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E aí, meus cinéfilos
queridos! Tudo bem com vocês? Eu estou de volta, para trazer a
última resenha crítica do ano. E dessa vez não se trata de um
filme, mas sim de uma série. Sendo uma das obras audiovisuais mais
esperadas do ano para mim, a série em questão consegue ser uma
adaptação fiel ao material fonte, ao mesmo tempo que cria uma
própria identidade para si. Então, sem mais delongas, vamos falar
sobre a primeira temporada de “His Dark Materials”. Vamos lá!
(What's up, my dear
film buffs! How are you guys? I'm back, with the last review of the
year. And this time, it's not a review of a film, but of a TV show.
As one of the most awaited TV productions of the year, for me, the
show I'm about to discuss not only is a faithful adaptation to its
source material, but it also creates its own, unique identity. So,
without further ado, let's talk about the first season of “His Dark
Materials”. Let's go!)
A série é ambientada
em um mundo paralelo ao nosso, onde as pessoas são acompanhadas de
seres conhecidos como daemons, que assumem a forma de animais que
combinam com a personalidade da pessoa. A primeira temporada
acompanha Lyra Belacqua (Dafne Keen), uma órfã que foge da
universidade em que mora para procurar Roger (Lewin Lloyd), seu
amigo, que desaparece durante uma estranha onda de sequestros de
crianças. Durante sua jornada, Lyra recebe a ajuda de gípcios,
feiticeiras, ursos de armadura, e aeróstatas, fazendo uso de um
misterioso instrumento para guiar seu caminho.
(The show is set in a
world that's parallel to ours, where people are accompanied by beings
known as daemons, which assume the form of animals that match the
person's personality. The first season follows Lyra Belacqua (Dafne
Keen), an orphan who runs away from the college she lives in order to
look for Roger (Lewin Lloyd), her friend, who disappears during a
strange wave of child kidnappings. During her journey, Lyra relies on
the aid of Gyptians, witches, armored bears and aeronauts, using a
mysterious instrument to guide her path.)
Ok, antes de começar a
falar da série em si, vou dedicar algumas linhas para falar da
trilogia de livros em que ela é baseada: a trilogia Fronteiras do
Universo, escrita por Philip Pullman, composta pelos livros “A
Bússola de Ouro”, “A Faca Sutil” e “A Luneta Âmbar”.
Inicialmente, essa trilogia foi promovida como uma obra infantil, o
que foi uma jogada totalmente mal feita, porque os livros são muito
complexos para uma criança de 8 anos, por exemplo. A melhor maneira
de descrever a trilogia como um todo é essa: é complexa o
suficiente para manter a curiosidade e a imaginação do leitor
ativas, e auto-explicativa o suficiente para mantê-lo engajado e
antenado na história e seus conceitos. O primeiro livro é
basicamente uma introdução dos conceitos da trilogia, o segundo já
injeta uma quantidade imensa de tensão, violência e realismo à
trama principal, e o terceiro e último investe bastante na mitologia
do universo fictício dos livros, transitando entre vários pontos de
vista, para depois juntá-los de uma maneira concisa. Agora, com essa
introdução dita, vamos à série. Pelo fato de ser uma co-produção
da BBC com a HBO, minhas expectativas já estavam no alto, pois
estamos falando de uma parceria entre a emissora responsável pela
minha série favorita (Doctor Who), e a emissora responsável por uma
das séries mais ambiciosas dos últimos tempos (Game of Thrones). E
fico muito feliz em dizer que essa série atendeu a todas as minhas
expectativas, como um fã da trilogia. É uma obra narrativamente
muito rica, cheia de temáticas e subtextos muito interessantes e
reflexivos. Como uma adaptação, é uma releitura muito fiel do
material fonte, com um passo mais lento, o que muita gente pode
reclamar, mas o livro também é assim, é bem descritivo e não é
apressado. Claro, não é 100% igual ao livro, algumas liberdades
foram tomadas aqui no processo de adaptar o material para a
televisão, e algumas decisões são bem similares às que foram
tomadas pelo filme “A Bússola de Ouro”, lançado há mais de 10
anos, que falhou em criar uma trilogia de filmes, pelas mãos da New
Line, a mesma produtora de “O Senhor dos Anéis”. O mais
interessante é que, para quem leu a saga, a série toma a liberdade
de introduzir personagens e conceitos que só serão introduzidos ou
mais explorados nos outros dois livros já na primeira temporada, o
que é muito bom, pelo menos, no meu ponto de vista, porque aí, nas
próximas temporadas, a trama já poderá partir para a ação sem
precisar de muita explicação. Mas, como alguém que leu o livro e
viu o filme, alguns aspectos deixaram a desejar, porque mesmo que a
série tenha conseguido capturar a essência da trilogia de uma
maneira melhor do que “A Bússola de Ouro”, o fator de emoção
do livro (e, por consequência, do filme) foi suavizado um pouco, em
uma jogada das emissoras para não chocar o público mais jovem que
provavelmente se sentirá atraído pelo enredo. Mesmo com essa
aproximação mais leve com os conteúdos mais pesados, a série
aborda os temas que taxaram os livros como polêmicos de uma maneira
bem sutil, se comparado ao material fonte, mas bem explícita, se
comparado ao filme, que foi amplamente criticado por justamente não
abordar esses temas, que fazem parte de um subtexto muito importante
na trilogia Fronteiras do Universo.
(Ok, before I start
talking about the show itself, I'm going to dedicate a few lines to
talk about the book trilogy that it was based on: the His Dark
Materials trilogy, written by Philip Pullman, composed by “The
Golden Compass”, “The Subtle Knife” and “The Amber Spyglass”.
Initially, this trilogy was marketed as children's literature, which
was a bad move, because they are way too complex for an 8-year-old,
for example. The best way to describe the trilogy as a whole is this
one: it's complex enough to keep the reader's curiosity and
imagination fully active, and it's self-explanatory enough to keep
him (or her) invested in its story and concepts. The first book is
basically an introduction of its concepts, the second one injects an
impressive amount of tension, violence and realism to the main plot,
and the third and final book invests on the universe's mythology,
relying on multiple points of view, which come together in a very
concise, comprehensible way by the novel's conclusion. Now, with that
intro out of the way, let's talk about the show. As a BBC and HBO
co-production, my expectations for this were already sky high,
because we're talking about a partnership between the channel that
makes my favorite TV show ever (Doctor Who) and the channel
responsible for one of the most ambitious TV shows ever made (Game of
Thrones). And I am so glad to say that it went exactly as I expected
it to be, as a fan of the trilogy. It is a narratively rich fantasy
work, filled with extremely interesting, yet though-provoking themes
and subtexts. As an adaptation, it is really faithful to the source
material. It is slower-paced, which may annoy a few viewers, but it's
very much like the first book, which is very descriptive and doesn't
rush its plot at any moment. Of course, it's not 100% like the novel,
some liberties were taken in the process of adapting it to
television, and some of the decisions were very similar to those
present in the film “The Golden Compass”, released in 2007, which
failed to generate a film trilogy, produced by New Line, the
production company responsible for the Middle-earth film series,
directed by Peter Jackson. The most interesting thing about the show
is that, if you've read the books, some of the characters and
concepts that will only be introduced or further explored in the last
two novels are already introduced in the first season, which, in my
opinion, is a really good choice, because in future seasons, we will
get more action and less explanation in the main plot. But, as
someone who has read the book and seen the movie, some aspects were a
little underdeveloped, because even though the show managed to
capture the essence of the books in a more successful way than “The
Golden Compass”, the book's (and consequently, the movie's)
emotional/thrill factor was toned down a little bit, so that it
doesn't shock a younger audience that may feel attracted to its plot.
Even with this lighter approach to the more violent, shocking
content, the show deals with the themes that made the books
controversial in a very subtle way, if compared to the source
material, but much more explicit, if compared to the film, which was
widely criticized because it didn't deal with these themes at all,
which play a very important part in an essential subtext in the His
Dark Materials trilogy.)
Assim como o roteiro da
série, o elenco também faz um ótimo trabalho em adaptar as
personalidades irretocáveis dos personagens às fisionomias de seus
intérpretes. A Dafne Keen, conhecida por interpretar a X-23 em
“Logan”, incorpora a Lyra de uma maneira impressionante,
acertando em cheio na teimosia e na rebeldia que a personagem possui
nos livros, mas deixando um pouco a desejar na emoção que ela
precisa transmitir em algumas cenas. A Ruth Wilson está sensacional
como a Sra. Coulter. É, de longe, a melhor atuação do programa.
Ela transmite uma selvageria hipnotizante, algo que a Nicole Kidman
não foi capaz de fazer no filme, o que faz a conexão com o daemon
dela ainda mais complexa e interessante. Não será uma surpresa se
ela for indicada a prêmios por causa dessa atuação. Fiquei
surpreso positivamente com a perspectiva que foi dada à Mãe Costa,
interpretada pela Anne-Marie Duff. Ela está muito mais guerreira do
que eu imaginava, o que encaixa direitinho no modelo de vida dos
gípcios. Dois personagens que eu não esperava que seriam tão
desenvolvidos foram o Lorde Boreal, interpretado pelo Ariyon Bakare,
que fará uma presença maior na já confirmada segunda temporada, e
o Farder Coram, interpretado de uma maneira emocionante pelo James
Cosmo. Eu não achava que iria gostar do Lin-Manuel Miranda como o
Lee Scoresby, porque imaginava alguém bem mais velho no papel, mas
ele é um ótimo alívio cômico e possui uma química bem legal com
a Dafne Keen, assim como o Lewin Lloyd, que interpreta Roger. Como
personagens menos desenvolvidos, mas muito memoráveis (e que serão
importantes em futuras temporadas), temos Ruta Gedmintas, que
interpreta a feiticeira Serafina Pekkala; e James McAvoy, que está
ameaçador, como esperado, no papel de Lorde Asriel.
Além do elenco
live-action, temos um excelente trabalho de voz por parte de Kit
Connor, Helen McCrory e Cristela Alonzo, que interpretam os daemons
de Lyra, Lorde Asriel e Lee Scoresby, respectivamente, e de Joe
Tandberg, que injeta uma personalidade única em sua atuação como o
urso de armadura Iorek Byrnison.
(Just like its script,
the cast of the show also does a superb job in adapting the
characters's flawless personalities to their performers's physical
boundaries. Dafne Keen, known for portraying X-23 in “Logan”,
embodies Lyra in an impressive way, getting the character's
stubbornness and rebel personality right, but lacking a little bit in
the emotion she needs to transmit in some scenes. Ruth Wilson is
sensational as Mrs. Coulter. It is, by far, the best performance in
the show. She channels a hypnotizing savagery in her performance,
something that Nicole Kidman wasn't able to do in the film, which
makes the connection with her daemon even more complex and
interesting. I won't be surprised if she ends up getting nominated
for awards because of this. I was positively surprised by the
perspective that was given to Ma Costa, portrayed by Anne-Marie Duff.
She's a lot more warrior-like than I imagined, which fits perfectly
in the Gyptians's way of life. Two characters I didn't expect to be
that much developed were Lord Boreal, portrayed by Ariyon Bakare, who
will make a larger appearance in the already confirmed second season,
and Farder Coram, portrayed in a very emotional, heartfelt way by
James Cosmo. I didn't expect to like Lin-Manuel Miranda as Lee
Scoresby, as I imagined someone much older playing him, but he's a
great comic relief and has a noticeable chemistry with Dafne Keen, as
Lewin Lloyd, who plays Roger, also does. As less developed, but very
memorable characters (who will be important in future seasons), we
have Ruta Gedmintas, who plays the witch Serafina Pekkala; and James
McAvoy, who is threatening, as expected, in the role of Lord Asriel.
Besides the live-action characters, we have an excellent voice cast
here through Kit Connor, Helen McCrory and Cristela Alonzo's
performances as the daemons of Lyra, Lord Asriel and Lee Scoresby,
respectively, and through Joe Tandberg, who injects an unique
personality in his performance as armored bear Iorek Byrnison.)
Nos aspectos técnicos,
a série é ambiciosa, em todos os sentidos. Lendo o livro, eu pensei
que o visual do mundo da Lyra seria bem mais no estilo vitoriano, mas
a aproximação da versão da série com a realidade foi muito
bem-vinda, pois entendo que a equipe fez isso com o objetivo de
retratar um mundo quase real. Como dito anteriormente, alguns
conceitos de livros futuros já são introduzidos na primeira
temporada, e o contraste entre os temas presentes na maioria da trama
dessa leva e alguns que farão uma presença maior nas próximas
temporadas é bem visível. O trabalho de efeitos especiais é
maravilhoso e muito mais refinado do que o do filme. Os daemons e os
ursos de armadura tem uma textura bem palpável, o que é bom, porque
isso injeta personalidade aos personagens não-humanos. A trilha
sonora do Lorne Balfe é épica, e faz presença em várias cenas,
ditando o tom de cada uma delas. Por exemplo, em uma cena de luta, a
trilha é mais ágil, energética, e tensa; já em cenas mais calmas,
a trilha é mais doce, serena e agradável. A direção da série é
incrível, sendo comandada por diretores como Tom Hooper (Os
Miseráveis), Otto Bathurst, Euros Lyn e Jamie Childs (conhecidos por
dirigir episódios de Doctor Who), que sabem muito bem o que fazem.
(In the technical
aspects, the show is ambitious in every single way. Reading the book,
I imagined Lyra's world to be somewhat Victorian-styled, but the
show's version of it and its approximation to reality were very much
welcome, as I understand that they made that choice in order to
portray Lyra's world as close to ours. As I said before, some
concepts of future novels are already introduced in the first season,
and the contrast between the themes present in most of this season's
plot, and some that will make a bigger presence in future seasons is
pretty visible. The visual effects work is wonderful and way more
sophisticated than the ones in the movie. The daemons and the armored
bears have a very palpable texture, which is good, because it injects
personality in the non-human characters. Lorne Balfe's score is epic,
and it makes a presence in several scenes, dictating the tone of each
of them. For example, in a fight scene, the music is more agile,
energetic, and tense; and in scenes that are more calm, the music is
sweeter, more serene and pleasant. The direction of this season is
amazing, being helmed by directors like Tom Hooper (Les Miserables),
Otto Bathurst, Euros Lyn and Jamie Childs (known for directing
episodes of Doctor Who), who know what they're doing very well.)
Resumindo, a primeira
temporada de “His Dark Materials” é uma adaptação maravilhosa
e extremamente fiel ao material fonte, que faz uso de um elenco que esbanja talento e uma equipe técnica muito bem capacitada para apresentar
conceitos muito interessantes e preparar o terreno para a já
confirmada segunda temporada!
Nota: 10 de 10!
É isso, pessoal!
Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, the
first season of “His Dark Materials” is a wonderful adaptation,
which is extremely faithful to its source material. It makes use of a
very talented cast and a marvelous technical crew in order to
introduce really interesting concepts and to pave the way for the
already confirmed second season!
I give it a 10 out of
10!
That's it, guys! I hope
you liked it! See you next time,
João Pedro)
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