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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, mas não para continuar nossa postagem especial sobre o trabalho de Christopher Nolan. Estou aqui para trazer a resenha de um dos lançamentos mais recentes da Netflix, que continua a odisseia de Spike Lee em retratar as relações raciais no mundo, e que pode ser um dos principais indicados ao Oscar 2021. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Destacamento Blood”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, but not to continue our special post on the work of Christopher Nolan. I'm here to bring the review of one of Netflix's most recent releases, which continues Spike Lee's odyssey of portraying race relations in the world, and that may be one of the main contenders at next year's Oscars. So, without further ado, let's talk about “Da 5 Bloods”. Let's go!)
O filme conta a história de quatro veteranos afro-americanos da Guerra do Vietnã: Paul (Delroy Lindo), Otis (Clarke Peters), Melvin (Isiah Whitlock Jr.) e Eddie (Norm Lewis), que retornam ao Vietnã com o objetivo de encontrar os restos mortais do comandante do destacamento deles (Chadwick Boseman), junto com 17 milhões de dólares em ouro.
(The film tells the story of four African-American veterans from the Vietnam War: Paul (Delroy Lindo), Otis (Clarke Peters), Melvin (Isiah Whitlock Jr.) and Eddie (Norm Lewis), who return to Vietnam with the objective of finding the remains of their fallen commander (Chadwick Boseman), along with US$17 million in gold.)
Esse é um daqueles filmes que te enganam pela simplicidade da sinopse. Pois, se somente a sinopse for levada em consideração, “Destacamento Blood” seria uma mistura de “Os Goonies” e “Apocalypse Now”, com um contexto sociopolítico por trás disso. Mas não é isso que Spike Lee faz com seu novo filme. Os quatro roteiristas (Danny Bilson, Paul De Meo, o próprio Spike Lee, e Kevin Willmott) já começam o primeiro ato com o mesmo plano que deu muito certo no final do filme anterior de Lee, “Infiltrado na Klan”, mostrando cenas e filmagens de violência brutal contra negros e filmagens da própria Guerra do Vietnã, o que já prepara o espectador para o que está por vir nas bem trabalhadas 2 horas e 35 minutos de duração. O filme começa apresentando seus personagens de maneira amigável, com eles tendo aquele momento clássico de reencontro, possuindo até uma veia cômica nesse tipo de cena. Mas aí, as discordâncias entre eles começam a ser mostradas, revelando um viés cada vez mais dramático, e são nesses momentos de discussões entre os quatro protagonistas que o maior trunfo do roteiro está localizado. Não é simplesmente um filme de caça ao tesouro. É uma reflexão profunda sobre temas como a síndrome de estresse pós-traumático, raiva, luto, culpa, traição, amizades, relações familiares, os efeitos duradouros da violência e da guerra na vida das pessoas e muito mais. Algo que o roteiro faz muito bem para expor esses temas de forma clara e compreensível é o desenvolvimento de seus protagonistas. Cada um tem sua própria identidade, suas próprias motivações, e seus próprios demônios. E algo que o roteiro trabalha de forma excelente em retratar as contendas entre os personagens é a relação que cada um deles tinha com o falecido comandante, interpretado pelo Chadwick Boseman. Como qualquer filme que explora as consequências e os efeitos colaterais de uma guerra, “Destacamento Blood” faz um uso eficiente de flashbacks para explorar as lembranças dos protagonistas sobre a Guerra do Vietnã e sobre os objetivos deles no presente. E uma coisa bastante interessante é que os roteiristas fazem uso de fotos e filmagens antigas para contar uma verdadeira aula de História sobre a luta dos cidadãos afro-americanos pelos seus direitos, algo que “Infiltrado na Klan” também fez muito bem. Há algumas cenas que chegam a doer do quão verdadeiras elas parecem ser, especialmente durante um monólogo do personagem do Delroy Lindo, que é uma verdadeira mensagem ao governo dos EUA, e só por essa cena, pra mim, ele merece uma indicação ao Oscar de Melhor Ator, assim como os quatro roteiristas também merecem uma indicação a Melhor Roteiro Original, pela sua ambição e pela nova maneira que eles encontraram para explorar os efeitos da violência e da guerra, que contém uma mensagem extremamente relevante e realista para os dias atuais, especialmente depois do assassinato de George Floyd nos EUA.
(This is one of those films that fool the viewer because of its plot synopsis' simplicity. Because, if only the synopsis revealed the true plot of the film, “Da 5 Bloods” would be a mix of “The Goonies” with “Apocalypse Now”, with a sociopolitical context behind it. But that's not what Spike Lee does in his new film. The four screenwriters (Danny Bilson, Paul De Meo, Spike Lee himself, and Kevin Willmott) already start off the first act with the same plan that worked spectacularly well in Lee's previous film, “BlacKkKlansman”, showing images and footage of brutal violence against black people, and actual footage from the Vietnam War, which already prepares the viewer for what's to come in its well-put running time of 2 hours and 35 minutes. The film starts off presenting its characters in a friendly way, with them having that classic reunion moment, possessing a comical vibe during these scenes. But then, the disagreements between them begin to float towards the surface, revealing a dramatic vibe that just keeps getting more and more intense as the film moves forward, and it's during those discussion moments between them that lies the biggest triumph of the screenplay. It's not simply a treasure hunt movie. It's a deep reflection on themes like post-traumatic stress disorder, rage, grief, guilt, betrayal, friendships, family relations, the long-lasting effects of violence and war that's still in people, and much, much more. Something that the script does very well to work with these themes in a clear, comprehensible way is through the development of its characters. Each character has their own identity, their own motivations, and their own demons. And something the script excels at when portraying the struggles between its protagonists is through the relationship each one had with their late commander, played by Chadwick Boseman. As it happens with any film that explores the consequences of violence and war, “Da 5 Bloods” makes an efficient use of flashbacks to work with the protagonists' memories of the Vietnam War and of their objectives in the present. And a pretty interesting thing that the screenwriters do is that they show archival images and footage to give a true History class on the struggle of African-Americans to obtain their civil rights, something that “BlacKkKlansman” also did very well. There are some scenes that are even able to hurt because of how true they may sound, especially during a monologue by Delroy Lindo's character, which is a true message to the US government, and just because of that scene, for me, he deserves a nomination for the Oscar for Best Actor, just like its four screenwriters deserve a nomination for Best Original Screenplay, for their ambition, and for the new way they found of exploring the effects of violence and war, which contains an extremely relevant and realistic message for today, especially after George Floyd's assassination in the US.)
Além de um ótimo roteiro, “Destacamento Blood” também conta com um ótimo elenco. O quarteto principal composto por Delroy Lindo, Clarke Peters, Isiah Whitlock Jr. e Norm Lewis é o coração pulsante do filme. Todos trabalham muito bem com o que lhes é dado, mas o destaque fica com o Delroy Lindo. Ele é o mais conturbado dos quatro protagonistas, e é através dele e através das relações dele com o filho, interpretado pelo Jonathan Majors, e com o comandante que a maioria dos temas presentes no roteiro são abordados. Ele dá um verdadeiro show aqui, e as melhores cenas e falas pertencem ao personagem dele, e por isso, eu acho que ele merece uma indicação ao Oscar de Melhor Ator. Os outros três protagonistas dão interpretações memóraveis também, e cada um tem sua identidade: o Clarke Peters é o mais racional; o Isiah Whitlock Jr. é mais ou menos um alívio cômico, mas que também possui uma boa profundidade dramática; e o Norm Lewis é o mais receoso quando se diz respeito ao objetivo deles nos dias atuais. Outro ator que trabalha extremamente bem é o Jonathan Majors, que interpreta o filho do personagem de Lindo, e que é o absoluto contrário do pai, e quando os dois estão juntos em tela, há uma química evidente e explosiva entre eles. O Chadwick Boseman, a Mélanie Thierry, o Paul Walter Hauser e o Jasper Pääkkönen interpretam bons papéis coadjuvantes. E por fim, temos o Jean Reno, que interpreta um ótimo antagonista.
(Besides having a great script, “Da 5 Bloods” also relies on a great cast. The main quartet composed by Delroy Lindo, Clarke Peters, Isiah Whitlock Jr. and Norm Lewis is the beating heart of the film. All of them work really well with what's given to each of them, but the true highlight stays with Delroy Lindo. He is the most disturbed out of the four protagonists, and it's through him, and through his relationships with his son, portrayed by Jonathan Majors, and with his commander that most of the themes in the script are worked with. He gives a knockout performance here, and the best scenes and lines in the film belong to his character, and because of that, I think he deserves a nomination for the Oscar for Best Actor. The other three protagonists also work really well, and each one has their own identity: Clarke Peters is the most rational one; Isiah Whitlock Jr is kind of a comic relief, but that also has dramatic depth; and Norm Lewis is the most uneasy one when it comes to their objective in the present day. Another actor that gives a really good performance is Jonathan Majors, who plays the son of Lindo's character, and when the two of them are on-screen together, there's an evident, explosive chemistry between them. Chadwick Boseman, Mélanie Thierry, Paul Walter Hauser, and Jasper Pääkkönen play good supporting roles. And at last, we have Jean Reno, who plays a great antagonist.)
Assim como quase todo filme de guerra, uma das maiores ambições e trunfos de “Destacamento Blood” são os aspectos técnicos. A direção de fotografia feita pelo Newton Thomas Sigel consegue capturar, com tons de cor cinzentos nos dias atuais, e tons mais vibrantes nos flashbacks, os efeitos e as consequências da guerra. A montagem faz algo bem interessante ao transitar entre as duas linhas temporais: assim como aconteceu com “O Grande Hotel Budapeste”, por exemplo, o formato de tela muda de acordo com a época retratada, sendo em 16:9 nos dias atuais, e em 4:3 nos flashbacks, mas o mais interessante é que a transição entre as duas linhas temporais é bem fluida. O filme não simplesmente corta para um formato diferente de tela, o espectador vê a tela mudar quando essa transição acontece. Eu gostei bastante disso. Outra coisa que me chamou bastante a atenção foram as cenas de guerra e violência, que são bem explícitas e bem dirigidas, ao ponto de fazer o espectador pensar que está vendo um blockbuster, e são durante essas cenas que os departamentos de maquiagem e efeitos visuais têm a chance de brilhar, resultando em sequências bem realistas. A trilha sonora do Terence Blanchard é típica de filmes de guerra, e um deleite para quem gosta do gênero.
(Just like every war film, one of the biggest ambitions and triumphs of “Da 5 Bloods” are the technical aspects. Newton Thomas Sigel's cinematography manages to capture, through grayer tones in the present day, and more vibrant ones in the flashbacks, the effects and the consequences of war. The editing does something really interesting when transitioning between the two timelines: just like it happened with “The Grand Budapest Hotel”, for example, the screen format changes according to the time it is set, being in 16:9 in the present day, and in 4:3 during the flashbacks, but the most interesting thing about it is that the transition between the two timelines is really fluid. The film doesn't just cut to a different screen format, the viewer actually sees the screen change when that transition happens. I really liked that. Another thing that caught my attention were the war and violence scenes, which are pretty graphic and well directed, to the point of making the viewer think he's watching a blockbuster, and it's during those scenes that the make-up and special effects departments have their chance to shine, resulting in really realistic sequences. Terence Blanchard's score is a typical war film score, and a true delight for those who love this genre.)
Resumindo, “Destacamento Blood” já consolida a Netflix como uma das principais empresas concorrentes ao Oscar ano que vem, contando com um roteiro extremamente realista, multidimensional e relevante para os dias de hoje, performances memoráveis de seu talentoso elenco, e a ambição de seus aspectos técnicos extremamente bem trabalhados.
Nota: 9,0 de 10!!
É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, “Da 5 Bloods” already consolidates Netflix as one of the main contender companies to the Oscars next year, making great use of an extremely realistic, multidimensional and relevant script for today, counting with memorable performances by its talented cast, and the ambition of its extremely well-polished technical aspects.
I give it a 9,0 out of 10!!
That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)
Propício para o momento!!!
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