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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre a mais nova produção original da Netflix. Uma obra necessária relatando uma história real que faz incríveis paralelos com o cenário sociopolítico atual nos EUA, o filme em questão é impulsionado para o triunfo pelo seu maravilhoso roteiro e pelo talento abundante de seu elenco estelar, o que pode fazer dele o carro-chefe da plataforma de streaming para o Oscar 2021. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Os 7 de Chicago”. Vamos lá!
(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about the most recent Netflix original production. A necessary opus retelling a true story that makes incredible parallels with the current sociopolitical scenario of the US, the film I'm about to review is bolstered to triumph by its wonderful screenplay and by its stellar cast's overflowing talent, which can make it the streaming platform's main bet for next year's Oscars. So, without further ado, let's talk about “The Trial of the Chicago 7”. Let's go!)
Ambientado em 1968, o filme acompanha o julgamento de um grupo de manifestantes que protestavam contra a Guerra do Vietnã conhecido como “Os 7 de Chicago”, que foi acusado pelo governo dos EUA de conspiração e ultrapassar fronteiras estaduais com o objetivo de incitar uma revolta durante a Convenção Nacional Democrata, na cidade de Chicago, Illinois. O filme tem como principal foco o julgamento do grupo, contando com flashbacks para que os espectadores tenham múltiplos pontos de vista sobre o acontecimento.
(Set in 1968, the film follows the trial of an anti-Vietnam War group of protesters known as “The Chicago Seven”, which was charged by the US government with conspiracy and crossing state lines with the objective of inciting riots during the Democratic National Convention, in the city of Chicago, Illinois. The film has the group's trial as its main focus, making use of flashbacks for the viewers to have multiple points of view on what happened.)
Antes de começar a falar sobre o filme em si, acho melhor dedicar algumas linhas falando sobre minhas expectativas para “Os 7 de Chicago”. Haviam várias razões para que eu estivesse realmente animado para esse filme, a começar pelo seu roteirista e diretor, Aaron Sorkin, que nos entregou um dos melhores roteiros dos últimos tempos por meio de “A Rede Social”, filme de 2010 dirigido por David Fincher. Depois, havia o inegável e abundante talento de seu elenco, composto de vencedores e indicados ao Oscar (Eddie Redmayne, Mark Rylance, Michael Keaton, Frank Langella), assim como grandes nomes do palco, da TV e até da comédia (Sacha Baron Cohen, Alex Sharp, Yahya Abdul-Mateen II, John Carroll Lynch). E por último, mas não menos importante, o fato da Paramount Pictures ter vendido os direitos de distribuição do filme para a Netflix, devido à atual pandemia do coronavírus. E eu nem contei sobre o enorme número de críticas positivas recebidas após sua exibição limitada nas salas de cinema já abertas em seu país de origem. Então, aos meus olhos, simplesmente não tinha como um filme desse calibre ser ruim. E realmente não é. Com isso dito, vamos falar do roteiro. Para aqueles já familiarizados com o trabalho de Aaron Sorkin nos roteiros de “A Rede Social” e de “Questão de Honra”, de 1992, está bem claro que ele tem um domínio incrível sobre o diálogo, especialmente em cenários contidos, devido às suas raízes como dramaturgo na Broadway. E com o roteiro de “Os 7 de Chicago”, é possível ver que esse talento permanece impecável. Tendo como base os cenários de alguns de seus roteiros anteriores, pode-se perceber que Sorkin pega situações que seriam bem maçantes de se ver em tela, como a criação do Facebook e vários julgamentos, e transforma tais situações em algo realmente excitante, engajante e extraordinariamente bem desenvolvido. E seu novo filme não é uma exceção. O roteirista e diretor pega um julgamento de mais de 150 dias de duração e, através de sua inegável habilidade de criar diálogos memoráveis e personagens cheios de personalidade, dramatiza esse acontecimento real em um dos melhores filmes do ano, se não for o melhor. Os personagens-título são desenvolvidos com maestria, e Sorkin faz um uso constante e eficiente de flashbacks para que nós, como espectadores, possamos ver o ponto de vista deles sobre o acontecimento que os levou ao julgamento. Em vários momentos do filme, eu pensei que ele só iria focar nos julgamentos e acabar não mostrando as revoltas em que vários dos personagens se envolveram. E essa foi uma daquelas vezes em que eu fiquei bem feliz em estar enganado. As cenas mostrando esses acontecimentos são retratadas com crueza, brutalidade e um realismo incríveis, fazendo um uso maravilhoso de filmagens de arquivo para complementar e espelhar o que está sendo mostrado em tela. São cenas pesadas que chamam a atenção do espectador para o que está acontecendo no filme e, especialmente, para o cenário sociopolítico atual dos EUA, à luz dos protestos liderados pelo grupo Black Lives Matter, devido ao recente assassinato de George Floyd. Por esse paralelo entre duas ondas de protesto relacionadas à vida das pessoas negras nos EUA (na Guerra do Vietnã, onde a grande maioria dos enviados para lutar foi negra, e cujo cenário levou à criação do partido dos Panteras Negras, que propunha o confronto aberto com a cultura racista do país; e atualmente, onde foram vivenciados vários assassinatos de pessoas negras por policiais, mais especialmente George Floyd e Breonna Taylor), o filme ganha uma profundidade inesperada e uma conexão temática com os dias de hoje, destacando as similaridades entre as duas ondas de protestos, e mostrando que a realidade ainda não mudou, 50 anos depois. Sem a menor sombra de dúvida, esse será um filme que chamará a atenção da Academia, e certamente será um dos maiores concorrentes na temporada de prêmios do ano que vem.
(Before I start talking about the film itself, I think it's better to dedicate some lines to talk about my expectations regarding “The Trial of the Chicago 7”. There were several reasons for me to be excited for this film, starting off with its writer-director, Aaron Sorkin, who gave us one of the best screenplays in recent times through “The Social Network”, a 2010 film directed by David Fincher. Then, there's the undeniable and overflowing talent of its cast, composed by Oscar winners and nominees (Eddie Redmayne, Mark Rylance, Michael Keaton, Frank Langella), as well as big names from stage, screen and even comedy (Sacha Baron Cohen, Alex Sharp, Yahya Abdul-Mateen II, John Carroll Lynch). And at last, but not least, the fact that Paramount Pictures sold the distribution rights to Netflix, due to the current COVID-19 pandemic. And I'm not even counting the enormous amount of positive reviews after its limited run in the already-opened movie theaters in its country of origin. So, in my point of view, there was simply no way for a film of this caliber to be bad. And it really isn't. With that out of our way, let's talk about the screenplay. For those already familiar with Aaron Sorkin's work in the screenplays for “The Social Network” and 1992's “A Few Good Men”, it's quite clear that he has an incredible dominion over dialogue, especially in contained scenarios, due to his roots as a playwright on Broadway. And with the script of “The Trial of the Chicago 7”, we're able to see that this talent remains flawless. Looking at some of his previous screenplays' scenarios, it can be noticed that Sorkin takes situations that would be very tiring to witness onscreen, such as the creation of Facebook and several trials, and transforms said situations into something exciting, engaging, and extraordinarily well-developed. And his new film isn't an exception. The writer-director takes a trial that lasted over 150 days and, through his undeniable ability of creating memorable dialogue and multi-layered characters, he dramatizes this true story in one of the best (if not the best) films of the year. The title characters are masterfully developed, and Sorkin makes a constant and efficient use of flashbacks for us, as viewers, to be able to see their point of view on the event that led them to the trial. In many moments during the film, I thought it was only going to focus on the trial and end up not showing the riots in which several of the film's characters got involved in. And this was one of those times where I was really happy to be mistaken. The scenes showing these events are portrayed with an amazing rawness, brutality and realism to them, making a wonderful use of archival footage to complement and mirror what's being shown onscreen. They are hard-hitting scenes that will draw the viewer's attention to what's happening in the film and, especially, to the current sociopolitical scenario in the US, in the light of the protests led by the group Black Lives Matter, due to the recent murder of George Floyd. Because of this parallel between two waves of protests related to the lives of black people in the US (during the Vietnam War, where the great majority of Americans sent to fight was black, and that scenario led to the creation of the Black Panther party, which proposed an open confrontation with the country's racist culture; and today, where we lived through several murders of black people by police officers, most notably George Floyd and Breonna Taylor), the film gains an unexpected depth and a thematic connection with our reality, highlighting the similarities between the two waves of protests, and showing that absolutely nothing changed, in the past 50 years since this trial. Without a shadow of a doubt, this film will definitely call for the Academy's attention, and will certainly be one of the main contenders in next year's award season.)
Agora, vamos falar sobre uma das principais cartas na manga de “Os 7 de Chicago”: o seu elenco. Tem tanto talento nos nomes presentes aqui, que eu nem sei por onde começar. Todos trabalham de forma extraordinária aqui, tanto individualmente como em conjunto. (Dona Academia, tá aí mais uma razão pra criar uma categoria de Melhor Elenco Conjunto!) Eu amei o desempenho do Sacha Baron Cohen, especialmente pela versatilidade que ele mostrou ao transitar entre humor e momentos dramáticos ao interpretar um dos personagens-título. Há uma cena em particular aqui que pode (e na minha opinião, deve) indicá-lo ao Oscar de Melhor Ator, pelo realismo e crueza transmitidos pelo ator em relação aos diálogos escritos por Sorkin. Outro destaque fica com o Eddie Redmayne, que interpreta seu melhor personagem desde sua atuação vencedora do Oscar por “A Teoria de Tudo”. Um dos personagens-chave da trama, é simplesmente fascinante ver as discussões que Redmayne compartilha com os outros 7 de Chicago. Devido ao incrível desempenho dele, é possível ver mais uma indicação iminente ao Oscar de Melhor Ator. Dois veteranos que também fazem um trabalho extraordinário aqui são o Mark Rylance e o Frank Langella, que provavelmente competirão pela estatueta de Melhor Ator Coadjuvante. E por fim, Sorkin consegue extrair boas e memoráveis atuações de seu diverso elenco, o qual inclui nomes como Joseph Gordon-Levitt, Michael Keaton, Alex Sharp, Jeremy Strong, Yahya Abdul-Mateen II e John Carroll Lynch, por mais breves que algumas dessas performances possam acabar sendo.
(Now, let's talk about one of the main tricks up the sleeve of “The Trial of the Chicago 7”: its cast. There's so much talent in these names, that I don't even know where to start. Everyone does an extraordinary job here, both individually and as an ensemble. (Hey Academy, here's one more reason for you to create a category for Best Ensemble Cast!) I loved Sacha Baron Cohen's performance, especially for the versatility he showed when transitioning between humor and dramatic moments while portraying one of the title characters. There's a particular scene here that may (and in my opinion, should) nominate him for the Oscar for Best Actor, for the realism and rawness the actor transmitted to the dialogue written by Sorkin. Another highlight stays with Eddie Redmayne, who plays his best character since his Oscar-winning performance for “The Theory of Everything”. One of the key characters in the plot, it's simply fascinating to behold the discussions Redmayne shares with the rest of the Chicago Seven. Due to his incredible work, it's possible to see one more imminent nomination for the Oscar for Best Actor. Two veterans that also do an extraordinary job here are Mark Rylance and Frank Langella, who will likely go head to head while competing for the Best Supporting Actor award. And at last, Sorkin manages to extract good and memorable performances by its diverse cast, which includes names such as Joseph Gordon-Levitt, Michael Keaton, Alex Sharp, Jeremy Strong, Yahya Abdul-Mateen II and John Carroll Lynch, as brief as some of these performances may end up being.)
Tecnicamente, “Os 7 de Chicago” é impecável. Eu gostei bastante da direção de fotografia do Phedon Papamichael e da direção de arte, que conseguiu recriar a ambientação e os personagens de uma forma extremamente fiel à realidade. A trilha sonora instrumental do Daniel Pemberton é maravilhosa, como sempre. O uso dela no final do filme quase me fez chorar e aplaudir de pé. Mas se há um aspecto técnico para ser o destaque nas premiações, esse aspecto seria a montagem. Assim como aconteceu em roteiros anteriores de Sorkin, como “A Rede Social”, a edição é extremamente dinâmica. Por exemplo, há uma cena onde uma testemunha está sendo interrogada pelos procuradores-gerais sobre uma conversa que ela teve com os réus. Aí, antes da testemunha falar o que eles conversaram, o filme faz um corte cirúrgico para a conversa em tempo real, através de um flashback. Esses tipos de corte acontecem mais de uma vez, e ajudam bastante o espectador a ter múltiplos pontos de vista sobre o acontecimento que levou os personagens à julgamento. Outro uso brilhante da montagem se torna evidente ao vermos imagens e filmagens de arquivo para complementar e espelhar o que está acontecendo em tela. Às vezes, esses cortes podem ser bem rápidos com o objetivo de tornar a linha entre a realidade e a dramatização cada vez mais tênue, o qual é alcançado com maestria. É altamente provável que “Os 7 de Chicago” seja o principal concorrente ao Oscar de Melhor Montagem.
(Technically, “The Trial of the Chicago 7” is flawless. I really liked Phedon Papamichael's cinematography and the art direction, which managed to recreate its setting and characters in an extremely faithful way to reality. Daniel Pemberton's score is wonderful, as per usual. Its use in the film's ending almost made me cry and give it a standing ovation. But if there's one technical aspect that will be its highlight in the award season, that aspect would be the editing. As it happened with Sorkin's previous screenplays, such as “The Social Network”, the editing is extremely dynamic. For example, there's a scene where a witness is being interrogated by the attorneys about a conversation he had with the defendants. Then, before the witness says what they talked about, the film makes an extremely calculated cut to the real-time conversation, through a flashback. These types of cuts happen more than once, and they really help the viewer in having multiples points of view on the event that led the characters to trial. Another brilliant use of editing becomes evident when we see archival images and footage to complement and mirror what's happening onscreen. Sometimes, these cuts may be very quick with the objective of blurring the line between reality and dramatization more and more, which is masterfully reached. It's highly likely that “The Trial of the Chicago 7” ends up being the main contender for the Oscar for Best Film Editing.)
Resumindo, “Os 7 de Chicago” é mais um triunfo original da Netflix. Ancorado por um roteiro maravilhoso e atuações altamente dedicadas de seu elenco absurdamente talentoso, o filme consegue fazer um paralelo entre duas situações igualmente importantes no cenário sociopolítico dos EUA, o que acaba fazendo dele uma obra necessária para que o espectador entenda a realidade atual do país. Definitivamente vai ser um dos principais concorrentes na temporada de premiações do ano que vem, e é um dos melhores filmes do ano, se não for o melhor.
Nota: 10 de 10!!
É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,
João Pedro
(In a nutshell, “The Trial of the Chicago 7” is yet another Netflix original triumph. Anchored by a wonderful screenplay and highly dedicated performances by its absurdly talented cast, the film manages to make a parallel between two equally important situations in the US sociopolitical scenario, which ends up making it a necessary opus for the viewer to understand the country's current reality. It'll definitely be one of the main contenders in next year's award season, and it is one of the best films of the year, if not the best.
I give it a 10 out of 10!!
That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,
João Pedro)
Perfeito 👏👏👏👏
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