson) and Charlie (Adam Driver), that's been going through a lot of struggles, so the two decide to get divorced. They had agreed on not hiring any lawyers to discuss the divorce, but Nicole changes her mind after discovering Nora Fanshaw (Laura Dern), who's an expert on the subject. Surprised with his ex-wife's decision, Charlie now needs a lawyer to discuss the custody of their son, Henry (Azhy Robertson).)



Bom, pra começar, eu não sabia direito o que esperar desse filme. Tendo apenas visto um filme do Noah Baumbach (“Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe”, que também é da Netflix), eu não tinha certeza se o estilo implantado em “Os Meyerowitz” era já o estilo característico do diretor. Pelo fato de “História de um Casamento” ter tido uma corrida impressionante em vários festivais de cinema ao redor do mundo, como o prestigiado Festival de Veneza, o Festival de Toronto e o Festival de Cinema de Nova York, fui ficando cada vez mais interessado no filme, que, à primeira vista, era conhecido por juntar dois atores muito conhecidos: Scarlett Johansson (que interpreta Natasha Romanoff, mais conhecida como Viúva Negra, nos filmes da Marvel) e Adam Driver (que interpreta o vilão Kylo Ren na nova trilogia de Star Wars). E, junto com “Parasita”, foi o filme que mais me surpreendeu o ano inteiro. Eu não tinha lido nenhuma crítica, só alguns elogios aqui e ali, e eu realmente gostei do filme. O roteiro do Noah Baumbach se movimenta muito bem, funcionando como um drama familiar com alguns toques de comédia. O mais interessante é que, pra mim, “História de um Casamento” é mais um daqueles filmes que possuem uma veia teatral, como se fosse uma peça, porque é um filme que não possui locações tão difíceis de construir, no caso de uma peça, e é um roteiro quase inteiramente apoiado na capacidade de seus atores de transmitir emoções. E essas emoções são transmitidas aqui do modo mais honesto e humano possível, fugindo do melodrama que quase domina filmes que seguem a mesma trama. Outra coisa que o roteiro faz muito bem é o fato de que nenhum dos dois protagonistas é colocado em um pedestal, nenhum deles é taxado como perfeito, como o pai/marido ou a mãe/esposa ideal. Todas as falhas, egoísmos, vícios, resumindo, todas as coisas que fazem da Nicole e do Charlie seres humanos são expostos da maneira mais emocionante e realista possível, e nós, como espectadores, conseguimos sentir essas falhas e emoções de uma forma muito íntima, devido ao roteiro e às atuações de Johansson e Driver. E é justamente essa intimidade e o tom honesto, humano e realista da trama que fazem desse roteiro um dos principais concorrentes ao Oscar de Melhor Roteiro Original no ano que vem, junto com “Parasita”.
Resumindo, o roteiro de “História de um Casamento” aposta mais no drama do que na comédia, e entrega uma história honesta, humana e realista, consolidando Noah Baumbach como um dos principais concorrentes ao Oscar ano que vem.
(Well, for starters, I didn't know what to expect from this movie. Having only seen one Noah Baumbach film (“The Meyerowitz Stories”, also a Netflix production), I wasn't sure if the style shown in “Meyerowitz” was already the director's characteristic cinematic style. Because of the fact that “Marriage Story” had an impressive run in film festivals around the world, like the prestigious Venice Film Festival, the Toronto International Film Festival, and the New York Film Festival, I was getting more and more interested in checking out the film, which, at first, was known for starring two very well-known actors nowadays: Scarlett Johansson (who portrays Natasha Romanoff, aka Black Widow, in the Marvel movies) and Adam Driver (who portrays villain Kylo Ren in the new Star Wars trilogy). And, along with “Parasite”, this was the most surprising film I've seen all year. I hadn't read any review, I had just seen some compliments here and there, and I really liked it. Noah Baumbach's script moves really well, working as a family drama with a few sprinkles of comedy in one scene or the other. The most interesting thing is that, for me, “Marriage Story” is another of those movies that possess a more theatrical vein, like it was a play, because the sets wouldn't be that hard to portray, in case of a theatrical production, and the script depends almost entirely on its actors's capacity of conveying emotion. And those emotions are transmitted here in the most honest, human way possible, running away from the melodrama that, almost always, dominates films that have a similar plot. Another thing the script does really well is that it doesn't put any of the two protagonists in a pedestal, none of them is characterized as perfect, as if they were the ideal dad/husband or mom/wife. Every flaw, selfishness, vice, actually, everything that makes Nicole and Charlie human beings is exposed in the most emotional and realistic way possible, and we, as viewers, are able to feel these flaws and emotions in a very intimate way, due to the script and Johansson and Driver's performances. And it's that exact intimacy and the honest, human, realistic tone of the story that make me believe this will be one of the main contenders for the Oscar for Best Original Screenplay next year, along with “Parasite”.
In a nutshell, the script of “Marriage Story” bets more on drama than comedy, and delivers an honest, human, realistic story, consolidating Noah Baumbach as one of the main Oscar contenders next year.)



Como todo bom filme que parece ser uma peça, “História de um Casamento” tem um ótimo elenco. O Adam Driver e a Scarlett Johansson estão absolutamente maravilhosos. Acredito que os papéis deles nesse filme podem ser capazes de desvinculá-los de seus personagens na cultura pop atual, porque eles são totalmente diferentes da Viúva Negra e do Kylo Ren. Eu juro que nunca tinha visto esses dois transmitirem emoções tão fortes e passionais do jeito que eles transmitiram nesse filme. O Adam Driver vai dificultar ainda mais a corrida de Joaquin Phoenix ao Oscar de Melhor Ator, ele se dedica completamente ao papel, se entrega de corpo e alma às emoções que o personagem dele precisa transmitir, e funciona perfeitamente. Acho que nunca tinha visto a Scarlett Johansson em um papel tão emocionante desde “Ela”, de Spike Jonze. Ela está simplesmente incrível, e nós sentimos, nas cenas onde os dois contracenam, as emoções que eles querem expressar e a culpa que eles sentem ao se separar, o que é muito cativante. Nos coadjuvantes, se destacam Laura Dern, Ray Liotta e Alan Alda, que interpretam os advogados dos protagonistas; e Julie Hagerty, Merritt Wever e Wallace Shawn como eficientes alívios cômicos, e todos trabalham muito bem com o material que lhes é dado.
(Just like every good movie that feels like a play, “Marriage Story” has a great cast. Adam Driver and Scarlett Johansson are absolutely amazing. I believe that their roles in this film could be capable of fully untangle them from their characters in the current pop culture, because they are so different from Black Widow and Kylo Ren. I swear I had never seen these two convey such strong, passionate emotions like they did in this movie. Adam Driver will make Joaquin Phoenix's race to the Oscar for Best Actor even harder, as he fully dedicates to his role, he gives his body and soul to the emotions his character needs to transmit, and it works perfectly. I think I'd never seen Scarlett Johansson in such an emotional role since “Her”, directed by Spike Jonze. She is simply incredible, and we feel, in the scenes where the two are together, the emotions they want to express and the guilt they feel as they go their separate ways, which is really captivating. In the supporting roles, the spotlight shines on Laura Dern, Ray Liotta and Alan Alda, who play the protagonists's lawyers; and Julie Hagerty, Merritt Wever and Wallace Shawn as efficient comic reliefs, and all of them work really well with what's given to them.)



Os aspectos técnicos também são muito bons, mesmo não sendo tão ambiciosos quanto os de “O Irlandês”. A fotografia é muito boa, sendo bem mais fechada e focada em algo específico do que aberta e dando atenção para tudo ao seu alcance, para realçar essa intimidade que o roteiro propõe. A montagem também é muito bem feita, especialmente nos flashbacks e em uma cena específica onde o recurso trabalha junto com os atores para fazer com que a expressão de suas emoções seja mais explícita. A trilha sonora original do Randy Newman é muito gostosa de ouvir, possuindo um ar de filme da Pixar, o que serve como o contraste perfeito para a seriedade e o tom agridoce da história. A direção de arte é bem menos extravagante e grandiosa do que produções anteriores da Netflix, mas novamente, o filme não propõe que esses recursos sejam grandiosos, eles são realistas o suficiente para nos fazer acreditar que estamos vendo uma história verdadeira acontecendo na tela, o que encaixa direitinho na proposta do roteiro de ser algo honesto e humano.
(The technical aspects are also really good, even if they're not as ambitious as the ones from “The Irishman”. The cinematography is very good, with the camera focused on being more closed and centered on something specific than being open and giving attention to everything on its reach, in order to enhance this intimacy the script proposes. The editing is really well done, especially in the flashbacks and in a specific scene where it works together with the actors to make their emotion-expressing more explicit. Randy Newman's original score is a delight to hear, possessing some sort of Pixar vein to it, which is the perfect thing to contrast with the seriousness and bittersweet tone of the story. The art direction is way less extravagant and large-scaled than Netflix's previous productions, but again, the film doesn't demand that these resources should be big, they are realistic enough to make us believe we're watching a real-life story on screen, which fits like a glove in the script's proposal of being something honest and human.)



Resumindo, “História de um Casamento” é um filme incrível. Ele possui uma trama honesta, humana, e dolorosamente realista, o que reflete a originalidade do roteiro. Fazendo uso de um elenco extremamente talentoso, Noah Baumbach cria uma história sobre relacionamentos que, devido à carga emocional embutida no roteiro, será bem difícil de esquecer.

Nota: 10 de 10!

É isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Marriage Story” is an amazing movie. It has a honest, human, and painfully realistic plot, which reflects the originality of the script. Making use of an extremely talented cast, Noah Baumbach creates a story about relationships that, due to the emotional tone of the script, will be pretty hard to forget.

I give it a 10 out of 10!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)