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sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

O Legado de "Pânico": 25 anos de gritos, metalinguagem e subversão (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre uma das minhas franquias de terror favoritas. Muitas franquias irão comemorar aniversários marcantes esse ano, especialmente as de “Harry Potter” e “O Senhor dos Anéis”, ambas iniciadas em 2001 (podem esperar textos sobre essas sagas ainda esse ano). Mas, na postagem de hoje, gostaria de discorrer sobre àquela responsável por revitalizar um dos subgêneros mais usados em filmes de terror, que completa 25 anos em 2021. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre a franquia “Pânico”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about one of my favorite horror franchises. Many franchises will celebrate groundbreaking anniversaries this year, especially those of “Harry Potter” and “The Lord of the Rings”, both starting off in 2001 (you can expect texts about those sagas later this year). But, in today's post, I'd like to shed light on the one responsible for revitalizing one of the most used subgenres in horror films, which completes 25 years of existence in 2021. So, without further ado, let's talk about the “Scream” franchise. Let's go!)



Para quem não sabe, a franquia “Pânico” é uma saga composta por quatro filmes de terror dirigidos por Wes Craven. Idealizado pelo roteirista Kevin Williamson, o enredo segue Sidney Prescott (Neve Campbell), uma jovem que vive na cidadezinha pacata de Woodsboro, Califórnia, que vê sua vida virar de cabeça pra baixo quando assassinatos brutais começam a aterrorizar a cidade, um ano após a morte misteriosa de sua mãe. Juntando forças com a jornalista Gale Weathers (Courteney Cox) e o policial Dewey Riley (David Arquette), Sidney embarca em uma jornada perigosa para tentar desmascarar o assassino. Craven e Williamson receberam créditos por revitalizar o gênero slasher (filmes onde há um assassino cuja arma registrada geralmente é uma lâmina, como uma faca), popularizado por filmes como “Halloween”, de John Carpenter, e “A Hora do Pesadelo”, do próprio Craven. “Pânico” ganhou popularidade por ser incrivelmente metalinguístico, contendo personagens cientes da fórmula de filmes de terror, discutindo os clichês presentes no gênero, os quais o filme deseja subverter. Até o presente momento, foram lançados quatro filmes dessa franquia, com o quinto previsto para o início de 2022, sob a direção de Matt Bertinelli-Olpin e Tyler Gillett, responsáveis pelo ótimo “Casamento Sangrento”. Pretendo fazer um ranking de todos os quatro filmes lançados, apontando os pontos positivos e negativos de cada um. Já digo de passagem, nenhum deles é ruim, mas alguns causam mais impacto do que outros. Então, com isso dito, vamos começar!

(For those who don't know, the “Scream” franchise is a saga composed by four horror films directed by Wes Craven. Created by screenwriter Kevin Williamson, the plot follows Sidney Prescott (Neve Campbell), a young woman living in the quiet little town of Woodsboro, California, who sees her life turn upside down when brutal murders begin to terrorize the city, one year after her mother's mysterious death. Joining forces with journalist Gale Weathers (Courteney Cox) and police officer Dewey Riley (David Arquette), Sidney embarks on a dangerous journey to try and unmask the killer. Craven and Williamson received credit for revitalizing the slasher genre (films where there's a killer whose signature weapon is generally a blade, like a knife), made popular by films such as John Carpenter's “Halloween” and Craven's own “A Nightmare on Elm Street”. “Scream” gained popularity for being incredibly meta, containing characters that are self-aware of the horror film formula, discussing all the clichés in the genre, which the film wishes to subvert. To this moment, four films of this franchise have been released, with the fifth one scheduled to premiere in early 2022, directed by Matt Bertinelli-Olpin and Tyler Gillett, who made the great “Ready or Not”. I intend to rank all the released four films, pointing out each one's pros and cons. I'll already tell you, none of these films is bad, but some cause a little more impact than others. So, with that said, let's begin!)



  1. PÂNICO 3” (2000)

    (“SCREAM 3” (2000))

O único filme dos quatro lançados a não ter seu roteiro escrito por Kevin Williamson, o terceiro longa da franquia tem seus altos e baixos. Olhando pelos lados positivos, é o filme mais metalinguístico da saga, ambientando seus acontecimentos inteiramente dentro de um set de filmagens. Não tem como ficar mais metalinguístico do que isso. Os novos nomes adicionados no elenco fazem um bom trabalho, em especial a Parker Posey, que tem uma dinâmica hilária com a Courteney Cox. Em aspectos de arcos de personagem, é o longa que lida melhor com o trauma sofrido pela protagonista nos dois primeiros filmes. Seja por meio de pequenos momentos ou sequências intensas, “Pânico 3” é o filme que melhor extrai o que a Neve Campbell é capaz de fazer, estabelecendo uma boa continuidade em respeito aos eventos de “Pânico” 1 e 2. Agora, em comparação com o que os dois primeiros filmes fizeram, o roteiro escrito pelo Ehren Kruger mostra uma visível familiaridade na fórmula do enredo. Um dos pontos mais marcantes da franquia em si é o fator de ver alguma coisa que o espectador não esperava. Não estou falando dos sustos, mas do desenrolar dos eventos. E “Pânico 3” repete a fórmula dos dois primeiros filmes de forma bem previsível. Tem uma cena em particular que expõe o quanto essa estrutura ficou batida com o tempo, onde a Parker Posey e a Courteney Cox gritam do jeito mais falso e mecânico possível. Outra coisa que me incomodou muito foi a jornada pela identidade do assassino, a qual, nos outros três filmes, mantém o espectador pensando o tempo inteiro até ele finalmente ser revelado. E o assassino de “Pânico 3” não é só facilmente identificado, como também reescreve a mitologia estabelecida nos filmes anteriores, de uma maneira até bizarra, pra falar a verdade. Resumindo, o terceiro longa da franquia “Pânico” não é descartável e ainda aproveita alguns aspectos da metalinguagem marcante da saga de forma criativa, mas está longe de ser tão eficiente quanto “Pânico” 1, 2, ou 4.

(The only one of all four released films to not have its screenplay written by Kevin Williamson, the third film in the franchise has its ups and downs. Looking on the brighter sides, it is the most metalinguistic film in the saga, setting its events entirely inside a film set. You literally can't get more meta than that. The new names added to the cast do a good job, especially Parker Posey, who has an hilarious dynamic with Courteney Cox. When it comes to character arcs, it's the film that deals the best with the trauma the main character suffers with in the first two movies. Whether it's through small moments or intense sequences, “Scream 3” is the film that best extracts what Neve Campbell is able to do, establishing a good continuity regarding the events of “Scream” 1 and 2. Now, in comparison to what the two first films did, Ehren Kruger's screenplay shows a perceptive familiarity in the plot's formula. One of the most remarkable points in the franchise itself is the fact that the viewer sees something he wasn't expecting to see. I'm not talking about the scares, but about the unraveling of the plot. And “Scream 3” repeats the formula established in the two first films in a very predictable way. There's a particular scene that exposes how this structure got tiring with time, where Parker Posey and Courteney Cox scream in the most fake, mechanical way possible. Another thing that bothered me a lot was the journey for the killer's identity, which, in the other three films, keeps the viewer wondering all the time until they are finally revealed. And the killer in “Scream 3” is not only easily identifiable, but they also rewrite the mythology established in previous films, in a bizarre way, to tell the truth. To sum it up, the third film in the “Scream” franchise isn't disposable and still makes use of the saga's groundbreaking metalanguage in a creative way, but it's far from being as efficient as “Scream” 1, 2 or 4.)



  1. PÂNICO 2” (1997)

    (“SCREAM 2” (1997))

Com o sucesso do primeiro filme, era só questão de tempo que uma sequência fosse anunciada e Craven e companhia levaram menos de um ano após o lançamento de “Pânico” para trazer “Pânico 2” às telas. Eu particularmente gostei bastante da sequência. A cena de abertura satiriza a primeira cena do primeiro filme de maneira fantástica. (Inclusive, foi uma das melhores cenas satirizadas na franquia cômica “Todo Mundo em Pânico”.) Eu adorei a estrutura dos assassinatos. Normalmente, um assassino mataria uma pessoa ao acaso, sem planejamento nenhum, mas aqui não. O roteirista Kevin Williamson prepara um terreno de forma muito inteligente para que os mocinhos possam ficar um passo à frente. Um dos melhores personagens da franquia, o cinéfilo Randy, tem um papel mais extenso em “Pânico 2” e eu amei cada cena que ele aparecia. Ele participa de discussões fervorosas e divertidas sobre sequências de filmes na faculdade e é o maior recurso expositivo usado pelo roteirista para atualizar as regras da fórmula do primeiro filme. As mortes ficam mais elaboradas e criativas, são mais numerosas, e conseguem manter o espectador especulando sobre a identidade do assassino até o frenético ato final. Eu gostei de como Williamson conseguiu repetir o aspecto da ambiguidade moral dos personagens secundários, nos fazendo ficar alertas em respeito ao comportamento deles, e depois puxando o tapete e revirando o jogo de maneira sensacional. E o ato final tem uma das decisões mais inteligentes já tomadas em um filme de terror. Resumindo, “Pânico 2” aproveita o sucesso do primeiro filme da melhor maneira possível, ampliando sua criatividade e enriquecendo sua mitologia.

(With the first film's success, it was only a matter of time until a sequel was announced and Craven and his crew took less than a year after the release of “Scream” to bring “Scream 2” to the silver screen. I particularly liked the sequel. The opening scene satirizes the first film's opening scene in a fantastic way. (By the way, it was one of the best scenes satirized in the “Scary Movie” comedy franchise.) I loved how the murders were structured. Normally, a killer would kill someone out of the blue, without any planning, but not here. Screenwriter Kevin Williamson sets the ground in a very clever way for the good guys to be one step ahead. One of the franchise's best characters, movie expert Randy, has a more extended role in “Scream 2” and I loved every scene he was in. He participates in fervorous and fun discussions on movie sequels in college and he's the most used expositional resource by the screenwriter to update the rules in the first film's formula. Deaths get more elaborate and creative, they come at a higher number, and manage to keep the viewer speculating on the killer's identity until the action-packed final act. I liked how Williamson managed to repeat the aspect of side characters' moral ambiguity, making us stay alert over their behavior, and then pulling the rug and turning everything around in the most sensational way. And the final act has one of the smartest decisions ever taken in a horror film. To sum it up, “Scream 2” rides on the first one's success in the best way possible, enhancing its creativity and expanding its mythology.)



  1. PÂNICO 4” (2011)

    (“SCREAM 4” (2011))

Acredito que a maior parte da recepção negativa de “Pânico 4” se deu à distância gigantesca de 11 anos, levando em conta o lançamento do filme anterior em 2000. Os espectadores deveriam estar pensando: “Mas eles vão fazer isso DE NOVO? Pela QUARTA vez?”. Também é bem provável que o terceiro filme (que, até 2011, era o último de uma trilogia) tenha deixado um gosto amargo em muita gente. Mas assistindo ao quarto filme agora, em uma época onde uma certa empresa investe incessantemente em remakes e reboots, “Pânico 4” acerta em cheio na relevância do assunto abordado e no frescor característico da franquia. Craven (em seu último filme como diretor, tendo falecido em 2015) e Williamson conseguem trazer um conceito dos anos 1990 para o século XXI com sucesso. Eu gostei da mudança de foco que o quarto filme mostrou. Ao invés de focar no trio principal de Sidney, Gale e Dewey, o roteiro de Williamson brilhou um holofote no sensacional elenco adolescente, encabeçado por Emma Roberts, Erik Knudsen, Rory Culkin e Hayden Panettiere, que transborda com muito talento. A cena inicial satiriza a arte de refilmar e refazer as mesmas fórmulas com perfeição, mas o verdadeiro trunfo do quarto filme é a sua crítica social. Aí, vocês podem perguntar “Como um filme de terror genérico pode ter uma crítica social?”, e a resposta é: pela ambientação. Durante a era digital, os moradores de Woodsboro (mais conhecidos como alvos do assassino) são extremamente obcecados em serem vistos e notados na internet. Isso é mostrado de forma clara e eficiente pelo personagem Robbie, que literalmente grava cada segundo da vida dele com uma mini-câmera e transmite ao vivo pela internet. E inserindo essa crítica em um filme de terror, podemos descobrir uma nova camada para análise, a qual é “O quão longe uma pessoa poderia ir pra ter seus 15 minutos de fama?”. Sem spoilers aqui, mas “Pânico 4” é o filme que melhor retrata a jornada para desmascarar o assassino. O espectador, como no segundo filme, fica alerta com o comportamento de alguns personagens, o qual fica ainda mais suspeito com o uso inteligente dos aspectos técnicos. E novamente, o roteirista surpreende o espectador com as reviravoltas no enredo. Resumindo, “Pânico 4” é a melhor sequência da franquia, funcionando tanto pela nostalgia de ver os mesmos personagens de 1996, quanto pela relevância de sua ambientação.

(I believe that most of the negative reception of “Scream 4” was due to its gigantic distance of 11 years, regarding the previous film's release in 2000. The viewers might have been thinking: “But they'll do that AGAIN? For the FOURTH time?” It's also very likely that the third film (which, until 2011, was the last one in a trilogy) might have left a bitter taste in a lot of people. But watching the fourth film now, in a time where a certain film company keeps on investing in remakes and reboots, “Scream 4” hits the jackpot when it comes to the timelessness of its themes and the franchise's characteristic freshness. Craven (in his last film as director, passing away in 2015) and Williamson manage to successfully bring a 1990s concept to the 21st century. I really enjoyed the fourth film's change of focus. Instead of focusing on the main trio of Sidney, Gale and Dewey, Williamson's screenplay sheds a light on the outstanding teen cast, headed by Emma Roberts, Erik Knudsen, Rory Culkin and Hayden Panettiere, which overflows with a lot of talent. The opening scene satirizes the art of refilming and remaking the same formulas with perfection, but the distinctive aspect of the fourth film is its social criticism. Then, you may ask “How can a generic horror flick have something to say?”, and the answer is: through the setting. During the digital era, the residents of Woodsboro (also known as the killer's targets) are extremely obsessed with being seen and noticed on the internet. This is shown clearly and efficiently through the character Robbie, who literally records every second of his life with a tiny camera and streams it live on the internet. And by inserting that theme in a horror film, we can unravel a whole new layer for analysis, which is “How far could a person go to have their 15 minutes of fame?”. No spoilers here, but “Scream 4” is the film that best portrays the journey towards the killer's unmasking. The viewer, as it happens in the second film, stays sharp with the behavior of some characters, which gets even more suspicious due to the clever use of technical aspects. And, once again, the screenwriter surprises the viewer with the plot's twists and turns. To sum it up, “Scream 4” is the best sequel in the franchise, making it work both for the nostalgia of seeing the same ol' characters from 1996, and for the relevance of its setting.)



  1. PÂNICO” (1996)

    (“SCREAM” (1996))

Todo mundo provavelmente lembra da primeira vez que viram a já icônica sequência de abertura do primeiro filme da franquia “Pânico”. A esperteza e a originalidade do roteiro de Williamson somada com a sinistra trilha sonora de Marco Beltrami, a direção experiente de Wes Craven e a atuação autêntica de Drew Barrymore colaboraram para uma das cenas de abertura mais memoráveis dos últimos tempos, que daria sequência ao filme que iria soprar um necessário frescor em um subgênero que tinha se tornado cada vez mais ridículo e explícito com o passar do tempo. Já da primeira cena, dava para ver que não estávamos vendo qualquer filme de terror, porque que filme iria sacrificar o nome mais famoso do elenco (que estava até no pôster) como a primeira vítima? Se a primeira cena não fosse o suficiente para Williamson atrair o público, a próxima cena envolve uma troca de diálogos genial sobre diferentes versões de “O Exorcista” para falar do relacionamento amoroso da protagonista. O primeiro “Pânico” introduziu com sucesso a metalinguagem e a "auto-consciência" da fórmula de filmes de terror que iriam percorrer a saga inteira. Há uma cena em particular que brinca com a estrutura e as “regras” dos slashers dos anos 1970 e 1980, e o roteiro em si vai e subverte essas regras (literalmente) na próxima cena. Mas o melhor aspecto no enredo do filme, de longe, é a pergunta que Williamson implanta na mente dos espectadores e dos personagens: “Quem é o assassino?”. Não é uma estratégia revolucionária, tendo sido usada em filmes como “Janela Indiscreta” e “Psicose”, mas é pouco presente no subgênero slasher, porque nós sabemos exatamente quem são os assassinos em filmes como “Halloween” ou “Sexta-Feira 13”. Enquanto o personagem pode pensar “Meu Deus, quem é esse cara que usa máscara de hóquei e por quê ele tá tentando me matar com um facão?”, o espectador já chega à conclusão: “é o Jason”. Isso não acontece em “Pânico” e o suspense chega a nos sufocar de tão envolvente e engenhoso, até o claustrofóbico ato final. E ainda, Williamson também consegue criar uma final girl (última sobrevivente em um filme de terror, geralmente uma jovem virgem) subversiva para a época de lançamento do filme, para carregar a tocha popularizada por Laurie Strode, protagonista de “Halloween”, interpretada pela Jamie Lee Curtis. Resumindo, o primeiro “Pânico” já tem 25 anos, mas sua originalidade, suspense e metalinguagem ainda são inteiramente capazes de impressionar novas gerações de espectadores.

(Everyone probably remembers the first time they watched the already iconic opening sequence of the first film in the “Scream” franchise. The cleverness and originality in Williamson's screenplay combined with Marco Beltrami's sinister score, Wes Craven's expert directing and Drew Barrymore's authentic performance collaborate for one of the most memorable opening scenes in recent times, which would serve as an overture to the film that would breathe a necessary freshness into a subgenre that had become all the more ridiculous and explicit with the passage of time. From the first scene, we could see we weren't watching any regular horror film, because what film would sacrifice the most famous name in the cast (who even was on the poster) as its first victim? If the first scene wasn't enough for Williamson to draw the viewer in, the next scene involves a genius exchange of dialogue on different versions of “The Exorcist” to talk about the protagonist's relationship with her boyfriend. The first “Scream” successfully intoduced the metalanguage and the self-awareness of horror movie tropes that were going to be there for the long haul. There's a particular scene that plays on the structure and “rules” of 1970s and 1980s slashers, and the screenplay itself subverts those rules (literally) in the next scene. But the greatest aspect in the movie's plot, by far, is the question Williamson implants into the viewers' and the characters' minds: “Who is the killer?”. It's not a revolutionary strategy, having been used in films like “Rear Window” and “Psycho”, but it's not that present in the slasher subgenre, because we know exactly who the killers are in films like “Halloween” and “Friday the 13th”. While the character might think “Oh, my God, who the hell is this guy who's wearing a hockey mask and why is he trying to kill me with a machete?”, the viewer already jumps to conclusion: “it's Jason”. This doesn't happen in “Scream” and the suspense is able to suffocate us because of its ingenious development, until the claustrophobic final act. And still, Williamson also manages to create a subversive final girl (the last survivor in a horror film, generally a virgin young girl) for the film's time of release, to carry the torch made popular by the protagonist of “Halloween”, Laurie Strode, played by Jamie Lee Curtis. To sum it up, the first “Scream” film is already 25 years old, but its originality, suspense and metalanguage are still fully capable of making an impression on new generations of viewers.)




É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)


quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Os Filmes Mais Esperados de 2021 (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre os meus filmes mais aguardados de 2021! Com os últimos filmes da presente temporada de premiações sendo lançados nos EUA no mês que vem, acho que é uma boa hora para trazer para vocês os 5 filmes que estou mais ansioso para ver este ano! Então, sem mais delongas, vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about my most anticipated films of 2021! With the final films in the current award season being released to the general audience next month, I think it's a perfect time for me to bring to you the 5 films I'm most excited to watch this year! So, without further ado, let's do this!)



Confesso que 2021 vai ser um ano complicado para escolher só 5 filmes, já que 4 dos meus 5 títulos mais aguardados do ano passado foram adiados para este ano. Tive bastante tempo para pensar, e acho que consegui alcançar uma solução que abarca tanto os filmes adiados de 2020 quanto aqueles já programados para estrearem este ano. É claro, como sempre, irei deixar algumas menções honrosas abaixo do top 5, contendo os filmes que iriam compor um provável top 10. Também irei colocar a data de estreia de cada um (se já tiverem), mas devido aos contínuos adiamentos, considerem essas informações como provisórias. Então, com isso dito, vamos começar!

(I confess that 2021 will be a complicated year to choose only 5 films from, as 4 of my 5 most anticipated titles from last year were delayed to this year. I've had a lot of time to think, and I think I was able to reach a solution that embraces both the delayed 2020 films and those already scheduled to premiere this year. Of course, as always, I'll leave some honorable mentions below the top 5, containing the films that would've composed a likely top 10 list. I'll also put the release date of each one of them (if they already have one), but due to the continuous delays, consider these pieces of information as temporary. So, with that out of our way, let's begin!)


  1. SEQUÊNCIA AINDA SEM TÍTULO DE “HOMEM-ARANHA: LONGE DE CASA”, dirigido por Jon Watts – Data de estreia: 16 de dezembro

    (UNTITLED SEQUEL TO “SPIDER-MAN: FAR FROM HOME”, directed by Jon Watts – When to expect it: December 17th)

Há diversas razões para esse ser o filme de super-heróis mais aguardado de 2021 para mim. A primeira delas é: eu AMO o personagem do Homem-Aranha. (Se você ainda não sabia disso, o que acho impossível, agora sabe.) Ele é engraçado, inteligente, e acima de tudo, ele enfrentou muitos traumas no passado, o que acaba por injetar muita humanidade no personagem. A versão do Tom Holland, especialmente. Porque, além de perder o Tio Ben (que nós nunca vimos), ele também perdeu o seu mentor, Tony Stark, com o filme “Homem-Aranha: Longe de Casa” fazendo uma boa exploração dessa perda. A cena pós-créditos desse filme já era o bastante para o terceiro longa do personagem me atrair, mas as diversas novidades no enredo e no elenco só foram alimentando minhas expectativas exponencialmente. A confirmação de Benedict Cumberbatch como Dr. Estranho no filme deu origem à uma série de especulações sobre um “Aranhaverso” live-action, as quais foram se provando cada vez mais plausíveis com as escalações de Jamie Foxx e Alfred Molina como Electro e Dr. Octopus, reprisando seus papéis de “O Espetacular Homem-Aranha 2” e “Homem-Aranha 2”, respectivamente. E é claro, os incontáveis rumores do retorno de Tobey Maguire, Andrew Garfield, Kirsten Dunst e Emma Stone em seus papéis como os Homens-Aranha e os interesses amorosos de suas respectivas iterações do herói também capturaram minha atenção. Mas além do elenco, há duas razões que me animam bastante no enredo: 1) terá uma ligação direta com o enredo de “WandaVision”, que também irá interferir em “Dr. Estranho no Multiverso da Loucura”; 2) será ambientado no Natal, minha época favorita do ano. O que não é absolutamente surpreendente, levando em conta a estreia em dezembro. Resumindo, esses rumores, juntamente com as informações já confirmadas, têm alimentado bastante as minhas expectativas. Realmente espero que a Sony me dê um presentão de Natal e aniversário antecipado sem adiamentos, e um novo clássico de Natal, talvez. Quem sabe?

(There are several reasons for this to be my most anticipated superhero film of the year. The first one of them is: I LOVE the character of Spider-Man. (If you still didn't know that, which I think is impossible, now you do.) He's funny, smart, and above all, he's been through a lot of traumatic events, which end up injecting the character with lots of humanity. Tom Holland's version of him, especially. Because, besides losing Uncle Ben (who we never got to see), he also loses his mentor, Tony Stark, with the film “Spider-Man: Far from Home” making a good exploration of this loss. The post-credit scene in this film was enough to draw me in for the third one, but the several news regarding the plot and the cast were only putting my expectations on a higher level. Benedict Cumberbatch's confirmed return as Dr. Strange originated a series of speculations on a live-action “Spider-Verse”, which became all the more plausible with the casting of Jamie Foxx and Alfred Molina as Electro and Doc Ock, reprising their roles from “The Amazing Spider-Man 2” and “Spider-Man 2”, respectively. And of course, the countless rumors of the return of Tobey Maguire, Andrew Garfield, Kirsten Dunst and Emma Stone as the Spider-Men and the love interests of their respective iterations of the character also captured my attention. But besides the cast, there are two reasons that excite me a lot regarding the plot: 1) it'll have a direct connection with the plot of “WandaVision”, which will also interfere with “Doctor Strange in the Multiverse of Madness”; 2) it'll be set in Christmas, my favorite time of the year. Which doesn't come as an absolute surprise, with a December release date. To sum it up, these rumors, along with the already confirmed information, have been improving on my expectations. I really hope Sony gives me a hell of a Christmas and anticipated birthday present without any delays, and a new Christmas classic, maybe. Who knows?)



  1. NOITE PASSADA EM SOHO”, dirigido por Edgar Wright – Data de estreia: 21 de outubro

    (“LAST NIGHT IN SOHO”, directed by Edgar Wright – Release date: October 22nd)

O marketing de “Noite Passada em SoHo” foi bem interessante até agora. Previsto para estrear em setembro do ano passado, o filme foi adiado para abril desse ano e novamente para o segundo semestre. Até o momento, nenhum teaser ou trailer foi liberado para o público geral. O diretor se reduziu à liberar imagens misteriosas e aparentemente desconectadas uma da outra. Mas o enredo, por mais oculto que seja, possa ajudar a entender o fio condutor da história. O filme narrará a história de uma aspirante à designer de moda que viaja misteriosamente para os anos 1960, onde ela encontra seu ídolo, uma cantora em ascensão. Mas ela logo descobre que a Londres que ela tanto sonhava não é o que parece ser, e tudo começa a desmoronar com consequências sombrias. Eu fiquei bem surpreso pelo Edgar Wright escolher o gênero completamente oposto àquele pelo qual ele é conhecido, mas levando em conta as inspirações dele para seu novo filme, que incluem o sufocante “Repulsa ao Sexo”, suspense psicológico dos anos 60 dirigido por Roman Polanski, teremos aqui um dos candidatos mais promissores à melhor filme de terror do ano. As imagens liberadas para o público até o momento conseguem evocar a atmosfera enervante e contagiosa do filme de Polanski com sucesso, e eu particularmente mal posso esperar para saber mais sobre a nova empreitada de Edgar Wright.

(The marketing campaign for “Last Night in SoHo” has been really interesting to this point. Initially scheduled to premiere last September, it has been delayed to this April and again for the latter half of 2021. To this moment, no teaser or trailer was released to the general audience. The director limited himself in releasing mysterious and apparently disconnected images. But the plot, as cryptic as it may seem, may help understanding the conductive force of the story. The film will follow the story of a wannabe fashion designer who mysteriously travels to the 1960s, where she finds her idol, a rising singer. But she soon finds out that the London she dreamed of isn't what it seems, and everything starts to fall apart with shady consequences. I was really surprised that Edgar Wright chose the complete opposite genre of which he is known for, but considering his inspirations for his new film, which include the suffocating “Repulsion”, a psychological thriller from the 60s directed by Roman Polanski, we'll have here one of the most promising contenders for best horror film of the year. The images released to the public to this day can successfully evoke the unsettling and contagious atmosphere of Polanski's film, and I personally can't wait to know more about Edgar Wright's new endeavour.)



  1. O BECO DAS ALMAS PERDIDAS”, dirigido por Guillermo del Toro – Janela de estreia: Dezembro de 2021 até Fevereiro de 2022

    (“NIGHTMARE ALLEY”, directed by Guillermo del Toro – Release date: December 3rd)

Há uma razão óbvia para eu estar animado para ver “O Beco das Almas Perdidas”, que é a direção do Guillermo del Toro, o meu segundo diretor favorito. Dois dos filmes dele estão na minha lista de melhores filmes de todos os tempos, ele faz obras simbólicas, brutais e realistas de fantasia (vide “O Labirinto do Fauno” e “A Forma da Água”), e nos últimos anos, provou sua versatilidade de contar histórias ao criar a trilogia Contos da Arcadia, um conjunto de três séries animadas de fantasia para crianças, as quais fazem parte do catálogo original da Netflix. Agora, seu novo filme será mais uma tentativa de provar sua versatilidade, pela confirmação que não haverá nenhum elemento mitológico ou fantástico em “O Beco das Almas Perdidas”. Uma adaptação do romance de William Lindsay Gresham, o filme acompanhará o mercado do showbiz pelos olhos de um funcionário de um circo itinerante com um talento para manipular as pessoas com suas palavras. Ele acaba se envolvendo com uma psiquiatra que é muito mais perigosa do que ele imaginava. No elenco, temos grandes nomes como Bradley Cooper, Cate Blanchett, Rooney Mara, Willem Dafoe, Toni Collette, Richard Jenkins e Ron Perlman. A maioria da equipe responsável pela proeza técnica de “A Forma da Água” irá retornar, incluindo o produtor J. Miles Dale e o diretor de fotografia Dan Laustsen. E nos EUA, o filme irá aproveitar a mesma janela do filme anterior do cineasta para impulsionar uma provável campanha ao Oscar. Expectativas a mil!

(There is one obvious reason why I'm excited to watch “Nightmare Alley”, which is that it is directed by Guillermo del Toro, my second favorite director. Two of his films are on my list of best films of all time, he makes symbolic, brutal and realistic fantasy works (see “Pan's Labyrinth” and “The Shape of Water”), and in the last years, has proved his versatility for storytelling by creating the Tales of Arcadia trilogy, a set of three animated children's fantasy shows, which are a part of Netflix's original catalog. Now, his new film will be yet another attempt to prove his versatility, as it was confirmed that “Nightmare Alley” won't have any mythological or fantastic element to it. An adaptation of William Lindsay Gresham's novel, the film will follow showbiz through the eyes of a carny with a talent of manipulating people with his words. He ends up getting involved with a psychiatrist who is way more dangerous than he imagined. In the cast, we have big names like Bradley Cooper, Cate Blanchett, Rooney Mara, Willem Dafoe, Toni Collette, Richard Jenkins and Ron Perlman. Most of the crew responsible for the technical prowess of “The Shape of Water” will return, including producer J. Miles Dale and cinematographer Dan Laustsen. And it'll take advantage of the same release window as the director's previous film to boost a likely Oscar campaign. I'm super excited!)



  1. PINÓQUIO”, dirigido por Guillermo del Toro – Previsto para esse ano na Netflix

    (“PINOCCHIO”, directed by Guillermo del Toro – Scheduled to premiere this year on Netflix)

Em 2021, teremos dois filmes dirigidos por Guillermo del Toro. É um fato tão incomum que merece ser repetido. EM 2021, TEREMOS DOIS FILMES DIRIGIDOS POR GUILLERMO DEL TORO! E a adaptação do atemporal conto de Carlo Collodi não pode ser mais diferente de “O Beco das Almas Perdidas”! Um projeto de longa data do diretor, que trabalha no filme desde 2008, o “Pinóquio” de Guillermo del Toro será um musical de fantasia sombria animado em stop-motion ambientado na Itália fascista durante a Segunda Guerra Mundial. O quão brilhante é esse conceito? Estive animadíssimo para esse filme desde que a Netflix anunciou a compra do projeto em 2018, e minhas expectativas nunca diminuíram desde então. A estreia do diretor em longas-metragens de animação, “Pinóquio” será co-dirigido por Mark Gustafson, que trabalhou em “O Fantástico Sr. Raposo”; terá seu roteiro co-escrito por Patrick McHale, criador da obra-prima que é a minissérie “Over the Garden Wall”; e marcará o retorno da parceria entre del Toro e o compositor Alexandre Desplat, que levou o Oscar de Melhor Trilha Sonora Original por seu trabalho em “A Forma da Água”. Por onde eu começo a falar do elenco de vozes desse filme? Ewan McGregor, David Bradley, Ron Perlman, Tilda Swinton, Christoph Waltz, Cate Blanchett, Tim Blake Nelson, Finn Wolfhard, John Turturro, MEU DEUS! “Pinóquio” já nasceu capturando minha atenção, disparando como um dos principais concorrentes a melhor filme do ano para mim.

(In 2021, we'll have two films directed by Guillermo del Toro. It's such an unusual fact that it deserves to be said twice. IN 2021, WE'LL HAVE TWO FILMS DIRECTED BY GUILLERMO DEL TORO! And the adaptation of Carlo Collodi's timeless tale couldn't be any more different from “Nightmare Alley”! A passion project for the filmmaker, who's been working on it since 2008, Guillermo del Toro's “Pinocchio” will be an animated dark fantasy stop-mtion musical set in fascist Italy during World War II. How brilliant is this concept? I've been really excited to see it ever since Netflix announced the project's purchase in 2018, and my expectations were never down ever since. Del Toro's animated feature-length directorial debut, “Pinocchio” will be co-directed by Mark Gustafson, who worked on “Fantastic Mr. Fox”; will have its script co-written by Patrick McHale, creator of the masterpiece that is the miniseries “Over the Garden Wall”; and will mark the return of the partnership between del Toro and composer Alexandre Desplat, who won the Oscar for Best Original Score for his work in “The Shape of Water”. Where do I begin talking about this film's voice cast? Ewan McGregor, David Bradley, Ron Perlman, Tilda Swinton, Christoph Waltz, Cate Blanchett, Tim Blake Nelson, Finn Wolfhard, John Turturro, MY GOD! “Pinocchio” was already born capturing my attention, blasting off as one of the main contenders for my favorite film of the year.)



  1. A CRÔNICA FRANCESA”, dirigido por Wes Anderson – Previsão de estreia: Segundo semestre de 2021

    (“THE FRENCH DISPATCH”, directed by Wes Anderson – Expected release date: Second half of 2021)

Vocês esperavam qualquer outra coisa aqui? Eu também não. O filme que ocupava o primeiro lugar na minha lista de filmes mais esperados de 2020, “A Crônica Francesa” estava previsto para estrear no Festival de Cannes do ano passado, que, infelizmente, foi cancelado. Desde então, o filme foi adiado de maio para outubro de 2020, e depois foi retirado do catálogo de estreias da Searchlight. Não se sabe ainda qual é o plano de lançamento, mas presumo que a Disney esteja planejando lançar o filme no Festival de Cannes desse ano, programado para Julho. E realmente, não há um lugar melhor para lançar o novo filme de Wes Anderson. Ambientado após a Segunda Guerra Mundial, “A Crônica Francesa” acompanha uma equipe de jornalistas que juntam as três melhores reportagens publicadas na revista em que eles trabalham, para fazer uma última edição em homenagem ao editor-chefe recentemente falecido. Pra quem ainda não sabe, Wes Anderson é o meu diretor favorito de todos os tempos. Seus filmes juntam elencos absurdamente talentosos para contar histórias excêntricas e cativantes sobre família e relações humanas, as quais são levadas a outro nível pela extraordinária proeza da equipe técnica. E “A Crônica Francesa” não é diferente. Contando com nomes familiares e novatos no cânone de Anderson (como Bill Murray, Tilda Swinton, Frances McDormand, Owen Wilson, Timothée Chalamet, Elizabeth Moss, Jeffrey Wright e Benicio del Toro), o diretor promete fazer seu primeiro filme antológico (composto por histórias aparentemente desconectadas uma da outra), possuindo qualidades técnicas que distinguem as linhas temporais de cada reportagem abordada. Acima de tudo, “A Crônica Francesa” terá um valor afetivo para este que vos fala, por se tratar de um filme sobre jornalismo, área na qual estudo na faculdade. Por várias fontes, entre elas o compositor Alexandre Desplat e o presidente do Festival de Cannes, Thierry Frémaux, o filme já está pronto e promete ser o mais ambicioso de Wes Anderson desde “O Grande Hotel Budapeste”. Não consigo colocar em palavras o quão eu me sentirei realizado ao finalmente assistir “A Crônica Francesa”, se Deus quiser, ainda esse ano.

(Did you expect anything else to be in here? Me neither. The film that occupied the first place in my list of anticipated movie releases of 2020, “The French Dispatch” was initially planned to premiere at last year's Cannes Film Festival, which, unfortunately, was cancelled. Since then, the film was delayed from July to October 2020, and then got indefinitely removed from Searchlight's release schedule. The release plan for it is still unknown, but I assume Disney plans on making a world premiere at this year's Cannes Film Festival, which is already scheduled for July. And really, there isn't a better place for Wes Anderson's new film to take a first bow. Set after WWII, “The French Dispatch” follows a group of journalists who gather the three best stories published in the magazine they work for, in order to make a final edition as a homage to their recently passed editor-in-chief. For those who still don't know, Wes Anderson is my favorite director of all time. His films gather absurdly talented ensemble casts to tell quirky, captivating stories on family and human relations, which are taken to another level by the extraordinary prowess of the technical crew. And “The French Dispatch” is no different. Relying on both familiar and new names to Anderson's roster (such as Bill Murray, Tilda Swinton, Frances McDormand, Owen Wilson, Timothée Chalamet, Elizabeth Moss, Jeffrey Wright and Benicio del Toro), the filmmaker promises to make his first anthology film (composed by apparently disconnected stories), possessing technical qualities that distinguish each of the stories' timeline. Above all, “The French Dispatch” will be dear to my heart, for being a film on journalism, a subject that I study in college. Through several sources, such as composer Alexandre Desplat and Cannes president Thierry Frémaux, the film is already finished and promises to be Wes Anderson's most ambitious one since “The Grand Budapest Hotel”. I can't put into words how fulfilled I'll feel when I finally watch “The French Dispatch”, hopefully, if it's God's will, this year.)



MENÇÕES HONROSAS:

(HONORABLE MENTIONS:)

  • CHERRY”, dirigido por Joe e Anthony Russo – Estreia dia 12 de março na Apple TV+

    (“CHERRY, directed by Joe and Anthony Russo – Release date: March 12th on Apple TV+)

Mini-comentário: Tom Holland e irmãos Russo juntos em uma adaptação de um livro autobiográfico sobre um veterano militar viciado em drogas que rouba bancos. Preciso dizer mais?

(Small comment: Tom Holland and the Russo brothers together in an adaptation of an autobiography on a junkie military veteran who robs banks. Do I need to say more?)



  • EM UM BAIRRO DE NOVA YORK”, dirigido por Jon M. Chu – Estreia em agosto

    (“IN THE HEIGHTS”, directed by Jon M. Chu – Release date: June 18th)

Mini-comentário: adaptação do primeiro musical de Lin-Manuel Miranda, criador da obra-prima que é “Hamilton”. É isso.

(Small comment: it's an adaptation of the first musical by Lin-Manuel Miranda, who created the masterpiece that is “Hamilton”. That's it.)



  • tick, tick... BOOM!”, dirigido por Lin-Manuel Miranda – Previsto para esse ano na Netflix

    (“tick, tick... BOOM!”, directed by Lin-Manuel Miranda – Scheduled to premiere this year on Netflix)

Mini-comentário: Andrew Garfield em um musical dirigido por Lin-Manuel Miranda, adaptado de uma obra autobiográfica teatral de Jonathan Larson, o criador de “Rent”. Não pode ficar melhor do que isso.

(Small comment: Andrew Garfield in a musical film directed by Lin-Manuel Miranda, adapted from an autobiographical stage musical by Jonathan Larson, creator of “Rent”. It can't get any better than this.)



  • DUNA”, dirigido por Denis Villeneuve – Estreia dia 30 de setembro

    (“DUNE”, directed by Denis Villeneuve – Release date: October 1st)

Mini-comentário: assistam o trailer e sintam suas expectativas subirem exponencialmente.

(Small comment: watch the trailer and feel your expectations rise up to the stratosphere.)



  • O ESQUADRÃO SUICIDA”, dirigido por James Gunn – Estreia dia 05 de agosto

    (“THE SUICIDE SQUAD”, directed by James Gunn – Release date: August 6th)

Mini-comentário: James Gunn fazendo um filme de super-heróis para maiores inspirado em filmes de ação dos anos 1970. Personagens novos se juntam aos já apresentados, marcando o primeiro papel principal de Peter Capaldi depois de “Doctor Who” e a volta triunfal de Margot Robbie como Arlequina. Preciso desse filme!

(Small comment: James Gunn making an R-rated superhero film inspired by 1970s action movies. New characters join those already introduced, marking Peter Capaldi's first main role after “Doctor Who” and the triumphant return of Margot Robbie as Harley Quinn. I need this film!)



É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

"Bela Vingança": um suspense tenso e relevante para a era #MeToo (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre o meu filme favorito da temporada de premiações desse ano. Munido de um roteiro surpreendentemente inteligente e provocativo e uma das melhores performances da carreira de sua protagonista, o filme em questão consegue ser, ao mesmo tempo, inegavelmente tenso e essencialmente reflexivo. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Bela Vingança”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about my favorite film in this year's award season. Armed with a surprisingly clever, provocative screenplay and one of the best performances in its protagonist's career, the film I'm about to analyze manages to be, at the same time, undeniably tense and essentially thought-provoking. So, without further ado, let's talk about “Promising Young Woman”. Let's go!)



O filme conta a história de Cassie (Carey Mulligan), uma estudante de medicina que, devido à um evento traumatizante, deixa a faculdade e embarca em uma jornada de vingança contra aqueles responsáveis pelo evento.

(The film tells the story of Cassie (Carey Mulligan), a medical school undergraduate who, due to a traumatizing event, drops out of college and embarks on a journey of vengeance against those who were responsible for that event.)



Posso dizer, sem rodeios, que eu esperei um ano inteiro para assistir “Bela Vingança”. Primeiramente, o filme me chamou a atenção em sua primeira exibição no Festival de Sundance do ano passado, onde a recepção foi quase que unanimemente positiva, com a maioria dos elogios destacando a atuação da Carey Mulligan e o roteiro. Depois, fui pesquisar mais um pouco sobre o filme, e descobri que ele tinha sido escrito e dirigido pela Emerald Fennell. Para quem não sabe, Fennell foi a responsável por supervisionar e roteirizar a segunda temporada de “Killing Eve”, série de espionagem que explora a relação obsessiva entre uma agente do Serviço Secreto Inglês e uma assassina psicopata. Os roteiros de Fennell para a série aumentaram a tensão e aprofundaram o desenvolvimento estabelecidos pela genialidade de Phoebe Waller-Bridge, criadora da obra-prima que é “Fleabag”, na primeira temporada. Minhas expectativas já aumentaram um pouco, por “Bela Vingança” parecer algo na mesma linha de “Killing Eve”, em termos de tom. Depois disso, no segundo semestre de 2020, quando a estreia do filme nos EUA já estava programada para o dia 25 de dezembro, minhas expectativas atingiram um pico inesperado pela presença do Bo Burnham, compositor e comediante norte-americano que fez uma das melhores coisas que vi ano passado, o especial de stand-up “Make Happy”, disponível na Netflix. Aí, pronto. Eu fui completamente fisgado por Fennell e companhia. Então, eu esperei até o filme finalmente estar ao meu alcance. E fico extremamente feliz em dizer que não me decepcionei nem um pouco. É necessário ressaltar a sagacidade da roteirista e diretora ao estabelecer o tom da sua obra. Ela consegue misturar perfeitamente aqui uma vibe constantemente tensa com algumas piadas de humor negro para evitar que fique sombrio demais. Falando sobre o fator de entretenimento, Fennell consegue construir sequências que vão ficando cada vez mais tensas e até assustadoras a cada minuto que se passa. É um filme original, provocativo e ousado. Uma das melhores partes do roteiro de “Bela Vingança” é a manipulação que a roteirista tem sobre o espectador. Quando você pensa que a trama vai seguir certo rumo e apostar em algo que você já viu antes, Fennell quebra suas expectativas, às vezes de modo inesperado e chocante. Mas o fator de entretenimento é só a ponta do iceberg do roteiro. “Todo ano, vem um filme que dá início à uma discussão, segura um espelho à realidade e nos força a acordar.” Essa foi a frase usada no trailer final do filme, e é exatamente o que o longa faz. Ele desperta discussões relevantes, especialmente para os tempos atuais; lida com essas discussões de modo dolorosamente realista e, por consequência, nos conscientiza sobre a mensagem que ele quer passar. Além de ser um suspense com bastante tensão de roer as unhas, “Bela Vingança” também é um tremendo estudo de personagem da sua protagonista, lidando com o trauma e as cicatrizes deixadas por ele com muita honestidade e humanidade. Acho que já falei isso no blog, mas para mim, o vencedor ideal do Oscar de Melhor Filme precisa ter um equilíbrio entre os fatores artístico e entretenimento, e o filme de estreia de Fennell cumpre todos esses pré-requisitos. É tenso, enervante, original, ousado, ao mesmo tempo que é reflexivo, atual e realista, permanecendo na mente do espectador mesmo depois do filme acabar. Na minha opinião, o roteiro de “Bela Vingança” é o principal concorrente aos prêmios de Melhor Roteiro e Melhor Roteiro Original dessa temporada, e merece todo o reconhecimento que está recebendo até agora.

(I can say, without exaggerations, that I waited an entire year to watch “Promising Young Woman”. Firstly, it caught my attention in its world premiere at last year's Sundance Film Festival, where the reception to it was almost unanimously positive, with most praise headed towards Carey Mulligan's performance and the screenplay. Then, I researched about it a little bit more, and found out it was written and directed by Emerald Fennell. For those who don't know, Fennell was the showrunner and head writer for the second season of “Killing Eve”, a spy thriller show that explores an obsessive relationship between a MI6 agent and a psychopath assassin. Fennell's screenplays for the show enhanced on the tension and deepened the character development established by the genius of Phoebe Waller-Bridge, creator of the masterpiece that is “Fleabag”, in its first season. My expectations became a little bit higher, as “Promising Young Woman” seemed to follow the same steps as “Killing Eve”, when it comes to tone. After that, in the second half of 2020, when the film's release date was already scheduled to December 25th in the US, my expectations hit an all-time peak due to the involvement of Bo Burnham, an American composer and comedian who made one of the best things I've watched last year, the stand-up special “Make Happy”, available on Netflix. Then, I was set. I became fully hooked by Fennell and her crew. So, I waited until the film was finally within my reach. And I am extremely glad to say I wasn't disappointed at all with it. You have to reinforce the writer-director's ability in establishing her film's tone. She's able to perfectly mix a constantly tense vibe with dark humor jokes here, in order for the film not to get too bleak. When it comes to the entertainment factor, Fennell manages to build sequences that get more tense, and even more scary, by the minute. It is an original, provocative and bold film. One of the best parts about the “Promising Young Woman” screenplay is the manipulation the screenwriter has over the viewer. When you think the plot will follow a certain path and bet on something you've already seen before, Fennell breaks your expectations, sometimes in an unexpected and even shocking way. But the entertainment factor is only the tip of the script's iceberg. “Every now and then, comes a film that ignites a conversation, holds up a mirror and jolts us awake”. That was the sentence used in the film's final trailer, and that is exactly what it does. It sparks relevant, timely discussions, especially for today; deals with such discussions in a painfully realistic way and, consequently, makes us conscious of the message it is trying to get through. Apart from being a nail-biting tense thriller, “Promising Young Woman” is also a tremendous character study of its protagonist, dealing with trauma and the emotional scars left by it in a very honest and human way. I think I've already stated this on the blog, but for me, the ideal winner of the Oscar for Best Picture needs to have a balance between its artistic and entertainment factors, and Fennell's directorial debut ticks all of the boxes. It's tense, unnerving, original and bold, at the same time it is thought-provoking, timely and realistic, lingering on the viewer's mind long after the credits start rolling. In my opinion, the script for “Promising Young Woman” is the main contender for the awards of Best Screenplay and Best Original Screenplay of this award season, and it deserves every single bit of recognition it's getting so far.)



Todo o marketing de “Bela Vingança” nos EUA deu o maior destaque à atuação da Carey Mulligan, e com razão. A atriz consegue exibir perfeitamente a atitude manipuladora e vingativa que a personagem requer, ao mesmo tempo que ela também mostra a vulnerabilidade emocional de alguém que passou por um evento particularmente traumático, de forma extremamente convincente, e acima de tudo, humana. Grande parte da tensão vem dos diálogos da personagem dela, e eu amei a reviravolta que a roteirista fez na fórmula dos filmes de vingança, de modo que a protagonista se vinga por meio de suas palavras ao invés de suas ações. Isso não só injeta mais personalidade e originalidade no projeto, como também ajuda a centrá-lo na realidade e a não apelar para algo mais sensacionalista. Os diálogos expostos por ela são dolorosamente realistas, e são uma das principais formas que a roteirista encontra de conscientizar o espectador. Em geral, Mulligan dá um verdadeiro show aqui, que certamente será reconhecido nas iminentes cerimônias de premiações. Como âncoras emocionais para a personagem principal, temos performances competentes de Bo Burnham, Clancy Brown, Jennifer Coolidge e Laverne Cox. Esses quatro são responsáveis por algumas das trocas de diálogo mais engraçadas do filme (não aposto nada que alguns dos diálogos de Burnham foram improvisados, devido à sua carreira como comediante) e ajudam a equilibrar o tom, para não ficar sombrio demais. Em papéis mais coadjuvantes, temos Alison Brie, Alfred Molina, Connie Britton, Molly Shannon e Chris Lowell, cujos personagens ajudam a esclarecer o trauma da protagonista, através de cenas memoráveis com Mulligan.

(All of the marketing campaign for “Promising Young Woman” in the US shined the brightest spotlight on Carey Mulligan's performance, and rightfully so. Not only does she manage to perfectly showcase the manipulative, vindictive attitude her character requires, she is also able to show the emotional vulnerability of someone who went through a particularly traumatizing event, in an extremely convincing and, above everything, human way. A big part of the screenplay's tension comes from her character's dialogue, and I love the twist that the screenwriter did to the formula of revenge films, in a way that she gets her vengeance through her words instead of her actions. That not only injects more personality and originality to the project, as it also helps cementing it into reality and not appealing to something more explicit. The dialogues exposed by her are painfully realistic, and they are one of the main ways the screenwriter uses to make the viewer realize the film's message. Generally, Mulligan gives a showstopping performance here, which will certainly be recognized in the imminent award ceremonies. As emotional anchors to the main character, we have competent performances from Bo Burnham, Clancy Brown, Jennifer Coolidge and Laverne Cox. These four are responsible for some of the film's funniest dialogue exchanges (I'm pretty sure some of Burnham's dialogue might have been improvised, due to his career as a comedian) and they help to balance its tone, preventing it from becoming way too dark. In more supporting roles, we have Alison Brie, Alfred Molina, Connie Britton, Molly Shannon and Chris Lowell, whose characters help clarifying the protagonist's trauma, through memorable scenes they share with Mulligan.)



Os aspectos técnicos ajudam bastante a dar um toque mais contemporâneo para o filme. A direção de fotografia do Benjamin Kracun é muito simétrica, a montagem do Frédéric Thoraval é bem dinâmica. Mas os verdadeiros destaques, no quesito técnico, são a direção de arte e a trilha sonora instrumental do Anthony Willis. Para um thriller de vingança, “Bela Vingança” é surpreendentemente colorido. O design dos cenários, os figurinos, a maquiagem e o penteado, alguns recheados de tons em pastel, outros em tons mais fortes. Gostei bastante, especialmente por ter me lembrado da direção de arte de “Aves de Rapina”, que também é bem vibrante, visualmente. A trilha sonora original do Anthony Willis é agradavelmente enervante, aumentando a tensão e ditando o tom de cada cena. Se apoiando em arranjos de violino, Willis consegue entrar debaixo da pele do espectador, fazendo algo bem parecido com o que a Hildur Gudnadóttir fez, em sua trilha vencedora do Oscar por “Coringa”. Há uma versão instrumental de “Toxic”, da Britney Spears, que vai lentamente se construindo, causando arrepios no espectador e combinando perfeitamente com a cena onde ela é tocada. Posso dizer que essa faixa em particular é a melhor faixa instrumental de uma trilha sonora de 2020, empatando com a maravilhosa “Epiphany”, composta por Trent Reznor e Atticus Ross para a animação da Pixar “Soul”.

(The technical aspects really help giving “Promising Young Woman” a more contemporary touch. Benjamin Kracun's cinematography is really symmetrical, Frédéric Thoraval's editing is really dynamic. But the real highlights, technically speaking, shine upon the art direction and Anthony Willis's original score. For a revenge thriller, “Promising Young Woman” is surprisingly colorful. The set designs, the costumes, the makeup and hairstyling, some of them drenched in pastel-coloured tones, others in stronger tones. I really liked it, especially for reminding me of the production design for “Birds of Prey”, which is also really vibrant, visually. Anthony Willis's original score is pleasantly unnerving, enhancing the tension and dictating the tone of each scene. Relying on violin arrangements, Willis manages to get under the viewer's skin, doing something really similar to what Hildur Gudnadóttir did, in her Oscar-winning score for “Joker”. There's an instrumental version of Britney Spears's “Toxic” that slowly builds up, sending chills to the viewer's spine and matching perfectly with the scene it is played on. I can say that this particular track is the best instrumental track in a 2020 original score, tying with the wonderful “Epiphany”, composed by Trent Reznor and Atticus Ross for the Pixar animated film “Soul”.)



Resumindo, “Bela Vingança” é um suspense tenso e relevante para a era #MeToo. Munido de um roteiro surpreendentemente inteligente, original, provocativo e reflexivo, o filme consolida o talento de Emerald Fennell como roteirista e diretora, e encontra a protagonista Carey Mulligan em uma de suas melhores e mais hipnotizantes performances. Fiquem de olho nesse filme na temporada de prêmios desse ano!

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, “Promising Young Woman” is a tense thriller that's relevant to the #MeToo era. Armed with a surprisingly clever, original, provocative and thought-provoking screenplay, the film cements Emerald Fennell's talent as a screenwriter and director, and finds protagonist Carey Mulligan in one of her best, most hypnotizing performances. Keep an eye out for this one at this year's award season!

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)



sábado, 16 de janeiro de 2021

"Uma Noite em Miami": um chamado à mudança relevante para os tempos atuais (Bilíngue)

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E aí, meus caros cinéfilos! Tudo bem com vocês? Estou de volta, para falar sobre o lançamento mais recente no catálogo original da Amazon Prime Video. Um dos títulos mais discutidos e premiados na temporada de festivais do ano passado, o filme em questão é um chamado à mudança, carregado pelo enorme talento de seu quarteto principal de atores e a inegável habilidade de Regina King em sua estreia como diretora. Então, sem mais delongas, vamos falar sobre “Uma Noite em Miami”. Vamos lá!

(What's up, my dear film buffs! How are you guys doing? I'm back, in order to talk about the most recent release in Amazon Prime Video's original programming catalog. One of the most talked-about and awarded titles in last year's film festival season, the film I'm about to discuss is a call for change, carried by the enormous talent of its main quartet of actors and Regina King's undeniable ability in her directorial debut. So, without further ado, let's talk about “One Night in Miami”. Let's go!)



Baseado na peça “One Night in Miami...”, escrita por Kemp Powers, o filme relata um encontro fictício entre o ativista e líder muçulmano Malcolm X (Kingsley Ben-Adir), o cantor e compositor Sam Cooke (Leslie Odom Jr.), o boxeador Cassius Clay/Muhammad Ali (Eli Goree) e o jogador de futebol americano Jim Brown (Aldis Hodge), em um quarto de hotel em Miami, nos anos 1960. Lá, eles embarcam em discussões fervorosas sobre a desigualdade social da população negra estadunidense na época e as mudanças que estão ocorrendo dentro de si mesmos.

(Based on the play of the same name, written by Kemp Powers, the film revolves around a ficticious encounter between social activist and Muslim leader Malcolm X (Kingsley Ben-Adir), singer-songwriter Sam Cooke (Leslie Odom Jr.), professional boxer Cassius Clay/Muhammad Ali (Eli Goree) and football player Jim Brown (Aldis Hodge), in a hotel room in Miami, in the 1960s. There, they embark in fervent discussions on the social inequality of the Black American population at the time and the changes occurring inside themselves.)



Pode-se dizer que as minhas expectativas para assistir “Uma Noite em Miami” foram subindo gradativamente, de acordo com o grande número de festivais em que o filme foi exibido. O longa recebeu uma chuva de elogios em sua exibição inicial no Festival de Veneza, e venceu o segundo lugar do Prêmio do Público no Festival de Toronto, onde em 2019, o vencedor do Oscar “Jojo Rabbit” levou essa honra. Depois desses dois maiores festivais, o filme fora exibido em Zurique, Londres e Chicago, onde foi ainda mais elogiado. Isso, é claro, foi o ponto inicial das minhas expectativas para assisti-lo. Dois fatores que aumentaram ainda mais essas expectativas foram o fato da diretora ser a Regina King (vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por “Se a Rua Beale Falasse”, mais conhecida por seu papel vencedor do Emmy na excelente minissérie de “Watchmen”) e do filme em si ser baseado em uma peça escrita pelo Kemp Powers (co-diretor e co-roteirista de “Soul”, animação da Pixar lançada em dezembro de 2020), que também assina o roteiro da adaptação. Com isso dito, vamos falar sobre o roteiro. De modo bem similar com o que aconteceu com o filme da Netflix, “A Voz Suprema do Blues” (também baseado em uma peça), as ambientações de “Uma Noite em Miami” são propositalmente limitadas. E assim como o longa de George C. Wolfe, a trama do filme de Regina King é quase que inteiramente guiada pelo diálogo entre os protagonistas. Mas antes de falar sobre o desenvolvimento de seus quatro personagens principais, gostaria de ressaltar o quão esclarecedores foram os primeiros minutos do roteiro de Powers. Em uma sequência concisa de aproximadamente 15 minutos, o roteirista introduz X, Ali, Cooke e Brown individualmente, relatando as lutas e as desigualdades sociais enfrentadas por eles: a rejeição de Cooke ao se apresentar em clubes frequentados por pessoas brancas; as represálias sofridas por X devido às ideologias que ele pregava; as dúvidas a respeito de Ali ao estar perto de se tornar o campeão mundial de boxe peso-pesado; e o racismo sofrido por Brown devido à cor de sua pele. É uma sequência poderosa e dolorosa que prepara o terreno para o encontro dos quatro, e as discussões que eles terão ao longo do filme. Se alguém me perguntasse: “Se você pudesse definir o tema de 'Uma Noite em Miami' em uma palavra, qual seria?”, eu responderia: é um filme sobre mudanças. No geral, o assunto é bastante evidente, devido à ambientação nos anos 1960, década onde Martin Luther King e Malcolm X fortaleceram o movimento de direitos civis, como consequência da segregação sofrida pela população negra estadunidense na época. Mas o tempo de duração enxuto de 1 hora e 50 minutos do filme se concentra em explorar as mudanças dentro dos próprios personagens: mudança de identidade, mudança na carreira, mudança nas crenças. E essas mudanças são consequências diretas das discussões entre os quatro protagonistas. Na maior parte do filme, eles discorrem sobre assuntos muito relevantes, tanto para a ambientação quanto para os tempos atuais: desigualdade social, a luta que a população negra enfrenta e como cada um deles poderia ajudar nela, mensagens subliminares escondidas em canções que expressam o que as minorias sociais desejam dizer (algo que se tornou bem evidente no Brasil durante a ditadura militar), e muito mais. E através dessas discussões, é incrível ver como cada um dos quatro personagens principais pensa de um modo completamente diferente do outro, mesmo com eles compartilhando a mesma cor da pele. Ver como cada um deles imagina a mudança iminente e o impacto dela em suas vidas é algo fascinante, e é ainda melhor ver a evolução desses personagens a partir dos diálogos compartilhados. Não vou dar nenhum spoiler, mas o final desse filme me fez aplaudi-lo de pé quando os créditos finais começaram. Assim como “Os 7 de Chicago”, o enredo de “Uma Noite em Miami” faz uso extremamente bem pensado de um evento (embora, no caso do longa de Regina King, fictício) no passado para expressar o que está acontecendo no presente e, por isso, acredito que o roteiro de Powers receberá muito reconhecimento na temporada de premiações desse ano.

(It can be said that my expectations to watch “One Night in Miami” were slowly and gradually growing, according to the great number of festivals it was screened at. It was showered with critical praise when it was first screened in the Venice Film Festival, and was the first runner-up for the Audience Award at the Toronto International Film Festival, where, in 2019, Oscar-winner “Jojo Rabbit” took home that honor. After these two major festivals, the film was screened in Zurich, London and Chicago, where it received even more acclaim. This, of course, was the starting point of my expectations to watch it. Two factors that further enhanced these expectations were the fact that it was directed by Regina King (who won an Oscar for Best Supporting Actress for her performance in “If Beale Street Could Talk”, and became most known by her Emmy-winning role in the excellent “Watchmen” miniseries), and that the film itself was based on a play written by Kemp Powers (co-director and co-writer of “Soul”, a Pixar animated film that was released last December), who also pens the adaptation's screenplay. With that said, let's talk about the script. In a very similar way to what happened with Netflix's film, “Ma Rainey's Black Bottom” (which was also based on a play), the settings of “One Night in Miami” are purposefully limited. And like George C. Wolfe's film, Regina King's directorial debut is almost fully guided by the dialogues between the four protagonists. But before I talk about the development of the main characters, I'd like to highlight how enlightening were the first minutes in Powers's screenplay. Through a concise sequence of approximately 15 minutes long, the screenwriter introduces X, Ali, Cooke and Brown individually, dealing with the struggles and social inequalities suffered by them: Cooke's rejection when performing in a club full of white people; the retaliation suffered by X because of his ideologies; the doubts regarding Ali becoming the world champion of heavyweight boxing; and the racism suffered by Brown due to the color of his skin. It's a powerful, painful sequence that sets the ground for the 4 characters meeting, and the discussions they'll have throughout the film. If someone asked me: “If you could define the theme of 'One Night in Miami' in one word, which would it be?”, I'd answer: it is a film about changes. In general, the subject is quite evident, due to its setting in the 1960s, a decade where Martin Luther King and Malcolm X strengthened the civil rights movement, as a consequence of the segregation suffered by the Black American community at the time. But its precisely cut running time of 1 hour and 50 minutes focuses in exploring the changes happening inside each of the characters: change of identity, change in their career, changes in their beliefs. And these changes are direct consequences of the discussions between the four main characters. During the majority of the running time, they argue about really relevant subjects, that were as relevant then as they are now: social inequality, the struggle the Black community constantly faces and how each of them could help the cause, subliminal messages inside song lyrics that express what social minorities wish to say, and much, much more. And through these discussions, it's incredible to see how each one of the characters thinks in an entirely different way from the other, even with them sharing the same skin color. Seeing how each of them imagines the imminent change and its impact in their lives is something fascinating, and it's even better to see them evolving because of the dialogue they share. I won't spoil anything here, but the ending made me give the film a standing ovation when the final credits started rolling. Just like it happened with “The Trial of the Chicago 7”, the plot of “One Night in Miami” makes a clever use of an event (although, in this film's case, ficticious) set in the past to express what's happening in the present and, because of that, I believe Powers's screenplay will be frequently recognized in this year's award season.)



Grande parte dos elogios recebidos pelo filme de King foi direcionada ao seu excepcional elenco, encabeçado por Kingsley Ben-Adir, Leslie Odom Jr., Eli Goree e Aldis Hodge, e com razão. Cada um dos quatro dá um verdadeiro show aqui, tendo no mínimo um momento para seu personagem brilhar. A começar pelo Kingsley Ben-Adir, que está excelente como Malcolm X. Ele consegue equilibrar perfeitamente o tom fervoroso com o qual ele expõe suas ideologias para os amigos e uma vulnerabilidade que é raramente vista em retratos da figura dele. Há vários diálogos impactantes que ganham mais força por causa da performance de Ben-Adir, que não passará despercebida pelo Oscar. Ele tem uma dinâmica particularmente explosiva com o Leslie Odom Jr., que, ideologicamente, representa o completo oposto do Malcolm X através de seu Sam Cooke. Os dois frequentemente discutem argumentos plausíveis e agressivos sobre a luta que a população negra enfrenta, e tanto Ben-Adir quanto Odom Jr. lidam com os diálogos de Powers de uma forma bem natural. Um ponto a mais é acrescentado à performance de Odom Jr. pelo fato dele, assim como seu personagem, também ser cantor (para quem ainda não viu a performance vencedora do Tony dele como Aaron Burr na versão filmada do musical “Hamilton”, disponível no Disney+, preparem-se para se impressionar!). Acredito que ele seja um dos maiores concorrentes ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Eu gostei bastante do equilíbrio que o Eli Goree mostrou entre ser o alívio cômico e investir em um lado mais sério e decisivo como Muhammad Ali. A performance dele rende boas risadas, mas também boas reflexões. E por fim, temos o Aldis Hodge que, dos 4 protagonistas, é o menos desenvolvido, mas há uma cena em particular que ele compartilha com Ben-Adir que oferece a ele uma chance de realmente brilhar, pela naturalidade e dor com a qual ele lida com seus diálogos. Em papéis coadjuvantes, temos performances competentes de Nicolette Robinson, Joaquina Kalukango e Lance Reddick, e todos lidam muito bem com o material que lhes é dado, mesmo sendo extremamente limitado.

(A large part of the acclaim received by King's film was directed towards its exceptional cast, led by Kingsley Ben-Adir, Leslie Odom Jr., Eli Goree and Aldis Hodge, and rightfully so. Each one of the them gives a showstopping performance here, having at least one moment for their characters to shine. Starting off with Kingsley Ben-Adir, who is excellent as Malcolm X. He manages to perfectly balance the fervent tone with which he exposes his ideologies to his friends and a vulnerability that is rarely seen in portrayals of his figure. There are several impactful dialogues that gain more strength because of Ben-Adir's performance, which surely won't go unnoticed at the Oscars. He has a particularly explosive dynamic with Leslie Odom Jr., who, ideologically, represents the complete opposite of Malcolm X with his Sam Cooke. The two of them argue frequently and aggressively about plausible subjects on the struggle the American Black population currently finds itself in, and both Ben-Adir and Odom Jr. deal with Powers's dialogue in an extremely natural way. An extra point is added to Odom Jr.'s performance due to the fact that, much like his character, he is also a singer (to those who still haven't checked out his Tony-winning performance as Aaron Burr in the filmed performance of the stage musical “Hamilton”, available on Disney+, prepare to be amazed!). I believe he is one of the main contenders for the Oscar for Best Supporting Actor. I really enjoyed the balance that Eli Goree showed when being the comic relief of the group and also investing in a more serious, decided face of Muhammad Ali. His performance will give you plenty of laughs, and maybe a little food for thought. And at last, we have Aldis Hodge, who, out of the main 4, plays the least developed character, but there is one particular scene he shares with Ben-Adir which really gives him a chance to stand out, through his natural and painful tone with which he deals with the dialogue. In supporting roles, we have competent performances by Nicolette Robinson, Joaquina Kalukango and Lance Reddick, and each one of them deals with their material really well, even with their roles being limited.)



Há vários aspectos técnicos em “Uma Noite em Miami” que são dignos de reconhecimento. A direção de fotografia da Tami Reiker lida com as limitações do roteiro muito bem, ao mesmo tempo que aumenta o escopo da história. A montagem do Tariq Anwar é simplesmente espetacular, em particular em uma cena onde Malcolm X relata os eventos de um show de Cooke. Anwar calcula exatamente e precisamente onde cortar, trabalhando de mãos dadas com o teor dinâmico do roteiro de Powers para entregar um produto final em constante movimento. A direção de arte faz um trabalho estupendo em recriar a ambientação do filme. Tudo, dos motéis de beira de estrada aos carros utilizados, reflete aos anos 1960. Um destaque em particular fica com o departamento de maquiagem e penteado, que consegue fazer com que os atores sejam extraordinariamente parecidos com as figuras da vida real interpretadas por eles. A trilha sonora instrumental do Terence Blanchard investe em composições de soul, o que realmente combina com a ambientação e com os personagens, já que Sam Cooke é considerado o “Rei do Soul”, ao mesmo tempo que canções reais de Cooke são usadas de forma significativa e até simbólica no enredo. E há uma canção original co-escrita por Odom Jr., “Speak Now”, cuja letra é basicamente um discurso que ativistas como o Malcolm X ou o Martin Luther King fariam, só que cantado e é disparadamente uma das principais concorrentes ao Oscar de Melhor Canção Original.

(There are several technical aspects in “One Night in Miami” that are worthy of recognition. Tami Reiker's cinematography deals with the screenplay's limitations really well, at the same time it expands the story's scope. Tariq Anwar's editing is simply spectacular, particularly during one scene where Malcolm X talks about the events of a concert by Cooke. Anwar calculates precisely where to cut, working hand-in-hand with the dynamic tone in Powers's screenplay to deliver a final product that's constantly moving. The art direction does a stupendous job in recreating the film's setting. Everything, from the roadside motels to the cars used, screams the 1960s. A particular highlight stays with the make-up and hairstyling department, that manages to make the actors extraordinary alike their real-life counterparts. Terence Blanchard's score invests in soul arrangements, which really matches the setting and the characters, as Sam Cooke himself is considered the “King of Soul”, at the same time that real songs by Cooke are used significantly and even symbolically in the plot. And there's an original song co-written by Odom Jr., “Speak Now”, and its lyrics are basically a speech that activists like Malcolm X or Martin Luther King would make, only that it's sung-through, and it's definitely one of the main contenders for the Oscar for Best Original Song.)



Resumindo, “Uma Noite em Miami” é um tremendo filme. Um chamado à mudança carregado pelo impacto do roteiro de Kemp Powers, pelas performances excepcionais de seu elenco e pela habilidosa direção de Regina King, o filme é uma das melhores adições ao catálogo original da Amazon Prime Video e tem muito potencial para ser uma das principais obras a serem reconhecidas na temporada de premiações desse ano.

Nota: 10 de 10!!

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Até a próxima,

João Pedro

(In a nutshell, “One Night in Miami” is a tremendous film. A call for change carried by the impact of Kemp Powers's screenplay, the exceptional performances by its cast and Regina King's skillful direction, the film is one of the finest additions to Amazon Prime Video's original programming catalog, and has loads of potential to be one of the main movies to be recognized in this year's award season.

I give it a 10 out of 10!!

That's it, guys! I hope you liked it! See you next time,

João Pedro)