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sábado, 20 de junho de 2020

Especial Nolan - "Batman: O Cavaleiro das Trevas": o ponto de virada para filmes baseados em quadrinhos (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para continuar com a nossa postagem especial sobre o trabalho de Christopher Nolan. Em seu sexto filme, Nolan retorna ao universo do Homem-Morcego para contar uma história ainda mais realista que seu antecessor, e como resultado, entrega o filme de super-herói mais marcante do séc. XXI até agora. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Batman: O Cavaleiro das Trevas”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to continue with our special post on the work of Christopher Nolan. In his sixth film, Nolan returns to Batman's universe in order to tell a story that's even more realistic than its predecessor, and as a result, he delivers the most influential superhero film in the 21st century so far. So, without further ado, let's talk about “The Dark Knight”. Let's go!)



Dois anos após o surgimento do Batman, Bruce Wayne (Christian Bale) conta com a ajuda do tenente James Gordon (Gary Oldman) e do promotor público Harvey Dent (Aaron Eckhart) para combater o crime organizado em Gotham City. Tendo seu domínio ameaçado pelo Homem-Morcego, os chefes do crime organizado contratam o Coringa (Heath Ledger) para instaurar um verdadeiro caos na cidade, o que acaba transformando sua rivalidade com o Batman em algo bem pessoal, testando Wayne psicologicamente e fisicamente de uma maneira que nunca fora testado antes.

(Two years after the rise of Batman, Bruce Wayne (Christian Bale) relies on the aid of Lt. James Gordon (Gary Oldman) and prosecutor Harvey Dent (Aaron Eckhart) in order to fight organized crime in Gotham City. Having their dominion threatened by the vigilante, the organized crime bosses hire the Joker (Heath Ledger) to ignite a full-on chaos in the city, which ends up transforming his rivalry with Batman into something really personal, testing Wayne both psychologically and physically in a way he had never been tested before.)



Me lembro que já tinha visto esse filme uma vez, mas foi há um bom tempo, na época que o DVD tinha lançado. Agora, mais de 10 anos depois, decidi assisti-lo de novo, tanto pela fama que ele ainda tem nos dias de hoje, quanto pelo suspense enorme que “Batman Begins” deixou em aberto na sua cena final. E acho que nem preciso dizer que valeu cada segundo das suas 2 horas e meia de duração. Assim como em seu filme anterior, “O Grande Truque”, o roteiro de “Batman: O Cavaleiro das Trevas” é co-escrito por Nolan e seu irmão Jonathan, e a aposta dos dois aqui é apresentar algo ainda mais realista do que o filme anterior da trilogia. A começar pela extremamente tensa cena inicial, que retrata um roubo de banco, algo bem real e bem presente fora dos quadrinhos. Essa cena já nos apresenta o nosso vilão de forma perfeita, bem antes do personagem-título dar as caras. Creio que um dos maiores trunfos do roteiro dos irmãos Nolan é a verdadeira investida em algo mais realista, pois em “Batman Begins”, ainda existiam alguns aspectos cartunescos e fora da nossa realidade. Mas na sequência, nós nos sentimos realmente assustados pelas coisas que acontecem na tela, pois os roteiristas nos fazem acreditar de maneira bem convincente que aquilo pode ser bem possível de acontecer na vida real. E essa investida em algo mais pé no chão ajudou “Batman: O Cavaleiro das Trevas” a tornar a linha entre “filme de super-heróis” e “filme (no ponto de vista do Scorsese)” um pouquinho mais tênue, preparando o terreno para vários outros filmes que, algum tempo depois, investiriam em um enredo mais realista, como “Watchmen” e “Logan”. Outro aspecto que os dois roteiristas acertaram em cheio é a construção de seu vilão. Porque, quando se pensa no Coringa, a primeira coisa que nos vem à mente é sua clássica história de origem, onde ele cai em um barril de produtos químicos tóxicos e isso leva ele a perder sua sanidade. Mas aqui, os irmãos Nolan constroem um Coringa bem humano, que inventa várias “histórias de origem” (que é uma referência tremenda à clássica fala do vilão em “A Piada Mortal”: “Se eu vou ter um passado, prefiro que ele seja de múltipla escolha.”) somente para chegar ao ponto que ele é um agente do caos, que ele somente quer, nas palavras de Alfred Pennyworth, “ver o circo pegar fogo”. E algo que esse filme investe mais ainda do que em seu antecessor é o teor psicológico do enredo. Enquanto em “Batman Begins”, esse teor se concentrava nas alucinações causadas pelo Espantalho; na sequência, ele é focado em decisões da vida real, especialmente nas famosas “escolhas de Sofia”, na qual há duas opções e você tem que quebrar a cabeça, porque precisa escolher apenas uma. Isso ajuda bastante a desenvolver o seu protagonista de uma maneira bem mais profunda, e essas decisões acabam por abalá-lo emocionalmente, com ele ainda ficando com as cicatrizes das consequências de suas escolhas. E isso foi simplesmente revolucionário para o gênero dos filmes baseados em quadrinhos na época. Além de entregar uma história bem engajante, o roteiro também lida com algumas questões bem interessantes, como problemas de identidade, e como certas decisões ajudam a destruir essa identidade e construir outra, sendo essa nova identidade corrupta; a dualidade entre ordem e caos; o impacto do terrorismo na vida das pessoas e como isso ajuda a criar novos vilões (fazendo um paralelo extraordinário com o 11 de setembro), e muito mais. Resumindo, os irmãos Nolan, através do roteiro magnífico de “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, nos ajudam a compreender que filmes de quadrinhos não servem somente para entreter, mas também para lidar com questões importantes que nos auxiliam a entender a nossa realidade.

(I remember having seen this movie once, but it was quite a long time ago, when the DVD was released. Now, more than a decade later, I decided to watch it again, both for the fame it clearly still has, and for the enormous cliffhanger that “Batman Begins” left us on in its final scene. And I think I don't even have to say it was worth every second of its 2-hour-and-a-half running time. As it happened with his previous movie, “The Prestige”, the screenplay for “The Dark Knight” is co-written by Nolan himself and his brother Jonathan, and their proposition here is to present something even more realistic than the previous film in the trilogy. Starting off with the extraordinary opening sequence, which depicts a bank robbery, something pretty real and really present outside the comics. This scene already perfectly introduces us to our villain, way before the title character's first appearance. I believe that one of the biggest pros in the Nolan brothers' screenplay is the decision to fully invest in something more realistic, because, in “Batman Begins”, there were still some cartoonish aspects that were outside of our reality. But in the sequel, we actually feel terrified by the events onscreen, as the screenwriters make us believe, in an extremely convincing way, that this could happen in real life. And that decision of a down-to-earth superhero film helped “The Dark Knight” make the line between “superhero film” and “film (in Scorsese's point of view)” a little bit thinner, preparing the ground for several other movies that, sometime later, would invest in more realistic stories, such as “Watchmen” and “Logan”. Another aspect that the screenwriters are extremely good at is constructing its villain. Because, when you think of the Joker, the first thing that comes to mind is his classic origin story, where he falls into a vat of toxic chemicals and that leads him to lose his sanity. But here, the Nolan brothers manage to build a more human Joker, who comes up with several “origin stories” (which is a tremendous reference to the villain's classic line in “The Killing Joke”: “If I'm going to have a past, I prefer it to be multiple choice.”) only to get to the point that he is an agent of chaos, that he only wants, in the words of Alfred Pennyworth, “to watch the world burn”. And something that this film invests even more in than its predecessor is the plot's psychological content. While, in “Batman Begins”, that content was focused on the hallucinations caused by the Scarecrow; in the sequel, it is focused on real-life decisions, especially on those known as “Sophie's choices”, where you have two options, and you have to think really hard, as you have to choose only one of them. This helps a lot in developing its protagonist in a deeper way, and these decisions end up making an emotional impact on him, with him still bearing the scars of the consequences of his choices. And that was simply revolutionary for comic book movies back then. Besides delivering a really engaging story, the script also deals with some interesting themes, such as identity problems, and how some decisions can destroy one's identity and build another corrupt one; the duality between order and chaos; the impact of terrorism in people's lives and how it can help build new villains (which makes an extraordinary parallel with 9-11), and much, much more. In a nutshell, the Nolan brothers, through the magnificent screenplay for “The Dark Knight”, help us understand that comic book movies are not there only to entertain, but also to deal with important questions that may help us understand our own reality.)



Boa parte do elenco de “Batman Begins” retorna na sequência, mais notavelmente Christian Bale como o personagem-título; Michael Caine como Alfred; Gary Oldman como o Comissário Gordon; e Morgan Freeman como Lucius Fox. Bale leva o personagem-título a uma profundidade não vista no primeiro filme; Caine continua sendo o Alfred perfeito, contando histórias e conselhos sábios e motivadores para seu patrão; Oldman se vê enfrentando novos riscos, se comparado com o antecessor; e Freeman novamente ajuda o protagonista em suas missões. Novas e interessantes adições ao elenco incluem Aaron Eckhart como Harvey Dent, e é extremamente incrível ver a desconstrução de sua persona política, e o declínio de sua sanidade, o que o leva à construção do clássico vilão Duas-Caras; e Maggie Gyllenhaal como Rachel Dawes, anteriormente interpretada por Katie Holmes, que tem vital importância tanto para o desenvolvimento do protagonista quanto para o de Dent. Mas a verdadeira estrela aqui é o falecido Heath Ledger como o Coringa. Ao tornar sua personalidade e sua história de origem bem maleáveis, Ledger já diferencia sua versão do Príncipe Palhaço do Crime de encarnações anteriores do personagem. Ele é realmente ameaçador, tem um senso de humor bem sádico e sarcástico, e junto com o Joaquin Phoenix, em “Coringa”, a performance de Ledger é uma das versões mais humanas e realistas do supervilão. É uma atuação tão marcante, que quando ele sai de tela, você mal pode esperar pela próxima aparição dele. Oscar de Melhor Ator Coadjuvante merecido.

(A good part of the cast for “Batman Begins” makes its return in the sequel, most notably Christian Bale as the title character; Michael Caine as Alfred; Gary Oldman as Commissioner Gordon; and Morgan Freeman as Lucius Fox. Bale takes the title character to a depth not seen in the first film; Caine keeps on being the perfect Alfred, telling wise and motivational stories and advice for his boss; Oldman sees himself facing new risks, if compared to the predecessor; and Freeman, once again helps the main character on his missions. New and interesting additions to the cast include Aaron Eckhart as Harvey Dent, and it's extremely amazing to see the de-construction of his political persona, and the decline of his sanity, which leads him to build the classic villain Two-Face; and Maggie Gyllenhaal as Rachel Dawes, previously portrayed by Katie Holmes, who is of vital importance to both the main character's development and Dent's. But the real star here is the late Heath Ledger as Joker. By making his personality and his origin story fluid, Ledger already makes his version of the Clown Prince of Crime different from previous incarnations of the character. He is truly threatening, has a really sadistic, sarcastic sense of humor, and along with Joaquin Phoenix in “Joker”, Ledger's performance is one of the most human and realistic portrayals of the supervillain. It's such a good performance, that when he walks out of the scene, you can't wait for his next appearace. He earned that Oscar for Best Supporting Actor.)



Novamente, os aspectos técnicos funcionam em harmonia com o roteiro e com os atores para somente aperfeiçoar o filme. A direção de fotografia do Wally Pfister fica cada vez mais cinematográfica, se diferenciando dos filmes normais de super-heróis e apostando em movimentos e truques de câmera que se aproximam mais de filmes propriamente ditos, de acordo com Martin Scorsese. (Risos.) As cenas de ação são extremamente bem coreografadas; a montagem é incrivelmente eficiente; a trilha sonora do Hans Zimmer e do James Newton Howard é de tirar o fôlego, apesar que parte de mim queria que a trilha sonora impecável da Hildur Gudnadóttir para “Coringa” fosse reeditada para as cenas específicas do Coringa, porque, na minha opinião, ela combina tanto com a versão do Phoenix quanto com a versão do Ledger. Me impressiona como esse filme ganhou poucos Oscars. De 8 indicações, entre elas Melhor Fotografia, Maquiagem e Penteado (por aquela maquiagem assustadoramente realista do Coringa), e Melhores Efeitos Visuais (pela transformação aterrorizante do Harvey Dent em Duas-Caras), o filme apenas levou o de Melhor Ator Coadjuvante para Heath Ledger e de Melhor Edição de Som. Mais um exemplo de oportunidades perdidas da Academia. Se tivessem indicado esse filme ao prêmio principal, tenho quase certeza que o resultado ia ser diferente.

(Once again, the technical aspects work in harmony with the screenplay and the actors to enhance the film's impact. Wally Pfister's cinematography just keeps on being more and more cinematic, standing out among normal superhero films and relying on camera movements and tricks that are closer to proper films, according to Martin Scorsese. (LOL.) The action scenes are extremely well-choreographed; the editing is incredibly effective; Hans Zimmer and James Newton Howard's score is breathtaking, although part of me wished that Hildur Gudnadóttir's flawless score for “Joker” was re-edited for the Joker scenes, as, in my opinion, it fits with both Phoenix's and Ledger's versions of the character. I was impressed at this film's performance in the Oscars. Out of 8 nominations, among them Best Cinematography, Makeup and Hairstyling (because of that harrowingly realistic Joker make-up), and Best Visual Effects (because of Harvey Dent's terrifying transformation into Two-Face), it only took home the awards for Best Supporting Actor for Heath Ledger and Best Sound Editing. And here we have one more example of the Academy's missed opportunities. If they had nominated this film to the main category, I'm pretty sure the results would be different.)



Resumindo, “Batman: O Cavaleiro das Trevas” é um filme revolucionário. O roteiro tornou os filmes de super-heróis em algo mais sério e realista; conta com uma das melhores atuações vencedoras do Oscar por meio de Heath Ledger; e explora o lado psicológico de seu protagonista de uma maneira bem mais profunda. Um verdadeiro ponto de virada para os filmes baseados em quadrinhos.

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, “The Dark Knight” is a revolutionary film. The script turned superhero films into something more serious and realistic; it relies on one of the best Oscar-winning performances through Heath Ledger; and explores the psychological side of its main character in a much deeper way. A true turning point for comic book movies.

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)




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