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quinta-feira, 18 de junho de 2020

Especial Nolan - "O Grande Truque": um truque de mágica impecavelmente executado (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, com a próxima parte da nossa postagem especial sobre o trabalho de Christopher Nolan. Com metade do caminho andado, o quinto filme de Nolan era o único que faltava para eu ter assistido toda a filmografia dele. E agora, posso dizer tranquilamente que ele não tem nenhum filme ruim até agora, com o filme em questão sendo o melhor filme sobre mágica que eu já vi na minha vida. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “O Grande Truque”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, with the next part of our special post on the work of Christopher Nolan. As we're halfway through the job, Nolan's fifth film was the only one missing for me to have watched his entire filmography. And now, I can safely say that he hasn't made one bad film so far, with the movie I'm about to review being the greatest film about magic that I've ever seen in my life. So, without further ado, let's talk about “The Prestige”. Let's go!)



O filme é ambientado em Londres, no séc. XIX, e conta a história de dois mágicos amigos, Robert Angier (Hugh Jackman) e Alfred Borden (Christian Bale), que se conhecem há muitos anos, desde que começaram a trabalhar no ramo. Desde então, eles vivem competindo entre si, o que faz com que a amizade se transforme em uma grande rivalidade, com o passar dos anos. Tal rivalidade chega ao pico quando Alfred apresenta um truque revolucionário, o que leva Robert a ficar obcecado em descobrir como ele consegue realizá-la.

(The film is set in London during the 19th century, and it tells the story of two magician friends, Robert Angier (Hugh Jackman) and Alfred Borden (Christian Bale), who have known each other for several years, ever since they started working in the business. Ever since, they frequently compete against each other, which transforms their friendship into a great rivalry that goes on throughout the years. And that rivalry reaches its peak when Alfred presents a revolutionary trick, which makes Robert obsessed on finding out how he manages to do it.)



Bem, antes de começar a falar sobre o roteiro, vou falar um pouco sobre minhas expectativas para esse filme. Eu já tinha tentado assistir a ele 2 vezes, e eu não tinha me investido completamente na trama, porque eu achava que o filme parecia mais longo e lento do que realmente era, e como eu não sentia nenhuma conexão com os personagens, eu acabei deixando-o de lado. Até que ontem, decidi dar uma terceira chance ao filme, assistindo-o numa tacada só. E é mais uma prova de que, como disse na introdução, Christopher Nolan não fez nenhum filme ruim até agora. Eu, sinceramente, não entendo como os críticos se dividiram tanto ao alcançarem um consenso sobre “O Grande Truque”. Talvez seja porque, assim como em um truque de mágica, eles não observaram atentamente a cada minuto das enxutas 2 horas e 10 minutos de duração que o filme tem. O roteiro é escrito pelo diretor e pelo irmão dele, Jonathan Nolan (criador de Westworld, e autor do conto que inspirou o roteiro de “Amnésia”), e o longa representa ao mesmo tempo, um retorno à forma para Nolan (que um ano antes, tinha dirigido um blockbuster, “Batman Begins”) e seu último filme que seria tratado como apenas um filme em si, e não como um filme-evento, contando com um orçamento bem mais modesto de US$40 milhões, que é usado de maneira perfeita aqui. Temos novamente o uso característico de uma narrativa não-linear, que conta com flashbacks e flashforwards durante a trama para explicar os eventos que iniciaram a rivalidade entre os protagonistas, e, se o espectador prestar bastante atenção, esse recurso funciona perfeitamente. O desenvolvimento de seus personagens principais é feito de forma impecável, tendo uma quase perfeita dualidade entre opostos: enquanto o personagem de Bale é mais modesto, e, digamos, humilde; o personagem de Jackman é pomposo, excêntrico e sofisticado. Eu adorei esse aspecto do roteiro. Como todo truque de mágica, o roteiro tem várias reviravoltas, e o diretor tenta nos enganar a cada cena e a cada truque mostrado no filme, e nós, como espectadores tanto do filme quanto do truque mostrado na tela, ficamos com o queixo caído quando o método dos roteiristas e dos personagens é revelado. “O Grande Truque” é um filme que fica melhor ao assisti-lo novamente, pelo fato do diretor ter colocado alguns easter eggs e segredos que passam batido na primeira vez, mas que chamam a sua atenção ao descobri-los durante uma segunda ou terceira assistida. A história tem um passo bem cuidadoso, deixando todos os segredos para serem revelados no ato final da trama. E ela trata de alguns temas bem interessantes, com os principais sendo a obsessão, o sigilo, e, principalmente, o sacrifício. Sem spoilers aqui, mas devo dizer que o final desse filme me chocou, em um bom sentido. Eu fiquei impressionado na inteligência que os dois roteiristas demonstraram ao elaborar o ato final de “O Grande Truque”, que me deixou com o queixo caído por mais tempo do que o de “Amnésia”, que também tem seu roteiro escrito pelos dois irmãos. Tenho que reassistir aos filmes seguintes do diretor para ter um consenso mais concreto, mas até agora, junto com “Amnésia”, “O Grande Truque” é o melhor filme de Christopher Nolan, na minha opinião.

(Well, before I start talking about the script, I'll discuss a little about my expectations for this film. I had already tried to watch it twice, and I didn't feel fully invested in its story, as I thought the film was longer and slower than it actually was, and because I didn't feel any connection to its characters, I ended up leaving it aside. Until yesterday, I decided to give it a third chance, watching it in one go. And it's yet another proof that, as I said in the intro, Christopher Nolan hasn't made a single bad film so far. I honestly don't understand why were critics divided when creating a consensus for “The Prestige”. Maybe it's because, as it happens with a magic trick, they didn't watch every minute of its well-enjoyed running time of 2 hours and 10 minutes closely. The screenplay was written by Nolan himself and his brother, Jonathan (creator and showrunner of Westworld, and the author of the short story that inspired “Memento”), and this feature represents at the same time, a return to form for Nolan (who, one year earlier, directed a blockbuster “Batman Begins”), and his final film that was considered a proper film, rather than an event film, relying on a much more modest budget of US$40 million, which is spent perfectly here. We have, once again, the characteristic use of a non-linear narrative, which relies on flashbacks and flashforwards in order to explore the events that started the rivalry between the two protagonists, and, if the viewer pays attention, that resource works splendidly. The development of its characters is done flawlessly, creating a near-perfect duality between the two main characters: while Bale's character is modest and, let's say, humble; Jackman's character is pompous, eccentric, and sophisticated. I loved that aspect in the script. As it happens with every magic trick, the screenplay has a lot of twists, and the director tries to deceive its viewers in every scene and in every trick shown on-screen, and we, as viewers of both the film and the trick shown on-screen, are left with our jaws dropped when the methods of the screenwriters and of the characters are revealed. “The Prestige” is one of those films that gets better when you watch it again, as the director put some smart easter eggs and secrets that probably will go unnoticed on a first viewing, but that become more and more clear during a second or third viewing. The story has a very careful pace, saving all of its secrets to be revealed in the final act. And it also deals with some very interesting themes, with the main ones being obsession, secrecy, and most importantly, sacrifice. No spoilers here, but I must say that the ending of this film shocked me, in a good way. I was impressed at how clever the screenwriters were when writing the final act of “The Prestige”, which left my jaw dropped for a longer period of time than the one from “Memento”, that is also written by the two brothers. I have to rewatch his later films to have a more concrete consensus, but so far, along with “Memento”, “The Prestige” is Christopher Nolan's best film, in my opinion.)



O elenco de “O Grande Truque” é uma maravilha a parte, sendo encabeçado por Hugh Jackman e Christian Bale, que dão aqui algumas de suas melhores performances. A rivalidade entre seus personagens é a força condutora do filme e do roteiro, e os dois atores fazem um trabalho sensacional com seus papéis. É algo verdadeiramente impressionante. Não devo dar spoilers aqui, mas digo que cada um tem suas camadas e segredos, e eles dão um verdadeiro show quando esses segredos são finalmente revelados. A química entre os dois é agressiva e explosiva quando juntos em tela. Não entendo porque eles não receberam uma indicação ao Oscar. Em papéis coadjuvantes, mas tão significativos quanto os protagonistas, temos Scarlett Johansson, Michael Caine e Rebecca Hall, e os três trabalham muito bem com o que é dado a cada um, e várias reviravoltas dominam o arco desses personagens, em especial os de Caine e Johansson. E pra fechar com chave de ouro, temos as participações curtas, mas extremamente efetivas, de Andy Serkis e David Bowie, que interpreta Nikola Tesla, o rival de Thomas Edison, da forma que só o Bowie interpretaria.

(The cast for “The Prestige” is a particular wonder, being led by Hugh Jackman and Christian Bale, who give some of their best performances here. The rivalry between their characters is the conductive force of the film and the script, and both actors do a sensational job with their roles. It's something truly impressive. I shouldn't give spoilers here, but I'll say that each of them has their own layers and secrets, and they both knock it out of the park when those secrets are finally revealed. The chemistry between them is agressive and explosive when they're together on-screen. I don't understand why they didn't get an Oscar nomination. In supporting roles, that are just as important as the main ones, we have Scarlett Johansson, Michael Caine and Rebecca Hall, and all three of them work really well with what's given to each of them, and several twists envelop these characters' arcs, especially Caine's and Johansson's. And to cap it off on a high note, we have the short, but extremely effective, participations of Andy Serkis and David Bowie, who portrays Nikola Tesla, Thomas Edison's rival, in a way that only Bowie would.)



Os únicos aspectos de “O Grande Truque” reconhecidos pelo Oscar foram os técnicos, e eu parcialmente acho isso uma injustiça, porque o roteiro e as atuações desse filme são sensacionais, mas pelo menos, o filme não foi deixado de fora da premiação, e por um bom motivo. A direção de fotografia do Wally Pfister (que foi indicada ao Oscar) e o trabalho de montagem do Lee Smith (que trabalhou em “Batman Begins”) são a chave para os roteiristas e os atores enganarem seus espectadores durante as cenas de truques de mágica, com esses aspectos nos fazendo acreditar que o que foi mostrado na tela realmente aconteceu. A direção de arte, outro aspecto reconhecido pelo Oscar, recria a época em que o filme é ambientado da forma como o espectador imaginaria de como fosse a vida na Londres do séc. XIX. Os figurinos foram muito bem desenhados, os cenários são típicos de filmes ambientados nessa época. Tecnicamente, é um filme muito bem construído. Outro aspecto técnico de destaque aqui são os efeitos visuais, especialmente durante as cenas onde o Nikola Tesla está presente, que até servem como uma referência à própria carreira de David Bowie, que é famoso por um de seus alter-egos, Ziggy Stardust, que tinha um raio atravessando seu rosto. Se isso foi intencional, não sei, mas foi uma referência bem legal. Uma coisa que eu senti falta foi de uma trilha sonora mais memorável. O trabalho foi do David Julyan, que trabalhou nos 3 primeiros filmes do diretor, e mesmo com a trilha sonora sendo produzida pelo Hans Zimmer (responsável pela trilha sonora de “Batman Begins”), ela foi bastante ofuscada pela grandiosidade das coisas que vemos na tela.

(The only aspects in “The Prestige” that were recognized by the Academy were the technical ones, and I partially think that's unfair, as the script and the cast's performances are sensational, but at least, it wasn't left out of the award show, and for a good reason. Wally Pfister's (Oscar-nominated) cinematography and the editing done by Lee Smith (who worked on “Batman Begins”) are the key for the screenwriters and the actors to deceive their viewers during the magic trick scenes, with these aspects actually making us believe that what was shown on-screen was real. The art direction, another aspect that was recognized by the Academy, recreates the time the film is set in a way the viewer would imagine how life would be in 19th century London. The costumes were very well designed, the scenarios are typical of films set in the same time. Technically, it's a very well constructed film. Another technical aspect here are the visual effects, especially during the scenes where Nikola Tesla is present, which can even serve as a reference to the career of David Bowie himself, who is known for his alter-ego Ziggy Stardust, who had a lightning drawn across his head. I don't know if that was intentional, but it was a really cool reference. One thing I really missed here was a more memorable score. The score was composed by David Julyan, who worked on Nolan's first three films, and even though it was produced by Hans Zimmer (who scored “Batman Begins”), it was really overshadowed by the grand character of the things we see on-screen. )



Resumindo, “O Grande Truque” é um filmaço. Tem um roteiro muito bem elaborado, um elenco simplesmente sensacional, é muito bem dirigido, e seus aspectos técnicos elevam o filme e seus truques a novas alturas. É um daqueles filmes para ver de novo, e de novo, e de novo, para perceber todos os segredos que os roteiristas pincelaram ao longo do filme. Junto com “Amnésia”, esse é o melhor filme de Christopher Nolan até agora.

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, “The Prestige” is one hell of a film. It has a very elaborate screenplay, sensational performances by its cast, assured direction by Nolan himself, and its technical aspects elevate it and its tricks to new heights. It's one of those films you need to watch again, and again, and again, to notice every secret the screenwriters put throughout the film. Along with “Memento”, this is Christopher Nolan's finest film so far.

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)




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