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sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

"História de um Casamento": um filme honesto, humano e dolorosamente realista (Bilíngue)


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E aí, meus cinéfilos queridos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, com a resenha de um filme que prova que ambição não é sinônimo de qualidade. Ao contrário de “O Irlandês”, de Martin Scorsese, essa produção da Netflix foi feita em uma escala menor, mais intimista, e consegue ser tão emocionante quanto o épico de máfia de Scorsese. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “História de um Casamento”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you doing? I'm back, with the review of a film that proves ambition doesn't always mean quality. Unlike Martin Scorsese's “The Irishman”, this Netflix production was made on a smaller, more intimate scale, and it manages to be just as emotional as Scorsese's mafia epic. So, without further ado, let's talk about “Marriage Story”. Let's go!)



O filme conta a história de um casal, Nicole (Scarlett Johansson) e Charlie (Adam Driver), que está passando por muitos problemas, e os dois, então, decidem se divorciar. Eles tinham concordado em não contratar advogados para tratar do divórcio, mas Nicole muda de ideia após receber a indicação de Nora Fanshaw (Laura Dern), especialista no assunto. Surpreso com a decisão da ex-esposa, Charlie agora precisa de um advogado para tratar da custódia do filho deles, Henry (Azhy Robertson).
(The film tells the story of a couple, Nicole (Scarlett Johansson) and Charlie (Adam Driver), that's been going through a lot of struggles, so the two decide to get divorced. They had agreed on not hiring any lawyers to discuss the divorce, but Nicole changes her mind after discovering Nora Fanshaw (Laura Dern), who's an expert on the subject. Surprised with his ex-wife's decision, Charlie now needs a lawyer to discuss the custody of their son, Henry (Azhy Robertson).)



Bom, pra começar, eu não sabia direito o que esperar desse filme. Tendo apenas visto um filme do Noah Baumbach (“Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe”, que também é da Netflix), eu não tinha certeza se o estilo implantado em “Os Meyerowitz” era já o estilo característico do diretor. Pelo fato de “História de um Casamento” ter tido uma corrida impressionante em vários festivais de cinema ao redor do mundo, como o prestigiado Festival de Veneza, o Festival de Toronto e o Festival de Cinema de Nova York, fui ficando cada vez mais interessado no filme, que, à primeira vista, era conhecido por juntar dois atores muito conhecidos: Scarlett Johansson (que interpreta Natasha Romanoff, mais conhecida como Viúva Negra, nos filmes da Marvel) e Adam Driver (que interpreta o vilão Kylo Ren na nova trilogia de Star Wars). E, junto com “Parasita”, foi o filme que mais me surpreendeu o ano inteiro. Eu não tinha lido nenhuma crítica, só alguns elogios aqui e ali, e eu realmente gostei do filme. O roteiro do Noah Baumbach se movimenta muito bem, funcionando como um drama familiar com alguns toques de comédia. O mais interessante é que, pra mim, “História de um Casamento” é mais um daqueles filmes que possuem uma veia teatral, como se fosse uma peça, porque é um filme que não possui locações tão difíceis de construir, no caso de uma peça, e é um roteiro quase inteiramente apoiado na capacidade de seus atores de transmitir emoções. E essas emoções são transmitidas aqui do modo mais honesto e humano possível, fugindo do melodrama que quase domina filmes que seguem a mesma trama. Outra coisa que o roteiro faz muito bem é o fato de que nenhum dos dois protagonistas é colocado em um pedestal, nenhum deles é taxado como perfeito, como o pai/marido ou a mãe/esposa ideal. Todas as falhas, egoísmos, vícios, resumindo, todas as coisas que fazem da Nicole e do Charlie seres humanos são expostos da maneira mais emocionante e realista possível, e nós, como espectadores, conseguimos sentir essas falhas e emoções de uma forma muito íntima, devido ao roteiro e às atuações de Johansson e Driver. E é justamente essa intimidade e o tom honesto, humano e realista da trama que fazem desse roteiro um dos principais concorrentes ao Oscar de Melhor Roteiro Original no ano que vem, junto com “Parasita”.
Resumindo, o roteiro de “História de um Casamento” aposta mais no drama do que na comédia, e entrega uma história honesta, humana e realista, consolidando Noah Baumbach como um dos principais concorrentes ao Oscar ano que vem.
(Well, for starters, I didn't know what to expect from this movie. Having only seen one Noah Baumbach film (“The Meyerowitz Stories”, also a Netflix production), I wasn't sure if the style shown in “Meyerowitz” was already the director's characteristic cinematic style. Because of the fact that “Marriage Story” had an impressive run in film festivals around the world, like the prestigious Venice Film Festival, the Toronto International Film Festival, and the New York Film Festival, I was getting more and more interested in checking out the film, which, at first, was known for starring two very well-known actors nowadays: Scarlett Johansson (who portrays Natasha Romanoff, aka Black Widow, in the Marvel movies) and Adam Driver (who portrays villain Kylo Ren in the new Star Wars trilogy). And, along with “Parasite”, this was the most surprising film I've seen all year. I hadn't read any review, I had just seen some compliments here and there, and I really liked it. Noah Baumbach's script moves really well, working as a family drama with a few sprinkles of comedy in one scene or the other. The most interesting thing is that, for me, “Marriage Story” is another of those movies that possess a more theatrical vein, like it was a play, because the sets wouldn't be that hard to portray, in case of a theatrical production, and the script depends almost entirely on its actors's capacity of conveying emotion. And those emotions are transmitted here in the most honest, human way possible, running away from the melodrama that, almost always, dominates films that have a similar plot. Another thing the script does really well is that it doesn't put any of the two protagonists in a pedestal, none of them is characterized as perfect, as if they were the ideal dad/husband or mom/wife. Every flaw, selfishness, vice, actually, everything that makes Nicole and Charlie human beings is exposed in the most emotional and realistic way possible, and we, as viewers, are able to feel these flaws and emotions in a very intimate way, due to the script and Johansson and Driver's performances. And it's that exact intimacy and the honest, human, realistic tone of the story that make me believe this will be one of the main contenders for the Oscar for Best Original Screenplay next year, along with “Parasite”.
In a nutshell, the script of “Marriage Story” bets more on drama than comedy, and delivers an honest, human, realistic story, consolidating Noah Baumbach as one of the main Oscar contenders next year.)



Como todo bom filme que parece ser uma peça, “História de um Casamento” tem um ótimo elenco. O Adam Driver e a Scarlett Johansson estão absolutamente maravilhosos. Acredito que os papéis deles nesse filme podem ser capazes de desvinculá-los de seus personagens na cultura pop atual, porque eles são totalmente diferentes da Viúva Negra e do Kylo Ren. Eu juro que nunca tinha visto esses dois transmitirem emoções tão fortes e passionais do jeito que eles transmitiram nesse filme. O Adam Driver vai dificultar ainda mais a corrida de Joaquin Phoenix ao Oscar de Melhor Ator, ele se dedica completamente ao papel, se entrega de corpo e alma às emoções que o personagem dele precisa transmitir, e funciona perfeitamente. Acho que nunca tinha visto a Scarlett Johansson em um papel tão emocionante desde “Ela”, de Spike Jonze. Ela está simplesmente incrível, e nós sentimos, nas cenas onde os dois contracenam, as emoções que eles querem expressar e a culpa que eles sentem ao se separar, o que é muito cativante. Nos coadjuvantes, se destacam Laura Dern, Ray Liotta e Alan Alda, que interpretam os advogados dos protagonistas; e Julie Hagerty, Merritt Wever e Wallace Shawn como eficientes alívios cômicos, e todos trabalham muito bem com o material que lhes é dado.
(Just like every good movie that feels like a play, “Marriage Story” has a great cast. Adam Driver and Scarlett Johansson are absolutely amazing. I believe that their roles in this film could be capable of fully untangle them from their characters in the current pop culture, because they are so different from Black Widow and Kylo Ren. I swear I had never seen these two convey such strong, passionate emotions like they did in this movie. Adam Driver will make Joaquin Phoenix's race to the Oscar for Best Actor even harder, as he fully dedicates to his role, he gives his body and soul to the emotions his character needs to transmit, and it works perfectly. I think I'd never seen Scarlett Johansson in such an emotional role since “Her”, directed by Spike Jonze. She is simply incredible, and we feel, in the scenes where the two are together, the emotions they want to express and the guilt they feel as they go their separate ways, which is really captivating. In the supporting roles, the spotlight shines on Laura Dern, Ray Liotta and Alan Alda, who play the protagonists's lawyers; and Julie Hagerty, Merritt Wever and Wallace Shawn as efficient comic reliefs, and all of them work really well with what's given to them.)



Os aspectos técnicos também são muito bons, mesmo não sendo tão ambiciosos quanto os de “O Irlandês”. A fotografia é muito boa, sendo bem mais fechada e focada em algo específico do que aberta e dando atenção para tudo ao seu alcance, para realçar essa intimidade que o roteiro propõe. A montagem também é muito bem feita, especialmente nos flashbacks e em uma cena específica onde o recurso trabalha junto com os atores para fazer com que a expressão de suas emoções seja mais explícita. A trilha sonora original do Randy Newman é muito gostosa de ouvir, possuindo um ar de filme da Pixar, o que serve como o contraste perfeito para a seriedade e o tom agridoce da história. A direção de arte é bem menos extravagante e grandiosa do que produções anteriores da Netflix, mas novamente, o filme não propõe que esses recursos sejam grandiosos, eles são realistas o suficiente para nos fazer acreditar que estamos vendo uma história verdadeira acontecendo na tela, o que encaixa direitinho na proposta do roteiro de ser algo honesto e humano.
(The technical aspects are also really good, even if they're not as ambitious as the ones from “The Irishman”. The cinematography is very good, with the camera focused on being more closed and centered on something specific than being open and giving attention to everything on its reach, in order to enhance this intimacy the script proposes. The editing is really well done, especially in the flashbacks and in a specific scene where it works together with the actors to make their emotion-expressing more explicit. Randy Newman's original score is a delight to hear, possessing some sort of Pixar vein to it, which is the perfect thing to contrast with the seriousness and bittersweet tone of the story. The art direction is way less extravagant and large-scaled than Netflix's previous productions, but again, the film doesn't demand that these resources should be big, they are realistic enough to make us believe we're watching a real-life story on screen, which fits like a glove in the script's proposal of being something honest and human.)



Resumindo, “História de um Casamento” é um filme incrível. Ele possui uma trama honesta, humana, e dolorosamente realista, o que reflete a originalidade do roteiro. Fazendo uso de um elenco extremamente talentoso, Noah Baumbach cria uma história sobre relacionamentos que, devido à carga emocional embutida no roteiro, será bem difícil de esquecer.

Nota: 10 de 10!

É isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro

(In a nutshell, “Marriage Story” is an amazing movie. It has a honest, human, and painfully realistic plot, which reflects the originality of the script. Making use of an extremely talented cast, Noah Baumbach creates a story about relationships that, due to the emotional tone of the script, will be pretty hard to forget.

I give it a 10 out of 10!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)



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